Fanfic: Guerra dos Sexos *AyA*Ponny* | Tema: Ponny,AyA

- É um fardo bem pesado.

- Pela primeira vez percebi que poderia ser responsável pela separação de meus pais. Assim, decidi me comportar.

Alfonso se inclinou, afastando do rosto dela uma mecha loira, num gesto muito terno.

- Mas é lógico que não desisti de saber quem era meu pai. Como qualquer pré-adolescente impulsiva procurei numa caixa de lembranças de mamãe e achei uma foto de jornal, onde ela aparecia com JT um ano antes de eu nascer. Sem demora, escrevi para ele.

- É muita coisa para uma garota tão nova. Imagino a reação dele.

- Sim, levou alguns meses até que os detetives particulares de JT verificassem tudo. Afinal, ele apareceu em casa querendo me conhecer.

- O quê?

- Pois é, foi durante a reunião das senhoras da igreja, em nossa sala de jantar, e meu padrasto, o pastor, era o convidado de honra. Nem consigo recordar a desculpa que minha mãe inventou para tirar todos dali.

- E como a pequena Anahí reagiu?

- Como a filha do lenhador que descobre ser uma princesa. Desci as escadas com a mala pronta, decidida a sair de Smeltsville para sempre. Aos doze anos podemos ser de um egoísmo descomunal.

Alfonso se agachou ao lado da cadeira dela, segurando a mão macia entre as suas.

- Você foi uma menina incrível.

Ela olhou as mãos unidas, e o contato trouxe à memória as sensações e emoções de sexta à noite e da terça pela manhã. De repente, perdeu o fio da história.

Alfonso percebeu o jeito dela, soltou-a e voltou a se sentar.

- Mas de algum modo seus pais mantiveram o segredo, ninguém descobriu, e a princesa não foi morar no palácio. – disse ele, voltando ao assunto e tentando quebrar a tensão entre eles.

- JT falou para a mamãe que não a levaria aos tribunais, nem pediria minha guarda se ela concordasse com um exame de DNA e algum esquema de visitas. Desse modo, a partir do verão seguinte, eu passava duas semanas acampando num local que só meus pais sabiam. E fui proibida de falar no assunto com qualquer pessoa. Até com meus irmãos.

- Eles não sabem?

- Andrew sim. Ele está na faculdade. Meu irmão caçula, Jake, não.

- Não consigo imaginar pais que peçam a uma garota de doze anos para mentir para todos, inclusive os irmãos, durante anos.

- Foi mais difícil com meus avós, os pais de meu padrasto. Sou muito ligada a eles.

- De filha de um pastor rigoroso a filha de um milionário sedutor.

Anahí riu, apesar de tudo.

- Foi um choque cultural. JT significava férias no exterior, presentes e festas. Um mundo de fantasia que eu aproveitava até sentir falta de minha mãe, de meus avós e irmãos, por volta do décimo terceiro dia, quando já estava na hora de fazer as malas e voltar.

- Aposto que JT lhe ofereceu tantos balões de água quanto desejasse. E até a ajudou a joga-los.

- JT me deixava fazer qualquer coisa. Era tão criança quanto eu. Mas todos os casos, as namoradas... Quando estava com ele sentia falta de uma família estável. Bem, agora conhece a história de minha vida, o que é muito mais do que precisava saber.

- É tão difícil confiar em mim?

Não. Não era. E Anahí se espantou com essa constatação. Confiara nele.

Agora estava mesmo metida numa confusão. Primeiro uma atração selvagem. Depois gostara dele, e agora confiava?

Era bom tomar cuidado ou acabaria apaixonada por aquele homem. O que não combinava de modo algum com seus planos de encontrar a alma gêmea.