Fanfic:  Minha Luz- Vondy | Tema: Vondy

- Eu tive que tomar conta dos negócios do meu pai depois que ele sofreu um derrame cerebral.

- Mas isso não é tão ruim... – o animou com um sorriso familiar, mas ao perceber o silêncio dele, desfez o sorriso. – Ou sim?

- É muito ruim quando todos a sua volta dizem que você vai levar a herança da família à falência. Que nunca poderá dirigir tão bem os negócios de um dos maiores empresários do México. Meu pai está cada vez pior ao saber das coisas que a imprensa faz questão de ressaltar todos os dias. Está morrendo de medo de perder tudo, e isso só piora mais sua situação.

- Mas por que fazem isso?

- Eu acho que são jogo de negócios. Alguns concorrentes de nossas empresas são donos dos jornais mais conceituados do país. Meu pai sempre foi um empresário brilhante, e somente esperavam que ele desse um passo em falso, para caírem em cima dele como se fossem abutres sentindo cheiro de carniça.

- Não entendo nada desses assuntos, mas realmente deve ser muito difícil.

- Muito difícil. – levou a mão dela que estava agarrada a ele até seu ombro, para colocar suas duas mãos em sua cintura, para segurá-la melhor. – Eu costumo trabalhar quatorze horas por dia, sete dias na semana, para não falhar com meu pai. Para que ele possa se orgulhar de mim...

Dulce ouviu o silêncio de Christopher e suspeitou que esse fosse um assunto difícil para ele.

- Eu tenho certeza de que ele está orgulhoso de você, Christopher.

Christopher arregalou os olhos, incapaz de pronunciar uma sílaba sequer. Como ela sabia o nome dele? Nem ao menos se apresentaram.

- Ele sabe o esforço que está fazendo por ele. – parou um pouco para respirar fundo, enquanto seus braços escorregavam pelos ombros dele. – Não posso ter muita experiência de vida, mas seu pai não pode ser um homem tão nefasto, ao ponto de não perceber os sacrifícios que você fez para não deixar os negócios dele nas mãos de outras pessoas. Não tenho certeza de qual é sua idade, mas pela sua voz mostra que não tem mais de quarenta anos. – Christopher esboçou um sorriso divertido.

- Na verdade, não estou nem perto dos quarenta. Há menos de um mês completei vinte e quatro anos.

Dulce sorriu ao se dar conta de que ele era somente dois anos mais velho do que ela.

- Você ainda é muito jovem para ter tantas responsabilidades. – Christopher suspirou assentindo. – E acho que é por isso que ele percebe e se orgulha de você. Se as empresas concorrentes querem te derrubar é porque você não fez nenhuma besteira até agora, certo?

- Sim. – Christopher respondeu em um fio de voz, pasmo com tanta perspicácia. – Estão desesperadas demais tentando me derrubar.

- Então não há motivo para ele te desprezar. Pelo contrário, há motivos de sobra para ele se orgulhar de ti.

- Eu tenho medo de você. – disse ele divertido, fazendo com que Dulce explodisse em uma gargalhada.

- Medo de mim? E por que, meu Deus?

- Posso ser sincero?

Dulce ficou em silêncio por um bom momento, enquanto ele se arrependia mais uma vez por ter falado besteira.

- Sim, diga o que tem a me dizer.

- Eu entendi como é duro pra você conviver com o sentimento de lástima dos outros. – fez uma pausa, sentindo como ela aumentava ainda mais a pressão em seus ombros. – Eu mesmo fiquei decepcionado quando soube que você era... – ele se impediu de dizer, se perguntando se feria seus sentimentos ou não ao tocar nesse assunto, nessa palavra.

- Cega?

- Pois sim. Mas me envergonho disso. – suspirou. – Eu nunca conheci ninguém assim, por isso me sinto um idiota por ser tão desinformado. Você é como eu, uma pessoa com sentimentos, com valores. Uma pessoa normal, que foi capaz de me fazer enxergar o que nunca nenhum dos meus analistas fizeram. E, se antes eu te achava interessante somente por ter ouvido meia dúzia de desaforos de sua parte, depois de conversar com você por esse tempo, me dou conta de que você, além de bonita, é muito inteligente. E sinceramente, não quero que essa noite acabe tão cedo. Estou me divertindo como há muito tempo não fazia. – se curvando para abraçá-la, enquanto ficavam parados no meio da pista. - E tudo graças a você.

Gloria divina de esta suerte, del buen tino
Y de encontrarte justo ahí en medio del camino
Gloria al cielo de encontrarte ahora, llevarte mi soledad
y coincidir en mi destino, en el mismo destino

Dulce tragou a saliva, paralisada, nervosa por tanta proximidade. Sentia como os lábios dele traçavam um caminho por seu pescoço, fazendo com que seu corpo inteiro se colocasse em estado de alerta. Não sabia o que dizer, nem ao menos como agir. Nunca nenhum homem havia se aproximado tanto dela como Christopher. Sentia como a respiração dele se chocava contra o seu rosto. E descobriu ali, que apesar de seu nervosismo, estava gostando de tudo o que ele fazia. Era como se ele tivesse acendido uma luz em seu interior. Era como sentir-se perto de uma fogueira, esquentando o corpo acostumado ao frio.

Passou as mãos pelo pescoço dele, fazendo com que suas bochechas roçassem uma na outra. Dulce foi consciente do turbilhão de emoções que sentia. O cheiro dele a embriagava. E ele tinha dito que ela era bonita! Queria tanto saber como ele era. Queria tanto saber como era o rosto dele...

E como se ele estivesse lendo seus pensamentos, deixou de abraçá-la e capturou suas mãos, levando-as até seu rosto para que ela pudesse senti-lo. Ela sorriu emocionada e começou a tatear o rosto dele, sentindo como a pele dele era suave. O acariciou nas bochechas ásperas pela barba que estava crescendo. O nariz reto, as têmporas, a testa, os pômulos um pouco altos, os olhos, até que com a ponta dos dedos percorreu-lhe os lábios macios, tentando gravar aquilo em sua mente.

Christopher via tudo aquilo fascinado. Ela sorria a cada coisa que descobria, enquanto de seus olhos emanava uma luz que fazia com que ele contraísse o estômago. Não sabia o que dizer nessa hora, nem ao menos o que pensar, somente sabia que queria tocar os lábios dela com os seus. Queria estar perto dela, mais do que qualquer outra mulher.

- Você também é bonito, Christopher.

Ele sorriu ofuscado pelo jeito com que ela pronunciava seu nome. Ela o chamou de bonito mesmo sem vê-lo. Qualquer um poderia ter rido disso, mas ele não. Acreditava nas palavras dela. Sabia que ele era bonito do jeito que ela o achava. Sabia que ela o via com os olhos da alma.

Bendita la luz
Bendita la luz de tu mirada
Bendita la luz
Bendita la luz de tu mirada

Era tão diferente, tão especial. Mais do que tudo no mundo, queria um beijo. Queria que ela continuasse abraçando-o como antes, queria que ela permitisse a aproximação dele.

Hipnotizado por seu olhar, colocou suas duas mãos no rosto dela, segurando-o. Tentando fazer com que os olhos dos dois ficassem frente a frente. Ouviu como ela ofegou pela surpresa e ele sussurrou ante os lábios dela:

- Eu vou te beijar, Dulce.

E o fez. Dulce sentiu como os lábios dele estavam grudados aos seus. O que faria agora? O empurrava ou o deixava prosseguir? Por Deus, nunca fora beijada antes! Não tinha a mínima idéia do que se fazer. A boca de Christopher era macia e o beijo era tão suave que ela somente sentia. Estava gostando, ele não havia feito nada demais. Um beijo não era todas essas coisas que os livros descreviam. Era uma coisa...simples.

E então Christopher a abraçou colando o corpo dela com o dele, enquanto separava os lábios para aprofundar o beijo. Passou a ponta de sua língua entre os lábios fechados dela e ladeou a cabeça, para beijá-la melhor.

Então admitiu para si que os livros estavam certos, em toda a extensão da palavra. Ficou mais uma vez sem saber o que fazer, sentindo como seu corpo começava a se acercar ainda mais àquela fogueira. Sentia o corpo duro daquele homem se chocar contra o seu, enquanto úmida boca dele resvalava sobre a sua. Aquele homem estava fazendo uma revolução com todos os seus hormônios. Fora instruída muito bem por suas psicólogas especiais - que seu irmão estava pagando - sobre os homens e o sexo. Sabia muito bem na teoria o que era um beijo e como nasciam os bebês, mas nunca pensou que o que se sentiria fazendo isso seria tão intenso. Sentia seus seios endurecerem, e uma corrente elétrica serpentear de seu cérebro até seu lugar mais íntimo. Sentia desejo de sentir mais daquele homem.

Passou os braços pelo torso dele e o puxou mais para si. Ele sorriu se afastando, lhe deu um suave beijo nos lábios e a abraçou pelos ombros.

- Eu sou o primeiro homem que te beija?