Fanfic:  Minha Luz- Vondy | Tema: Vondy

- Eu nunca vou me apaixonar... – murmurou baixo, repetindo em voz alta o que em sua mente latejava.

Christopher tragou a saliva ao ouvir seu murmúrio, sentindo um frio na barriga. De alívio? Não podia explicar, mas ia muito mais além...

- Eu também não vou me apaixonar por ti... – e nem ao menos se deu conta de que falou alto o que era para ter sido somente um pensamento debochado. Dulce era só um caso de verão. Amanhã já não haveria mais nada. Nem ao menos sentiria falta dela. Talvez daqui a algum tempo nem lembrasse mais dela, como não lembrava de muitas outras mulheres que passaram por ele.

Dulce voltou à cabeça ao captar a voz dele. Declinou um pouco o queixo, confusa e surpresa pelo que ele disse. A voz dele estava diferente. Deu dois passos com as mãos estendidas e encontrou o corpo dele. O abraçou de lado e lhe beijou o braço. Esfregando seus olhos úmidos em um de seus ombros.

- Sim... – fingiu um sorriso divertido. – Nada de se apaixonar.

Christopher virou-se de uma vez, agarrando-a de surpresa. Colou seu corpo ao dela e se curvou para beijá-la. Dulce sufocou uma gargalhada e se deleitou com seus beijos agressivos. O enlaçou pelo pescoço e Christopher riu ao seu ouvido, enquanto a deitava na areia e se deitava por cima dela. Entrelaçou suas pernas com as dela, enquanto Dulce tocava seu rosto com as pontas dos dedos. Ele ficou observando-a rir, sentindo como seu coração disparava. Nunca se sentira tão vulnerável como naquele momento. Nunca tinha estado tão à vontade com uma mulher, que não fosse Anabelle. Nunca havia sentido o que estava sentindo por ninguém. Afinal, o que estava sentindo? Nem ele mesmo sabia. Somente sabia que aquilo era perigoso, perigoso demais.

- Acho até que não deveríamos nos conhecer... – comentou ela rindo, ao pousar as mãos nas orelhas dele.

- Por quê? – Christopher fechou os olhos e se abaixou mais um pouco, até roçar seus narizes.

- Porque amanhã se acaba tudo.

Os dois suspiraram ao se darem conta de que amanhã já não haveria mais nada.

- Você tem sua vida, eu tenho a minha. Nós somente estamos vivendo o momento enquanto podemos. – Dulce nunca pensou que se sentiria tão mal ao pronunciar essas palavras. Seu coração se comprimiu, e apertou os olhos sentindo o indesejável sentimento de perda tomar conta dela.

- Não gosto dessa idéia. – sussurrou ele ante seus lábios. – Você poderia ter se afogado uma semana antes, não?

Dulce não se agüentou e gargalhou à vontade. Christopher riu e girou na areia, fazendo-a ficar por cima dele. Viu sua própria imagem refletida nas pupilas dela

Tu mirada...
Te digo es tan bendita tu luz, amor, amor
Tu mirada...

Não gosto dessa idéia. – sussurrou ele ante seus lábios. – Você poderia ter se afogado uma semana antes, não?

Dulce não se agüentou e gargalhou à vontade. Christopher riu e girou na areia, fazendo-a ficar por cima dele. Viu sua própria imagem refletida nas pupilas dela

Tu mirada...
Te digo es tan bendita tu luz, amor, amor
Tu mirada... 

Dulce tocou o rosto dele com suavidade, deixando um rastro de areia por seu rosto.

- Às vezes acho que não sou uma mulher como as outras.

Christopher franziu a testa, confuso.

- E por que não?

- Porque sou cega.

- E o que tem a ver com ser mulher?

- Ora, porque eu ouço que as mulheres gostam de se arrumar, maquiagem, são glamourosas, enquanto eu...sou um animal imperfeito vivendo em uma gaiola até o fim de seus dias.

Christopher fixou o olhar nos olhos dela, vendo que se aqueles olhos se emocionavam e umedeciam automaticamente. Não. Dulce não choraria mais enquanto ele estivesse ali com ela. Por isso, fingiu uma gargalhada e disse:

- Boa história, mas não ganhará minha compaixão. – riu mais ainda ao vê-la franzir a testa. Com o dedo, suavemente colocou uma mecha do cabelo dela atrás da orelha, demorando-se com a palma estendida em sua bochecha. – E para ganhar minha compaixão você terá que se esforçar mais.

Dulce esboçou um sorriso incrédulo, enquanto uma lágrima caiu no rosto dele sem ela perceber. Christopher ficou tocado com aquilo. Era como sentir que ele mesmo havia chorado essa lágrima que escorria por seu rosto. Se sentia enraivecido por tudo o que ela havia passado. Por Deus, era só uma criança com sede de vida, com sede de amor, de compreensão. Poderia ter sido diferente...

Se bem que meus pais não fazem nada para melhorar esse caso. Acham que só por ela ser cega...não tem vida. Meu pai é um bruto e minha mãe uma insensível... e eu me sinto no dever de proteger minha irmã dos dois.

As palavras de Juan lhe retumbaram a mente. Dulce não teve ninguém que a compreendesse. Não teve ninguém que cuidasse realmente dela. Franziu a testa, sentindo que se fazia um nó em sua garganta. Ao olhar naqueles olhos cor de âmbar, sentiu que tudo o que mais queria era abraçá-la e confortá-la. Entretanto, não poderia abraçá-la, não queria que ela soubesse o que estava pensando, não queria que ela interpretasse tudo isso como piedade. E por sorte, ela foi quem falou primeiro, com a voz divertida:

- E se eu dissesse que sempre tropeço quando ando na rua, e que uma vez bati com a cabeça em um telefone público?

Christopher reprimiu a risada, enquanto ela mesma gargalhava.

- Nem isso a fará ganhar minha compaixão. Nem ao menos se você disser que é incapaz de fazer qualquer coisa, que seus pais não te aceitam como você é. Minha compaixão merece algo mais... – parou de falar procurando a palavra. – peculiar.