Fanfic: Obscura Island - A Ilha (Voltei!) | Tema: Chaverroni

May

Próxima a uma queda d'água (a única que parecia normal até o momento) iluminada pelos últimos raios de sol, no alto de uma árvore do tamanho de um edifício empresarial, com um troco tão grosso que precisaria de no minimo oito pessoas para abraça-lo completamente, de galhos longos e fortes, estava uma casa enorme e antiga, aquilo com certeza tinha sido o abrigo de alguém a muito tempo. 
—Sinistro. – falei correndo para a árvore 
—Sinistro. – Chris concordou logo atrás de mim.
—Mas... Isso é bom. Um abrigo. – murmurei ao começar a escalar usando as garras como na noite anterior até encontrar uma escada de cipós meio esculhambada pelo tempo e joga-la para que Chris começase a subir.
—Ótima vista. – ele falou, abaixo de mim.
—Ha ha engraçadinho...

Era uma mansão na árvore, não uma casa, claramente feita com a "carcaça" de um luxuoso navio naufragado, estava em ótimo estado apesar de obviamente ter sido construído a muito tempo.
—Gostei. – Me joguei em uma poltrona corroída e gasta.
—Legal, dá para ver toda a ilha daqui. É enorme, não sei como ninguém catalogou ela. – ele falou.
—Pois é... Foices? – Levantei e fui até as lâminas que ainda reluziam cravadas em um canto da sala – Ótimo, uma defesa a mais – Entreguei uma foice para ele.
—Valeu. Achei um quarto. – ele falou e eu corri para a cabine que ele se referia onde tinha a maior cama que eu já tinha visto.
—Eu quero dormir um pouco numa cama de verdade, e você? – perguntei colocando a mochila num canto escutando a chuva chegar junto com a noite e o breu (o tempo e clima não funcionavam do mesmo jeito na ilha).
—Também, mas espere... – Ele falou, foi para cama e bateu no colchão várias vezes – Por incrível que pareça não tem nem poeira, nem bichos. – Tudo ficou escuro e a chuva virou uma tempestade. “Cacete, o anoitecer chegou mais rapido do que ontem!” – Pode vir 
—Ok – Fui até a cama, enxergando normalmente no escuro, como sempre. A maciez da cama me relaxou instantaneamente, eu estava pronta para dormir por uma enternidade, mas depois de apenas alguns minutos o frio me alcançou (o que era estranho, eu raramente tinha frio), meus dedos ficaram dormentes e meus dentes começaram a bater num ritmo frenético. Mas então Chris percebeu, logo colocando seu corpo junto ao meu, suas mãos subindo e descendo em meus braços e minhas coxas.
—Chris-você-esqueceu-de-tirar-a-lanterna do cinto. – falei com um sorriso me esquentando aos poucos. – Não-está-com-frio? 
—Não, nem um pouco. Estou até com um calorzinho agora, calorzinho bom – ele sussurrou dando uma mordidinha no lóbulo da minha orelha, o que me causou um tremor que nada tinha a ver com o frio.
—Essa ilha tá mexendo com você, agora. – falei dando uma tapa na sua mão que já se aventurava demais por minha coxa – Está bancando o tarado – ri
—É mesmo. Melhor dormimos. Boa noite – ele riu me abraçando mais forte...

Passamos as 2 semanas seguintes dormindo na casa e explorando áreas não muito longe dela, enfrentamos aqueles malditos pássaros gigantes de novo, gafanhotos do tamanho de caminhonetes, e umas ÁRVORES, sim, árvores muito sinistras... 
—...Tem alguma coisa ali – falei para Chris saindo d'água, já empunhando a minha foice (já tínhamos adquirido sabedoria o suficiente para não nos afastarmos de nossas defesas nem na hora do banho).
—Vamos ver. – Ele pegou a sua arma e seguimos para os arbustos – Saia daí imediatamente, seja lá que diabos for.
Lentamente uma garota ruiva, de estrutura frágil, de olhos claros, invejavelmente linda e um garoto negro, com uma barba por fazer, de olhos cinzentos, muito bonito, os dois aparentemente na nossa faixa etária, saíram da mata.
—Quem são vocês? E por que estão nesse lugar? – perguntei um pouco surpresa por não ser uma barata atômica ou algo do tipo.
—Eu me chamo Augustina e esse é meu amigo Thomaz. – a menina respondeu e eu logo me senti incomodada com sua presença. Ela falava com aquele tom de garota rica que não sabe que é mimada, mas é, como o de Lilian, a antiga Rainha Do Internato, que era uma boa garota e ao mesmo tempo a pior vadia de todos os séculos – Nosso helicóptero caiu a alguns quilômetros daqui, 2 dias atrás. Nós queríamos fugir e fomos encorajados pela história de dois órfãos... – Chris e eu nos entreolhamos.
—Você acha que terminamos bem por ter roubado o jatinho da madame Rochelle? Por que seguiu o nosso exemplo? – Chris falou expressando bem a incredulidade que sentíamos.
—Foram vocês os órfãos? – Thomaz perguntou e eu fiz que sim – Que legal!
—Eu não acho legal! – falei – Bom, não sou fria a ponto de deixar que se virem sozinhos. Ai ai, pelo jeito eles vão ter que ficar conosco...

Pra resumir, eu notei de primeira que eu não iria suportar ficar perto da tal Augustina, ela nem disfarçava, dava encima do Chris da forma mais dissimulada possível, até suportei bem os primeiros dias de provocações, cruzadas de perna, puxadas de decote, piscadelas, indiretas... Ciúmes? Não... Eu... Eu... Eu só... Eu só queria manter a ordem e o foco de todos no objetivo principal, é isso. Ah quer saber, era ciúmes sim. Eu gostava do Chris, pronto, falei, satisfeitos? E ele bem que sabia disso, sempre soube, todo mundo no internato sempre soube, pra falar a verdade... Mas era bem melhor fingir, a amizade era menos complicada. Eu sabia muito bem ser discreta e controlada (na maior parte do tempo) em relação a ele.
Mas ela abusou da minha paciência quando tentou beija-lo na minha frente.
—Agora chega. – Eu a agarrei pelo pescoço erguendo-a no ar e tratando de feri-la o maximo possível com minhas unhas. – Olha aqui, eu adoraria um pouco mais de respeito para com meu... Meu irmão imbecil. Estamos em perigo a cada 10 minutos e você não consegue manter as patinhas longe dele por cinco segundos sequer. – ela me olhava assustada tentando respirar. Até eu estava assustada, sabia de onde tirara tal força, e não gostava do resultado que teria, mas isso não importava, eu estava disposta a ficar vendo ela sufocar até a morte, era estranho, mau, doentio e tudo mais, porém nada naquele momento me daria mais prazer.
—MAYA PARA COM ISSO. VOCÊ ESTÁ MACHUCANDO ELA. PARA AGORA. – Chris gritou enfurecido como nunca antes. A mágoa cresceu dentro de mim impulsionando ainda mais a minha raiva. Ele estava sendo grosso... Comigo... Por ela.
—Tá maninho. – falei com ironia e atirei a Augustina nele fazendo ambos baterem no chão a 2 metros de mim.
—May... – Thomaz tentou chegar perto mas eu o afastei. Pulei para mais perto das árvores me metamorfoseando no ar como a muitos anos deixei de fazer, minhas roupas, espada, laptop tudo tremulou e desapareceu, alguns dos meus ossos cresceram, outros diminuíram consideravelmente, músculos se modificaram causando uma dor absurda por alguns milésimos de segundo, pêlos negros cobriram todo o meu corpo num piscar de olhos e quando enfim voltei ao chão, já era novamente a Tigresa negra de olhos azuis e pelo brilhante e sedoso. 
—Koningin van Cats...*¹ – Thomaz tentou se aproximar mais uma vez, parecendo em choque. Não queria mas o mordi para afasta-lo de vez. Rugi de ódio e corri mata a dentro.
—Só foi mais um dos faniquitos idiotas dela – ouvi Chris falar intensificando meu ódio – Ela vai voltar... 
Ele não tinha noção do quanto estava enganado 

Conflitos, conflitos... Ahhn foi uma ótima idéia colocar esses quatro juntos. A minha diversão está garantida...

*¹ Rainha dos gatos.