Fanfic: Obsessão - adaptada | Tema: Vondy

Christopher saiu voando enquanto Dulce gritava. Quando atingiu o chão, Alfonso surgiu sobre ele. Alfonso
estava tomado por uma expressão assassina. Fúria inflamava os seus olhos e ele socou Christopher
mais uma vez.
O nariz de Christopher explodia de dor, e então ele rolou para o lado, mas não revidou os golpes.
Ele não podia.
Christian se inclinou sobre Dulce a expressão preocupada enquanto tentava desesperadamente
desamarrá-la. Christopher a teria desamarrado, teria ajudado, assim talvez pudesse se explicar, mas
não era possível com Alfonso sobre ele, suas mãos agarrando a sua camisa, puxando-o de modo a
aproximar seu rosto enquanto o encarava.
– Como você pode fazer isso? – rugiu Alfonso. – Eu sabia! Seu filho da puta. Não consigo
acreditar que você fez isso com ela.
– Alfonso, pelo amor de Deus – soltou Christopher. – Deixe-me explicar.
– Cala a boca. Apenas cala a porra da boca! Que merda tem aí para ser explicado? Jesus
Cristo! Como você pôde fazer isso,Christopher? É assim que você quer que ela ache que funciona
um relacionamento? Você quer que ela pense que todas as suas perversões sexuais são
normais? E quando você se cansar dela como você sempre se cansa de todas as suas
mulheres? E aí, como vai ser? Você quer que ela procure por aí outro homem que faça a
mesma coisa com ela, quer um filho da mãe abusando dela?
A culpa dominou Christopher e ele não conseguia encarar Alfonso nos olhos. Cada palavra, cada
acusação era como um dardo mirando a alma dele. O cansaço tomou-o de assalto porque
muito do que Alfonso dizia era verdade. Ele havia se aproveitado de Dulce. Ele a havia forçado.
Tomara conta da sua vida e fora responsável por causar nela dor e humilhação inimagináveis.
Sem mencionar no desgaste emocional de manter em segredo algo desse tamanho da única
família que conhecia.
Deus, ele não merecia Dulce. Ele não merecia a sua doçura. Não merecia se banhar do brilho
dela e ter seu mundo inteiro iluminado por seu precioso sorriso.
No que tangia a ela, ele havia feito tudo de errado desde o princípio. Aquele maldito
contrato. O segredo. O modo como ele a tratava. E agora ele era responsável por um grande
atrito entre ela e Alfonso, e entre Alfonso e ele próprio. Um atrito do qual ele não sabia se teria como
se recuperar.
Era de se surpreender a reação intempestiva de Alfonso? Ele se imaginou no lugar de Alfonso e
Christian por um breve momento, e tentou pensar na imagem que eles viram ao entrar. Pensou como
deve ter parecido a eles. A irmãzinha de Alfonso imobilizada e amarrada, totalmente entregue
enquanto Christopher a chicoteava na bunda. Havia marcas vermelhas por toda sua superfície.
Ele estava agoniado porque não havia forma de fazê-los entender o que havia acontecido.
Ele reconhecia estar amaldiçoado aos olhos dos amigos. Nem tinha como culpá-los. E estava
envergonhado por ter posto Dulce numa posição em que podiam pensar que ela estava sendo
abusada e maltratada. Ela merecia muito mais. Merecia alguém que a tratasse como uma
princesa, como o tesouro que ela era. Não um filho da mãe pervertido, maluco e tão cheio de
si quanto ele.
– Como você pode se aproveitar dela desse jeito? – perguntou Alfonso enfurecido. – Você
oferece a ela um emprego e a coloca em uma situação em que ela acha que tem que aceitar
tudo só porque você está em uma posição de poder sobre ela? Eu poderia matá-lo por isso.
Por você não ter mais respeito a ela, respeito a nossa amizade. Esse não é o homem que eu
conheci, Christopher.
Christopher fechou os olhos, sentindo-se mal, no fundo da sua alma. Alfonso havia enfiado uma faca e
agora a retorcia, e o inferno dessa situação era que tudo que ele dizia era compatível com o
que Christopher já havia vivido. Ele sabia que Alfonso estava certo. Não tinha defesa.
Não havia nenhuma defesa.
Christopher sabia que não tratara Dulce do jeito certo. Não dera-lhe o respeito que merecia. Deus, e
se ela se sentisse obrigada a concordar com tudo porque trabalhava para ele, porque a sua
obsessão por ela era tão pesada e intensa que ele lhe dava poucas opções? Ele tinha tomado
conta da vida dela, do seu corpo. Ele a consumira por inteiro, até não restar mais nada.
As coisas que ele mais temia – ele a sugando até que não restasse mais nada, e mudando os
aspectos dela que mais lhe davam prazer – estavam acontecendo.
Ela havia se sentido profundamente magoada e traumatizada pelo ocorrido em Paris. E tudo
havia sido culpa dele. E ela havia concordado com tudo em vez de dizer “basta” porque tinha
assinado aquele maldito contrato cedendo-lhe todos os seus direitos.
Ela se sentira impelida a fazê-lo. Não enxergava como se houvesse escolha. Sim, ele havia
dito a ela que ela podia dizer não, mas a que custo?
O que mais ele havia forçado sobre ela?