Fanfic: Mais que um amigo (Vondy) - Terminada

Maite girava em frente aos três espelhos e alisava o vestido de seda na altura do peito. Ela parecia usar pelo menos manequim quarenta.
— Bem, acho que Ucker namorando Angelique Boyer é um desperdício de um cara legal. Ela é horrorosa.
— Por que diz isso?
Admito que não gostava muito de Angelique. Toda vez que a encontrava ela me ignorava. Porém já estava bem acostumada a receber um gelo das namoradas de Ucker, e isso não me incomodava. Na verdade até que essa atitude delas me fazia bem. Mas ainda estava surpresa por Maite ter essa opinião negativa sobre a última conquista de Ucker.

— Argh. A garota só quer aparecer. Eu a ouvi jogando conversa fora sobre Ucker no banheiro das garotas. Só ficava falando de como ele era bonito, mas não disse uma palavra sobre a personalidade interessante dele, por exemplo. — Ela abriu o fecho e tirou o vestido.
— Verdade? — Eu ainda me olhava no espelho. Por algum motivo, o vestido preto perdera o encanto. Sentia meu estômago se revirando e já não estava com muita vontade de fazer compras.
— Ela disse a Amanda Wright que Ucker seria o seu bilhete para a popularidade. Como todo mundo o conhecia, ela acabaria sendo reconhecida também. Contou que, quando estava no terceiro ano, era a chefe das líderes de torcida e namorava o quarto zagueiro. Como é possível ser uma pessoa tão superficial?
Segurei o vestido preto e o bolero.
— Você está com ciúmes de Angelique, não está? Quero dizer, sei que você tem uma queda por Ucker, mas ele não seria um bom namorado, ele é muito galinha. Acredite em mim, melhor ficar na amizade.
Maite franziu a testa:
— Dul, eu não estou com ciúmes. Você está?
— Não me faça rir — respondi indignada. — Eu nunca sairia com Ucker para namoro. Já disse isso pra você umas cem vezes.
— Eu sei que você disse. — Maite vestiu os jeans e procurou pelos sapatos. — Mas você nunca me explicou de verdade por que não quer sair com ele.
Suspirei.
— Por uma razão muito simples. Eu estou com Derrick. E, mesmo que não estivesse, Ucker e eu não fomos feitos um para o outro.
— Continue explicando — ela pediu, levantando as sobrancelhas e olhando para mim.
— Ele é como um irmão para mim, não sabe assumir um compromisso, é arrogante, gosta de outros sabores de sorvete de que eu não gosto, e sempre temos brigas idiotas para ver quem fica com o controle remoto da TV.

Eu sabia que era só conversa inconseqüente, mas a cutucada de Maite me pegou de jeito. Falar de Ucker desse modo tão pessoal me deixava encabulada.
Maite riu.
— Bem, posso ver que vocês formam uma dupla e tanto. Desisto deste papo. Sei que você detesta falar sobre Ucker.

— Obrigada. Agora vamos sair logo daqui. Não estou encontrando o vestido que queria.
Enquanto saíamos da loja, tentei ignorar a sensação de enjôo. Ainda não podia acreditar que Ucker não me dissera nada sobre o tal bracelete. Assim que cheguei em casa, telefonei para ele. Ucker teria de me explicar um monte de coisas.