Fanfic: Mais que um amigo (Vondy) - Terminada

— Que sufoco — disse Derrick, horas mais tarde. — Sempre gosto de cantar para uma porção de gente.
Era quase uma hora da manhã e eu havia telefonado para minha mãe uma hora antes explicando que ia me atrasar. O baile acabara, mas Derrick e o pessoal do Radio Waves precisavam desmontar e carregar os equipamentos.
— Vocês foram ótimos — disse eu, colocando um monte de cabos elétricos dentro de uma sacola.
— Todo mundo adorou.
— O que posso dizer? Tenho música nas veias.

Derrick pegou sua guitarra e sentou-se em uma das cadeiras de ferro.Ele tocou uns acordes de blues, cantarolando alguma coisa.

 — O que mais posso fazer para ajudar? — perguntei, olhando para o palco quase vazio.
Estava exausta e ainda tinha de levantar cedo para tomar conta de Nina.
Derrick esticou o braço e me pegou pela mão, puxando-me para uma cadeira a seu lado.
— Acabei de compor esse blues Eu-não-quero-levar-Dulce-para-casa — cantarolou ele, repetindo o acorde na guitarra.
Dei uma risada.
— Qual é, Mick Jagger. Meu pai vai chamar a polícia se eu não chegar em casa logo.
Quando Derrick estacionou em frente de casa, aquela lâmpada na varanda estava acesa. Pude ver a silhueta de minha mãe, através da cortina, esperando por mim no sofá.
Ele desligou o motor e apagou as luzes do jipe. Virou-se no banco e esticou o braço, colocando a mão em minha cintura. Em seguida me puxou para mais perto e me beijou com força, como nunca tinha beijado antes.

No meio da noite escura, eu me sentia abrigada como em um ninho aconchegante. As imagens do jogo de futebol, do baile e mesmo da minha mãe esperando na sala simplesmente desapareceram. Eu prestava atenção apenas nos lábios, nas mãos e no som de nossa respiração.
Um calafrio subiu pela minhas costas e cada parte do meu corpo tremia de excitação.
— Ucker — sussurrei, sentindo seu cabelo macio entre meus dedos.
No instante seguinte meu coração quase parou. Abri os olhos e me recusei a acreditar no que tinha acabado de falar.
Cada vez mais espantada, percebi que tinha chamado Derrick pelo nome de Ucker. O que estaria pensando? Será que ele tinha percebido?
Afastei a cabeça um pouco para atrás e olhei para Derrick. Ele me abraçou, apertando meus ombros com força. Não tinha ouvido que eu dissera o nome de Ucker. Uma enorme sensação de alívio bateu em mim. Mas não conseguia mais me concentrar nos beijos de Derrick. O nome de Ucker não me saía da cabeça. Por que eu dissera o nome dele? O que tinha de errado comigo?
Balancei a cabeça levemente, tentando clarear os pensamentos. Raciocinando logicamente, tentei me convencer de que pronunciar o nome de Ucker não significava nada. Tinha acabado de vê-lo e estivera pensando nele.
— Não me canso de beijar você — disse Derrick, segurando meu rosto com gentileza.
— Eu te amo — murmurei, encostando o rosto em seu ombro, Nunca havia dito antes essas palavras a um rapaz (exceto a Ucker, mas era um caso diferente), e sempre imaginei sinos tocando e fogos de artifício explodindo nos céus quando a hora certa chegasse. Não sentia nenhuma dessas coisas com Derrick, mas achei que era esperar demais. Naquele momento tinha certeza de que falava o que estava sentindo. Derrick James era o meu destino. Ponto final.
Até o instante em que desliguei a luz de meu abajur de cabeceira, não tinha reparado que Derrick não havia dito eu te amo em resposta. Contudo eu tinha certeza de que diria — e logo.