Fanfic: -----Vai Sonhando!?----- Vondy | Tema: Vondy

A resposta incomodou Ucker. Ia dizer algo, mas o diretor do hospital pediu o relatório médico à fisioterapeuta e ela lhe entregou.

Ucker notou que Dulce e o técnico não se olhavam. Fingiam não se conhecer. Esses dois! Ela começou a teclar no celular de novo e a sorrir. Com quem estava falando? Durante vários minutos,

Dulce e o diretor conversaram sobre como seria o processo de reabilitação para que Ucker continuasse apresentando boa evolução.

— Eu queria continuar a fisioterapia na minha casa — declarou Ucker.

— Impossível — respondeu o técnico.

— Tenho minha própria academia com todo o necessário pra fazer os exercícios. E o que não tiver, eu compro. Poderia continuar vindo ao hospital um dia ou outro se fosse preciso — continuou Ucker.

Durante mais de dez minutos, jogador e técnico debateram o assunto. Dulce não abriu a boca.

Observava a ambos: dois gigantes demonstrando seu poder. Se um era cabeça-dura, o outro era ainda mais. Claudio, o médico do time, interveio na discussão, e Dulce e o técnico se entreolharam. Foi um olhar intenso que, sem saber por que motivo, a deixou nervosa. Em seguida, ela sorriu, mas seu sorriso, como sempre, escondia seus verdadeiros sentimentos. Já fazia anos que esse era seu método de defesa: para as irritações, para as tristezas… para tudo!

Os médicos continuavam conversando e Ucker insistia que faria sessões de reabilitação em dobro em sua casa. Dulce concordou. O que o jogador estava propondo era uma boa ideia, especialmente para ela.

Não queria mais vê-lo, pois cada dia que passava ao seu lado era uma tortura. Dulce se sentia atraída por aquele homem e tê-lo por perto, tocá-lo, lhe fazia mais mal do que bem. Não havia noite em que não dormisse pensando nele, em sua boca, em seus olhos, em seu abdome. Também não havia manhã em que não se lembrasse dele ao abrir os olhos.

E não. Aquilo não podia continuar, por muitos motivos. O principal: ele não era homem para ela e, menos ainda, ela era mulher para ele.

Ela inclusive havia pedido uma licença de três semanas para dar apoio a uma ONG na Mauritânia e, quando voltasse, teria que se ocupar de certos assuntos pessoais. A distância colocaria sua vida em perspectiva.

 Os médicos e os fisioterapeutas do clube falavam e falavam, porém, sem chegar a um acordo.

O técnico, de repente, surpreendeu a todos dizendo em voz alta e clara:

— Depois de pensar, acredito que a proposta de Ucker tem sua lógica.

Todos o olharam, incluindo Dulce. Foi então que seu celular tocou: era uma mensagem. Ela se afastou e se escondeu atrás de uns médicos para responder.

Notando-a tão indiferente ao debate sobre o procedimento de sua recuperação, Ucker se sentiu um pouco jogado para escanteio. Mas com quem ela falava?