Fanfic: Encontrada -Perdida 2 | Tema: AyA, Ponny
Meu problema com o dr. Almeida ia muito além do rancor por ele ter sugerido, tempos atrás, que Alfonso me internasse em um manicômio.
Acontecera logo depois de eu contar ao meu futuro marido que viajara no tempo. Obviamente, a princípio ele não acreditou, eu mesma custei a crer que tinha sido enviada ao passado sem passagem de volta. Eu não podia culpá-lo por ter pedido ajuda ao velho amigo da família na esperança de me ajudar de alguma maneira. Mesmo assim, a sugestão do dr. Almeida ainda me causava mágoa.
Fora Alfonso, o médico era a única pessoa ali que sabia, ainda que vagamente, que eu não tinha nascido naquela época. Meu medo era que ele decidisse investigar ou, pior, estudar o caso mais a fundo, ainda que Ian me garantisse todos os dias que o amigo jamais faria uma coisa dessas. Ele insistia em dizer que eu agora pertencia àquele século — pertencia a Alfonso, eu sempre o corrigia—, e não havia nada a investigar. Eu nunca acreditava nele, claro.
— E quanto à senhorita? — o médico quis saber, franzindo a testa. —Também ficaria feliz?
—Eu... humm... bem...
O dr. Almeida me estudou por um momento, então seus ombros caíram com um suspiro cansado.
— Não posso culpá-la por ter uma impressão tão ruim a meu respeito—comentou ele, insatisfeito.—Espero que com o tempo eu consiga mudar sua opinião e ganhar sua confiança. Mande lembranças ao senhor Herrera.—Ele fez uma mesura, se despedindo, e seguiu pela rua de paralelepípedos, cumprimentando alguns conhecidos com quem cruzava pelo caminho.
— Por que foi tão pouco cortês com o dr. Almeida? — Elisa quis saber assim que o médico estava longe o bastante.—Ele é um bom homem, Anahí.
—E muito curioso também—apontei.
—E isso é errado?
—Depende, Maite. Depende muito do que ele vai querer saber.
Ela me lançou um olhar reprovador, mas deixou o assunto morrer quando voltamos a andar. Seguimos direto para a botica de fachada amarela e portas imensas. Ali dentro havia prateleiras altas e escuras forradas de potinhos, frascos de tamanhos e cores variados. O aroma pungente de produtos químicos fez meu nariz coçar de um jeito bom.
O homem, ágil demais para a idade avançada, atendeu Teodora parecendo meio deprimido. Seus olhos cansados e escuros estavam tristes.
Depois de pegar os sais de que a mãe da garota fazia uso e embrulhá-los em um papel pardo grosseiro sobre o balcão de imbuia, ele me encarou.
— Peço que me perdoe, senhorita Anahí. Minha família e eu não poderemos comparecer ao seu casamento. Acabamos de receber a triste notícia de que a sobrinha de minha esposa faleceu. Partiremos para a cidade ainda esta tarde.
—Sinto muito—falei, me encolhendo.
— Que terrível notícia, senhor Plínio — lamentou Maite. — O que houve?
Ele sacudiu a cabeça, arrasado.
—Não sabemos ao certo, senhorita Maite. Rosália era jovem e tinha boa saúde. Pela carta de meu cunhado, parece que se tratou de um trágico acidente. A pobrezinha havia acabado de se casar...
— Oh! Mande nossas sinceras condolências à sua esposa e à família de sua sobrinha—adicionou Maite, abatida.
Também fiquei deprimida ao ouvir a história. O fim de uma vida sempre mexia comigo, ainda mais quando era a de alguém tão jovem como a tal Rosália parecia ser.
Comecei a remexer nos vidros e frascos amontoados nas prateleiras para me recompor e tentei afastar as lembranças de meus pais, que também partiram por uma fatalidade do destino. Eles não estariam presentes no meu casamento. Nina também não.
Exceto pelos Herrera, eu não tinha amigos ali.
Comecei a ler alguns rótulos para me livrar dos pensamentos obscuros e, depois de um tempo, me dei conta de que um era mais estranho que o outro. Para que servia óleo de limão-doce?
— Não anda se sentindo bem, senhorita Anahí? — seu Plínio se aproximou, parando ao meu lado.
— Eu estava só olhando. Não conheço muito bem esses... essas...fórmulas...
Ele balançou a cabeça uma vez, entendendo.
— Esse óleo é indicado para diversas finalidades. Pode ser usado para combater dores nas articulações, enxaqueca, hidratar, e, acredite, alguns produtos de beleza levam óleo de limão-doce e lavanda para durar mais tempo.
Aquilo capturou minha atenção no mesmo instante.
—Tipo um conservante?
—Em alguns casos —ele confirmou.
Meu cérebro começou a trabalhar. O condicionador caseiro que aprendi a fazer com a Nina era uma mão na roda, já que não existia chapinha, secador ou creme para pentear no século dezenove, mas era um saco ter de ficar amassando aquela papa toda vez que eu queria tomar banho. Seria genial se eu pudesse prepará-lo em grande quantidade e armazenar por um tempinho.
Autor(a): Bea
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—E o senhor tem óleo de lavanda aqui também? — Claro que sim. Deixe-me ver... — Ele correu os olhos e os dedos longos e enrugados pelas prateleiras e, da última, pescou um vidrinho azulado. Seu Plínio destampou o frasco, e o cheiro concentrado de lavanda fez meus olhos lacrimejarem. Seria melhor usar em pequenas ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 24
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Valéria_Traumadinha Postado em 06/03/2017 - 01:39:32
Saudades... :'(
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bellyta_ponny Postado em 02/01/2016 - 20:08:45
Amei Perdida e agora amo encontrada!!! Continuaaaaaa!!!
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maridamis Postado em 28/12/2015 - 01:03:35
Nao vai postar mais? To adorando!
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franmarmentini♥ Postado em 15/10/2015 - 14:59:43
ufaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa tomara que seja só isso mesmo...tadinha da any...,mas podia ter sido bem pior né...
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franmarmentini♥ Postado em 15/10/2015 - 14:55:17
ela se machucou... nossa senhora das fics.
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franmarmentini♥ Postado em 15/10/2015 - 14:54:04
meu deus...poncho salvou a any!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! urulllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllll
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franmarmentini♥ Postado em 15/10/2015 - 14:36:43
:)
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narachavez Postado em 21/08/2015 - 22:35:59
continuaaaa tô curiosaaa demaisss
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narachavez Postado em 19/08/2015 - 19:28:18
porque parouuuuuuuu cadê o próximo capitulo que ansiedade!!!!!!!!
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narachavez Postado em 19/08/2015 - 19:24:38
tá quenteeeee,pegando Fogo,ñ paro de ler