Fanfic: Duque Apaixonado AyA / Ponny FINALIZADA | Tema: AyA, Romance

Alfonso ergueu uma sobrancelha e abriu aboca para responder, mas uma
batida na porta o interrompeu.
— O que foi, Layton?
— Uma mensagem, Vossa Graça. — O mordomo entregou um envelope e se
retirou.
Alfonso leu o papel e amassou a folha entre os dedos.
— O que foi?
— Uma mulher foi encontrada estrangulada no Green Man. Uma prostituta de
cabelos Loiros.
Anahi sufocou uma exclamação horrorizada.
— Você acha que foi Rodrigo?
— Pode apostar que foi. Ele deve estar fora de si.
Alfonso colocou o papel amassado sobre a mesa, e Anahi notou que seus olhos
estavam sombrios e uma ruga profunda marcava a testa. Sentiu vontade de
acariciar aquele semblante contraído.
— Anahi, seria muito mais fácil protegê-la se você fosse minha esposa e não
apenas uma hóspede em minha casa.
— Mas sendo sua esposa, eu não correria um risco ainda maior? Agora sou
apenas uma americana sem dinheiro. Se nos casarmos, serei uma duquesa, não é
isso? E suponho que, mais cedo ou mais tarde... — Ela mordeu o lábio, estudando a
gravata de Alfonso. — Bem, uma vez casado, você poderia ter um filho. E um filho
deixaria Rodrigo ainda mais irritado.
Alfonso ergueu o queixo de Anahi com a ponta dos dedos. Relutante, ela
levantou o rosto e viu que os olhos ambarinos já não estavam mais sombrios.
Tinham agora um brilho perturbador.
— De fato, minha querida. Se eu tivesse uma esposa, e se fosse você, eu
trabalharia noite e dia para ter um filho.
— Dia? — Anahi deixou escapar. — Mas as pessoas podem fazer aquilo
durante o dia?
— Certamente. Antes do café da manhã. Talvez depois do almoço também.
— O que você está dizendo é um absurdo. — Alfonso sorriu e se inclinou para
beijá-la, mas Anahi se esquivou e saiu antes que se rendesse ao desejo que
transbordava em seu corpo.
Mais tarde, Alfonso se recostou sobre a balaustrada do terraço de Alvord e
olhou para o jardim abaixo. Respirou fundo, saboreando o cheiro de terra úmida e
mato. A brisa de verão soprava enquanto ele admirava o céu da noite encoberto de
nuvens.
Ele amava Alvord. Estava em seu sangue e em seu coração. Mas no dia
seguinte partiriam para a barulhenta e suja Londres, onde estava a sociedade com
os olhos curiosos e a língua afiada. Rodrigo estava lá.
Eles poderiam ficar no campo, seria melhor. Mas May tinha direito à sua
estréia na temporada. Assim como Anahi. Ela deveria ir às festas, dançar, e até
mesmo ser cortejada por outros homens antes de se tornar sua duquesa. Antes que
ele a levasse para a cama e lhe desse um filho.
Deus, ele mal podia esperar para tê-la nua sob seu corpo novamente, assim
como tivera no Green Man. Mas na próxima vez ela não iria resistir. Na próxima vez
ele poderia terminar o que tinha começado.
— Ele está em Londres. — Rodrigo atirou o luxuoso convite na lareira. As
chamas consumiram em segundos o papel de qualidade, queimando junto a tinta
cara. — Ele abrirá as portas da Mansão Alvord para o baile de May. Foi tanta
gentileza me convidarem!
— Você é da família. — Philip Gadner apertou o cinto do robe de seda e
esticou as penas diante da lareira. Era difícil se manter aquecido durante as noites
londrinas. — As pessoas iriam comentar se não o convidassem.
Rodrigo resmungou e bebeu o conhaque.
— A mansão Alvord devia ser minha.
— Sim, eu sei. E será, Rodrigo. Seus planos...
— Sempre falham! Deus Todo-Poderoso, aquele filho da mãe tem muita sorte.
Já era para ele ter morrido com uma bala na testa em Ciudad Rodrigo ou Badajoz.
Mas o maldito voltou valsando para a Inglaterra sem nenhum arranhão.
— Bem, sim, foi muito azar. Quem iria supor que os franceses poderiam falhar!
Philip olhou para a cama, logo atrás. Adoraria entrar embaixo das cobertas,
onde ficaria aquecido e confortável. Mas logo Rodrigo estaria muito embriagado
para se importar com algo. Era assim que as coisas aconteciam ultimamente. Os
momentos felizes estavam ficando cada vez mais raros; a vida agora não passava
de uma mera sombra do passado feliz que um dia os dois compartilharam.
Philip fechou os olhos, espantando da mente a fisionomia sombria de Rodrigo.
As coisas iriam melhorar depois que Rodrigo se apoderasse do ducado. Então,
quem sabe, ele abandonaria a bebida e deixaria de freqüentar bordéis, e o ódio que
o estava infectando desapareceria para sempre.
Philip contraiu os lábios ao sentir a dor familiar perpassando seu corpo.
Quando tinha dezessete anos e estava apaixonado, acreditara naquela história toda
sem questionar. Mas agora estava com trinta, e tinha frio. Por que tinha de ficar? Era
um bom valete. Poderia encontrar outro trabalho. Alguém o aceitaria. Não um
duque, é claro. Talvez algum fidalgo; afinal, ele tinha experiência.
Mas não era a promessa de luxo e fortuna que o mantinha ao lado de Rodrigo.
Deus, como ele desejava que fosse apenas por isso. Mas não, apesar de todo o
abuso e negligência, ele ainda se importava com Rodrigo. O amor que sentia era
como uma erva daninha.
— Ele trouxe a vagabunda para Londres. — Philip suspirou.
— Ela não é uma vagabunda, Rodrigo. Ela é prima do conde de Westbrooke.
— Ela é loira, não é? Como aquelazinha do Green Man.