Fanfic: Duque Apaixonado AyA / Ponny FINALIZADA | Tema: AyA, Romance

— Aquelazinha morta do Green Man. — Philip apontou. — Você não pode
continuar deixando corpos para trás, Rodrigo.
— Eu não teria matado a criatura se você estivesse a meu lado, Philip. —
Rodrigo se serviu de mais conhaque. — Você precisava ter visto os olhos da
sirigaita quando ela percebeu que eu ia matá-la.
Philip se ajeitou na poltrona.
— Se eu estivesse lá, você não teria colocado as mãos ao redor do pescoço
da pobre coitada.
— Não? — Rodrigo se recostou, confortável. — Alfonso não pode ter um
herdeiro.
— A moça é apenas uma hóspede, não é?
— Meu primo não costuma beijar suas hóspedes. Muito menos às escondidas,
onde ninguém podia vê-los.
— Talvez o tiro tenha servido para lembrar Alfonso que ele deveria pensar mais
no futuro.
— Talvez. — Rodrigo tomou mais um gole. — Quem sabe o que se passa na
cabeça de Alfonso? Vou ao baile e lá verei pessoalmente como ele a trata. Se a
ignorar eu farei o mesmo. Mas senão...
— Senão, você irá ignorá-la do mesmo jeito.
Rodrigo ergueu os ombros e afundou na poltrona macia, enquanto uma
estranha sensação de pânico perpassava a mente de Philip.
— Deixe a moça em paz, Rodrigo. Você não pode matá-la.
— Você está parecendo uma velha rabugenta.
— Não estou. — Philip se esforçou para não gritar, pois sabia de longa data
que demonstrar sua própria ira só iria alimentar ainda mais a de Rodrigo. — Não
vamos tomar nenhuma decisão precipitada. Vá ao baile e veja como ele a trata.
Depois faremos nossos planos, certo?
Rodrigo hesitou, e então assentiu.
— Está bem. De qualquer maneira eu não pretendia estrangular a moça no
salão de baile.
— Eu sei. — Philip suspirou. — Agora vou me recolher. Você não vem?
Rodrigo parou e Philip se encheu de esperança. Ele sabia que embaixo de
todas aquelas camadas de ódio e rancor acumuladas ao longo dos anos, por causa
da obsessão de Rodrigo por Alfonso e pelo ducado, uma chama da felicidade que um
dia eles compartilharam ainda ardia.
— Não — Rodrigo respondeu. — Acho que vou sair. A noite ainda é uma
criança. Não espere por mim.
— Não esperarei.
Philip ficou olhando a porta se fechar, ouvindo os passos de Rodrigo ecoando
no corredor, escada abaixo. Ouviu Rodrigo batendo a porta de saída. Ele ficaria fora
a noite toda.
O valete tirou o robe e se ajeitou na cama, que agora parecia muito maior.
— Você acha que Rodrigo virá hoje à noite, Anahi?
— Creio que sim, May. Afinal, ele foi convidado.
Anahi estava feliz por não ter comido muito durante o jantar, pois seu
estômago se comportava como se ainda estivesse a bordo do navio, vindo para a
Europa. Ela olhou para a ampla escadaria que acabava no vestíbulo. Wiggins, o
mordomo de Londres, estava a postos ao lado de um pequeno séquito de criados.
Os convidados chegariam a qualquer momento. Onde estariam Alfonso e lady
Gladys?
— Tenho certeza de que Rodrigo virá. — Christopher estava esperando ao lado das
jovens. — Ele não é de deixar passar uma refeição de graça. — O rapaz franziu o
cenho. — Tomem cuidado.
Anahi riu.
— É estranho ouvir conselhos de você, primo.
— Isso não é justo! Sou muito responsável, quando necessário. Não é
verdade, Alfonso?
Anahi se virou e sentiu um alívio ao ver Alfonso se aproximando de braço dado
com a tia. Ele estava vestido de preto e branco com uma única esmeralda no centro
da gravata. A alta estatura, os cabelos loiros brilhantes e os ombros largos, tudo
chamava atenção, mas era a fisionomia forte, a segurança e o poder inconsciente
dele que mais prendiam a atenção de Anahi.
— Você está com uma aparência esplêndida — elogiou Anahi, corando em
seguida. — Assim como a senhora, lady Gladys.
— Quando já se comemorou mais de setenta primaveras, "esplêndido" não é
um adjetivo que se costume ouvir com freqüência — retrucou Gladys. — Mas
obrigada, querida. Você está muito bonita, e tenho certeza de que irá ouvir isso de
todos os rapazes do baile.
— Certamente — concordou Alfonso, os olhos emitindo um brilho
desconcertante. — Você irá brilhar mais do que todas as damas presentes, com
exceção de May, é claro. — Ele sorriu para a irmã.
— Gostaria de poder usar um vestido azul como o de Anahi, em vez deste
branco sem graça.
— Você fica linda de branco — disse Anahi. — Não acha, Christopher? — Christopher
sorriu.
— Oh, sim, é claro. Os rapazes tropeçarão uns nos outros, disputando a
primeira dança com May.
Anahi ficou feliz em ver May sorrir e a fisionomia tensa relaxar.
— Lady Gladys, Alfonso, têm certeza de que não seria mais apropriado eu
aguardar no salão de baile?
May se agarrou ao braço de Anahi, e os casais desceram a escadaria.
— Você não vai me abandonar agora, Anahi. Estou prestes a ter um ataque de
nervos.
— Mas May, nós não somos parentes. Seu irmão e sua tia estarão a seu
lado.
— Parece-me que May não é a única ansiosa por aqui — Alfonso interveio. —
Acalme-se, Anahi. Ninguém presta muita atenção à linha de recepção, na há tempo
suficiente. — Ele sorriu para Gladys. — E a tortura não durará muito. Minha tia se
cansa logo.