Fanfic: Duque Apaixonado AyA / Ponny FINALIZADA | Tema: AyA, Romance

Anahi estava parada atrás de uma palmeira, esperando o sr. Belham lhe trazer
um copo de limonada. O salão de baile do conde de Easthaven estava quente e
repleto de convidados. Ela já tinha dançado todas as músicas até o momento, mas
em vez de estar feliz, sentia-se apenas cansada.
Desde a noite fatídica do baile de May, ela e Alfonso mal se falavam. Anahi
tentava se convencer de que era melhor assim, mas ainda sentia algo diferente
quando cruzavam o caminho. Por isso estava meio escondida, atrás da palmeira. O
sr. Belham poderia ter alguma dificuldade para encontrá-la, mas isso era melhor do
que correr o risco de esbarrar com Alfonso.
— Você acha que Alvord vai pedir a mão da americana? — Anahi paralisou,
então virou a cabeça lentamente para ouvir a conversa de uma dupla de cavalheiros
que estava do outro lado do vaso, e não tinha notado sua presença.
— Essas são as apostas no White`s — respondeu um dos homens, rindo. —
Não entendi por que o Monge se interessou por aquela americana magrela.
O outro riu.
— Deve gostar do tipo. A mocinha Wickford também não tem muita carne.
— Pare com isso, Nigel! A americana deve ser mais quente do que a Rainha
do Mármore.
— Ouvi dizer que ela não tem dinheiro.
— Alvord tem o suficiente para os dois, não precisa de uma esposa rica para
encher o cofre.
— É verdade. — O sujeito baixou o tom da voz. — Talvez a americana tenha
outros encantos. Quem sabe não tenha aprendido algo diferente com os índios?
Algo selvagem!
Os dois ficaram em silêncio por algum tempo. Anahi temia que as folhas da
palmeira pudessem pegar fogo a qualquer momento, tamanho o rubor de suas
faces.
— Você acha que ele irá dividir isso? Depois que tiver um herdeiro, é claro —
um dos homens sussurrou.
— Não sei. Eu entraria na fila, especialmente depois que o Monge tiver
ensinado todos os truques que conhece. Ele já deve ter feito de tudo.
— Ouvi dizer que ele já se deitou com três prostitutas ao mesmo tempo, e elas
não eram magrelinhas.
— Três?
— Srta. Puente?
Anahi teve um sobressalto, e virou-se rapidamente para se deparar com
ninguém menos do que Perla Wickford, olhando para ela por entre as folhagens
da palmeira.
— Oh... lady Perla.
Anahi saiu do esconderijo. Ainda estava distraída por causa da conversa que
tinha acabado de ouvir. Não tinha entendido muito bem o que os homens disseram,
mas captara o suficiente.
Perla torceu os lábios num arremedo de sorriso.
— Que sorte encontrá-la escondida atrás dessa palmeira, srta. Puente.
Gostaria de lhe apresentar ao sr. William Kuno. Ele é seu conterrâneo.
Rodrigo tinha se encarregado de apresentar o charmoso americano a
Perla, incumbindo-a da missão, por sinal aceita com entusiasmo, de apresentálo
a Anahi.
— Oh.
Anahi olhou para o cavalheiro alto parado ao lado de Perla. Era o homem
mais lindo que já vira. Os cabelos eram castanho-claros, os olhos pretos como a
noite, e as feições bem esculpidas. Uma pequena cicatriz no canto esquerdo da
boca e uma discreta elevação no alto do nariz eram os únicos pontos que afastavam
o rosto da total perfeição.
— Como vai?
Ele tomou a mão de Anahi e levou-a aos lábios.
— Muito melhor agora. É um prazer conhecer uma conterrânea. A senhorita
me daria a honra da próxima dança?
Anahi se sentiu desconfortavelmente lisonjeada. Havia algo quase predatório
nos gestos do homem.
— Bem, estou esperando pelo sr. Belham.
— Aqui está a limonada, srta. Puente.
Belham tinha retornado. O rapaz estava longe de ser o mais bonito de Londres,
parecia ter vindo ao mundo puxado pelo nariz, deixando a testa e o queixo para trás,
mas em comparação com Kuno, o coitadinho era grotesco.
— Sr. Belham — Perla interveio —, que prazer em vê-lo. Eu fico com a
limonada, se não se importar. A srta. Puente estava indo dançar com o sr. Kuno.
Belham arregalou os olhos e o pequeno queixo balançou sob o nariz
proeminente, assentindo.
— Fiquem à vontade, srta. Puente, sr. Kuno. O sr. Belham me fará
companhia.
Anahi ainda olhava para trás, incerta, enquanto era praticamente arrastada por
Kuno para o salão de baile.
— Suspeito que lady Perla, assim como muitos de meus amigos ingleses,
não saiba a diferença entre Boston e Baltimore. Afinal, de onde a senhorita é?
Anahi riu.
— Da Filadélfia. E o senhor?
— De Nova York, mas já estive na Filadélfia.
— Então o senhor é muito mais viajado do que eu. Nunca tinha saído da minha
cidade natal até embarcar no navio que me trouxe para Liverpool.
Kuno era um exímio dançarino e tinha uma conversa agradável. Anahi
gostou de dançar com ele. E acabou percebendo o quanto estava com saudade de
casa e do sotaque americano. Era um alívio poder discutir política com alguém que,
como ela, não acreditava na monarquia ou na primogenitura. Mesmo assim, havia
algo em Kuno que a deixava inquieta. Era agradável, educado e inteligente, mas
nada lhe tirava da cabeça que toda aquela polidez não passava de pura atuação,
que o belo rosto e os modos bem cultivados eram uma máscara para ocultar algum
segredo sombrio.
Anahi riu, espantando as fantasias. Se era uma máscara, era uma muito
bonita. As outras mulheres olhavam para eles, curiosas. Tudo que tinha a fazer era
aproveitar a companhia até o final da música e se divertir um pouco com a inveja
feminina.
Alfonso também os observava. Será que estava com ciúme? Ele vinha
ignorando-a a tal ponto que Anahi já estava começando a pensar que tinha se
tornado invisível.
Assim que a música chegou ao fim, Alfonso se aproximou.
— Olá, Anahi. Apresente-me ao seu novo amigo... — Não havia muito mais
que fazer.
— Alfonso, este é o sr. William Kuno, de Nova York. Sr. Kuno, Sua Graça, o
duque de Alvord. — Alfonso fez um aceno de cabeça.
— Kuno. Se nos der licença, creio que a próxima dança é minha.
Anahi sabia que não, mas não iria desmentir Alfonso. Suas mãos enluvadas
tomaram a mão dela.
— Obrigada pela dança agradável, sr. Kuno. Espero que nos encontremos
novamente.
Alfonso inalou o doce perfume de Anahi e seu corpo ficou ainda mais enrijecido.
Precisava senti-la em seus braços novamente. Já não agüentava a frieza com que
vinha sendo tratado desde o baile de May. E a visão de Anahi nos braços do tal
Kuno foi algo que o atingira profundamente.
Alfonso conduziu Anahi até um local mais reservado do jardim.
Ela aceitou, e isso já era um bom sinal. E lá eles valsaram lentamente, girando
em círculos, aproveitando a música que escapava das amplas janelas da mansão.
As plantas escondiam a cidade, dando a impressão de que estavam de volta a
Alvord.
— Senti saudade de você. — A voz de Alfonso soou como um sussurro rouco
aos ouvidos de Anahi.
— Hum?
Ele baixou o olhar e viu que ela estava de olhos fechados, os lábios curvados
em um leve sorriso.
Será que seria oportuno abordar o assunto sobre o maldito apelido? Alfonso
não entendia por que aquilo a aborrecera tanto. Por que ela se importaria com o fato
de ele nunca ter se deitado com outra mulher antes? De acordo com a reação que
ela tivera no Green Man ao se ver na cama com um estranho, a única conclusão
plausível era de que ela não gostava de conquistadores.
Alfonso sorriu ao se lembrar da cena, pensando que não se importaria nem um
pouco de reviver o momento, mas com um final feliz. Se era tão importante para
Anahi ter um marido mais experiente, ele não se importaria de começar com ela.
Quem sabe, agora mesmo.
Anahi estava feliz, pois estava exatamente onde queria estar: nos braços de
Alfonso. Ali, na penumbra do jardim, longe dos olhos curiosos de todos, ela podia
fingir que estava na Filadélfia e que Alfonso era um bom americano.
O ar estava levemente frio. Ela tremeu, e as mãos grandes de Alfonso a
trouxeram para mais perto. Ela aceitou o abrigo com prazer, pois se sentia segura
nos braços daquele homem.
Uma ilusão. Ele era um conquistador. Tinha admitido o apelido estúpido sem
dar nenhuma desculpa.
Anahi sentiu os lábios do duque roçando em sua pele e ouviu a voz profunda e
rouca, inalando com ardor o perfume másculo.
Se ao menos ele fosse um americano e eles estivessem na Filadélfia... Lá
poderiam sair para passear nas tardes de domingo ao longo da Chestnut Street ou
na margem do rio. Alfonso então seria gentil e correto. Certamente não a levaria para
um jardim escuro e não a beijaria daquela maneira perturbadora. Não roçaria os
lábios ao longo de seu rosto, até parar atrás da orelha e sugar de leve a pele. E
certamente as mãos dele permaneceriam no devido lugar, não vagando tentadoras
pelas suas costas.
Alfonso tentou afastar os pensamentos luxuriosos da mente. Pelo visto Anahi
não ia impedi-lo de prosseguir, portanto o melhor era se conter. Ele a desejava,
como a desejava! Mas não no jardim dos Easthaven, onde qualquer idiota poderia
surpreendê-los.
— É melhor você voltar sozinha para o salão.
— O quê? — Anahi indagou, espantada. Certamente ela ainda não tinha
retornado do lugar maravilhoso onde eles estavam. Ou aonde, pelo menos, ele
esperava que eles tivessem ido juntos.
— Volte para o salão sozinha, Anahi. — Alfonso recuperou a postura e impôs
certa distância entre eles. — Esperarei aqui um pouco.
— Mas por quê?
Porque ainda que o vestido de Anahi não estivesse amarrotado e os cabelos
estivessem perfeitamente penteados, a calça de Alfonso denunciaria o que eles
estavam fazendo na penumbra do jardim.
— Porque as pessoas podem se perguntar o que estávamos fazendo aqui se
entrarmos juntos, meu amor.
— Oh. — Se houvesse luz o suficiente, Alfonso tinha certeza de que veria as
faces coradas de Anahi.
— Entre pela porta lateral. Ela a levará diretamente ao toalete das senhoras.
— Está bem.