Fanfic: Duque Apaixonado AyA / Ponny FINALIZADA | Tema: AyA, Romance

— Um momento, Anahi, preciso falar com você.
— May... — Anahi ia dizendo.
—... nos vemos mais tarde — May terminou e saiu rindo. Anahi assentiu,
olhando para o intricado laço da gravata de Alfonso.
— Meu amor, minha gravata não é tão interessante assim. — Ele tocou o rosto
de Anahi com a ponta dos dedos. — Sinto muito por tudo que aconteceu. Prometo
que Kuno nunca mais irá importuná-la. Você dormiu bem?
— Sim, dormi muito bem. — Ela baixou o olhar novamente.
— Você não está com medo de mim, está? Eu nunca teria coragem de feri-la,
Anahi.
— Não. — A resposta não passou de um sussurro. — Não, Alfonso. Não estou
com medo de você. Estou apenas um pouco confusa, só isso.
— As coisas aconteceram rápido demais e nem a pedi em casamento como
deveria.
Anahi corou quando Alfonso tirou uma caixinha do bolso.
— Como eu estava dizendo, as coisas aconteceram rápido demais. Se não
tivéssemos sido interrompidos ontem à noite, eu teria lhe dado o anel de noivado
dos Alvord. — Ele sorriu. — Bem, talvez não. Confesso que eu também estava
confuso.
Em seguida, Alfonso tomou a mão de Anahi e colocou o anel. Era uma peça
simples, com uma única esmeralda ladeada por dois diamantes. Era linda, elegante.
Mas representava uma mentira.
Anahi deveria ter dito que não poderia se casar com um conquistador. Deveria
dizer agora, isso se as palavras lhe viessem aos lábios.
— Acho que tenho o direito de dar um beijo em minha noiva, o que você acha?
Alfonso não esperou pela resposta. Avançou com os lábios sedentos, calando
qualquer resposta.
— Meu primo ficou noivo da vagabunda! — Rodrigo atirou longe o jornal, que
caiu aos pés de Philip.
— Há uma grande diferença entre noivado e casamento — Philip disse com
toda a calma.
— A única diferença é o tempo, que para nós está se esgotando! — Rodrigo
encarou Kuno. — Você deveria ter cuidado disso, seu incompetente.
— Não fui eu quem espalhou o rumor de que o duque dividiu a cama com a
charmosa americana.
Rodrigo empurrou os restos de seu café da manhã.
— Como você foi deixar a vadia escapar? — Kuno ergueu os ombros.
— Não falharei novamente.
— Espero que não. Pois estarei arruinado se Alfonso arrumar um herdeiro antes
de morrer. — Rodrigo tamborilava os dedos sobre a mesa. — Não, pensando bem,
acho que devemos retomar o plano original. Será uma solução mais definitiva.
— Você pretende matar a moça?
— Não, eu estava pensando em algo mais definitivo do que isso.
Kuno franziu o cenho.
— O que pode ser mais definitivo do que a morte?
— Nada, seu imbecil. Depende de quem irá morrer. Mate a garota e depois
Alfonso pode encontrar outra. Mate Alfonso e eu serei o duque de Alvord.
— Você pretende matar o duque de Alvord? — Kuno ficou inquieto no
assento.
— Não, eu quero que você o mate.
— Você está louco? — Kuno se levantou. — Não posso matar o duque!
Rodrigo estava ensandecido.
— A sua reputação diz que você é bom no que faz. Mas até agora se mostrou
um completo incompetente.
— Sou um bom dono de bordel. Não sou um assassino.
— Não é o que dizem.
Kuno balançou a cabeça, erguendo as mãos, desanimado.
— Tudo não passa de exagero e mentiras, algumas deliberadas, eu admito,
para manter os concorrentes afastados.
Rodrigo sorriu, exibindo uma expressão fria e desagradável.
— Não foram poucos os concorrentes afastados: Chuckie Phelps, Tom
Bellington de Nova York, Walter Cunningham de Boston, Pierre Lafontaine de Paris.
— Bem, você fez a lição de casa. — Kuno passou a mão pelos cabelos. —
Chuckie foi um acidente. Quanto aos outros... isso foi há muito tempo, quando eu
estava me estabelecendo nos negócios. Nunca mais matei alguém.
— Bem, então esta é a oportunidade de ver se ainda está em forma.
— Não, eu...
— Sim — Rodrigo o interrompeu. — Você irá despachar Alfonso para o além ou
verá caricaturas de Chuckie Phelps espalhadas pelas ruas de Londres, com a sua
ceroula em torno do pescoço. O conde de Lugington ficará muito interessado em
descobrir a identidade do assassino de seu herdeiro.
— Precisarei de tempo.
— Um pouco. Não muito. Espero ir ao funeral do meu querido primo em duas
semanas, no máximo.
Anahi subiu os degraus da casa dos Hammersham com um friozinho no
estômago, pois temia que todos a encarassem. A noite anterior tinha sido terrível,
mas aquela prometia ser melhor; afinal, ser a noiva do duque era melhor do que ser
a amante. Alfonso assegurara que o anel de noivado iria silenciar a todos.
— Coragem — Alfonso sussurrou ao ouvido de Anahi.
Ela se recostou agradecida no ombro dele por um momento e foi
recompensada com um sorriso.
— Você acha que as pessoas farão perguntas sobre o Green Man?
— Ninguém ousaria afrontar a futura duquesa de Alvord. Se alguém tiver a
ousadia, simplesmente finja que não ouviu, ou encare a pessoa como se não
pudesse acreditar em tal comentário.
— Alfonso costuma fazer isso quando algo o aborrece — Christopher disse. — A
voz do duque fica fria como gelo.
— Parece que vai congelar todo o seu corpo — May completou. — Você se
sente ansiosa, mal, como se fosse a pior das criaturas.
— May! — Alfonso riu. — Tenho certeza de que nunca me comportei assim,
especialmente com você.
A brincadeira serviu para descontrair um pouco.
Anahi aceitou o braço de Alfonso, e juntos eles entraram na sala de música dos
Hammersham. O local estava cheio, e o cheiro de vela misturado a perfume era
enjoativo.
Ainda bem que as irmãs Hammersham não atrasaram nem um minuto para dar
início ao recital. Pois aos primeiros acordes, Anahi já pôde perceber que as duas
não tinham talento algum para a música. Não era apenas a voz aguda o que mais
incomodava, além disso, para completar, as duas não conseguiam harmonizar o
canto com o piano. A platéia aplaudiu entusiasmada o anúncio do primeiro intervalo.
— Vamos tomar um ponche e depois podemos ir embora. — Alfonso indicou o
caminho a Anahi. — Acho que por hoje já cumprimos com nosso objetivo de
silenciar as fofocas. Todos já devem ter lido sobre nosso noivado, e o anel no seu
dedo servirá de confirmação para os mais céticos.
Anahi sorriu para a promessa de salvação. E era preciso admitir que o silêncio
da carruagem seria imensamente mais agradável do que a voz de Elvira
Hammersham.
Alfonso sentia orgulho de sua noiva. Tinha sido um desafio e tanto para ela se
expor depois de tudo que acontecera. Mas ela mostrara muita coragem para
enfrentar a rígida sociedade inglesa.
Anahi tomava seu ponche tranqüilamente ao lado de Alfonso, quando Christian
se aproximou para cumprimentá-los.
— Anahi! — O major a saudou com um sorriso. — Fiquei muito feliz quando li
o anúncio de casamento no jornal.
— Obrigada, Christian.
Christian se moveu para cumprimentar Alfonso quando Anahi sentiu uma mão
tocando seu ombro. Era Perla Wickford.
— Boa noite, lady Perla. — Anahi esperava que sua voz tivesse saído
firme o suficiente.
— Gostaria de cumprimentá-la pelo noivado.
— Obrigada.
— Há algumas semanas as apostas eram de que Alvord iria pedir a minha mão
e não a sua.
— Oh? — A impressão que Anahi tinha era de que o coração frio da jovem
nem batia no peito, talvez a moça fosse boa em esconder os sentimentos. — Sinto
muito se a fiz sofrer.
Perla riu.
— Oh, minha querida, não se preocupe! Confesso que poderia ter amado o
duque, mas já tinha decidido que esse seria um preço muito alto.
— Um preço alto?
Perla se aproximou e baixou a voz.
— Deitar-me na cama do Monge. Eu decidi que não poderia fazer isso.
— Lady Perla! — Anahi olhou admirada ao redor. Por sorte, não havia
ninguém por perto para ouvir o comentário.
— Dizem que Alvord não consegue manter uma amante, porque nenhuma
mulher é capaz de satisfazê-lo. Ele escolhe as parceiras em diversos bordéis, para
variar.
Os olhos da jovem tinham um certo brilho quando ela umedeceu os lábios.
— É verdade que ele gosta de coisas diferentes?
— Lady Perla!
— Qual é o seu segredo? Você aprendeu algo com os selvagens? Foi assim
que conquistou Alvord?
Estava claro que Perla pensava que Anahi tinha algo mais além de um
rostinho bonito.
— Seja lá o que for, deve ter sido espetacular, para conquistar o interesse do
Monge.
— Lady Perla, não faço a menor idéia do que esteja falando. Tudo que sei
é que Alfonso sempre se comportou como um perfeito cavalheiro. — É claro que
Anahi não iria contar sobre as aventurazinhas a mais.
— Ah, então quer dizer que foi por amor. Pelo menos de sua parte, eu diria,
pois não acredito que duques se casem por amor. — Dito isso, a jovem deu as
costas e saiu em meio aos convidados.
Anahi permaneceu estática onde estava. No fundo sentia vontade de fazer
uma grosseria e dizer que o duque estava se casando por amor, sim, mas isso seria
uma criancice desnecessária.
— Anahi.
Alfonso estava sorrindo para ela.
— Você está bem?
— Só estou um pouco cansada.
— Podemos ir embora, agora, se quiser.
— Seria ótimo.
May e Christopher dividiram a carruagem com eles, por isso não houve
oportunidade de conversarem em particular. Anahi se recostou aliviada e fechou os
olhos, lembrando-se da imagem do rosto frio de Perla Wickford.