Fanfic: Duque Apaixonado AyA / Ponny FINALIZADA | Tema: AyA, Romance

— Nem é preciso. — Christopher recostou na poltrona e esticou as pernas. —
Somente um cego e surdo não teria percebido a movimentação por aqui.
— É verdade. Mas ainda que ele saiba algo, ler a notícia no jornal da manhã
será um tanto indigesto — Alfonso estava ao lado de Anahi enquanto ela terminava
de se despedir — Se isso colocasse um fim a esta história, eu não me mportaria,
mas temo que a novidade leve meu primo a tomar uma atitude desesperada.
— Certamente Rodrigo irá se dar conta de que não pode fazer mais nada —
Gladys interveio. — Vocês estão casados. O que mais ele pode fazer?
— Essa é a grande questão — respondeu Alfonso.
— Pois eu sugiro que você o encoste na parede, Alfonso, e coloque um ponto
final — Christian opinou. — Arme uma cilada, como costumávamos fazer com algum
soldado suspeito de traição. Apanhe o sujeito no ato. Você consegue. Basta colocar
a isca certa.
— Não sei se isso funcionará, Christian. Rodrigo já tentou me matar várias
vezes, mas sempre contratou alguém para fazer o serviço.
— Talvez, agora, ele esteja desesperado o suficiente para fazer ele mesmo,
especialmente depois do sumiço de Kuno. O homem já deve estar na América a
uma altura destas.
— Não sei, não. — Christopher balançou a cabeça. — Concordo com Alfonso. Não
acho que Rodrigo irá se expor.
— Talvez... — Anahi tomou um gole de chá na ânsia de molhar a garganta
seca. — Talvez haja outra isca além de Alfonso que possa ser usada para atrair
Rodrigo.
Christian franziu a testa.
— O que você quer dizer?
Anahi ouviu o som da respiração profunda de Alfonso antes mesmo de ela
continuar.
— Rodrigo não tem medo de mim.
— Absolutamente, não! — Alfonso quase gritou as palavras.
— Mas isso pode funcionar. Não represento uma ameaça física para Rodrigo.
— Não permitirei que você arrisque sua vida.
— Não sei, Alfonso — Christian interveio. — Se tomarmos as devidas
precauções...
— Nem pensar. Essa hipótese está totalmente fora de questão. — Alfonso
colocou a xícara de chá sobre a mesa. — Agora se nos derem licença, acho que já
é hora de nos recolhermos.
Alfonso conduziu Anahi escada acima. A idéia de expô-la às garras de Rodrigo
o fazia sentir vontade de sair do próprio corpo.
— Alfonso, podemos ir mais devagar? Estou com medo de tropeçar.
Alfonso parou.
— Desculpe. Estou um pouco aborrecido.
— Percebi. — Ela acariciou o rosto do marido. — Vamos dormir e, quem sabe,
amanhã, tenhamos uma solução melhor.
— Ótima idéia. — Alfonso subiu mais um degrau. — Só tem um detalhe. Não
pretendo dormir esta noite.
— Não?
— Não.
— Ele se casou! — Rodrigo atirou longe o jornal e deu um soco sobre a mesa
do café da manhã.
— Sim. — Philip respondeu com moderação. Já esperava por uma reação do
tipo. Um dos criados de lorde Everly contara a ele sobre a movimentação na
Mansão Alvord, na véspera.
— Era para ele estar morto.
— Eu sei. — Philip levantou o bule de chá que tinha virado sobre a mesa.
— Onde está o maldito Kuno?
— Voltando para a América.
— Voltando para a América?! — Rodrigo apertou os olhos. — Pensei que você
tivesse me dito que ele daria conta do trabalho. — Rodrigo parecia espumar entre os
dentes. — Você me garantiu que ele era competente.
— Pensei que fosse. Mas os homens contratados por ele não deram conta do
recado e acabaram denunciando o paradeiro de Kuno, e, acuado, ele resolveu
fugir para o outro continente.
Rodrigo se levantou abruptamente, puxando a toalha do café e espalhando
tudo o que estava sobre ela.
Philip removeu os restos que caíram sobre seu colo.
— Resolverei isso com minhas próprias mãos, Philip. E será hoje.
— Rodrigo, pense. Você precisa de um plano.
— Não, Philip, preciso de resultado.
Anahi estava ao lado de um enorme arranjo de flores no salão de baile de lady
Carrington. Foram horas de argumentação para convencer Alfonso de que o plano
era bom. Não que estivesse gostando de brincar de isca para Rodrigo, mas livrar-se
da perseguição do maldito de uma vez por todas seria recompensador o suficiente.
Alfonso já tinha sofrido bastante à sombra da obsessão do primo. Até mesmo o
curto espaço de tempo em que Anahi fora alvo dos esquemas de Rodrigo já tinha
sido demasiado longo. Mas o que a mantinha determinada era a noção de que
poderia estar esperando um filho, pois sabia que nunca conseguiria relaxar com
Rodrigo espreitando. Todas as noites, quando colocasse a criança no berço, o faria
com medo de não encontrá-la na manhã seguinte. Iria inspecionar cada criado, cada
visitante suspeito, procurar em cada cômodo e em cada canto do jardim por uma
ameaça em potencial. Sua vida seria um verdadeiro inferno.
Alfonso tinha tornado precauções para atenuar os riscos. Insistira para que ela
usasse um vestido amarelo-ouro e colocasse uma pluma na cabeça para que
pudesse ser localizada mais facilmente no salão de baile ou na penumbra do jardim.