Fanfic: Obra do destino | Tema: Anahí Alfonso Ponny

Pov. Anahí

Ele não voltou! Não sei explicar o que isso significava para mim. Na verdade não sei o que pensar sobre tudo isso. Deveria estar feliz, afinal de contas não queria casar e para todos os efeitos não havia casado de verdade, poderia até pedir a anulação do casamento se quisesse. Mas não queria, e não sabia o porquê. Estava tão confusa, o que Alfonso tem que me instiga a desvendar seus mistérios?  E porque eu estava tão decepcionada por ele não ter consumado o casamento?

- Bom dia Senhora. – que coisa mais estranha Dona Chica, uma mulher de seus mais de 50 anos chamando uma menina de 14 anos como eu de senhora.

-Me chame de Anahí, Dona Chica.

- Então não me chame de dona, combinadas? – em tão pouco tempo já adorava Chica, acho que ela me lembra minha mãe, não fisicamente mas sua presença, seu cuidado comigo.

-Está bem Chica- nós rimos.

-Quer que eu traga seu café aqui ou vai descer? Como vai querer que as coisas aconteçam agora que é a senhora desta casa? - Meu Deus, nem me lembrava que teria de assumir uma casa agora não mais como filha e sim como esposa.

- Para ser sincera Chica, não faço ideia. Alfonso deixou isso em minhas mãos? Quero dizer, ele não tem nenhuma ordem?

-Não, ele me disse que qualquer coisa referente à casa seria com você que lidaríamos.

-Você já o viu hoje? - porque eu perguntei isso? Estava preocupada com meu carrasco agora?

- Vi sim, ele acordou com as galinhas, saiu assim que o sol nasceu. Posso fazer uma pergunta pessoal?

-Pode sim Chica, sinta se a vontade! – ela parou de arrumar o quarto e se aproximou sentando-se na cama e pegou minha mão.

-Eu tive uma filha, ela teria mais ou menos sua idade hoje se não tivesse morrido. Assim que vi você pensei nela, em como ela estaria hoje. E eu não ia querer que tão novinha ela já estivesse casada. E pior ainda no seu caso sem uma mãe para instruir para determinados assuntos. Se você me permitir gostaria de conversar sobre isso com você. –Eu estava emocionada, nunca ninguém tentou fazer o papel de mãe comigo, nunca ninguém se importou comigo, sem contar meu pai que obviamente não poderia falar dessas coisas comigo.

-Nossa, Chica! Ninguém nunca se importou assim comigo.

-Eu gostei de você assim que te vi. – ela me abraçou e eu deixei minhas emoções até então guardadas, fluírem através de lagrimas. Só agora percebi o quanto isso tudo mexeu comigo.

-Foi tudo tão abrupto chica, num dia estava sonhando em conhecer o príncipe encantado, almejando ir aos bailes e conhecer um rapaz que se apaixonasse e que fosse pedir minha mão ao meu pai. E de repente meu pai me diz que vou me casar com um homem com o dobro da minha idade e que eu nem tinha visto na vida.

-Ele foi muito rude com você, digo esta noite? – não sei se a vergonha maior era falar desse assunto ou de confessar a ela que não aconteceu nada, que ele não me quis.

-Não aconteceu nada Chica, ele não me quis.

-Nossa, isso me surpreende. –chica tinha um breve sorriso, me senti uma tola, ela estava debochando de mim?

-Você acha isso bom Chica?

-Não minha menina, você não entendeu o que aconteceu. Alfonso era um menino cativante, muito doce e meigo. Seu pai o criou muito bem. Aos 18 anos ele e o senhor Herrera saíram para achar uma noiva para ele mas não encontraram nenhuma, Alfonso disse que só se casaria por amor. Mas então aconteceram muitas coisas... – Chica recuou, ela estava me escondendo algo nessa história, eu ia perguntar quando ela continuou a falar-

-Infelizmente o senhor Herrera morreu e Alfonso teve de assumir os negócios da família e madureceu da pior forma, ele se fechou para o mundo e se afundou em trabalho. Todos achávamos que ele não se casaria nunca. Foi quando ele comunicou que se casaria, todos ficamos surpresos e eu fiquei triste porque ele iria passar por cima de suas antigas convicções.

-Eu não entendo chica, ele nem me conhecia, nunca me viu na vida e vai lá e me compra de meu pai como ele mesmo disse ontem quando o expulsou daqui. Depois ele não consuma o casamento, não entendo o que ele quer com isso tudo.

-Tem um motivo filha, mas não cabe a mim dizer o que eu acho. Só quero que saiba que estou aqui, estou ao seu lado para te ajudar. E eu acho que ele apenas está dando tempo a você. Talvez o antigo Alfonso ainda esteja lá por baixo da casca rude que ele criou.

-Não sei chica, acho que ele não gostou de mim, acho que ele me acha sem graça comparada as mulheres que devem se jogar aos pés dele.- e essa agora estava irritada por supor que ele tenha mulheres à sua disposição.

-Você gosta dele ne? – hã? O que?

-Eu? Claro que não Chica, você está louca! Não gosto de pessoas mal educadas. Ele me comprou e jogou isso na minha cara, e pior expulsou meu pai e me proibiu de vê-lo. Meu paizinho precisa de mim, sou a única família que ele tem.

-Dê tempo ao tempo minha querida, em breve as coisas vão se acertar. – chica me deu um abraço e me ajudou a me arrumar, desci e tomei café sozinha, acho que seria assim agora, estaria sempre sozinha. Aos poucos fui me adaptando à minha nova rotina. Chica me ajudou muito nisso e quando a noite chegou pedi que ela servisse o jantar e eu mesma fui chamar meu marido para jantarmos juntos pela primeira vez. Não o vi o dia todo, quando ele chegou se trancou no escritório e lá estava até agora, me preparei e fui chama-lo.