Fanfic: O Último Romântico AyA FINALIZADA | Tema: AyA, Romance e Comédia

— Carlos?
O Dr. Carlos Christianson enfiou as mãos nos bolsos das calças e endereçou-lhe um sorriso especulativo.
— Sim, sou eu — respondeu ele, com um meio sorriso. Por que, tem muitos homens beijando seu pescoço ultimamente?
— Mais do que eu gostaria — Anahi resmungou.
As sobrancelhas de Carlos se juntaram sobre a ponte do nariz perfeito. Era notável sua semelhança com Carlos Redford, só que mais jovem e mais bonito, e possivelmente com um sorriso maior e mais branco. Ele abriu a boca para questioná-la sobre o comentário quando a equipe da ambulância chegou com membros de times rivais brigando uns com os outros, mesmo enquanto eram carregados para o pronto-socorro, e Anahi saiu correndo para assumir seu posto.
Quando o tumulto finalmente sossegou, Anahi permitiu-se um descanso bem merecido. Rumou para o saguão, na esperança de que Carlos tivesse ido embora. Ela ainda não se recobrara do choque com a chegada de Alfonso. E realmente não tinha nenhum desejo ardente de contar a novidade ao homem com que deveria se casar.
— Com leite, sem açúcar — disse Carlos, estendendo-lhe uma xícara quando ela se arrastou para dentro da sala de descanso.
Anahi segurou a xícara entre as duas mãos e tomou um longo e cuidadoso gole. A mistura marrom-clara não se parecia nem remotamente com um bom café, mas mesmo que queimasse o caminho todo até o estômago, Anahi podia sentir a cafeína sendo absorvida em sua corrente sangüínea. Olhou para Carlos e deu um jeito de sorrir com gratidão.
Ele parecia tão deslocado na sala de descanso do Hospital Geral como um príncipe num cortiço. As paredes eram pintadas num tom de verde-mofo. A mobília era dos anos cinqüenta, de vinil cor de laranja de queimar a vista, e nada ali fora feito para encorajar alguém a ficar mais que o tempo necessário.
— Então, o que o tirou do curso de golfe e o trouxe a este nível de degradação? — Anahi perguntou, ao sentar-se e apoiar os tênis na mesinha de café.
Carlos não se sentou. Devia estar preocupado de arruinar o vinco da calça ou de manchar a roupa, Anahi pensou, e logo se recriminou pelos pensamentos. Aquele era o homem com quem iria se casar O homem que amava.
A face de Alfonso assomou à sua mente como um espectro. Algo como uma garra enterrou-se em seu estômago. Anahi tomou outro gole de café.
— O dever — disse Carlos. — Uma consulta com uma vítima de queimaduras. Peça demissão deste buraco e venha trabalhar comigo.
Anahi soltou um suspiro profundo.
— Carlos, não tenho intenção de sair do Hospital Geral para trabalhar para você. Sou necessária aqui.
Ele correu os dedos pelos cabelos. Cada fio loiro assentou-se perfeitamente de volta no lugar.
— Compreendo que vocês, da traumatologia, se entusiasmem em salvar vidas. Mas você não poderia fazer isso numa vizinhança melhor, pelo menos? Esta parte da cidade é tão ruim, pertence a Saint Paul.
Ele tinha razão. Aquela parte da área das Cidades Gêmeas tinha sua cota de sordidez que parecia crescer como um cancro a cada dia. O pronto-socorro do Hospital Geral do Condado via um desfile interminável de viciados em drogas, bêbados, punks e vítimas de crimes violentos.
— O mundo é um lugar perigoso — disse Anahi.
Seus pensamentos se voltaram para os acontecimentos daquela manhã na tranqüila Bloomington. Obviamente, ela não estava segura nem na própria casa. Em qualquer lugar, a qualquer hora, sua vida poderia ser virada de cabeça para baixo por Alfonso Herrera. Ele poderia aparecer do nada e beijá-la até fazê-la desmaiar.
Ao colocar a xícara sobre a mesa, Anahi obrigou-se a se levantar. Encarou Carlos nos olhos e disse:
— Ele está de volta.
— Ele? Oh... — Uma ruga doutoral surgiu na testa de Carlos. — Compreendo. Bem...
Anahi fechou a cara.
— É tudo o que tem a dizer? "Bem"?
— O que queria que eu dissesse?
— Ora... Alguma coisa!
Carlos não era dado a explosões de gênio. Não demonstrava emoções excessivas de qualquer tipo. Era um homem calmo, racional. O oposto de Alfonso. Se ela tivesse contando a Alfonso sobre outro homem, ele ficaria fulo de raiva, fazendo todo tipo de barulho machista. Não que ela quisesse esse tipo de reação da parte de Carlos. Não, afinal, ela era uma mulher moderna e liberada.
Mesmo assim, só uma pitada de ciúmes não faria mal...
— Ele está alegando que quer se casar comigo.
As sobrancelhas perfeitas se ergueram. Não deixava de ser uma reação, pensou Anahi.
— Mas você vai se casar comigo — observou Carlos, com tranqüila segurança. — Portanto, isso resolve as coisas.

BEM VINDA MARIDAMIS ♥ até mais bjs