Fanfic: O Último Romântico AyA FINALIZADA | Tema: AyA, Romance e Comédia

Antes que Alfonso pudesse dizer alguma coisa, Anahi esgueirou-se para dentro e rumou para a porta dos fundos. A palavra "covarde" ecoou em sua cabeça quando ela atravessou correndo o quintal e disparou pela alameda, numa carreira desabalada. Precisava aumentar o máximo possível à distância entre ela e Herrera. Não gostava das sensações que ele conseguia lhe causar com um simples e inocente convite para um café. Alfonso era como uma droga que viciava algo que era ruim para ela, mas ao mesmo tempo tentador e sedutor de um modo insidioso. Era excitante e sexy, mas os contras ultrapassavam em muitos os prós. Ele era imprevisível e indigno de confiança, e Anahi já tivera oportunidades de sobra para provar isso.
Estava quase no fim do quarteirão quando um assobio atrás dela penetrou seus pensamentos. Relanceou os olhos por sobre o ombro e viu o pastor alemão se aproximando, o focinho escancarado, a língua pendurada. Mas não foi a visão do cachorro que fez o coração de Anahi falhar um batimento; foi ver Alfonso na bicicleta verde fluorescente de Andy Spader. Era pequena demais para ele, que parecia ridículo debruçado sobre a estrutura de metal, pedalando feito doido, os joelhos batendo no guidão. Mas estava quase a alcançando.
Com a adrenalina bombeando, Anahi virou à direita no fim do quarteirão e disparou rua abaixo. O parque do outro lado era arborizado e cheio de morros; ela poderia livrar-se dele ali. Pegou uma trilha estreita de terra que cortava um bosque de pinheiros, com o pastor alemão em seus calcanhares. A imagem mental de lobos derrubando um alce no chão passou pela mente de Anahi brevemente, mas ela a afastou. O cão poderia segui-la, mas não iria agarrá-la e arrastá-la para o dono. Pelo menos, ela achava que não.
Olhou novamente por sobre o ombro em meio a uma longa passada, o pé direito esticando-se e encontrando... O vazio.
Anahi soltou um grito involuntário ao rolar pela colina numa confusão de braços, pernas e trança, saltando sobre os morrinhos e pedras como uma bola humana, e indo parar no sopé, estirada de costas. Olhou para o céu por um segundo, a visão focalizando lentamente uma nuvem que parecia ter a forma exata de uma bota de caubói. Então, o cachorro saltou sobre ela, arfando e lambendo-lhe o rosto.
— Ugh! Pare! — ela esgoelou, erguendo os braços para se proteger de todo aquele entusiasmo canino.
— Bingo, fora! — Alfonso gritou do alto da colina.
O cachorro abaixou as orelhas e ganiu, esgueirando-se para longe com o rabo entre as pernas. Deitou-se no chão e descansou a cabeça nas patas.
Anahi inclinou a cabeça para trás e viu quando Alfonso desceu pela ladeira, mantendo o pneu da frente num ângulo inteligente para impedir que a bicicleta virasse sob ele. Onde, diabos, ele aprendera aquilo? Anahi não percebeu que fizera a pergunta em voz alta até que ele respondeu.
— No Big Brothers em Kansas City — ele respondeu apressado, abandonando a bicicleta e correndo para ela. — Meu parceiro tinha de sair caçando coisas.
Caiu de joelhos ao lado dela, a expressão tensa de preocupação conforme pousava a mão trêmula na testa e na face de Anahi.
— Você está bem, baby? Está machucada? Devo chamar uma ambulância?
— Estou bem — Anahi resmungou com um gemido, quando tentou se sentar
Alfonso segurou-a no chão com a mão em seu ombro.
— Não se mexa — ordenou, começando a lhe inspecionar os membros. — Pode ter quebrado alguma coisa.
— Não quebrei nada — afirmou ela, irritada, afastando-lhe a mão com um tapa. — Sou enfermeira, lembra-se? Entendo dessas coisas.
— Pode estar em choque.
Ela estava em choque, sim, mas isso nada tinha a ver com a queda que sofrerá. Estava em choque desde que abrira a porta no sábado e o encontrara de pé na soleira.
E se ela o deixasse examiná-la mais, era provável que entrasse num tipo de ataque induzido por hormônios.