Fanfic: O Último Romântico AyA FINALIZADA | Tema: AyA, Romance e Comédia

Resolvi que vou me casar.
Anahi Portilla olhou para sua colega de quarto por sobre o aro preto de seus óculos de leitura. Liz Costa estava sentada numa poltrona, os pezinhos delicados apoiados na mesinha enquanto pintava as unhas com um tom vermelho berrante. Parecia tão descontraída como se tivesse dito que resolvera comer torradas no café da manhã.
Anahi lambeu a ponta do dedo e virou a página da revista médica, distraída. Depois de um longo instante de intrigado silêncio, disse:
— Mas você nem está namorando.
— Uma mera formalidade.
— Tipo formalidade principal, eu diria.
Liz meneou a cabeça, fazendo os cabelos cortados à última moda dançarem em torno da face delicada.
— Há muitos homens lá fora. Só tenho de me empenhar — disse ela, com um leve sotaque porto-riquenho temperando as palavras como uma pitada de pimenta. — Está na hora. Se eu emitir os sinais adequados, o homem de meu destino será atraído para mim. Li na Vogue.
— É, foi onde eu consegui toda a sabedoria de minha vida — Anahi resmungou, esticando as longas pernas no sofá. — Foi isso que provocou essa mudança repentina de opinião? Um artigo numa revista de moda? O que aconteceu a Liz Costa, empresária liberada e independente?
Liz fez um gesto de descaso.
— Isso foi nos anos oitenta. Atualize-se, Anahi. Estamos no século vinte e um. O romance está na moda.
— Bem, isso explica tudo. Não iríamos querer que você ficasse por fora.
Liz recostou-se e remexeu os dedos dos pés quando a campainha soou.
— Meu esmalte ainda não secou — disse, quando Anahi tirou as pernas do sofá e rumou para o saguão. — Não vou atender, a menos que seja o Brad Pitt.
— É provável que seja o homem de seu destino sendo atraído para você.
— É possível. Mas estou emitindo os sinais desde terça-feira.
Anahi abriu a porta, e seu coração quase parou. Aturdida, ela agarrou-se à maçaneta em busca de apoio enquanto olhava para o homem que se apossara de seu coração adolescente, o homem que partira seu coração em três diferentes ocasiões, o homem que ela jurara nunca mais deixar chegar perto de seu coração outra vez: Alfonso Thomas Herrera.
Ela dissera a si mesma que jamais o veria de novo, nunca mais. Mas ali estava ele, em carne e osso, um metro e noventa de músculos e magnetismo. Apesar de ter ganhado rios de dinheiro durante os anos que jogara futebol americano, ele ainda se vestia como um peão de fazenda: botas surradas, jeans desbotado que moldava cada centímetro másculo da parte inferior do corpo, uma camisa de cambraia com as mangas enroladas. Segurava um chapéu nas mãos e tinha o semblante muito sério.
Alfonso envelhecera um pouco desde a última vez em que Anahi o vira, embora exibisse as linhas de expressão como um modelo desfila com um terno Armani. Aos trinta e seis anos, parecia ter atingido o apogeu do poder de atração. Por outro lado, Alfonso sempre fora daquele jeito, pronto para briga, impressionantemente charmoso, lindo de um jeito que não tinha nada a ver com a beleza. Na verdade, os malares eram um pouco alto demais, o queixo um pouco longo e o nariz fora quebrado pelo menos uma vez, mas nada disso importava, porque ele irradiava sensualidade. A tensão permeava o ar em torno de Alfonso e requeimava nos olhos azuis, e Anahi ainda estava para conhecer uma mulher que fosse imune a isso.
Ela não era imune, infelizmente. Não fora imune aos dezesseis, nem aos vinte, nem aos trinta e dois. O charme de A.R. Herrera era como um vírus em seu sangue. Já estava com febre. Levou a mão à testa para sentir a temperatura e bateu a revista que tinha na mão, derrubando os óculos de lado.
— Ora, se não é o Estranho Solitário! — Anahi exclamou, tentando disfarçar o espanto com sarcasmo.