Fanfic: O Último Romântico AyA FINALIZADA | Tema: AyA, Romance e Comédia

A fúria explodiu, destruindo o bom-senso e o autocontrole. Anahi olhou ao redor desesperada, procurando alguma coisa que pudesse jogar nele com gosto. Ao ver o gnomo de gesso pintado de uns trinta centímetros ao lado da porta, não pensou duas vezes; agarrou-o e investiu contra Alfonso, com um brado de guerra.

Alfonso desviou-se no último segundo, saltando do degrau para a calçada. O impulso de Anahi a fez girar de lado, cambaleando quando o peso da estatueta tirou-lhe o equilíbrio. Arquejando como um touro enfurecido, ela o atacou no gramado.

— Ora, Anahi! — Alfonso exclamou, erguendo a mão e recuando. — Não podemos conversar como gente civilizada?

— Eu adoraria, mas posso ficar velha e morrer antes que você se torne isso.

— Mas é por isso que estou aqui... Para você saber que eu mudei.

— A única mudança que vou ver em você é o galo em sua cabeça depois que eu o acertar com este negócio!

Ele recuou um passo e desviou-se, sem tirar os olhos de Anahi.

— Ora, querida, você quer mesmo fazer isso aqui fora, na frente de Deus e de todos os seus vizinhos?

Anahi olhou ao redor, o gnomo ainda erguido. Fazia uma bela manhã de sábado no subúrbio de Bloomington, em Minneapolis. À sua volta, as pessoas molhavam a grama, podavam as cercas-vivas, e a observavam a fazer papel de boba.

Gus Thorenson acenou para ela e ergueu o polegar para Alfonso. Do outro lado da rua, o Sr. Peabody os fitava com o olhar parado e o queixo caído, segurando o cabo do ancinho. Anahi ergueu os olhos para o gnomo que sorria. Então, baixou-os para a cueca samba-canção que usava. Depois encarou Alfonso.

— Agora é que vou mesmo acabar com você! — rosnou, numa voz baixa e tensa.

Arremessou o gnomo em Alfonso, que se desviou facilmente, e o anão de gesso aterrissou de cabeça num arbusto.

— Agora, chega — Alfonso declarou o bom humor desaparecendo. — Vim aqui para conversar, Anahi, e vou fazer isso, droga, nem que tenha de amarrar você!

Anahi percebeu que a dinâmica da situação mudara. Ela não era mais a caçadora, e sim a caça. Alfonso deu um passo ameaçador em sua direção, e ela recuou, tentando observá-lo e procurar por algo para se defender, tudo ao mesmo tempo. A única coisa à vista era um osso gigante de couro que o cão dinamarquês do vizinho deixara no gramado. Ela o pegou e brandiu-o à frente como se fosse uma arma.

— Não se aproxime!

Os lábios de Alfonso se apertaram. Ela parecia ridícula, ali parada, com aquela roupa estranha, sacudindo um osso de cachorro para ele, os olhos arregalados por trás dos óculos de aro grosso. Ele não duvidava que Anahi pudesse agredi-lo com a ponta redonda do osso, mas não conseguiu se preocupar muito com isso. Admiração era a maior parte do que sentia. Anahi não dava a mínima para o quanto ele era famoso ou para quanto dinheiro ganhara. Ele não conseguia intimidá-la. Que mulher extraordinária!

Anahi observou-o com cautela quando ele soltou um assobio agudo e seu enorme pastor alemão saiu voando pela janela da picape preta estacionada na rua. Com um simples sinal de mão, Alfonso fez o cachorro atirar-se para a arma improvisada que ela segurava. Com os olhos brilhantes de satisfação, o cão deu um salto gracioso, arrancou o osso da mão de Anahi e deu a volta na calçada com ele, uivando em triunfo.

Alfonso aproveitou-se da distração e atirou-se para frente, de cabeça baixa. Anahi soltou um grito estridente quando ele a pegou pela cintura e jogou-a sobre o ombro feito uma boneca de pano gigante, com o traseiro para cima, a cabeça para baixo, sacudindo os braços. Tentou chutá-lo, mas ele passou um braço por suas pernas, impedindo-a.

— Desista! — ele ordenou, ao virar-se e rumar para a calçada.

— Não vou desistir! — Anahi berrou, debatendo-se, arrancando-lhe o chapéu da cabeça. — Este é um lugar civilizado, Alfonso Herrera! Não pode sair carregando mulheres no ombro contra a vontade delas!

— Ora, bem, é o que estou fazendo.

— Quer fazer o favor de me pôr no chão?!

— Isso depende de você — retrucou ele, dando-lhe um tapinha no traseiro. — Vai se comportar direito?

— Sim. Não que você seja um bom juiz de comportamentos! — Anahi esbravejou furiosa com ele e consigo mesma.

A sensação da mão de Alfonso em seu traseiro provocara uma dispersão daqueles hormônios selvagens e enlouquecidos que ela não deveria ter.

Ele subiu os degraus da varanda, inclinou-se e, gentilmente, colocou-a de pé. Anahi endireitou-se com tanta dignidade quanto conseguiu reunir, puxando a barra da camiseta, endireitando os óculos e tentando em vão ajeitar os cabelos.

— Vamos entrar para conversar agora? — ele perguntou a expressão advertindo que ela deveria dizer "sim".

— Não temos nada para conversar, Alfonso — ela retrucou, cruzando os braços.

Sentia-se nua, vulnerável. Como podia encará-lo e ainda sentir aquela pontada de atração no ventre, depois de tudo o que ele a fizera passar? Bem, não importava, porque o capítulo "Herrera Tempestade" em sua vida estava encerrado, e isso era tudo.

— Está enganada, Anahi — ele murmurou, o olhar firme. — Há muita coisa para conversarmos. Quero consertar todos os erros que cometi no passado. Quero me casar com você.

— Ca... sar?