Fanfic: O Último Romântico AyA FINALIZADA | Tema: AyA, Romance e Comédia

— Nossa isso seria terrível! Eu morreria de vergonha...
Liz meneou a cabeça, continuando como se Anahi não tivesse falado:
— Então alguém a reconheceria e diria: "Ei, não é Anahi Portilla, aquela que está namorando Herrera Tempestade? A colega de quarto dela não é aquela que dirige o Glamourama?". E minha carreira estaria arruinada.
Anahi ergueu uma tanguinha minúscula, de renda preta e corte francês, e arqueou uma sobrancelha.
— E se eu sofrer um acidente usando esta coisa, as pessoas vão pensar que eu estava trabalhando de noite como prostituta.
— Vão pensar que você está apaixonada por um caubói famoso e sexy. E se lerem as etiquetas, saberão onde as mulheres que namoram caubóis famosos e sexy fazem compras. — Sacudiu os ombros e esboçou um sorriso prepotente. — E depois eu conseguirei um belo aumento por causa dos novos clientes, e todos terão belas peças íntimas e viverão felizes para sempre.
— Realmente, Liz, você deveria concorrer para presidente — Anahi disse, secamente, ao balançar uma cinta-liga nos dedos.
Liz ergueu o queixo.
— Deboche de mim quanto quiser, mas conheço certo caubói que vai votar a meu favor quando a vir hoje à noite. — Olhou para o relógio de pulso e resmungou algo em espanhol. Pegou o resto das sacolas e correu para a porta. — Tenho de tomar uma chuveirada. Não se atreva a ir embora antes que eu a veja, e certifique-se de não usar tênis ou brincos com cabeça de cachorro.
— Sim, mamãe.
Anahi riu. Onde ela estaria sem Liz? Imaginou, ao se virar para o espelho segurando um sutiã preto tomara-que-caia.
Seu sorriso sumiu. Estaria em Montana, sem amigos, com roupa íntima de algodão, e com um homem que ela amava demais para seu próprio bem.
O hotel do centro da cidade, onde o baile da fundação seria realizado, era novo e luxuoso, o salão ricamente decorado. Cerca de cem mesas estavam postas com toalhas brancas e enfeitadas com flores frescas. A pista de dança brilhava como água ao luar.
Era um cenário impressionante, com uma multidão igualmente impressionante: empresários, políticos e celebridades, assim como os voluntários que doavam o tempo e os talentos o ano inteiro para a causa. Anahi nunca vira tantos smokings num só lugar. E salpicados entre os elegantes ternos havia vestidos em tons pastel e outros em cores fortes.
Anahi sentiu-se um pouco como uma Cinderela em tamanho GG, nada à vontade em seu vestido chique e os saltos altos. Sobressaía em altura às outras mulheres e muitos dos homens, e sentiu-se um pouco nua com aquele decote sem ombro. Liz realizara um ato de magia em sua cabeleira rebelde, prendendo-a num estilo natural com um mínimo de grampos. O peso dos cabelos e o medo que os grampos caíssem a deixaram com o pescoço duro.
Alfonso estava vestido com o smoking obrigatório, mas o paletó tinha um corte sutil que realçava os ombros largos. Os sapatos de couro tinham perdido a vez para um par de botas pretas lustrosas. A faixa na cintura fora abandonada em favor de um cinto estreito de couro preto com uma fivela de prata. Ele parecia arrojado e sensual, e Anahi percebeu constrangida, que se arrepiara só de lhe segurar a mão.
—... E Anahi, querida, você está adorável — Harvey Benton disse, cumprimentando-a com um sorriso benevolente. — Já lhe agradeci por trazer Tempestade de volta à nossa congregação na hora certa? Não pode imaginar o dinheiro extra que conseguimos por causa de vocês dois.
Anahi tentou engolir o nó de gosto amargo que se alojou no fundo de sua garganta. A visão do pessoal da mídia entre a multidão e o próprio tamanho da multidão a deixavam com o estômago revirado de nervosismo. Alfonso passou o braço por sua cintura e sorriu para um fotógrafo no instante em que o flash os cegou.
— Eles estão com todo o efetivo hoje — ela resmungou, quando Alfonso a levou para a pista de dança.
— Ignore-os, querida — ele retrucou, puxando-a para dentro dos braços, o corpo a ondular suavemente com a música.
— É meio difícil ignorar uma luz de zilhões de watts em sua cara a cada cinco minutos.
— Ora, eu acho que estou meio que acostumado com isso.
Anahi aconchegou-se um pouco mais, e uma vozinha cínica dentro dela disse-lhe que aproveitasse enquanto ainda podia.
— Sinto como se todo mundo neste lugar estivesse olhando para nós — ela murmurou, relanceando um olhar pela pista de dança.
Centenas de olhos seguiam cada movimento dos dois. O prazo de duas semanas do desafio de Alfonso terminava naquela noite, e todos na cidade que pudessem comprar uma entrada ou obter um passe de imprensa estavam lá para observar o resultado.
— Eles não podem resistir a você. São como um bando de vaga-lumes atraídos por uma luz brilhante — Alfonso murmurou os lábios roçando a cancha da orelha de Anahi. Pousou um beijo terno em sua têmpora. — Adoro o jeito como ficou nesse vestido. Parece uma estrela de cinema. Uma princesa. — A voz rouca desceu um tom quando ele esfregou a ponta do nariz contra o dela e fitou-a nos olhos. — Aposto que vou adorar o jeito que ficará sem ele também.
Riu diante do rubor que subiu até a ponta das orelhas de Anahi. Nunca deixava de surpreendê-lo como ela era inconsciente da própria beleza, tão pouco confiante no próprio encanto. Estava ali, em seus braços, deslumbrante a ponto de levar para a cama o mais exausto dos homens, e se ruborizava porque ele lhe fizera um elogio.
Anahi ainda era aquela garota insegura cujo pai deixara para trás. Cada vez que ele via de relance aquela garota nos grandes olhos escuros dela, o amor que sentia por ela transbordava como uma fonte, inundando seu coração e espalhando-se por ele todo. Queria arrastá-la para longe, para fora da pista de dança, para fora do planeta, se possível, e tê-la inteiramente para si. Queria que ela fosse embora com ele, que se comprometesse com ele, mas ela precisava tomar a decisão sozinha. Não podia obrigá-la a amá-lo e a confiar nele.