Fanfic: O Último Romântico AyA FINALIZADA | Tema: AyA, Romance e Comédia

A palavra escapou dos lábios de Anahi como um suspiro de agonia. Casar? O homem tinha alergia aguda a compromisso!
— Desculpe — ela murmurou, com um olhar cético. — Acho que entendi mal. Você disse... Casar?
Alfonso nunca ficara tão nervoso na vida. Encarar a linha de gol, esperando ganhar o campeonato com seu time, era refresco comparado àquilo.
Ele não pretendia botar o pedido para fora assim, sem mais nem menos. Pretendia cortejá-la e conquistá-la primeiro, deixar que Anahi visse que ele não era o mesmo homem que fugira dela antes. Claro que ela ficaria ressabiada; ele falhara com ela mais vezes do que conseguiria contar. Mas esse tempo se fora para sempre, e era isso que ele queria que Anahi soubesse. Fazer o pedido simplesmente lhe parecera à coisa certa, como pôr as cartas na mesa. Ser franco e honesto. Alfonso era um jogador por natureza, um homem que se arriscava que ia atrás do que queria. E ele queria a mulher que estava em pé à sua frente agora.
— Casar? — ela questionou novamente. — Você disse "c-a-s-a-r", ou eu entendi mal?
Alfonso respirou fundo, e gotas de suor porejaram em sua testa.
— Você entendeu corretamente.
— Casar?
— Casar.
Emoções conflitantes avassalaram Anahi como um tornado. Houvera uma época, não muito distante, em que ela teria dado qualquer coisa para ouvir aquela palavra dos lábios de Alfonso. Uma parte de seu coração que ansiara por escutá-la voltou aos dezesseis anos, quando se apaixonara pela primeira vez pelo melhor amigo de sua prima; e aos vinte, quando o vira partir para o primeiro treino como profissional, levando junto o seu coração; e aos trinta e dois, quando a convencera de que se tornara um homem maduro por fim. Mas agora era tarde demais.
— Está um dia atrasado, caubói — ela murmurou, num amargo misto de raiva e pesar — Já tenho um noivo.
Alfonso a fitou como se ela tivesse acertado sua cabeça com um tijolo. Aturdido, deu meia-volta e desceu para o gramado. Depois suspirou pesadamente, passou a mão pelos cabelos e meneou a cabeça.
— Droga, Pernocas — resmungou, parecendo magoado e confuso. — Está noiva? De outro homem?
— Não, Alfonso, de um orangotango! — Anahi retrucou com sarcasmo. — É óbvio que é de outro homem. O que você achou que eu ficaria feito uma tonta, esperando você voltar? Tenho coisa melhor a fazer na vida do que esperar por você.
As sobrancelhas de Alfonso se juntaram, e ele levou as mãos à cintura. Maldição. Não levara aquela possibilidade em conta. Outro homem... Que inferno!
Ele praguejou e chutou um dente-de-leão. Que diabos faria agora? Anahi era seu futuro, seu destino... E estava noiva de outro homem! Seu coração se apertou. Então, olhou para a mão de Anahi, procurando por alguma evidência tangível daquele miserável inominável e descarado que roubara sua garota. Não havia nenhuma. Tudo o que viu foram os dedos longos e as unhas curtas sem esmalte. Alfonso ergueu a cabeça, os olhos azuis rutilando como os de um fanático.
— Não estou vendo nenhuma aliança.
Anahi sentiu o rosto queimar sob a intensidade daquele olhar.
— Bem, ainda não oficializamos o noivado, mas...
— Quando será o casamento?
— Ainda não marcamos a data, mas...
Alfonso sacudiu um dedo para ela. Um enorme sorriso de bandido espalhou-se por sua face, aquele velho e familiar sorriso de Herrera Tempestade, que não aparecera até aquele momento, largo e travesso, radiante de malícia. Voltou correndo para a varanda e avançou na direção de Anahi. Ela deu um passo cauteloso para trás, e depois outro, e então bateu a cabeça na parede. Alfonso chegou mais perto, parecendo um jogador que apostou na mão certa.
— Não há aliança, não há data marcada... Não há noivado — ele murmurou.
Anahi estreitou os olhos.
— Está dizendo que sou mentirosa?
— Não. Estou dizendo que é uma mulher livre. Para usar uma antiga expressão de caçador, carne não é carne até que esteja na panela.
— Que comparação encantadora! Coisa meiga... Alfonso ignorou o sarcasmo.
— Não acho que uma coisinha insignificante como uma aliança de noivado fosse me impedir, de qualquer forma. Quero dizer, uma coisa é roubar a mulher de outro homem; ponho um limite aí...
— Fico contente de saber que você põe limite em alguma coisa.
— Não se rouba o cavalo de outro homem, não se rouba o gado de outro homem, não se chuta seu cão e não se rouba sua esposa — ele declarou, deixando claro quais eram as prioridades em seu código pessoal de honra. — Mas isso é... Outra coisa.
Anahi tentou em vão engolir o nó que se entalou em sua garganta.
— Pode parar por aí, Alfonso! — avisou, erguendo a mão, esperando impedir o avanço sem ter de tocá-lo. — Ele me pediu e eu aceitei. Isso nos faz noivos.
— Para mim, não faz não.
— Bem, eu não vivo minha vida segundo O Mundo de Acordo com S. T. Herrera Tempestade.
— Seu sobrenome ainda é Portilla. Você é uma caça legal, Pernocas — ele disse, com aquele sorriso preguiçoso erguendo-lhe os cantos da boca, conforme se inclinava um pouco mais.
Anahi comprimiu-se contra a parede.
— Não sou caça nenhuma — murmurou. — Joguei esse jogo com você antes e perdi. Não estou mais nessa.
As palavras transformaram o sorriso de Alfonso numa linha dura. O que Anahi viu por trás daquele incandescente olhar azul poderia ser pesar, porém disse a si mesma que não fazia a menor diferença. Alfonso não era má pessoa, apenas um pouco duro de domar E Anahi sabia por que ele era do jeito que era, sabia tudo o que havia para saber a respeito dele, mas isso também não fazia diferença. O que trocando em miúdos resumia-se a: não podia confiar que ele não fosse mais uma vez partir seu coração.
— Não estou jogando de novo, Alfonso — ela murmurou.
— Eu sei que a magoei — ele disse baixinho, chegando mais perto ainda. — Eu daria qualquer coisa para poder voltar atrás e desfazer isso, mas não posso. Tudo o que posso fazer é mostrar a você que mudei.
— Você apenas se aposentou do futebol. Está em outra encruzilhada. Hora de voltar para a boa, velha e confiável Anahi para outra ligeira pausa. Não desta vez, Alfonso. Eu fui sua transição da bola da faculdade para a bola profissional, da primeira fileira para a reserva. Não serei sua transição do futebol para seja lá o que for. Não de novo.
— Sei que não mereço outra chance, mas estou me agarrando a uma.
— Ah, não, não está — Anahi declarou, com teimosia. — Há outro alguém. Enfie isso em sua cabeça dura, caubói.
— Não é com minha cabeça que você deveria estar preocupada. É meu coração que não está escutando. Entende?

ACHEI LINDO ESSA FRASE DELE ♥♥♥