Fanfic: O Último Romântico AyA FINALIZADA | Tema: AyA, Romance e Comédia

— É a verdade, droga! — ele vociferou. — E se você não parar bem aí e ouvir, por Deus, eu a levarei para um lugar onde não terá nenhuma escolha!
Deu um passo agressivo na direção de Anahi. Ela recuou, até que suas pernas bateram na beirada de uma cadeira. Com um grito, perdeu o equilíbrio e caiu para trás, agitando os braços. Alfonso arrojou-se para frente, com a cabeça baixa, e pegou-a pelo meio com os ombros, erguendo-a no ar.
Anahi gritou, sacudindo braços e pernas, e acertou-o na cabeça com a bolsa, arrancando-lhe o chapéu. A mudança de peso fez Alfonso cambalear de lado, mas ele recuperou o equilíbrio e passou os braços pelas longas pernas de Anahi, para impedi-la de chutá-lo.
— Senhor, estou ficando muito velho para isso — ele gemeu, ao levantá-la e ajeitá-la nas costas, sacudindo os ombros.
A multidão explodiu em risadas, dando vivas e batendo palmas, gritando palavras de encorajamento, todo mundo a favor de Alfonso. Um brado de "Tempestade! Tempestade! Tempestade!" começou a se elevar em torno deles.
— Isso é revoltante — Anahi balbuciou ofegante. — O que aconteceu aos direitos da mulher?
— Foram sobrepujados pelas leis da natureza, baby — Alfonso resmungou, endereçando um aceno e um sorriso à multidão. — Não se pode enfrentar uma tempestade.
— Ora, veremos o que as leis do homem têm a dizer sobre isso. Espere só até a segurança chegar aqui.
Alfonso soltou uma gargalhada.
— Quem você pensa que está liderando os vivas, querida?
Ele deu um giro, afastando-se para dar a Anahi uma visão de dois guardas uniformizados parados à frente da multidão, batendo palmas e assobiando. Um ergueu o punho e berrou:
— Dá-lhe, Tempestade!
— Agora você corrompeu a força policial. Acha que pode se safar numa boa, não acha?
— Ora, não sei nada sobre isso, doçura — volveu Alfonso, seguindo pelo corredor. — Mas estou saindo com você, e isso é tudo o que me importa.
— E para onde acha que vai me levar?
— Para Montana.
— Ah, não! Pode esquecer. — Ela começou a se debater freneticamente, acertando-lhe o diafragma com uma joeIhada e fazendo Alfonso gemer alto. — Estou farta de você pensar que pode me jogar sobre o ombro como um saco de batatas e me carregar para longe!
— Sem ofender, querida, mas você pesa um pouco mais que qualquer saco de batatas que já carreguei — ele retrucou por entre os dentes cerrados, ajeitando-a de novo sobre o ombro.
— Ora, obrigada. Você tem mesmo um jeito especial com as mulheres, Herrera — ela escarneceu. — Um troglodita poderia tomar aulas com você.
— Não era isso que você dizia ontem à noite, baby.
— Ontem à noite eu estava temporariamente louca.
— Louca por mim.
— Louca por sua causa é mais provável.
Passaram pelos balcões das companhias aéreas e atravessaram o saguão principal, rumando para as portas que conduziam ao estacionamento. As pessoas olhavam e apontavam. Várias tiraram fotos. Ninguém tentou deter Alfonso. Ele deixara o carro estacionado em local proibido, e Bingo estava sentado na cabine, com a cabeça para fora da janela do passageiro, esperando pacientemente.
Alfonso deu a volta até o lado do motorista, abriu a porta e enfiou Anahi para dentro. Ela pensou em chutá-lo na cabeça e sair da picape, mas não teve dúvidas de que seria atacada pela multidão de fãs que os acompanhava. Formavam uma barricada humana na rua, e isso seria o fim de sua fuga. Com um suspiro fatalista, ela ajeitou-se entre seu raptor e o cachorro. Alfonso deu a partida, e eles saíram do terminal aéreo.
— Você não deveria ter fugido de mim, Anahi — repreendeu Alfonso, os olhos no tráfego ao redor conforme pegavam a rodovia.
— Você não deveria ter mentido para mim — ela revidou num tom de mágoa.
— Eu nunca menti para você.
— Bem, por certo não me contou a verdade, não é?
— Contei. Disse que queria você e o rancho. Essa é a verdade. Não estou interessado no trabalho na tevê.
— Não está interessado em ganhar dois milhões de dólares? — ela perguntou incrédula.
— Pernocas, eu ganhei mais dinheiro na minha vida do que tenho tempo para gastar Não preciso sair procurando emprego.
— Não — concordou Anahi. — O emprego veio atrás de você. Toda a fama e os fãs de futebol, sem ter de apanhar toda semana. Viagens, prestígio...
— Fiz todas as viagens que poderia agüentar Quero um lar, uma família. — Alfonso virou a cabeça e lhe endereçou um olhar decidido, os olhos azuis falseando. — Quero você.
Anahi franziu a testa, freando a reação automática de seu corpo ao olhar predador de Alfonso.
— Por quanto tempo? Quanto tempo antes de começar a sentir falta dos holofotes, dos fãs, da badalação? Por quanto tempo vou manter seu interesse acima disso tudo, Alfonso?
— Para sempre. Que droga, Anahi, pensei que tivéssemos acertado isso ontem à noite.
— Eu também pensei — ela murmurou, com tristeza, recordando-se de como se sentira feliz deitada nos braços de Alfonso, certa de que poderia dar a ele o coração novamente sem medo. — Mas aí o jornal chegou.
— Por que não foi falar comigo a respeito? — Alfonso perguntou, ao saírem da rodovia.
— Por que não me contou sobre a oferta, em primeiro lugar? — ela contestou.
— Porque eu sabia que você terminaria tudo. Não vi necessidade de contar, já que não aceitaria o trabalho de qualquer jeito.
— Ora, que lógica brilhante! — Anahi exclamou sarcástica. — O que mais você não se deu ao trabalho de me contar? Quem sabe tenha sido convidado para concorrer para presidente? Ou a Mister Universo? Vai me dizer agora, ou terei de esperar e ler na página de rosto de um tablóide enquanto estou parada na fila do supermercado?
Alfonso soltou um suspiro por entre os dentes e não disse nada. Aquele não parecia um momento prudente para mencionar uma nova oferta para promover produtos. Era provável que Anahi tentasse arrebentar seu crânio com aquele saco de tijolos que chamava de bolsa. Além disso, essa parte de sua vida estava encerrada. Que diferença faria quantas ofertas mais recebesse? Não aceitaria nenhuma delas.
— Eu queria que você confiasse em mim — disse, diminuindo a velocidade para virar para uma estrada de asfalto que levava a uma fileira de construções compridas e cobertas de poeira.

QM TA CERTO NA BRIGA?