Fanfic: O Último Romântico AyA FINALIZADA | Tema: AyA, Romance e Comédia

Anahi observou-o quando ele se recostou no banco, empurrou os óculos para o alto da cabeça e apertou a ponta do nariz com o polegar e o indicador. Alfonso parecia cansado, estressado. Era óbvio que não tivera tempo de barbear-se antes de ir atrás dela. Tinha um ar vulnerável, e Anahi não pôde impedir seu coração de querer abraçá-lo.
— Quero crer nisso também, Alfonso. Mas se acreditar e o chão sumir debaixo dos meus pés outra vez... Não creio que eu possa sobreviver. — Anahi olhou pela janela para a imensidão do céu, esfregando as mãos para afastar o frio repentino nos braços nus. — Você está me pedindo para abandonar tudo, meus amigos, um trabalho que eu amo, a casa que fiz por mim mesma...
— Sua rede de segurança — ele disse. — O casulo que fez para proteger-se e não ser magoada.
— E o que há de errado nisso? Seria estupidez não me proteger, não seria? Puxa você me faz parecer uma deficiente emocional.
— Você costumava querer se arriscar por amor. De que outro modo saberá se é para valer? Se você se cerca de todos os tipos de amortecedores, não há risco, você tem certeza de que não sairá machucada. Que tipo de amor é esse?
O tipo seguro pensou Anahi. O tipo que a maioria das pessoas ficava feliz em ter.
— Pense nisso. Se estiver disposta a pegar minha mão e arriscar o pescoço comigo, sem rede de segurança, sem cordas amarradas, e conseguirmos, então saberemos que aquilo que conseguimos juntos é forte e especial. É a diferença entre viver e apenas existir, Anahi. Você pode estender a mão para alcançar o ouro sobre o azul ou pode se conformar com um punhado de capim. Quero que nós dois alcancemos isso juntos.
— Eu quis pegá-lo antes e acabei com um punhado de ar na mão.
Alfonso encarou-a com outro daqueles olhares determinados, os lábios apertados numa linha dura.
— Eu te amo, Anahi. Eu faria qualquer coisa para provar isso, arriscaria tudo por você. Tudo. O que quer que eu faça? Que escreva isso no céu para você? Que lhe traga a lua? Eu a daria numa salva de prata se achasse que isso a faria acreditar em mim quando digo que eu quero você e a vida que podemos construir juntos.
O tempo ficou suspenso, esperando que ela dissesse alguma coisa. Mas o tique-taque passou e a janela da oportunidade fechou-se. Alfonso virou-se, abaixou os óculos no lugar e colocou o fone de ouvido, fechando-se para ela. Anahi remexeu-se desconfortável no assento. Alfonso parecia de repente absorto na tarefa de fazer as leituras e os ajustes, falando com uma pessoa invisível numa linguagem que soava tão estranha a Anahi como o idioma marciano.
Seu olhar atribulado desviou-se para a janela. Era um longo caminho até o chão, literal e figurativamente, e não havia nada para aparar a queda.
Desceram numa pista particular de terra horas depois, naquela tarde. Anahi não tinha idéia de onde estavam, mas não era a parte de Montana onde haviam crescido. Alqueires e alqueires de trigo dourado balançavam ao vento de verão. A paisagem era interrompida apenas por um velho hangar e uma grande casa de fazenda que devia estar plantada ali havia uns cinqüenta anos.
— O lugar pertence a alguns amigos meus — explicou Alfonso, tirando o fone de ouvido e soltando o cinto de segurança. — Eu disse a eles que ficaríamos uma noite aqui e seguiríamos para o rancho amanhã.