Fanfic: * * * Ao sabor da sedução * * * - TERMINADA

Então, abriu um armário no banheiro e o encontrou repleto de roupões de seda, em cores diversas. A jovem escolheu um e o vestiu, abotoando-o do pescoço aos pés. Havia chinelos que combinavam, mas, quando a dançarina tentou calçá-los, estremeceu. Os dedos do pé esquerdo estavam frágeis, suscetíveis à dor.
Era melhor ficar descalça do que arriscar uma lesão que pudesse prejudicá-la ao dançar, a jovem pensou... e quase riu. Voltar a dançar era a menos importante de suas preocupações. Primeiro, teria de sair viva daquele lugar.
Entretanto, a jovem sabia que nunca seria capaz de fazer isso sozinha, e essa constatação a matava. Se Chris a tivesse abandonado... Não. Não tomaria conclusões precipitadas.
Encontrou uma pequena caixa laqueada com grampos de marfim. Dulce os usou para prender os cabelos em um coque, no alto da cabeça.
A moça abriu a porta do banheiro. O quarto estava vazio. Assim como a sala de estar. Porém, alguém estivera ali. O cômodo estava iluminado por uma vela. E havia uma mesa repleta de comida e bebida.
Dulce encheu um copo com água e a bebeu enquanto caminhava rumo às portas envidraçadas que conduziam a uma larga varanda de pedra. A lua pendia do céu como um camafeu em um veludo preto que resplandecia devido ao fogo de bilhões de estrelas. Jardins se estendiam em todas as direções. As flores perfumavam a noite. Abaixo do terraço, tochas iluminavam uma piscina.
A paisagem era alegre, mas até o cenário de uma apresentação de bale era mais real do que aquilo. Christopher Uckermann não era um príncipe, assim como a moça não era uma princesa, esperando para ser acordada por um beijo dele. As características que o haviam tornado tão atraente aqui, onde a sobrevivência dependia dos níveis de testosterona, seriam um desgosto em qualquer outro lugar.

Chris não tinha nenhuma das qualidades que Dulce queria em um homem. O americano ferira o orgulho dela, mas... A dançarina conteve a respiração e recuou, voltando a ficar na sombra. O ex-soldado se dirigia à piscina, caminhando como se fosse o dono do mundo.
O que o americano estava fazendo? Uckermann despiu a camiseta. Será que não lhe ocorrera que alguém pudesse estar vendo? Que ela... A dançarina ficou com a boca seca quando Chris se livrou dos jeans. Deus, aquele homem era bonito! O rosto firme, perigoso. Os cabelos castanhos, pouco longos e enroscados na nuca. Os ombros largos e o peito amplo, abdômen retesado...
A moça abaixou os olhos. Chris continuava excitado. A dançarina sentiu-se inundada de desejo. Não havia sentido em mentir para si mesma. Nunca admitiria isso ao americano. Mas como uma mulher podia ver aquele homem e não o querer?
Christopher caminhou até a beira da piscina. Depois, mergulhou. Um segundo se passou. Então, a cabeça dele voltou à superfície. O ex-soldado nadou de uma borda a outra. Aí, virou-se e nadou novamente, e fez isso várias vezes até a moça perder a conta.
Ao final, Uckermann saiu da água. E, ao fazer isso, olhou para o terraço. O coração de Dulce quase parou. Aí, a moça lembrou-se de que o americano não podia vê-la. Mas que ela o via.
Todo aquele exercício não ajudara em nada a diminuir a frustração dele. Não seria adorável se Dulce pudesse fazer algo para torná-la ainda pior? Chris a acusara de tê-lo provocado deliberadamente, mas a dançarina não fizera isso. Porque, se tivesse feito, se realmente quisesse deixá-lo maluco...
Não faça isso, Dulce Maria. A moça ouviu um sussurro dentro de si, alto e claro. Dulce, não! A jovem o observou vestir os jeans. Chris cruzou os braços, e fitou a varanda, embora não pudesse vê-la.

Dulce respirou fundo, fechou os olhos, e deixou que a música começasse a tocar na mente dela. Era "Bolero". Adorava ouvir isso, mas nunca dançara, o que não era nenhuma surpresa, considerando que a moça se dedicava ao bale. Entretanto, essa noite faria uma dança, idealizada por ela, para um homem a quem desprezava pelo que perdera.
Lentamente, a jovem saiu das sombras em direção à luz da lua. A noite parecia quieta. Dulce olhou para baixo e observou a fisionomia de Chris se alterar ao vê-la.
Algo quente e selvagem percorreu-lhe a corrente sangüínea. De olhos fechados, cabeça erguida, a moça balançava e mergulhava na música que apenas ela podia ouvir. A cabeça pendeu para trás. O corpo ficou arqueado. Dulce ergueu os braços na direção da lua, como se a batida da música e a do coração dela fossem uma só.
O tempo correu célere. A jovem levou as mãos ao primeiro botão do robe. Devagar, ainda balançando, Dulce desabotoou-se até que a vestimenta ficou aberta, expondo o corpo nu para a noite... E para o homem que a observava.
Dulce tirou os grampos dos cabelos e os deixou cair sobre os ombros, como se fossem ondas de fogo. Levou as mãos até os seios e os cobriu. Depois, deixou as palmas das mãos contornarem as curvas do próprio corpo, passando pela barriga, pelas coxas.
A música alcançou um nível febril, intenso. A moça permaneceu quieta. Devagar, como se a última nota desaparecesse em meio à noite, a dançarina deixou o robe cair no chão.
Nua, ergueu os braços em direção à lua — e soube que não havia dançado para atormentar o homem que a observava. Dançara para seduzi-lo. Silêncio. Então, a jovem ouviu Chris pronunciar o nome dela.
— Salomé.

A dançarina abriu os olhos. Tarde demais. Chris desaparecera. O americano vinha ao encontro dela.

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bjix da Naty