Fanfics Brasil - Era uma vez Coperland Os Exilados

Fanfic: Os Exilados | Tema: Guerra Biológica contra vírus Mutante


Capítulo: Era uma vez Coperland

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CAPITULO 2


Era uma vez Cooperland


 


Morávamos no interior, e para chegar na cidade mais próxima, demorava por volta de seis horas, passávamos por algumas cidades menores, mas era como se todos tivessem sido abduzidos. Eram vinte e duas horas da noite, estávamos a três horas na estrada, não dava para se enxergar nada, a única luz era as dos faróis, Gabe dirigia em silêncio, não havíamos conversado nada depois que saímos de casa,eu não sabia como ele se encontrava firme depois daquilo tudo.


Sammy depois de tanto chorar, havia pego no sono. Dormia com a cabeça escorada no meu ombro.


– Gabe, deixa que eu dirijo um pouco. - Eu disse.


– Não precisa, eu estou bem! - Disse ele, com voz calma.


É, provavelmente eu deveria estar muito mal, e na realidade eu me sentia bem péssimo mesmo.Depois de uns minutos Sammy acordou, e logo se preocupou com o irmão.


– Eu estou bem, já disse! - disse Gabe já carrancudo.


– Queria eu estar assim como ele. - Eu disse para Sammy.


– Não queira não!. - Disse ela calma, mas com olhar firme. -É bom ser assim como você é! Se você fosse como meu irmão, eu não teria um ombro para chorar e nem para dormir. Por fim ela sorriu.


Eu afaguei seus cabelos, mas foi um gesto de carinho, eu não estava flertando com a irmã do meu meu melhor amigo, muito pelo contrário, para mim Sammy era como se fosse alguém da família, sempre considerei os Austen como pessoas ligadas a mim por um grande afeto, como não tenho primos e nem primas, eles preenchem o lugar vazio destas pessoas, e tenho certeza, que eles também me consideram da mesma forma.


Sammy, se inclinou para frente e pediu para Gabe ligar o rádio do carro, ela queria saber se já haviam noticiado, o que aconteceu em nossa cidade.


Gabe atendeu o pedido dela, porém não havia sintonia para nenhuma rádio.


– Acho que não tem estação nenhuma por aqui. Já nos distanciamos faz tempo. - Informou Gabe.


– Não é possível! - disse Sammy decepcionada.


– Você não tem nenhum CD por aqui? - Perguntou Gabe.


– Talvez no porta luvas. - respondi.


Gabe se curvou e abril o porta luvas, achou apenas um CD empoeirado da banda Motrei Crue, ele o colocou. E logo o som de Have Metal, ecoou pela estrada.


– Minha nossa! Parece que estamos partindo para matar alguém! - disse Sammy. O bom humor dela parece que havia voltado.


Essa música não era propicia para a ocasião, mas não argumentei, já que Gabe parecia melhor, mas Sammy começou a fazer caretas, acho que ela tinha a mesma opinião que eu.


Já havia tocado todas as faixas do CD, o silêncio pairava outra vez. Eram dua horas da manhã, e já nos encontrávamos bem perto do nosso destino, a cidade de Cooperland.


Mais cinco minutos e já estávamos lá, passamos pela placa “Bem vindos a Cooperland”, outra cidadezinha no interior de Dallas.


– Devemos procurar logo um centro policial. - Eu disse para Gabe.


– Na verdade, acho que eles não nos darão atenção a essa hora! - respondeu Gabe.


– Se eles já souberem do que aconteceu, Sim! - respondeu Sammy, contrariando o irmão.


– Vocês é quem sabe! - Disse Gabe , por fim.


Eu e Sammy no olhamos.


– Por mim, vamos a delegacia. - Disse ela.


– Também acho melhor, procurarmos as autoridades o mais rápido possível. - Eu disse.


– Então está decidido Gabe! - Disse Sammy.


– Tudo bem! - Respondeu Gabe.


Andamos por um tempo até acharmos um posto policial, Gabe estacionou o carro, descemos.


Havia um guarda na recepção, entramos correndo.


– Senhor Por Favor! - Eu disse.


Ele levantou a boina, e nos olhou sem muito entusiasmo.


– Tem que nos Ajudar! - Disse Sammy desesperada. - Nossa Cidade sofreu um atentado!


O policial nos olhou com mais atenção.


– Vocês não foram avisados? - Gabe perguntou. - É a cidade mais próxima da nossa!


O guarda se inclinou para nós e disse:


– Não! Não estou sabendo de nada. - Disse secamente.


Nos olhamos.


– Senhor! Investigue, por favor! - Eu disse, quase que implorando. - Se verificar, vai ver que estamos falando a verdade.


– Está me dizendo como fazer meu trabalho? - Disse o guarda, nervoso.


Porém, mais nervoso que o guarda, estava Gabe. Ele deu um soco na mesa, que estremeceu tudo que se encontrava em cima dela.


– Olha aqui! Já me cansei! faça o favor de levantar esse traseiro gordo daí e fazer alguma coisa útil! Várias pessoas morreram bombardeadas e outras infectadas por sei lá o que! Então se não tomar uma atitude imediata, vai se arrepender por toda a sua vida! Seu incapaz! - Terminou Gabe, depois de quase pular no pescoço do cara. Ele estava vermelho, como se tivesse segurado o ar muito tempo, suas mão tremiam.


Sammy estava paralisada, e eu também esperando uma reação do guarda. Estava um silencio depois da explosão do Gabe, aliás tudo estava explodindo ultimamente.


Então, o guarda se levantou e disse:


– Eu não sei que diabos vocês andaram cheirando! - disse ele, para nossa surpresa. - Vou detê-los aqui e agora, e acho melhor vocês não tentarem reagir, para não complicar a situação de vocês! - Disse o guarda olhando diretamente para Gabe.


– Não acredito! - disse Sammy. - Vocês não podem fazer isso conosco! - Argumentou em vão.


O guarda assoviou, e logo veio mais dois policiais, saídos nem sei de onde. Eles indicaram o caminho para dentro da delegacia, e disseram que ficaríamos aquela noite detidos, até eles averiguarem os fatos.


Nós três ficamos na mesma sela, suja e escura com uma só cama.


– Nunca pensei que alguma vez na minha vida ficaria presa! - Disse Sammy.


– Não acredito que estou preso! Nem quando tive motivo para ficar detido eu fiquei! - Disse Gabe.


– O pior é estar nessa situação depois de termos vivenciado aquilo tudo! - Eu disse sentando na cama.


– Você tem razão, estou como se estivesse faltando um pedaço de mim! - Disse Sammy de pé em minha frente, ela estava de costa para a luz do corredor da jaula.


– Aquilo tudo foi muito bizarro! - Disse Gabe se agachando e apoiando o braço em uma das pernas. - É estranho, de repente nossos pais, viraram aquelas aberrações, depois explodem nossa cidade. - continuou Gabe. - Será que foi aquela vacina? E aí todo mundo ia ficar igual ao Resident Evil? - disse Gabe.


– Não viaja! - Disse Sammy para o irmão.


– Mas não seria impossível – Eu disse. - Todo mundo sabe que não seria difícil criar uma arma biológica e sair espalhando ela por aí!.


– Nós também tomamos a vacina, então pode ser que podemos estar infectados como nossos pais. - Afirma Gabe.


Ficamos em silêncio. Sammy arregalou os olhos e correu sentar ao meu lado.


– Você pode ser a próxima infectada Sammy, já que foi a primeira de nós a tomar a vacina. - Disse Gabe, com um tom sério e olhar assustador.


Sammy engoliu a saliva, e apertou os dedos, estava paralisada.


– Não a assuste desse jeito, Gabe! - Respondi.


– Mas é a verdade, nós podemos desenvolver.......


– Cala a boca! - grita Sammy interrompendo Gabe.


– Não adianta gritar! - diz Gabe, com voz firme. - você tem que ser realista e encarar os fatos.


– Você não está ajudando em nada sabia? - diz Sammy com voz alterada.


Percebendo que os ânimos dos dois irmãos estavam exaltados, resolvi interferir.


– Calma gente, por favor, Não vai acontecer nada com a gente, senão já teria acontecido.


Fiz um gesto para Gabe para ele não pegar tão pesado, não era lugar e nem ocasião.


Gabe se levantou e se sentou do lado da irmã.


– Me desculpa! - Ele disse.


– Sammy, estava com a cabeça baixa, e assim continuou.


– Você me desculpa? - pergunta Gabe.


Sammy ergue a cabeça e olha para irmão e diz:


– Se eu virar um zumbie você vai ser o primeiro que eu irei atacar, e se agir feito um imbecil de novo, não vou te perdoar, mas dessa vez passa. E tive uma ideia! - Disse Sammy que estava sentada no meio de nós dois. - ninguém dorme, vamos ficar em quarentena, se depois de vinte e quatro horas não acontecer nada de estranho com a gente, podemos ter escapado dessa. Temos que ficar alerta para qualquer comportamento estranho que um de nós vier a ter. Tudo bem?


– Gostei da ideia! - Eu disse


– Por mim tudo bem! - Disse Gabe.


Então sentamos no chão e formamos um circulo para podermos nos observar, era madrugada, o relógio apontava 3:34 da manhã, o silêncio tomava conta daquele lugar, havíamos sido esquecidos? O que seria o nosso destino? Daqui a algumas horas iriamos saber.


Eram dez horas da manhã, e nada. Nada de parecermos infectados, nada de policial nenhum para nos tirar daquele lugar. O sol estava bem forte, podia senti-lo sobre a minha pele, pela pequenina janela na parede bem acima. Estávamos exaustos e cansados, passei s olhos por Gabe, ele estava com os olhos fixos em algo que parecia que só ele podia enxergar, mas era tudo força para não se entregar ao cansaço. Olhei para Sammy, e esta fazia uma cara de dor.


– Sammy, você está bem? - Perguntei.


– Não! - Ela respondeu, franzindo a testa.


“Eu só posso estar em algum tipo de sonho”, eu pensei. Escutamos passos. Abandonamos nossos postos, e fomos para a grade.


Logo apareceu o guarda que nos recepcionou noite passada. Ele caminhava até a nossa sela, e procurava uma chave dentre o molho de chaves que estava nas mãos. Parou diante de nós e finalmente pareceu que encontrou a chave que procurava.


– Vocês estão livres! - Ele disse ao abrir a cela.


– Estamos!? - falamos em couro, com uma expressão de alívio e ao mesmo tempo, de dúvida.


Seguimos o guarda até a recepção.


– E então? - Perguntou Sammy.


– O que? Estão livres! - Disse o guarda sem mais palavras.


– Gostaríamos de saber, o que foi descoberto do ataque a nossa cidade? - Perguntei.


O guarda, revirou os olhos, rodou e sentou na cadeira.


– Foi um ataque terrorista. - Disse ele por fim.


Nos olhamos. Ainda estávamos com o ponto de interrogação estampados na nossa cara.


– Vocês tiveram sorte! - Ele disse. Não sobrou ninguém, além de vocês.


– Vocês não viram nada de anormal por lá? - perguntou Gabe.


O guarda o encarou com cara feia, lembrando da noite passada.


– Não nada de anormal, além dos corpos queimados! - Respondeu ele.


Sammy, levou as mão a cabeça.


– O que será de nós agora? - Perguntou ela.


– Bom.... vocês são maiores de idade, então não terei que chamar a assistência social, apenas terão que seguir o caminho de vocês normalmente, como foi um atentado terrorista o governo manterá sigilo,para não alarmar a população de outras cidades e causar um caos, e vocês já estão cadastrados na rede de proteção do país. Qualquer coisa é só pedir ajuda. Vocês tem familiares para entrarem em contato?


O guarda me fitou e fui obrigado a responder que agora, era somente eu e eu em minha vida.


Eu morava apenas com minha mãe, que foi vitima, desse sei lá o que que aconteceu, não tenho avós, não tenho tios, ou seja, nenhum parente.


– E seu pai? - Perguntou o guarda


– Não tenho pai, nunca o conheci, não carrego o nome dele, e nem sei se ele sabe que eu existo.


Fez-se um silêncio terrível na sala, Gabe e Sammy, sabiam da minha vida, mas o guarda parecia comovido.


– Sinto muito rapaz! - Ele disse.


– E vocês dois? - Perguntou o guarda se virando para Gabe e Sammy. - São irmãos, não são! Pelo menos já não estão sozinhos.


Sammy arqueou a sobrancelha.


– Estando com Gabe e sozinha é a mesma coisa! - Disse ela.


– Ainda sim é melhor que nada! - Respondeu Gabe.


Sammy sorriu. E Logo seu rosto se iluminou.


– A Mamãe, temos nossa mãe! Ela está longe, mas podemos pegar um avião e ir até ela!.


– Desculpe garotos! - interrompeu o guarda. - Não podem sair da cidade em aviões,o ataque foi por via aérea, então transporte por aviões está proibida até segunda ordem.


– O que faremos então? - pergunta Sammy, já triste pela sua esperança de ver sua mãe não a certo.


– Vocês terão que ficar aqui em cooperland, até tudo estar resolvido. O serviço social da cidade irá arrumar um hotel no centro para vocês ficarem. Vocês terão tudo que precisam, podem ir no carro que chegaram os policiais os escoltaram até o hotel. - Finalizou o guarda.


– Mas pelo menos vocês vão avisar minha mãe, não vão? - Perguntou Sammy.


– Sim... Claro! - Disse o Guarda. - Tudo ficará por conta da policia e do FBI, não se preocupar! - E sorriu o sorriso mais amarelo que alguém já sorriu.


Será que realmente não devíamos mesmo nos preocupar? Saímos da delegacia e o guarda dizendo para mantermos sigilo, para nossa própria segurança.


Entramos no carro, uma pick up cabine dupla preta e empoeirada, daquelas primeiras que saiu na época, era da minha mãe, ela tinha ganhado de presente de formatura, é era uma vergonha, eu tinha vinte e dois anos e usava o carro velho da mamãe, mas me orgulhava dele.


Seguimos o carro da policia que nos levava até o hotel, eu dirigia o carro, Gabe estava sentado ao meu lado, e Sammy estava no banco de trás, olhávamos as pessoas andando na rua, nenhuma delas imaginava o que havia acontecido a apenas alguns quilômetros de distancia dali, que uma cidade inteira fora devastada, e apenas três pessoas conseguiram sobreviver.


Depois de andarmos por alguns minutos, paramos em frente de um prédio de uns quinze andares, e e quatro estrelas, bem em frente a rua principal e bem movimentada do centro.


– Espero que eles não passem a perna em nós e nos faça pagar a conta desse lugar! - Disse Sammy.


– Se fizerem isso, Gritamos para os quatro cantos que estamos sendo vitima de atentados, quero ver como o governo se sai disso! - Disse Gabe.


Descemos do carro, os policiais nos disseram que poderíamos ficar tranquilos, que eles cuidariam de tudo, e que qualquer coisa era para procurarmos por eles. Agradecemos e entramos no Grand Hotel Cooperland Star,até parecia importante, mas para nós aquela altura nada importava muito. Entramos no hotel, na recepção apresentamos um memorando do governo e ganhamos nossas credenciais, ficamos no quarto 407 no 11° andar, tinha dois quartos, um havia duas camas de solteiro e o outro uma cama de casal, deixamos esse para Sammy, uma sala e um banheiro.


– Tem TV? - Pergunta Gabe.


– Tem! Aqui na sala - Diz Sammy deitando no sofá.


– E videogame? - Pergunta Gabe bisbilhotando o banheiro.


– Isso não tem! - Diz Sammy.


– Então isso aqui não é quatro estrelas, porcaria nenhuma. - Resmunga Gabe. - Vou tomar um banho! Meu corpo precisa respirar! - Diz Gabe!


Era 12:45, eu me sento na outra poltrona da sala ao lado de Sammy, pego o controle remoto e ligo a TV. Estava passando o jornal local, e nenhuma noticia a respeito do ocorrido em nossa cidade. Gabe sai do banheiro semi nu, só com uma toalha tampando a parte de baixo.


– O que vocês estão vendo de bom aí? - Diz Gabe, se sentando ao lado de Sammy.


– O noticiário local. - Responde Sammy


– Ou seja, nada de bom! - Responde Gabe. - Vocês não vão tomar banho não? Credo!- Diz Gabe.


– Claro que vamos! Mas não temos roupas para nos trocar, não vai adiantar muita coisa! - Diz Sammy.


– Fica de toalha! - Responde Gabe, como se fosse natural andar de toalha por aí.


A situação era complicada, não tínhamos roupas para nos trocar, não carregávamos nenhum tostão furado no bolso. Quem ia pensar em dinheiro numa hora daquelas. Eu estava com uma calça jeans escura surrada pelo tempo, na verdade era de tanto usa-la, uma camisa preta sem estampa, e uma jaqueta de malha preta, eu vestia o básico mesmo. O Gabe antes de usar a toalha, estava com uma calça jeans clara bem justada ao corpo, de camisa azul marinho bem justa ao corpo, parecia que o Gabe usava tudo em tamanho menor, mas o que ele queria mesmo era se mostrar, e uma jaqueta de malha daqueles jogadores de time de futebol americano da mesma cor da camisa. Sammy usava uma calça jeans preta que se ajustava bem a ela que apesar de magrinha, pesava uns 52 quilos e tinha 1,70 de altura era bem curvilínea, e vestia uma blusa regata cor vinho, e uma jaqueta de couro feminina preta, ela tinha bom gosto.


Sammy deu risada do que o irmão tinha acabado de dizer.


– Você está louco! - Disse ela.


– Não! E se você está com vergonha, não ligue! Ninguém vai ter vontade de te olhar! - Disse Gabe.


Sammy o atacou com uma almofadada. Gabe retrucou e havia começado a guerra de almofadas entre os irmãos pavio curto. De repente eles pararam e voltaram a atenção para TV, estavam noticiando a vacina.


Prestávamos a atenção, falavam no telejornal que Cooperland iria receber a vacina daqui a dois dias, nossos olhos se arregalaram, nos olhamos e tive uma terrível sensação. O caso vacina não havia sido explicado. E novamente a imagem de minha mãe e daquele homem veio a minha cabeça. Devíamos investigar tudo isso, era o que iriamos fazer.


Já era noite, exatamente 22:30, estava eu e Gabe no quarto deitados um em cada cama, antes disso eu havia achado um roupão branco no banheiro, eu e Sammy brigamos pelo roupão, já que eu também não queria ficar desfilando por aí de toalha, Gabe só sabia rir da nossa cara, e dizer “ vocês são tão encanados”, Sammy dizia para eu ficar de toalha, eu dizia que não, ela dizia que eu ia ficar bem de toalha, é claro! ela dizia isso só para poder ficar com o roupão, porque eu bem sabia que eu não ia ficar bem de toalha, não tomava sol a anos, tinha certeza que iria cegar alguém naquele quarto, fisicamente falando tinha tudo bem distribuído em 1,86 de altura, já tinham até me convidado para participar de alguns desfiles, mas na verdade não gosto de ficar me exibindo por aí, igual a certas pessoas, sim estou me referindo ao Gabe, se tem alguém que sente prazer em mostrar o que tem, essa pessoa é o Gabe. Por fim desisti e fui vencido, não aguentava mais Sammy na minha orelha e dei a ela o roupão, porém depois ela mesmo com pena de mim, teve a ideia de ligarmos para a recepção e pedir mais um roupão ou dois, mas Gabe se recusava a usar roupão e disse ainda, que era para uma camareira bem bonita vir trazer e ele que iria atende-la.


Tendo recebido nossos roupões, tomados nossos banhos e lavado nossas roupas no chuveiro e colocado elas para secar na porta do box do banheiro, fomos descansar em nossos quartos, desejamos boa noite para Sammy. Largados na cama pensativos, fechava meus olhos tentando não pensar no que havia acontecido, mas não tinha jeito, lagrimas rolavam pelo meu rosto. Espremia os olhos, para que elas parassem de cair, olhei para o lado e Gabe dormia. Não sei como conseguia, o chamei, mas ele nem se mexeu, só sabia que estava vivo por que o peito subia e descia, parecia desmaiado, e conseguia não pensar em nada, ao contrario de mim que sempre que fechava os olhos via aquela cena na minha frente.


Levantei, era impossível dormir, abri a porta de vagar para não acordar Gabe. No corredor, escutei um barulho de choro, parei na frente da porta de Sammy e grudei meus ouvidos na porta, ela estava chorando, soluçava baixinho, abafado, fiquei penalizado por ela estar sofrendo sozinha, mas não sabia se deveria bater na porta ou não. Decidi bater.


Dei uma batidinha mas não obtive resposta.


Lembrei da minha mãe naquele dia, e abri a porta antes que ela pudesse dizer alguma coisa. Ela me olhou com os olhos arregalados.


– Você me assustou! - ela disse meio que me repreendendo.


– Eu bati na porta, mas você não respondeu! Aí eu invadi mesmo. - Respondi.


– Você bate na porta que nem uma menininha e quer que eu esculte alguma coisa! - diz ela querendo chorar.


– Me desculpe! - eu disse


– Tudo bem! - Ela respondeu se ajeitando na cama. - Você não consegue dormir?


– Não, nem um pouquinho! - eu respondi.


– Nem eu! - ela disse. - E quando pego no sono, tenho pesadelos.


Ficamos em silêncio por um instante, quando ela perguntou.


– Será que tudo o que aconteceu estava relacionado com a vacina?


– Não sei, mas pode ser! - respondi.


– Devemos ir até aquela industria farmacêutica! - ela disse.


– Fica em Nova York, não vamos conseguir ir de avião, e se formos de carro vamos levar dias para chegar lá! - respondi.


– Tomara que minha mãe me ligue. - Ela disse num suspiro.


– Ela vai ligar!- Eu disse. - E logo você e Gabe estarão nos braços dela sãos e salvos.


Sammy sorriu, e disse:


– Vou pedir para ela te adotar! - disse Sammy.


Eu sorri.


– Eu sinto pelo papai! - Ela disse. - Sinto falta dele, ainda não acredito que ele se foi! - ela chora.


Me sentei ao lado dela, e disse que naquele momento era para ela ser forte, pois descobriríamos o que havia acontecido. Infelizmente tudo aquilo aconteceu, e nada poderíamos mudar, não tínhamos nada nem ninguém a quem culpar, sim, tínhamos muitas dúvidas, que precisariam esperar dois dias para serem respondidas.


Era manhã do dia sete de julho, acordei ás 9:15, e mal havia dormido, tinha pego no sono era mais ou menos umas seis da manhã, depois de muita luta consegui vencer pelo cansaço a minha mente. Depois de ter conversado com a Sammy na noite passada, deixei ela um pouco mais tranquila, pelo menos não chorava mais. Eu mesmo voltei para o quarto com mais força para continuar, pois havia sobrevivido, então, talvez tinha algo para resolver. Gabe, aquele sim era impressionante, havia pego no sono no momento que deitou na cama, e ainda estava dormindo e roncava. Escultei um barulho vindo de fora do quarto e só poderia ser Sammy já andando pelo apartamento, também tinha sido uma noite difícil para ela.


Me levantei , ajeitei o roupão, e sai do quarto, na sala Sammy havia pedido o café da manhã, parecia muito apetitoso e agora me dava conta de que estava com muita fome.


– Bom Dia Sammy! - Disse


– Bom Dia Alex!- respondeu Sammy, mais entusiasmada.


– O café parece ótimo! - eu disse


– Sim, tem pão, torrada, café, chá, suco de laranja, mel, manteiga, bolo de chocolate.... e o Gabe?- Perguntou ela de um estalo.


– Está dormindo a quase dez horas! - Respondi.


– Minha nossa! Gabe é realmente estranho! Ele não é normal, uma pessoa normal não agiria com nada tivesse acontecido. - Disse Sammy.


– É o jeito dele de lidar com as coisas! - Eu respondi.


Sammy sacudiu a cabeça e continuou a arrumar o café, ainda usava o roupão, perguntei se nossas roupas já estavam secas, ela disse que sim, mas que preferiria esperar para vesti-las, senão iria suar e ter que lava-las de novo. Pensei no quanto é penoso não poder trocar de roupa.


Me sentei com Sammy no sofá para tomarmos café, ela se levantou e disse que iria chamar Gabe. Eu disse para ela deixa-lo dormir, ela disse que ele era muito preguiçoso e que nós tínhamos muita coisa a fazer naquele dia.


Fui pegar uma torrada enquanto Sammy ia acordar o belo adormecido, quando derrubei a torrada no chão com o grito que vinha do quarto. Corri até lá, e vi Sammy parada na porta com as mão cobrindo os olhos.


– O que foi sua louca? - resmunga Gabe.


Olho para Gabe, e vejo ele nu, a toalha havia fugido dele durante a noite.


– Gabe! A sua toalha! - eu disse.


Ele olhou para baixo.


Ah! é isso? - e soltou uma gargalhada, olhou para Sammy e disse:


– É por isso esse escândalo todo? Você nunca viu isso na sua vida não? - Disse Gabe.


Sammy corou igual a um pimentão, ainda com as mão nos olhos ela se virou e disse:


– Não é da sua conta se eu já vi ou não! Seu idiota, cadê a sua educação, você está na frente de uma dama!


– Dama? Onde? - Respondeu Gabe. - E aliás você é minha irmã, não tem nada demais, sua tonta!


– Você é um ignorante mesmo! E isso mesmo,Eu sou sua irmã e não uma garota qualquer! - Sammy disse e saiu batendo os pés.


– Qual é o problema dela? - Disse Gabe.


– Você que é o irmão dela não sabe, eu vou saber? - Respondi.


– Tudo bem! Já que eu sei como ela é histérica, eu vou colocar minha calça.


Gabe vestiu a calça e foi para a sala, nos sentamos e finalmente tomamos nosso café da manhã.


Resolvemos então andar pela cidade, entramos na pick-up, e passeamos pelas ruas, o centro de Cooperland era muito parecido com o da nossa ex-cidade, lojas, lanchonetes, mais lojas, restaurantes, uma praça, mais para frente um shopping, lojas de sei lá o que, barzinho.


– Vou querer vir nesse barzinho hoje a noite, deve dar muitas gatas! - Disse Gabe, que mexia com uma garota que passava pela calçada.


– Não acredito que você fez isso! - Repreende Sammy, do banco de trás.


– Nossa! Sai do meu pé! Você não tem nada a ver com isso! - Diz Gabe.


– É vergonhoso você fazer isso na minha frente! - Diz Sammy.


– É vergonhoso você ser tão chata! Sabia? - Retruca Gabe. - Até o Alex fica com vontade de fazer a mesma coisa, mas fica sem jeito por que você é uma chá-ta! - Disse Gabe.


Eu só dei uma olhada pelo retrovisor, para ver a situação de Sammy, e juro que poderia ver ela pulando em cima do pescoço de Gabe se não tivesse um banco na sua frente. Então, ela suspirou e disse:


– Vamos a delegacia ver se já conseguiram falar com nossa mãe!.


– Sim, vamos. - Eu respondi.


Gabe assoviava uma música pelo caminho inteiro, parecia estranhamente um tanto feliz, Enquanto ainda estávamos compreensivelmente meio abalados por tudo o que aconteceu, eu quase sempre surpreendia Gabe com sorrisos na face, eu mesmo,dá para contar no dedos de uma mão quantas vezes eu havia sorrido, não que sorrir seja proibido o que não possa, é que ultimamente com os fatos que aconteceram era para se chorar e não rir.


Chegamos na delegacia, o policial nos olhou e veio nos recepcionar.


– Olá! Como estão?


– Bem, obrigado! - Respondeu Gabe. Eu assenti com a cabeça.


– E minha mãe? Conseguiu falar com ela? - Pergunta Sammy.


O policial a fitou por um momento.


– É...bem...li-g.. - ele gaguejava. - Ligamos para ela, mas não conseguimos acha-la em nenhum número que você nos passou.


– Como assim? - Pergunta Sammy impaciente.


– Ás vezes a ligação cai na caixa postal, outras número inexistente. - Responde o guarda.


– E vocês não vão fazer mais nada?- Diz Sammy.


– Na verdade não podemos fazer muita coisa, vocês não podem sair da cidade de avião, e aqui por enquanto estarão seguros, vamos continuar tentando falar com sua mãe! - Disse o guarda.


– Como ninguém sabe do que aconteceu com nossa cidade? - Eu perguntei.


– Só as autoridades sabem, as rodovias e todas as vias para sua cidade, ou que passa por ela, foram fechadas, alegando obra, ou área de risco,ou seja, nenhum outro cidadão de qualquer cidade ou país sabe o que aconteceu, e assim deve permanecer. - Respondeu o guarda.


Vendo que a tentativa de podermos ir embora e de Gabe e Sammy reencontrar a mãe não havia dado certo, demos as costas para ir embora da delegacia, o guarda nos chamou e disse:


– Amanhã é dia da vacina, já se vacinaram?


– Sim! - respondemos.


– Ótimo! Então fiquem em casa! - Ele nos disse e deu uma risadinha!


– Babaca! - Sammy cochichou, e o guarda não escutou, já tinha dado as costas para nós para atender um telefonema.


Enfim, depois de darmos umas vinte mil voltas pela cidade, já tínhamos nos enjoado, a cidade era pequena e de manhã não tinha muito o que fazer. Então voltamos para o apartamento.


– Não vejo a hora de chegar a noite! - Disse Gabe se esticando no sofá.


– Porque? - Eu perguntei.


– Para ir naquele barzinho, quero beijar umas bocas hoje!- Respondeu ele com um sorriso pervertido no rosto. Por sorte dele Sammy estava no banheiro e não ouviu.


– Amanhã é o dia da vacinação! - Eu disse.


– Para de esquentar com isso! - Disse Gabe tranquilamente.- Tenta não pensar nessa porcaria. Não vai adiantar nada mesmo. - Responde Gabe.


– Eu não consigo!- respondi.


– Vem comigo no bar hoje a noite, vamos esquecer isso pelo menos por uma noite! Que tal? - disse Gabe.


– Não sei, vou pensar.! - Respondi.


– Então fica aí pensando, vou dar um passeio, esticar as pernas, pelas ruas, logo eu volto- Disse Gabe. - Avisa a estressada! - Ele levanta pega a jaqueta e sai.


17:26, fazia quatro horas que Gabe havia saído e ainda não tinha voltado, eu estava assistindo TV deitado no sofá, passava o filme duro de matar 4.0, e enquanto isso ia passando o meu tempo e tentava me distrair, mas não demorou para que Sammy reclamasse da demora do irmão.


– Alex! Não era para o Gabe já ter voltado?


– Não sei, depende de onde ele foi! - Eu disse.


– E para onde ele poderia ter ido? - Ela disse, se sentando no sofá.


– Não sei, pra qualquer lugar! - eu respondi.


– Tá de mal humor? - Ela perguntou.


– Estou entediado! - Respondi.


Ficamos em silêncio, e Sammy estava claramente nervosa. Quando Gabe entra.


– Olá Pessoal! - Ele diz.


– Eu e Sammy ficamos paralisados e de boca aberta olhando para ele. Ele havia voltado estava de roupas novas!


– Como assim Gabe!? - Exclamou Sammy indignada. - Onde você arrumou essas roupas Gabriel Austen?


Ele sorriu, deu uma voltinha para mostrar a calça jeans escura, a camisa branca bem delineada e a jaqueta de couro preta.


– Gostaram? - Ele perguntou.


– Que brincadeira é essa? - Eu perguntei sério para Gabe.


– Eu vou sair hoje a noite, não queria sair com aquelas roupas gastas e usadas. - Ele respondeu.


– E como conseguiu elas? - pergunta Sammy, já se levantando do sofá.


– Eu comprei elas! - respondeu ele.


– Com que dinheiro, você por acaso, vomitou dinheiro? - Pergunta Sammy.


– Com o meu dinheiro!


– Você nem trabalha, faz faculdade por que o papai paga e joga num time perdedor de futebol americano da faculdade, Então me desculpe Gabe, mas o dinheiro não é seu! - Diz Sammy, já sem paciência.


– Não devo satisfação a você! - Gabe respondeu nervoso.


Vendo que as coisas estavam ficando tensas, fiquei entre os dois.


– Vamos nos acalmar! - eu disse.


É claro que era estranho Gabe aparecer com roupas novas de uma hora para outra, nenhum de nós tínhamos dinheiro ou cartão conosco.


– Gabe, por favor! Diga -nos como comprou as roupas, porque não temos dinheiro algum! - eu disse calmo.


– Gabe se sentou no sofá, Sammy e eu permanecemos de pé, e ele disse:


– Consegui um cartão!


– Como? - perguntou Sammy


– Fui na agência do banco do papai aqui nessa cidade, forneci alguns dados para eles, e eles me deram um novo cartão.


– Assim, tão fácil? - Eu perguntei.


– Eles fazem cartão para qualquer um, o que eles querem é receber dinheiro. - respondeu Gabe.


– E como vai pagar as dividas do cartão? - Pergunta Sammy.


– Isso é detalhe. - Responde Gabe.


– Isso é um a-b-sur-do! - Diz Sammy, jogando uma almofada no irmão. - Irresponsável! - Ela grita e vai para o quarto batendo a porta.


Dessa vez eu tinha que concordar com Sammy, Gabe não tinha necessidade de fazer aquilo.


– Por que está fazendo isso Gabe? - Eu perguntei me sentando no sofá.


– Cara! Não sabemos o dia de amanhã, pra que ficar me preocupando - ele disse.


– Na verdade você esta preocupado, não está? - Eu perguntei.


– De verdade? - Ele disse. -Não! De nada vai adiantar eu ficar chorando o leite derramado, ou chorando pelos cantos, nada vai trazer meu pai de volta, ou minha vida de volta, não tenho paciência para ver a Sammy ficar chorando, e sinceramente, eu estava muito bem sem ela na minha vida, eu estava muito bem quando cuidava apenas de mim mesmo, ela poderia ter ficado com a mamãe na casa dela. Ela só atrapalha a minha vida, e tomara que a mamãe venha e leve ela embora, mas eu vou para outro lugar. Eu cresci sem elas, posso continuar a vida sem elas muito bem.


Eu fiquei paralisado escutando, não tinha nenhuma reação, era estranho alguém que tinha família querer se livrar dela e ficar sozinho, e o meu medo era justamente esse, ficar sozinho. Quando ia abrir a minha boca para dizer alguma coisa, só vejo um vulto correndo em direção a porta. Era Sammy. Ela havia escutado o que Gabe disse.


– Aí Meu Deus! - Eu disse.


Ela havia aberto a porta, e saído correndo, eu me levantei e corri atrás dela e a chamava, Gabe também se levantou e foi atrás de mim, ela já havia descido o elevador, e chegado no hall do hotel, assim que chegamos, ela saia pela porta e atravessava a rua, corríamos mas do que podíamos mas não a alcançamos, quando escultamos um estridente barulho de freio seguido de um grande som de impacto. Algo havia se chocado com um carro.


Eu e Gabe saímos correndo pela porta do hotel, muitas pessoas já se amontoavam em volta do acidente, eu pensava “tomara que não tenha sido com a Sammy”, ao mesmo tempo não enxergamos ela em canto nenhum. Gabe correu até o carro, eu fui atrás dele, alguém da multidão gritou “ é uma garota”, ela estava caída na frente do carro, empurramos as pessoas na nossa frente, abrindo caminho, chegamos mais perto e vimos um amassado no carro, corri para perto e vi Sammy no chão, deitada, imóvel, o motorista parecia estar se recuperando do susto e ia saindo do carro.


– É ela Gabe! - Eu gritei e corri para o lado dela. - Chamem uma ambulância! - eu gritei para as pessoas que se amontoavam cada vez mais. Gabe despertou em fúria e foi correndo para onde estava o motorista.


– Seu imbecil! Ela é minha irmã, O que fez com ela? Não olha para onde anda? - Disse Gabe acertando o olho direito do cara. Algumas pessoas tentavam apartar a briga, mas Gabe em uma chacoalhada colocou seis no chão. Ele parou espantado com o que fez.


Eu estava ao lado de Sammy, não mexia nela, apenas verificava se estava saindo sangue de alguma parte do corpo dela, e aparentemente não, olhei para a frente do carro e estava completamente amassada, como se o carro tivesse atropelado um boi e não uma garota de 18 anos pesando peso pena.


– Sammy! Que você esteja viva! - Disse encostando meu ouvidos perto das narinas dela para ver se tinha respiração.


Escutei um gemido.


– Sammy? - Eu a chamei. Nisso a ambulância chegou e abriu caminho.


Me empurraram de lado, enquanto checavam os sinais vitais dela. Fui para perto de Gabe, que olhava atento os caras da ambulância. Eles a colocaram na maca e chamou por mim.


– O que você é dela? - Perguntou o enfermeiro.


– Amigo! - Eu respondi. - Mas, ele é irmão dela. - apontei para Gabe e ele veio.


– Como ela está? - Perguntou Gabe.


– Inacreditavelmente bem! - Ele disse. - Com a pancada que recebeu, sinceramente, era para se esperar o pior, na frente do carro deu quase perda total, e ela não tem nenhuma fratura, vamos leva-la para o hospital para ela fazer alguns exames e ficar em observação até amanhã. Podem nos acompanhar se quiserem! - Disse o enfermeiro.


– Claro!. - Dissemos.


Pegamos o carro e seguimos para o hospital, chegando lá Gabe fez a ficha dela, perguntado sobre os pais, Gabe disse que eles estavam viajando e que logo iria comunica-los. Sammy passou por uma bateria de exames, e o médico veio nos comunicar.


– Samantha Austen já está no quarto, e felizmente está tudo bem com ela, nada de hemorragia, nada de fratura, nada de nada, do que ela é feita? - O médico disse dando uma risadinha.


Que bom que ele estava fazendo piadinhas, isso com certeza era bom sinal. Eu pensei.


– Podemos vê-la Doutor? - Eu perguntei.


– Claro que sim. - Ele disse. - Ela deve permanecer em repouso pelo menos até amanhã.


– Sim, Obrigado.! Respondemos.


O médico nos cumprimentou e saiu.


– Vamos Gabe, acho que você deve mil perdões a sua irmã! - eu disse.


– Ela vai querer me matar, e me arremessar na frente de um carro quando puder. - Ele respondeu.


– Bem, pelo menos eu saberia o porque! - Eu disse.


Entramos no quarto. Sammy estava deitada na cama, tinha só alguns arranhões no rosto e no braço, inacreditavelmente só escoriações.


– Como esta a Mulher de ferro? - Eu disse tentando distrair.


– Você tá achando graça? - Ela disse e eu fiquei com cara de idiota. Daí ela deu risada, porque eu tinha ficado sem graça.


Gabe entrou logo atrás de mim e disse:


– Deu um susto na gente.


Acho que você não ia se importar em se livrar de mim. - Disse ela séria.


– Não disse aquilo por mal, estava de saco cheio, me desculpa?


– Não sei, vou pensar no seu caso.- Ela disse.


– O médico me disse que eu sou um milagre! Sabia?- disse ela para mim.


– Você se lembra de alguma coisa da hora do acidente? - Eu perguntei a ela, me sentando na poltrona ao lado.


– Sim, fui atravessar a rua, o sinal estava fechado, eu juro,o carro veio, e o que fiz foi colocar a mão na frente do carro para me proteger, foi reflexo, sei-la, o carro não pareceu chegar a tocar em mim, era como se eu o tivesse parado com as mãos! - disse ela, séria olhando para as mãos.


Eu a olhava curioso, e Gabe estava com ar de riso.


– A super girl? Ou a She Hulk?- Disse Gabe.


Sammy arqueou a sobrancelha não gostando do comentário.


– Tudo bem, não está mais aqui quem falou! - Ele disse. - Mas sabe, eu dei uma de super-homem também! - Disse ele. - estava eu tirando satisfação com o filha da mãe do motorista, quando uns seis caras veio me segurar, na hora da raiva eu só me desvencilhei deles, nada mais que isso, e eles caíram no chão como se eu tivesse dado um super soco em cada um.


– O que vocês andaram comendo? - eu disse.


– Vamos fazer um teste? - Disse Sammy de repente. - Alex! Dá um soco no Gabe!


– O que? - Ficou Maluca? - Eu disse.


– É um teste, mas tem que dar com vontade. - Ela disse.


Eu olhei para Gabe, ele olhou para mim e sorriu.


– Tudo bem Alex, Vai lá, me acerta! Eu sobrevivo! - Disse Gabe.


– Tem certeza? - Eu disse.


– Tenho! Se isso vai deixar minha irmãzinha feliz! - Diz Gabe.


– Isso é ridículo mas lá vai! - Eu me levantei e parti para briga de mentirinha com Gabe, aquilo era loucura e estupidez. Eu juntei forças nos meus punhos e foi direto no meio do rosto dele.


–Tudo bem Gabe? - eu perguntei.


Sammy dava risada, Gabe levou as mão no rosto. Minhas mãos nem latejavam e eu tinha certeza que o tinha acertado forte.


– Gabe de repente tirou as mão do rosto e disse:


– Eu não estou sentindo nada e nem tá sangrando!


– Não acredito! - Diz Sammy. - Ah! Não teve graça! - Diz Sammy, fazendo careta.


– Agora é sua vez Alex! - diz Gabe.


Eu estava de costas e só deu tempo de me virar, e segurar firme o vaso de flores que vinha na direção do meu rosto.


– Que reflexo! - Diz Gabe.


– O que está acontecendo com a gente? - Pergunta Sammy, meio assustada.


–O que esta acontecendo é que estamos com reflexos apurados, força apurada, e definitivamente, não sei o que está acontecendo com a gente! - Eu disse.


Eu estava perplexo, Sammy estava perplexa e Gabe estava maravilhado.


Era 22:11 da noite, estávamos nós três no quarto,eu sentado na poltrona pensando, Sammy deitada na cama pensando, e Gabe andava de um lado para o outro inquieto.


– Sammy o olhou suspirou e disse:


– Gabe? Você quer ir ao bar, não quer? - Ela disse.


– Não tudo bem! - ele respondeu.


– Não, eu quero que você vá! Aliás eu quero que os dois vão! - Ela disse


– Não, você não está bem! - ele disse


– É claro que eu estou bem, posso sair daqui agora e pular de bungue jump,mas o médico mandou eu ficar. Mas eu quero que você se divirta.


– Tem certeza? Ainda está brava comigo? - Pergunta ele fazendo cara de cachorrinho abandonado.


– Você está desculpado! Você é uma encrenca mesmo! - Ela disse.


– Então eu vou! Vamos Alex? - Disse Gabe


– Não! Eu fico! - Disse.


– Sammy e Gabe me olhou.


– Se ele pode ir, você também pode Alex! - Disse Sammy, quase pulando da cama.


– Não quero ir, só isso. Outro dia eu vou, hoje eu fico fazendo companhia pra você! E aliás eu nem estou bem apresentável!.


– Gabe sacudiu a cabeça e sorriu.


– Você continua o mesmo de sempre, não é Alex? - Diz Gabe.


Ele vai até a irmã e lhe dá um beijo na testa, finalmente um ato de carinho. Ele nos deseja boa noite e sai.


– Tudo bem pra você mesmo Sammy? - perguntei.


– Tudo! Sabe, ele é a única coisa que eu tenho da minha família, por agora, não adianta brigar, as brigas nos levaram a essa situação, e ele viveu sozinho esse tempo todo fazendo tudo que queria,ele não estava preparado para tomar conta de mim, ele é assim, não tem como mudar. Ele não me enxerga como uma responsabilidade dele. Ele não teve uma mãe presente, isso é muito ruim, minha mãe não se importava com ele, e isso era terrível pra mim, porque eu amo o meu irmão e sentia a falta dele e do meu pai, mas acho que ele aprendeu a viver sem a gente. É compreensível ele ser assim. Eu fiquei triste quando ele disse aquilo, mas.... tudo bem.. já passou. Ele não é maduro como você.


– Esse maduro, pareceu velho! - Eu disse.


– Ela sorriu pra mim e disse:


– E você? É um Banana mesmo! - Ela disse. - Podia ter ido no barzinho, pegar umas gatinhas! - Disse Sammy imitando um garoto falando.


– Não estou com muito ânimo! - Eu disse apoiando meu queixo na mão.


– Você é gay Alex? - Disse Sammy séria, quase prendendo o ar.


– Eu já disse pra você que não! - Eu disse meio alto e constrangido.


– Tem certeza? - Ela perguntando ainda séria.


– Absoluta! - Eu disse. Ela ainda parecia cética, então eu disse – Já namorei uma garota.


– Ela suspirou aliviada. Um Gay a menos no mundo ela disse.


– Uma? Só uma? - Ela emendou. Com aquela fala exagerada dela.


– Você está acostumada com o Gabe, mas não sou de ficar com várias garotas! - Eu disse.


Sammy sorriu.


– Você tinha muitas garotas atrás de você? - Sammy perguntou.


Algumas! - Eu respondi.


– Como é que duas pessoas tão diferentes conseguem ser amigas? - Ela disse - Meu irmão já saiu com praticamente todas as garotas daquela cidade!- Ah! Já sei! - Ela disse apontando o dedo pra mim! - É por isso! meu irmão não deixou nenhuma pra você! - Sammy disse isso e caiu na gargalhada. Eu também comecei a rir. E logo ela disse.


– O que podemos fazer pra passar o tempo? .


Ruídos vinha do quarto onde a Sammy estava no hospital, mas era da TV, uma simpática enfermeira trouxe uma televisão para nós, a Sammy disse que ela estava afim de mim por isso trouxe a TV. Nada a ver, eu disse, porém uma outra hora que ela veio verificar se a Sammy estava bem, antes de sair ela piscou pra mim.


– Uh Lá-lá! Senhor olhos azuis, cabelos loiros! - Sammy disse para mim gargalhando.


– Não tem Graça! - Eu disse!


– Vai lá Alex! Não tem ninguém mais perambulando no hospital! - Diz Sammy


– Claro que não vou! - eu retruquei.


– Depois diz que não é gay! - Diz Sammy me provocando.


–Eu não sou gay, posso provar pra você quando eu quiser! - disse. Provocação trocada não deveria doer.


– Sammy caiu na risada. Ela estava se divertindo.


– Olha! Quase acreditei hein! - Ela disse.


– O que você quer, não estou a perigo, sei me controlar, e ainda você quer empurrar a bruxa de joão e maria pra cima de mim! Você viu o tamanho do nariz dela? - Eu disse gesticulando a forma de um nariz enorme.


– É pra te cheirar melhor, Alex! - Disse Sammy em risos.


Além do mais a enfermeira era uma senhora de uns quarenta e tantos anos, de um enorme traseiro, que acompanhava o tamanho da cintura dela, cabelos emaranhados, presos num coque mal feito. Fazer o que? Nem todas as senhoras eram iguais a Madonna.


Era cômico mas serviu pra passar o tempo. Depois de tanto rir, pegamos no sono.


Amanheceu, acordei meio torto por dormir na poltrona, Sammy ainda dormia, olhei no relógio era 8:45, onde estaria Gabe?. Me ajeitei na poltrona para não fazer barulho, levantei, e fui ao banheiro, voltei, andei pelos corredores do hospital, percebi que tinha mais pessoas andando por lá também. O pessoal estava agitado, corre, corre para se organizarem, os agentes da saúde, iam vacinar as pessoas internadas no hospital e os funcionários.


Voltei para o quarto e Sammy já estava acordada, ela tinha ido ao banheiro e escovado os dentes.


– A que horas vou receber alta hein? - Ela resmungou, estava impaciente.


– Vão vacinar as pessoas daqui! - eu disse a ela.


– Temos que sair antes que comecem! - Ela disse. - O Gabe não apareceu? - Ela perguntou.


– Não! - Eu respondi.


A enfermeira bruxa do João e Maria entrou no quarto. Sammy perguntou a ela do médico, a que horas ele iria libera-la, a enfermeira disse que o médico só viria na parte da tarde.


Sammy fez cara de decepcionada, e novamente a enfermeira me deu uma olhada daquelas, parecia que queria me comer com os olhos. Eu desviei o olhar.


– Vou ter que ficar de castigo aqui até a tarde! - resmungava Sammy.


– Vai! - Disse a enfermeira e saiu.


– Que essa tarde chegue logo. - Disse Sammy.


10:30 começam a aplicar a vacina nas pessoas, eu e Sammy já tínhamos sido vacinados, então não iriamos receber outra dose. Sorte nossa.


11:30 metade das pessoas no hospital já haviam sido vacinadas, eu estava no quarto com Sammy, ela já havia vestido sua roupa, e estava sentada na cama e eu na poltrona.


12:30 todos do hospital já estavam vacinados. Eu e Sammy estávamos, no quarto a portas fechadas assistindo a TV, o noticiário local dizia que a vacinação tinha sido um sucesso.


13:30 nada do médico da Sammy, nada do Gabe, nada de ninguém, aliás estava um silêncio perturbador no hospital.


14:30 silêncio total no hospital, e na rua, não ouvia nem mais barulho de carros. Sammy olhou para mim.


– De novo não!Vamos ficar aqui em silêncio! - eu disse.


– Não é melhor sairmos enquanto à tempo? - Disse Sammy.


Eu pensei, e realmente era o melhor a ser feito.


Vamos sair, e o que for que seja visto ou escutado não olhe para trás. - Eu disse.


Agarrei a mão da Sammy, abrimos a porta, assim que colocamos os pés para fora do quarto, a energia inteira do hospital acabou. Ficamos na escuridão.



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Autor(a): natacha_lopes

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