Fanfic: Sr. Uckermann `Adaptada` | Tema: Vondy

  Ela me amava o suficiente, mas com certeza não gostava tanto assim de mim. Por mim, tudo bem, porque gostava dela o suficiente por nós duas.
  Fernando era um homem decente, e eu me perguntava se ele seria capaz de trazer de volta a mãe que u tinha antes de May ficar doente. A mãe que costumava sorrir. A mãe que conseguia olhar para mim. A mãe que me amava, mas que não gostava tanto assim de mim. Eu sentia mesmo falta daquela mãe.
  Roendo as unhas pintadas de preto, suspirei. O padre falava de May como se a tivesse conhecido. Ele não a conheceu. Nós nunca tínhamos ido à igreja, por isso o fato de estarmos ali agora parecia um pouco dramático. Minha mãe sempre disse que a Igreja estava dentro de nós e que poderíamos encontrar Deus em qualquer coisa, então não havia nenhuma razão para irmos lá. Todos os domingos. Na minha opinião, isso era apenas maneira de dizer: “Eu prefiro dormir até mesmo mais tarde aos domingos. “
  Não dava para ficar dentro daquele igreja por um segundo a mais. Para um lugar de oração e fé, o ambiente propaga uma forte sensação de asfixia.
  Virei a cabeça para as porta das igreja na hora em que meus ouvidos foram invadidos por mais um cântico de louvor. Ai, meu Deus! Quantos louvores existem? Levantando-me do banco, andei até o lado de fora, sentido o calor do verão aquecer minha pele. Estava mais quente do que nos anos anteriores. Alguns pingos de suor começaram a rolar da minha testa antes mesmo de eu chegar aos degraus. Puxando o vestido preto que havia sigo obrigada a usar, tentei não bambear sobre a altura pouco familiar de meus saltos.
  Algumas pessoas provavelmente pensariam que era estranho eu estar usando o vestido que minha irmã morta havia escolhido. Mas essa era May. Ela sempre foi um pouco mórbida, falando de sua morte antes mesmo isso de ser uma possibilidade, antes mesmo de ficar doente, desejando que eu estivesse o mais bonita possível em seu funeral. O vestido estava um pouco apertado na cintura, mas não reclamei. Quem lá ia dar a mínima para as minhas reclamações?
  Sentada no degrau mais alto da igreja, me apoiei nos cotovelos, colocando-os de maneira que eu sentia uma ligeira dor pela pressão que fazia contra o cimento. Funerais eram chatos. Observei uma formiga caminhar pelo degrau mais alto, parecendo tonta e confusa, andando sem ruma.
  - Bem, parece que você e eu temos muito em comum, Sra. Formiga.
  Protegi meus olhos do sol e olhei para o céu azul. Céu azul idiota, transbordando felicidade. Mesmo cobrindo os olhos, o sol ardia em mim, aquecendo-me com remorso e culpa.
  Fiquei de cabeça baixo enquanto estuda os degraus de cimento, circulado a ponta dos meus saltos. Não tinha certeza disso, mas estava começando a achar que a solidão era uma doença. Uma doença infecciosa, nojenta, que demorava a entrar em seu corpo e então te dominava, mesmo que você tentasse combate-la ao máximo.
  - Estou interrompendo? – perguntou uma voz atrás de mim. A voz de Bentley.