Fanfics Brasil - 101 Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny

Fanfic: Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny | Tema: anahi e alfonso


Capítulo: 101

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* * *


 


Na noite passada, fui tomar um drinque com  Della.  Camilla  estava  visitando  a irmã, então, na volta, viemos a pé pela margem do  rio.


 


-Poncho vai viajar — falei.


- Que ótimo — ela comentou.


Pobre Della. Ela se esforçava para não me questionar sobre o nosso futuro — para não pensar em como essa viagem inesperada poderia mudar tudo —, mas eu desconfiava que ela jamais indagaria. Não antes de tudo ter se   resolvido.


Caminhamos, observando os cisnes, sorrindo para os turistas nos barcos, que espirravam água sob o sol do fim de tarde. Ela falava que isso poderia ser ótimo para Poncho, e talvez mostrasse que estava se adaptando à situação. Era  algo simpático de se dizer, pois eu sabia que, sob certos aspectos, ela realmente esperava que tudo aquilo chegasse ao fim. Afinal, foi o acidente de Poncho que acabou com nosso plano de morar juntos. No fundo, ela esperava que minha responsabilidade em relação a ele um dia findasse e eu me tornasse    livre.


Segui ao seu lado, sentindo a mão dela apoiada  em  meu braço, ouvindo  sua voz musical. Não podia dizer a verdade, a que poucos de nós sabiam. Que, se a garota fracassasse com seus ranchos, bungee jumpings, banheiras quentes e não sei mais o quê, estaria, paradoxalmente, me libertando. Pois eu só deixaria minha família se Poncho resolvesse ir para aquele lugar infernal na  Suíça.


Eu sabia, e  Camilla  também. Mesmo que  nenhum  de  nós  admitisse. Só  com a morte de meu filho eu ficaria livre para viver a vida  que   quisesse.


- Não — ela disse, percebendo a minha expressão.


Querida Della. Era capaz de adivinhar meus pensamentos, mesmo quando eu não reparava neles.


- É uma boa notícia, Steven. De verdade. Nunca se sabe, este pode ser o início de uma vida nova e independente para Poncho.


Coloquei minha mão sobre a sua. Um homem mais corajoso teria dito o que realmente pensava. Um homem mais corajoso teria deixado Della há muito tempo (não só ela como talvez até a esposa também.)


- Tem razão — concordei, forçando um sorriso. — Vamos  torcer  para  que ele volte cheio de histórias de bungee jumping ou seja lá qual for a coisa horrorosa que os jovens gostam de fazer.


Ela concordou com a cabeça.


- Ele pode convencer você a instalar uma coisa dessas no castelo.


- Canoagem no fosso? — perguntei. — Vou pensar nisso para a próxima temporada de verão.


Imaginando essa improvável cena, continuamos andando, dando risadas de vez em quando, até onde guardavam os barcos.


Então, Poncho teve pneumonia. 


Entrei correndo no pronto-socorro. O enorme mapa do  hospital e  minha  natural falta de senso de direção contribuíram para que eu levasse uma eternidade para encontrar a ala onde ficavam os pacientes graves. Tive de perguntar três vezes até alguém me indicar a direção certa. Finalmente, abri a porta de vaivém da Enfermaria C12, ofegante, e Christian estava lá no corredor, sentado,  lendo  o jornal. Levantou o olhar quando me  aproximei.


- Como ele está?


- Respirando com ajuda de aparelhos. Estável.


- Não entendo. Ele estava ótimo na sexta à noite. Tossiu um pouco no sábado de manhã, mas... isso? O que houve?


Meu coração estava acelerado. Sentei-me um instante, tentando recuperar o fôlego. Correra sem parar desde que recebera a mensagem de texto de Christian, uma hora antes. Ele se levantou e dobrou o jornal ao meio.


- Não é a primeira vez que isso acontece, Any. Ele tem uma bactéria nos pulmões, sua tosse não funciona como a das outras pessoas, ela piora muito rápido. Tentei aplicar algumas técnicas de desobstrução na tarde de sábado, mas Poncho estava com muita dor. Teve uma febre repentina, depois começou a sentir uma dor penetrante no peito. À noite, precisamos chamar a ambulância.


- Droga — eu disse, me inclinando. — Droga, droga, droga. Posso entrar no quarto?


- Ele está bem grogue. Não vai conseguir nada. E a Sra. H. está lá.


Deixei minha mochila com Christian, lavei as mãos com loção antibacteriana, empurrei a porta e entrei.


Poncho estava no leito, coberto por um lençol azul, tomando soro e cercado de máquinas que emitiam bips intermitentes. O rosto estava meio oculto por uma máscara de oxigênio e seus olhos estavam fechados. A pele parecia cinza, tinha uma brancura azulada que fez algo encolher dentro de mim. A Sra. Herrera estava sentada ao lado dele, com uma mão sobre seu braço coberto. Encarava, distraída, a parede à sua frente.


- Sra. Herrera — cumprimentei. Assustada, ela olhou para mim.


- Ah, Anahi.


- Como... como ele está? — Eu queria me aproximar e segurar a outra mão de Poncho, mas não me sentia à vontade. Fiquei parada à porta. Ela estava tão abatida que só entrar no quarto já parecia   invasivo.


- Melhorou um pouco. Deram uns antibióticos bem fortes para ele.


- Tem... alguma coisa que eu possa fazer?


- Acho que não. Nós... nós só temos de esperar. O médico deve voltar    daqui a mais ou menos uma hora. Espero que possa nos dar mais informações.


O mundo parecia ter parado. Fiquei ali mais um pouco, com o bip  contínuo das máquinas gerando um ritmo na minha cabeça.


- Quer que eu fique um pouco com ele? Para a senhora descansar?


- Não. Acho que vou ficar mais um pouco.


Parte de mim esperava que Poncho ouvisse minha voz. Parte de mim esperava que ele abrisse os olhos por cima daquela máscara transparente de plástico e dissesse:


- Portilla. Sente-se, pelo amor de Deus. Você está bagunçando o quarto. Mas ele continuou deitado imóvel lá.


Passei a mão pelo rosto.


- Quer... quer que eu traga  algo para beber? A Sra. Herrera me olhou.


- Que horas são?


- Quinze para as dez.


- É mesmo? — Ela balançou a cabeça, como se fosse difícil acreditar. — Obrigada, Anahi. Seria... Seria muita gentileza. Tenho a impressão de estar aqui há muito tempo.


Eu tive folga na sexta-feira, em parte porque os Herrera insistiram  que eu merecia um descanso, mas o principal motivo foi que eu só podia conseguir um passaporte indo a Londres de trem e entrando na fila em Petty France. Na sexta à noite, quando voltei, passei no anexo para mostrar a Poncho o que tinha conseguido e conferir se o passaporte dele ainda estava válido. Achei-o um pouco calado, mas nada muito fora do comum. Em alguns dias ele se sentia mais desconfortável do que em outros. Concluí que aquele era um desses dias.  Na  verdade,  minha cabeça estava tão cheia com nossos planos de viagem que eu só conseguia pensar nisso.


Passei a manhã de sábado pegando minhas coisas na casa de Manuel com a ajuda de papai, à tarde fui até a avenida principal fazer compras com mamãe, pois precisava de um maiô e de algumas outras coisas para a viagem. Dormi na casa de meus pais no sábado e no domingo; ficou bem apertado, com Treena e Thomas lá também. Na segunda de manhã, levantei-me às sete para estar na casa dos Herrera às oito. Quando cheguei, estava tudo fechado, as portas da   frente e dos fundos trancadas. Não deixaram nenhum bilhete. Parei no portão da frente e liguei para Christian três vezes, mas ninguém atendeu. O telefone da Sra. Herrera caiu na caixa-postal. Fiquei sentada na escada quarenta e cinco minutos até receber a  mensagem de texto de  Christian.


 


Estamos no hospital do condado. Poncho está com pneumonia. Enfermaria C12


 


Christian foi embora e fiquei sentada do lado de fora do quarto de Poncho por mais uma hora. Folheei revistas que alguém devia ter deixado sobre a mesa em 1982, depois peguei um folheto na mochila e tentei ler, mas era impossível me concentrar.


O médico apareceu, mas não achei certo entrar no quarto enquanto a mãe de Poncho estivesse lá. Quando ele saiu, quinze minutos depois, a Sra. Herrera veio logo atrás. Não sei se ela me contou apenas porque precisava falar com alguém e eu era a única pessoa ali, mas disse num tom de voz baixo e aliviado que o médico estava bastante confiante de que a infecção tinha sido controlada. Era uma bactéria muito forte. Por sorte, Poncho havia ido logo para o hospital. Ela terminou a frase dizendo:


- Senão... — e a palavra ficou pendurada no silêncio entre nós.


- O que fazemos agora? — perguntei. Ela deu de ombros.


- Esperamos.


- Quer que eu compre alguma coisa para a senhora comer? Ou prefere que fique aqui enquanto almoça?


De vez em quando, eu e a Sra. Herrera conseguíamos nos entender. O rosto dela suavizava um pouco, perdia a rigidez habitual e, de repente, eu notava como ela estava exausta. Acho que tinha envelhecido uns dez anos desde que eu fora trabalhar com eles.


- Obrigada, Anahi — disse. — Gostaria muito de ir em casa  trocar  de roupa, se você puder ficar com ele. Não quero deixá-lo sozinho.


Quando ela saiu, entrei no quarto, fechei a porta e sentei-me ao lado de Poncho, que parecia estranhamente ausente. Era como se o Poncho que eu conhecia tivesse tirado umas férias rápidas, deixando apenas a casca. Me perguntei se era assim quando alguém morria. Depois me obriguei a parar de pensar em morte.


Fiquei ouvindo o tique-taque do relógio, o eventual murmúrio de vozes vindo lá de fora e o suave rangido dos sapatos sobre o linóleo. Uma enfermeira veio duas vezes checar vários controles, apertou alguns botões, tirou a temperatura dele e nem assim Poncho se mexeu.


- Ele está... bem, certo? — perguntei.


- Está dormindo — respondeu ela, segura. — É o melhor que pode fazer, no momento. Não se preocupe.


É fácil dizer isso. Mas, naquele quarto de hospital, eu tinha muito em que pensar. Pensei em Poncho e na rapidez assustadora com que ficou gravemente doente. Pensei em Manuel e no fato de — mesmo quando juntei minhas coisas no apartamento dele, retirei e enrolei meu calendário da parede, dobrei e coloquei na mala as roupas que eu tinha guardado com tanto cuidado nas gavetas —   não


 


ter ficado triste como achei que ficaria. Não me senti desolada, nem deprimida, nem nenhuma das coisas que se deve sentir ao terminar um relacionamento de anos. Fiquei muito calma, levemente triste e talvez um pouco culpada pela separação e pelo fato de não me sentir como achava que deveria. Mandei duas mensagens de texto para ele dizendo que sentia muito e que esperava que ele se saísse muito bem no Norseman Xtreme. Mas ele não respondeu.


Uma hora depois, inclinei-me sobre a cama, levantei o lençol que cobria o braço de Poncho e lá estava a mão dele, levemente bronzeada, sob o lençol branco. Tinha uma cânula no dorso, presa com fita cirúrgica. Quando virei a mão, vi que as cicatrizes ainda estavam bem nítidas no pulso. Por um momento me perguntei se algum dia sumiriam, ou se para sempre seriam um lembrete do que ele tentou fazer.


Segurei carinhosamente os dedos dele nos meus e fechei a mão. Estavam quentes, eram dedos de alguém bem vivo. Eles se encaixaram tão bem nos meus que fiquei assim, observando os calos que mostravam que não tinha passado a vida apenas atrás de uma mesa de trabalho, as unhas rosadas que sempre teriam de ser cortadas por outra pessoa.


Poncho tinha mãos de homem; atraentes e com dedos quadrados. Percorri os nós dos dedos. Uma pequena parte de mim se  perguntou se eu ficaria constrangida caso Poncho abrisse os olhos, mas não me importava. Senti que, com certeza, seria bom para ele ficar de mão dada comigo. Esperava  que, de alguma forma, além da barreira daquele sono químico, ele  concordasse  com aquilo; fechei os olhos e esperei.



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Autor(a): day

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* * *   Finalmente, pouco depois das quatro, Poncho acordou.  Eu  estava  no corredor, esticada nas cadeiras, lendo um jornal que alguém jogara fora, e dei um pulo quando a Sra. Herrera veio falar comigo. Parecia um pouco mais animada ao dizer que ele estava conversando e queria me ver. Disse também que ia descer e ligar para o Sr. Herrera ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 121



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  • milaaya16 Postado em 08/12/2017 - 20:36:40

    Não entendi o final :(

  • franmarmentini♥ Postado em 24/07/2016 - 01:43:42

    Continua por favor....toda vez q leio esse final.morro de tanto soluçar.... Queria tanto eles juntos ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:49:36

    ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:29:54

    ;( quando vc vai postar mais??????

  • franmarmentini♥ Postado em 09/05/2016 - 09:57:36

    VC NAO MUDOU O FINAL????????

  • Beca Postado em 19/04/2016 - 09:36:55

    CHEGUEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:03:17

    Onde está a porta da licença poética? Pq vc não mudou esse final?

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:02:31

    Day nunca terminei de ler uma fic sua com tanta raiva

  • Mila Puente Herrera ® Postado em 15/02/2016 - 19:54:58

    AI MDS MORTAAAAAAA AQUI :O DESIDRATADA DE TANTAS LÁGRIMAS OQ FO ESSE FIM????

  • franmarmentini♥ Postado em 24/01/2016 - 23:47:49

    Day pelo amor de deus...vc não deixa ele morrer....Plis... Cadê a noite de amor deles????? ;(


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