Fanfics Brasil - 105 Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny

Fanfic: Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny | Tema: anahi e alfonso


Capítulo: 105

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* * *


 


Na quarta noite, Christian anunciou, apenas um pouco constrangido, que tinha um encontro. Karen era uma amiga neozelandesa hospedada no hotel ao lado e ele tinha concordado em ir com ela ao centro da cidade.


- Só para garantir que ela vá ficar bem. Você sabe... não sei se é um lugar bom para ela ir sozinha


- É — disse Poncho, balançando a cabeça, solenemente. —  Muito cavalheiresco de sua parte, Chris.


- Eu acho que é uma atitude muito responsável. Muito cívica — concordei.


- Sempre admirei Christian por sua abnegação. Sobretudo quando se trata do sexo oposto.


- Danem-se vocês dois — disse Christian com um sorriso  escancarado, e sumiu.


Karen logo se tornou uma companhia constante. Christian desaparecia com ela quase todas as noites e, embora voltasse para cumprir suas obrigações da noite, nós, tacitamente, demos a ele todo o tempo possível para que se  divertisse.


Além do mais, eu estava secretamente satisfeita. Gostava de  Christian e  me sentia grata por ele ter vindo, mas preferia quando ficávamos só Poncho e eu. Gostava da espécie de taquigrafia em que mergulhávamos  quando  ninguém estava por perto, da intimidade fácil que surgiu entre nós. Gostava do jeito como ele virava o rosto e me olhava com deleite, como se, de algum modo, eu tivesse me tornado muito mais do que  ele  esperava.


Na penúltima noite, eu disse a Christian que não me incomodaria  se ele quisesse trazer Karen para o complexo. Ele vinha passando as noites no hotel dela e eu sabia que aquilo era complicado para ele, andar vinte minutos de cada vez para preparar Poncho para dormir.


- Não me importo. Se isso vai... você sabe... lhe dar um pouco de privacidade.


Ele ficou animado, já pensando na noite que teria, e não disse nada mais que um entusiasmado “Obrigado, companheira”.


- Que gentil de sua parte — disse Poncho, quando contei para ele.


- Que gentil de sua parte, você  quer  dizer  — respondi. — Foi o seu quarto que cedi à causa.


Naquela noite, colocamos Poncho no meu quarto, e Christian ajudou Poncho a se deitar e lhe deu o remédio enquanto Karen aguardava no bar do hotel. Troquei de roupa, vestindo a camiseta e a calcinha e então abri a porta do banheiro e me esparramei sobre o sofá, com o travesseiro embaixo do braço. Senti o olhar de Poncho me acompanhando, e me senti estranhamente consciente de que eu passara quase toda a semana anterior andando por aí de biquíni na frente dele. Encaixei meu travesseiro no braço do sofá.


- Portilla?


- O quê?


- Você realmente não precisa dormir aí. Esta cama é grande o bastante para caber um time de futebol inteiro.


O fato é que eu nem sequer tinha pensado nisso. Pois é. Talvez os dias que passamos quase despidos na praia nos tivessem feito pirar um pouco. Talvez fosse a ideia de que Christian e Karen estavam do outro lado da parede, enrolados um no outro, num casulo. Talvez eu quisesse apenas ficar perto dele. Comecei a me encaminhar para a cama, então me encolhi ao ouvir um súbito trovão. As luzes falharam, alguém gritou lá fora. No quarto ao lado, Christian e Karen irromperam em risadas.


Fui até a janela e abri a cortina, sentindo a brisa repentina, a queda abrupta da temperatura. Lá fora, no mar, uma tempestade ganhou vida. Flashes dramáticos de raios se partiam em várias direções iluminando o céu por um instante e então, como se fosse um adendo, uma pesada trovoada soou no dilúvio que atingia o telhado do nosso pequeno bangalô, tão barulhenta que abafou tudo.


- Melhor eu fechar as janelas — falei.


- Não, não. Virei-me.


- Deixe as portas abertas — disse Poncho, fazendo  sinal com  a  cabeça. — Quero ver.


Hesitei, mas, devagar, abri com cuidado as  portas  envidraçadas  que davam para o terraço. A chuva martelava todo o complexo do hotel, pingando de nosso telhado, escavando rios que corriam do terraço em direção ao mar. Senti a umidade em meu rosto, a eletricidade no ar. Os pelos dos meus braços se eriçaram na  mesma hora.


- Você está sentindo? — perguntou ele, atrás de mim.


- Parece o fim do mundo.


Fiquei ali, deixando a carga fluir através de mim, os flashes brancos se imprimindo em minhas pálpebras. Isso fez com que minha respiração ficasse presa  na garganta.


Virei-me e caminhei até a cama, sentando-me na beira. Enquanto ele me olhava, me inclinei e delicadamente puxei seu pescoço bronzeado na minha direção. Agora, eu sabia exatamente como mexer nele, como eu poderia fazer com que seu peso, sua solidez, trabalhassem a meu favor. Segurando-o perto de mim, debrucei-me por sobre ele e coloquei um gordo travesseiro branco atrás de seus ombros antes de apoiá-lo novamente sobre sua suave maciez. Ele tinha cheiro de sol, parecia entranhado na pele, e eu me peguei inalando aquele cheiro silenciosamente, como se fosse algo delicioso.


 


Então, ainda não completamente seca, subi na  cama  ao lado dele, tão  perto que minhas pernas tocaram as suas e, juntos, nós observamos o chamuscar branco-azulado à medida que os raios atingiam as ondas, as estacas do guarda- corpo prateadas pela chuva, a delicada massa turquesa cambiante  que  caía  a poucos metros de  distância.


O mundo ao nosso redor pareceu encolher, até  que  ele  fosse  somente  o som da tempestade, o mar azul-escuro cor de malva e as cortinas finas delicadamente se inflando. Senti o cheiro das flores de lótus na brisa noturna, ouvi os sons distantes de copos tilintando, de cadeiras sendo aproximadas às pressas, a música de alguma comemoração ao longe, senti a carga da natureza descontrolada. Alcancei a mão de Poncho e a segurei entre as minhas. Pensei, por um instante, que nunca mais me sentiria tão intensamente conectada ao mundo, a outro ser humano,  como  naquele momento.


- Nada mal, hein, Portilla? — disse Poncho em meio ao silêncio. Diante da tempestade, o rosto dele estava parado e calmo. Ele se virou um pouco e sorriu para mim, e havia algo em seus olhos, algo triunfante.


- É — respondi. — Nada mal mesmo.


Fiquei deitada imóvel, ouvindo a respiração dele lenta e profunda, o som da chuva por trás dela, senti seus dedos cálidos entrelaçados nos meus. Eu não queria voltar para casa. Pensei que poderia nunca mais voltar. Ali, Poncho e eu estávamos seguros, trancados no nosso pequeno paraíso. Toda vez que eu pensava em voltar para a Inglaterra, a grande garra do medo prendia meu estômago e começava a apertá-lo bem forte.


Vai dar certo. Tentei repetir para mim mesma as palavras de Christian. Vai dar certo.


Finalmente, virei-me de lado, de costas para  o  mar, e  olhei para  Poncho. Ele virou a cabeça para me olhar na luz fraca e eu senti que ele me dizia a mesma coisa. Vai dar certo. Pela primeira vez na vida, tentei não pensar no futuro. Tentei apenas estar, simplesmente deixar as sensações da noite passarem por mim. Não sei quanto tempo ficamos assim, apenas olhando um para o outro, mas  aos poucos as pálpebras de Poncho ficaram mais pesadas até que ele murmurasse, se desculpando, que achava que estava... A respiração ficou mais profunda, ele fechou a pequena fenda e caiu no sono, e então eu fiquei apenas olhando o rosto dele, observando que seus cílios eram pequenos pontos separados perto dos cantos dos olhos, que havia novas sardas em seu nariz.


Disse a mim mesma que eu precisava ter razão. Precisava ter    razão.


A tempestade finalmente se dispersou lá pela uma da manhã, sumindo em algum ponto mar adentro, seus lampejos de raiva ficando cada vez mais suaves até desaparecerem por completo, levando a tirania meteorológica para algum outro lugar invisível. Aos poucos, o ar acalmou em volta de nós, as cortinas pararam de esvoaçar, a água que restava foi drenada num gorgolejo. Em  algum momento da madrugada eu me levantei, tirei delicadamente minha mão da de Poncho, fechei as portas envidraçadas, abafando o quarto no silêncio. Poncho acordou, deitei- me novamente ao seu lado, seus olhos tão profundos em mim, com as mãos tremulas ele esforçou ate encostar em meu rosto os dedos trêmulos acariciaram minha face. Sem conseguir me conter eu o beijei  —


E aquela foi uma das melhores noites da minha vida e procurei não pensar em mais nada.



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Autor(a): day

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 121



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  • milaaya16 Postado em 08/12/2017 - 20:36:40

    Não entendi o final :(

  • franmarmentini♥ Postado em 24/07/2016 - 01:43:42

    Continua por favor....toda vez q leio esse final.morro de tanto soluçar.... Queria tanto eles juntos ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:49:36

    ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:29:54

    ;( quando vc vai postar mais??????

  • franmarmentini♥ Postado em 09/05/2016 - 09:57:36

    VC NAO MUDOU O FINAL????????

  • Beca Postado em 19/04/2016 - 09:36:55

    CHEGUEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:03:17

    Onde está a porta da licença poética? Pq vc não mudou esse final?

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:02:31

    Day nunca terminei de ler uma fic sua com tanta raiva

  • Mila Puente Herrera ® Postado em 15/02/2016 - 19:54:58

    AI MDS MORTAAAAAAA AQUI :O DESIDRATADA DE TANTAS LÁGRIMAS OQ FO ESSE FIM????

  • franmarmentini♥ Postado em 24/01/2016 - 23:47:49

    Day pelo amor de deus...vc não deixa ele morrer....Plis... Cadê a noite de amor deles????? ;(


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