Fanfics Brasil - 117 Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny

Fanfic: Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny | Tema: anahi e alfonso


Capítulo: 117

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* * *


 


Não sei o que eu esperava — talvez um tipo de prédio branco perto de um lago, ou montanhas cobertas de neve. Ou uma fachada com cara de hospital, de mármore, com uma placa dourada na parede. O que eu não esperava era percorrer uma área industrial até chegar a uma casa completamente comum, cercada por fábricas e, estranhamente, um campo de futebol. Cruzei o deque, passei por um lago com peixes dourados e entrei.


A mulher que abriu a porta soube imediatamente quem eu procurava.


— Ele está aqui. Quer que a leve lá?


Parei. Olhei para a porta fechada, bem parecida com a que encarei durante todos aqueles meses, no anexo de Poncho, respirei fundo e anuí.


Vi primeiro a cama de mogno, que dominava o quarto, a colcha levemente florida e almofadas meio deslocadas naquela disposição. O Sr. Herrera estava sentado de um lado e a Sra. Herrera, do outro.


Ela  parecia fantasmagoricamente pálida e levantou-se ao me   ver.


— Anahi.


Maite estava sentada numa cadeira de madeira no canto, inclinada para a frente, sobre os joelhos, as mãos postas juntas como se rezasse. Ergueu seu olhar para mim quando entrei, revelando os olhos fundos,  avermelhados  pela  dor, e senti uma breve simpatia por  ela.


O que eu teria feito se Katrina insistisse em seu direito de fazer o mesmo que Poncho?


O quarto era claro e arejado. O piso era de ladrilho, com tapetes caros, e havia um sofá no fundo que ficava de frente para um pequeno jardim. Eu  não sabia o que dizer. Era uma cena tão ridícula, os três sentados ali, como se fossem uma família escolhendo quais pontos turísticos visitariam naquele dia.


Virei-me para a  cama.


- Então — falei. — Imagino que o serviço aqui não seja grande coisa.


Poncho grudou os olhos nos meus e, apesar dos meus temores, de eu ter vomitado duas vezes, de me sentir como se não dormisse há um ano, eu fiquei subitamente contente por ter ido. Contente não, aliviada. Como se tivesse extirpado de mim uma parte dolorosa e incômoda.


Ele então sorriu. Um sorriso adorável, lento, cheio de gratidão. Por mais estranho que fosse, sorri de volta.


- Belo quarto — falei, e na mesma hora percebi a idiotice do comentário. Vi Maite Herrera fechar os olhos e corei.


Poncho virou-se para a mãe:


- Quero falar com Any. Pode ser?


Ela tentou sorrir. Vi um milhão de coisas no jeito como me olhou: alívio, gratidão, um leve ressentimento por ser excluída por poucos minutos, e até a remota esperança de que eu aparecer significasse algo, que aquele destino ainda pudesse ser mudado.


 


- Claro.


Ela passou por mim, desviei-me e ela tocou meu braço, de leve. Trocamos olhares, o dela se suavizou, por um segundo ela pareceu outra  pessoa,  e  se afastou.


- Vamos, Maite — chamou, quando a filha não fez menção de se mover.


Maite levantou-se devagar e saiu em silêncio, o corpo irradiando relutância.


E então éramos só nós dois.


Poncho estava semiescorado na cama, de modo a poder ver a janela à esquerda, onde a fonte no jardim jogava uma fina corrente de água sob o deque. Na parede havia um quadro de dálias. Pensei que era algo horrendo para  se  olhar  nas últimas horas de vida.


- Então…


- Você não vai…


- Não vou tentar fazer você mudar de ideia.


- Se veio até aqui, aceite que a escolha é minha. É a primeira coisa que consigo controlar desde o acidente.


- Eu sei.


E pronto. Ele sabia e eu também. Não havia mais nada que eu pudesse fazer.


Sabe como é difícil não dizer nada? Quando seu corpo inteiro quer fazer o contrário? Eu ensaiara não dizer nada durante todo o caminho do aeroporto até ali, e ainda assim aquilo estava quase me matando. Concordei com a cabeça. Quando, finalmente, falei, a voz era fraca, tremida. Saiu a única coisa que eu podia dizer com segurança.


- Senti sua falta.


Ele então pareceu relaxar.


- Venha aqui. — E, quando fiquei indecisa: — Por favor. Venha. Aqui,  na cama. Bem ao meu lado.


Percebi que havia realmente alívio em sua expressão. Que  estava tão  satisfeito de me ver que não conseguiria expressar. E disse a mim mesma que aquilo precisava me bastar. Faria o que  ele pedira. Precisava ser o   bastante.


Estiquei-me ao lado dele na cama e coloquei o braço ao seu redor. Encostei a cabeça em seu peito, deixando meu corpo absorver aquele suave subir e descer. Senti a leve pressão dos dedos de Poncho nas minhas costas, sua respiração morna nos meus cabelos. Fechei os olhos, sentindo o cheiro dele, ainda era o mesmo de cedro, apesar do frescor do quarto, com o levemente incômodo odor de desinfetante. Tentei não pensar em nada. Tentei apenas ficar  ali,  absorver  o homem que eu amava por osmose, guardar em mim o que sobrava dele. Não falei nada. Ouvi então sua voz. Eu estava tão perto que, quando ele falou, a voz pareceu vibrar  suavemente  em mim.


- Ei, Portilla. Conte alguma coisa boa.


 


Olhei pela janela para o céu azul-claro da Suíça e contei a história de duas pessoas. Duas pessoas que não deviam se encontrar e que não gostaram muito um do outro quando se conheceram, mas que descobriram que eram as duas únicas pessoas no mundo que podiam se entender. Contei as aventuras que tiveram, os lugares onde foram e as coisas vistas que nunca esperaram ver. Conjurei para ele céus cheios de raios, mares iridescentes e noites repletas de risos e piadas bobas. Desenhei para ele um mundo, distante de uma área industrial suíça, um mundo onde ele ainda era, de algum modo, a pessoa que queria ser. Mostrei o mundo que ele tinha criado para mim, cheio de encantos e oportunidades. Deixei que soubesse que uma mágoa tinha se curado de um jeito que ele não podia imaginar, e que só por isso eu estaria para sempre em dívida com ele. Enquanto eu falava, sabia que aquelas poderiam ser as palavras mais importantes que diria e que precisavam ser as palavras certas, que não eram propaganda, uma tentativa de mudar o que ele pensava, mas que respeitavam a decisão dele.


Contei algo bom.


O tempo seguia lento, parado. Éramos só nós dois, eu murmurando no quarto vazio e ensolarado. Poncho não disse muito. Não retrucou, ou fez comentários ácidos ou irônicos. Às vezes, anuía, murmurava algo, ou emitia um pequeno som que podia ser de satisfação ou de alguma lembrança  boa.


- E esses foram — falei — os melhores seis meses da minha vida. Fez-se um longo silêncio.


- Engraçado, Portilla, os meus também.


Então, meu coração se partiu. Meu rosto se contorceu, perdi o controle, apertei-o com força e não me importei que ele sentisse meu corpo estremecer com soluços. Aquilo me sobrecarregou, partiu meu coração, meu estômago, minha cabeça, me invadiu e não pude aguentar. Achei que, sinceramente, não aguentaria.


- Não chore, Portilla — murmurou ele. Senti seus lábios nos meus cabelos. — Por favor. Não faça isso. Olhe para mim.


Fechei os olhos com força e balancei a  cabeça.


- Olhe para mim. Por favor. Eu não conseguia.


- Você está zangada. Por favor. Não quero magoá-la ou fazer você…


- Não… Não é isso. Não quero… — Minha bochecha estava contra o peito dele. — Não quero que sua última imagem de mim seja essa cara inchada e horrível.


- Portilla, você ainda não entendeu, não é? — Percebi um sorriso na voz dele.


- A decisão não é sua.


Levei algum tempo para me recompor. Assoei o nariz, respirei fundo. Por fim, apoiei o corpo no cotovelo e olhei para ele. Seus olhos, que por tanto tempo foram tensos e infelizes, estavam claros e  relaxados.


- Você está absolutamente linda.


- Engraçadinho.


- Venha cá — disse ele. — Bem pertinho de mim.


Eu me deitei de novo, olhando-o. Vi o relógio sobre a porta e  tive,  então, a noção do tempo passando. Coloquei o braço dele em volta de mim, enrosquei braços e pernas de modo a ficarmos bem enlaçados. Peguei sua mão (a boa) e entrelacei meus dedos, beijei o nó dos  dedos  quando apertaram  os  meus. Conhecia seu corpo de um jeito como nunca conheci o de Manuel — suas forças e suas fraquezas, suas cicatrizes e cheiros. Cheguei o rosto tão perto do dele que suas feições ficaram confusas e comecei a me perder nelas. Passei a mão nos seus cabelos, no seu rosto, na sua testa com a ponta dos dedos, as lágrimas escorrendo por meu rosto, meu nariz encostado no dele e ele não parava  de  me olhar em silêncio, atento como se guardasse cada molécula minha. Ele já estava indo para algum lugar impossível de  alcançá-lo.


Beijei-o, tentando trazê-lo de volta. Deixei meus lábios nos  dele  de  maneira que nossa respiração se misturou e minhas lágrimas viraram sal na  sua  pele  e disse a mim mesma que, em algum lugar, pequenas partículas dele virariam pequenas partículas de mim, ingeridas, engolidas, vivas, eternas. Queria apertar cada parte minha nele, deixar alguma coisa minha nele, dar a ele cada pedaço da minha vida e obrigá-lo a  viver.


Percebi que estava com medo de viver sem ele. Com que direito você destrói a minha vida — eu queria perguntar —, e eu não estou autorizada a dizer nada a você sobre isso?


Mas eu tinha prometido. E segurei-o, Poncho Herrera, ex-rapaz esperto da City de Londres, ex-mergulhador, ex-atleta, viajante, amante. Eu o mantive perto e não disse nada, durante todo o tempo repetindo, silenciosamente, que ele era amado.


Não sei quanto tempo ficamos assim. Notei uma conversa do lado de fora, o som de passos, um distante sino de igreja. Por fim, senti que ele dava um grande suspiro, quase um estremecer, e afastou a cabeça apenas um centímetro, para podermos nos ver bem.


Pisquei para ele. Ele deu um pequeno sorriso, quase um pedido de desculpas.


— Portilla — falou, baixo —, pode pedir para meus pais  entrarem?



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Autor(a): day

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Comentários da Fanfic 121



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  • milaaya16 Postado em 08/12/2017 - 20:36:40

    Não entendi o final :(

  • franmarmentini♥ Postado em 24/07/2016 - 01:43:42

    Continua por favor....toda vez q leio esse final.morro de tanto soluçar.... Queria tanto eles juntos ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:49:36

    ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:29:54

    ;( quando vc vai postar mais??????

  • franmarmentini♥ Postado em 09/05/2016 - 09:57:36

    VC NAO MUDOU O FINAL????????

  • Beca Postado em 19/04/2016 - 09:36:55

    CHEGUEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:03:17

    Onde está a porta da licença poética? Pq vc não mudou esse final?

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:02:31

    Day nunca terminei de ler uma fic sua com tanta raiva

  • Mila Puente Herrera ® Postado em 15/02/2016 - 19:54:58

    AI MDS MORTAAAAAAA AQUI :O DESIDRATADA DE TANTAS LÁGRIMAS OQ FO ESSE FIM????

  • franmarmentini♥ Postado em 24/01/2016 - 23:47:49

    Day pelo amor de deus...vc não deixa ele morrer....Plis... Cadê a noite de amor deles????? ;(


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