Fanfics Brasil - 21 Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny

Fanfic: Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny | Tema: anahi e alfonso


Capítulo: 21

10 visualizações Denunciar


Ser atirada para dentro de uma vida totalmente diferente — ou, pelo menos, jogada com tanta força na vida de outra pessoa a ponto de parecer bater com a cara na janela dela — obriga a repensar sua ideia a respeito de quem você é. Ou sobre como os outros o veem.


Para meus pais, em quatro curtas semanas eu fiquei um pouco mais interessante. Passei a ser o canal para um mundo diferente. Minha mãe, particularmente, todo dia me fazia perguntas sobre a Granta House e os hábitos domésticos de seus moradores, como se fosse uma zoóloga forense observando alguma estranha criatura nova e seu habitat.


— A Sra. Herrera usa guardanapos de linho em todas as refeições? — ela poderia perguntar, ou: — Eles passam aspirador na casa todos os dias, como nós?-Ou ainda: — Como eles preparam as batatas?


Mamãe se despedia de mim de manhã com recomendações estritas para que eu descobrisse que marca de papel higiênico eles usavam, ou se os lençóis eram de algodão misto. Isso era fonte de grande decepção, já que na maioria das vezes eu não conseguia me lembrar de investigar nada. Minha mãe estava secretamente convencida de que os bacanas viviam como porcos — isso desde que eu contei, aos seis anos, sobre uma colega bem-nascida cuja mãe não nos deixava brincar na sala “porque íamos levantar a poeira”.


Quando eu chegava em casa e contava que, sim, o cachorro definitivamente podia comer na cozinha ou que, não, os Herrera não varriam a escada da frente todos os dias como minha mãe fazia, ela contraía os lábios, olhava de soslaio para meu pai e acenava com a cabeça em muda satisfação, como se tivesse acabado de confirmar tudo de que suspeitava sobre os modos desleixados da classe alta.


O fato de minha família depender do meu salário, ou de saber que eu não gostava mesmo do meu trabalho, significou receber um pouco mais de respeito em casa. Isso, na verdade, não mudava muito as coisas: no caso de meu pai, ele parou de me chamar de “gordota” e, quanto a mamãe, passei a ter uma caneca de chá à minha espera quando chegava em casa.
Para Manuel e minha irmã, eu era a mesma: ainda alvo de piadas, e a recebedora de abraços, beijos e maus humores. Eu não me sentia diferente.


Parecia a mesma pessoa, ainda vestida, segundo Treen, como se tivesse enfrentado uma luta greco-romana num brechó de caridade.


Eu não fazia ideia do que os moradores da Granta House achavam de mim. Poncho era indecifrável. Para Christian, eu devia ser apenas mais uma em uma longa lista de cuidadoras contratadas. Ele era bastante simpático, mas um pouco distante. Suspeitava de que ele não estava convencido de que eu fosse durar muito. O Sr. Herrera me cumprimentava, afável, quando nos cruzávamos no hall, ocasionalmente me perguntava como estava o trânsito ou se tudo ia bem. Mas não sei se me reconheceria se nos víssemos em um outro cenário.


Mas para a Sra. Herrera — ó, céus! —, para ela eu era aparentemente a pessoa mais idiota e mais irresponsável do mundo.


Tudo começou com os porta-retratos. Nada naquela casa escapava à observação da Sra. Herrera, e eu deveria saber que a destruição dos porta-retratos seria considerada um evento sísmico. Ela me interrogou para saber por quanto tempo exatamente eu tinha deixado Poncho sozinho; o que havia motivado aquilo; quão rápido eu havia arrumado tudo. Não chegou a me criticar — era muito discreta até mesmo para aumentar a voz —, mas o jeito de piscar os olhos devagar a cada resposta que eu dava, os breves hum-hums conforme eu falava, disseram tudo o que eu precisava saber. Não fiquei surpresa quando Christian me contou que ela era magistrada.


Ela achava que seria uma boa ideia se eu não deixasse Poncho sozinho da próxima vez, não importando quão desagradável fosse a situação, hum? E que, na próxima vez que eu tirasse o pó dos móveis, eu poderia me certificar de que os objetos não estivessem tão na beirada de modo a evitar que caíssem acidentalmente no chão, hum? (Ela parecia preferir crer que aquilo fora um acidente). A Sra. Herrera fazia com que eu me sentisse uma idiota de primeira categoria e, consequentemente, foi isso que me tornei quando estava perto dela. Ela sempre chegava quando eu tinha acabado de deixar alguma coisa cair no chão, ou estava lutando com os botões do fogão, ou então ela estava de pé na entrada, aparentando um pouco de irritação quando eu pisava de volta na casa depois de buscar lenha lá fora, como se eu tivesse ido muito mais longe do que de fato eu tinha ido.


Estranhamente, o comportamento da Sra. Herrera me atingia mais do que a agressividade de Poncho. Em algumas ocasiões, tive vontade de perguntar abertamente se havia algo errado. Você disse que estava me contratando mais pela minha postura do que por minhas habilidades profissionais, eu quis dizer. Bem, aqui estou eu, sendo animada a cada dia duro. Sendo forte, como você queria. Então, qual é o seu problema?


Mas Camilla Herrera não era o tipo de mulher para quem se podia dizer isso. Além do mais, eu achava que ninguém naquela casa falava qualquer coisa diretamente para outra pessoa.


— Lily, a nossa última garota, tinha o inteligente hábito de usar uma mesma panela para cozinhar dois legumes de uma vez. — O que significava: Você está fazendo muita bagunça.
“Talvez você queira uma xícara de chá, Poncho” significava Não faço a menor ideia do que falar para você, Poncho.


“Acho que tenho alguns papéis para organizar” significava Você está sendo grosseiro, vou sair do quarto.


Tudo isso dito com aquela expressão levemente sofrida e os dedos delgados movendo de um lado para o outro o crucifixo na corrente. Ela era contida demais, reprimida demais. Fazia minha mãe se parecer com a Amy Winehouse. Eu sorria educadamente, fingindo que não havia reparado, e fazia o que era paga para fazer.


Ou, pelo menos, tentava.



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): day

Este autor(a) escreve mais 12 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
Prévia do próximo capítulo

- Por que, raios, você tentou esconder cenouras no meu prato? Dei uma olhada para o prato. Eu estava assistindo a apresentadora na TV e pensando como meu cabelo ficaria tingido na cor do dela. - Hein? Não tentei. - Tentou. Você amassou as cenouras e tentou escondê-las no molho da carne. Eu vi. Enrubesci. Ele tinha razão. Poncho comia enqua ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 121



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • milaaya16 Postado em 08/12/2017 - 20:36:40

    Não entendi o final :(

  • franmarmentini♥ Postado em 24/07/2016 - 01:43:42

    Continua por favor....toda vez q leio esse final.morro de tanto soluçar.... Queria tanto eles juntos ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:49:36

    ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:29:54

    ;( quando vc vai postar mais??????

  • franmarmentini♥ Postado em 09/05/2016 - 09:57:36

    VC NAO MUDOU O FINAL????????

  • Beca Postado em 19/04/2016 - 09:36:55

    CHEGUEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:03:17

    Onde está a porta da licença poética? Pq vc não mudou esse final?

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:02:31

    Day nunca terminei de ler uma fic sua com tanta raiva

  • Mila Puente Herrera ® Postado em 15/02/2016 - 19:54:58

    AI MDS MORTAAAAAAA AQUI :O DESIDRATADA DE TANTAS LÁGRIMAS OQ FO ESSE FIM????

  • franmarmentini♥ Postado em 24/01/2016 - 23:47:49

    Day pelo amor de deus...vc não deixa ele morrer....Plis... Cadê a noite de amor deles????? ;(


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais