Fanfic: Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny | Tema: anahi e alfonso
- amanda_andressa: q bom que ta amando *-*
- hallady_lais:continuando *-*
- Mila Puente Herrera:ainn se vai ver daqui pra frente como vai ficar a relação deles *-*
- Stefaniie Santtos: Manoel é um idiota ¬¬` any tinha q dar um pé nele kkkkk
* * *
Pode parecer que não fazíamos muita coisa. Mas, na verdade, os dias com Poncho eram sutilmente diferentes, variando conforme o humor dele e, mais importante, a intensidade das dores. Alguns dias, quando eu chegava, percebia pela rigidez do maxilar dele que não queria falar comigo, nem com ninguém. Assim, eu me ocupava do anexo, tentando prever o que ele ia precisar para não ter que perguntar.
As dores dele tinham causas variadas. Havia a dor pela perda muscular — apesar de toda a fisioterapia feita por Christian, Poncho tinha muito menos músculos para sustentar o corpo. Havia a dor de estômago causada por problemas digestivos; a dor no ombro; a dor por infecção urinária — inevitável, apesar dos esforços de todos. Ele também tinha uma úlcera estomacal devido ao excesso de analgésicos que tomara como se fossem balinhas no início da recuperação.
De vez em quando, tinha escaras na pele por ficar sentado na mesma posição durante muito tempo. Por duas vezes, precisou ficar na cama para que as feridas cicatrizassem, mas ele detestava ficar na cama. Ficava deitado ouvindo o rádio, os olhos brilhando de raiva de tal forma que nem conseguia controlar. Poncho também tinha dores de cabeça. Para mim isso era efeito colateral da raiva e frustração que sentia. Ele tinha muita energia mental mas não podia usá-la para nada. Tinha de desaguar em alguma coisa.
Mas o que mais incomodava era a incessante queimação nos pés que não o deixava pensar em outra coisa. Eu trazia uma tigela de água gelada e mergulhava os pés dele, ou enrolava os pés em uma flanela fria na esperança de amenizar seu desconforto. Um músculo da sua mandíbula se retesava e ficava pulsando e de vez em quando Poncho parecia sair do ar, como se a única forma de não sentir dor fosse deixar o próprio corpo. Surpreendentemente, eu havia me acostumado às suas necessidades físicas. Parecia injusto que, além de não poder usar ou sentir os pés, eles ainda causassem tanto desconforto.
Apesar de tudo, ele não reclamava. Por isso levei semanas para perceber que estava sofrendo. Agora eu conseguia decifrar o cansaço em seu olhar, os silêncios, o jeito como ele parecia se refugiar dentro de si mesmo. Ele apenas pedia:
— Pode trazer água gelada, Anahi? — ou: — Acho que preciso de alguns analgésicos.
Às vezes, a dor era tanta que ele ficava pálido, de um branco pastoso. Esses eram os piores dias.
Mas nos outros dias nós nos dávamos muito bem. Ele não parecia mais mortalmente ofendido quando eu falava com ele, como no começo. Naquele dia, tive a impressão de que ele estava sem dor. Quando a Sra. Herrera veio nos avisar que as faxineiras demorariam ainda uns vinte minutos, fiz mais um chá para nós e demos outra volta vagarosa pelo jardim, Poncho conduzindo a cadeira pelo caminho de pedras e eu olhando minhas sapatilhas de cetim escurecerem na grama molhada.
- Interessante escolha de sapatos — observou Poncho.
Eram verde-esmeralda. Encontrei-as num brechó. Manuel disse que eu ficava parecendo um duende drag queen.
- Sabe, você não se veste como alguém daqui. Sempre aguardo ansioso a próxima combinação maluca de roupas com que vai aparecer.
- Como é que “alguém daqui” deveria se vestir?
Ele virou a cadeira de rodas um pouco à esquerda para evitar um galho no caminho.
- Com roupas esportivas de fleece. Ou, se for como minha mãe, com terninhos da Jaeger ou da Whistles. — Ele olhou para mim. — Então, onde você adquiriu seu gosto exótico? Morou fora?
- Não.
- Sempre morou aqui? Onde trabalhou?
- Aqui, só. — Virei-me para ele e cruzei os braços, na defensiva. — O que tem de estranho nisso?
- É uma cidade tão pequena. Tão limitada. Tudo gira em torno do castelo.
- Paramos no meio do caminho e olhamos para ele, surgindo a distância em sua estranha colina que lembrava um domo, tão perfeita que parecia desenhada por uma criança. — Sempre pensei que esse é o tipo de lugar para onde as pessoas retornam quando se cansam de todo o resto. Ou quando não têm imaginação suficiente para ir para outro canto.
- Obrigada.
- Não há nada de errado nisso. Mas… céus. Não chega a ser um lugar dinâmico, não acha? Não é cheio de ideias, pessoas interessantes e oportunidades. Aqui consideram uma atitude subversiva a loja de turistas vender jogo americano com uma foto diferente que não a da miniferrovia.
Tive de rir. Na semana anterior, o jornal local tinha publicado uma reportagem exatamente com essa questão.
- Você tem vinte e seis anos, Portilla. Devia estar lá fora, buscando conquistar o mundo, arrumando confusão em bares, mostrando seu estranho guarda-roupa para homens espertos…
- Estou contente aqui — disse.
- Bom, não deveria.
- Você gosta de dizer às pessoas o que elas devem fazer, não?
- Só quando estou certo — disse ele enquanto bebia o chá. As pontas das suas orelhas estavam rosadas por causa do frio.Ele fez uma careta.- Meu Deus, para quem vivia disso, você faz um chá horrível.
- Você está acostumado com chá lésbico — falei. — Aquele negócio de erva Lapsang souchong.
- Chá lésbico! — Ele quase se engasgou ao rir. — Bom, é melhor do que esse verniz de escada. Meu Deus. Dá para apoiar uma colher em cima.
- Quer dizer que até o meu chá é ruim. — Sentei-me no banco de frente para ele. — E o que acha de você dar palpite sobre cada coisa que eu digo ou faço, quando ninguém mais diz nada?
- Continue, Anahi Portilla. Diga o que acha.
- De você?
Ele soltou um suspiro dramático.
- E eu tenho escolha?
- Você podia cortar o cabelo. Desse jeito, parece um mendigo.
- E você agora parece a minha mãe.
- Bom, você fica horrível. Podia fazer a barba, pelo menos. Essa cabeleira toda não dá coceira?
Ele me olhou de rabo de olho.
- Dá, não é? Eu sabia. Certo: rasparei tudo esta tarde.
- Ah, não.
- Sim, senhor. Você pediu a minha opinião. Pois é essa. Não precisa fazer nada, pode deixar comigo.
- E se eu não quiser?
- Eu farei de qualquer jeito. Se ficar mais comprido, daqui a pouco estarei tirando restos de comida do seu cabelo. E se isso acontecer, sinceramente, terei de processá-lo por comportamento inadequado no local de trabalho.
Ele sorriu, como se estivesse se divertindo comigo. Pode parecer um pouco triste, mas os sorrisos de Poncho eram tão raros que fiquei meio orgulhosa de provocar um.
Autor(a): day
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* * * Encontrei as lâminas de barbear e um pouco de creme no armário do banheiro, enfiados atrás de lenços de papel e do algodão como se não fossem usados há muito tempo. Convenci-o a entrar com a cadeira de rodas no banheiro, enchi a pia com água morna, fiz Poncho inclinar um pouco a cabeça e coloquei uma toalha ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 121
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milaaya16 Postado em 08/12/2017 - 20:36:40
Não entendi o final :(
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franmarmentini♥ Postado em 24/07/2016 - 01:43:42
Continua por favor....toda vez q leio esse final.morro de tanto soluçar.... Queria tanto eles juntos ;(
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franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:49:36
;(
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franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:29:54
;( quando vc vai postar mais??????
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franmarmentini♥ Postado em 09/05/2016 - 09:57:36
VC NAO MUDOU O FINAL????????
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Beca Postado em 19/04/2016 - 09:36:55
CHEGUEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
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hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:03:17
Onde está a porta da licença poética? Pq vc não mudou esse final?
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hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:02:31
Day nunca terminei de ler uma fic sua com tanta raiva
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Mila Puente Herrera ® Postado em 15/02/2016 - 19:54:58
AI MDS MORTAAAAAAA AQUI :O DESIDRATADA DE TANTAS LÁGRIMAS OQ FO ESSE FIM????
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franmarmentini♥ Postado em 24/01/2016 - 23:47:49
Day pelo amor de deus...vc não deixa ele morrer....Plis... Cadê a noite de amor deles????? ;(