Fanfic: Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny | Tema: anahi e alfonso
* * *
- Três meses! — explodiu papai, quando mamãe colocou uma xícara de chá adoçado nas minhas mãos. — Bom, é generoso da parte dele, já que ela trabalhou como escrava naquele lugar nos últimos seis anos.
- Bernard. — Mamãe lançou-lhe um olhar de aviso, indicando Thomas com a cabeça. Meus pais cuidavam dele depois da escola até Treena voltar do trabalho.
- Que diabo ela deve fazer agora? No mínimo, poderia ter sido avisada com mais de um dia de antecedência.
- Bom… ela simplesmente vai ter de arrumar outro emprego.
- Não tem outra porcaria de emprego, Josie. Você sabe tão bem quanto eu.
Estamos numa maldita recessão.
Mamãe fechou os olhos por um instante, como se estivesse se controlando antes de falar.
- Ela é uma garota inteligente. Vai achar alguma coisa. Tem um currículo consistente, não tem? Frank vai escrever uma boa carta de referências.
- Ah, grande coisa… “Anahi Portilla é muito boa em passar manteiga na torrada e excelente com o velho bule de chá.”
- Obrigada pelo voto de confiança, pai.
- Só estou dizendo.
Eu sabia o verdadeiro motivo da preocupação de papai. Eles dependiam do meu salário. Treena ganhava quase nada na floricultura. Mamãe não podia trabalhar, pois tinha de cuidar do vovô e a pensão dele era mínima; papai estava sempre tenso em relação a seu emprego na fábrica de móveis. Fazia meses que o patrão vinha resmungando sobre um possível corte de pessoal. Em casa, comentava-se sobre dívidas, sobre a ilusão dos cartões de crédito. Dois anos antes, um motorista sem seguro destruíra o carro de papai e, de certa maneira, foi o que bastou para pôr abaixo o instável edifício que eram as finanças de meus pais. Meu modesto salário vinha sendo um pequeno pilar no orçamento doméstico, suficiente para ajudar a cuidar de nossa família a cada semana.
- Não vamos nos precipitar. Amanhã ela pode ir ao Centro de Trabalho e ver quais são as ofertas. Ela tem o suficiente para se sustentar, por enquanto. — Eles falavam como se eu não estivesse ali. — E é inteligente. Você é inteligente, não é, querida? Talvez possa fazer aulas de digitação. Trabalhar em um escritório.
Eu me sentei enquanto meus pais discutiam que trabalhos eu poderia conseguir com minhas poucas qualificações. Operária de fábrica, especialista em ferramentas mecânicas, passadora de manteiga. Pela primeira vez naquela tarde, tive vontade de chorar. Thomas me olhava com seus grandes olhos redondos e, sem dizer nada, me deu a metade de um biscoito babado.
- Obrigada, Tommo — falei apenas movendo os lábios, sem emitir som, e comi o biscoito.
* * *
Ele estava na academia de ginástica, como eu sabia que estaria. De segunda a quinta, pontual como um relógio suíço, Manuel ficava lá se exercitando ou dando voltas na pista bem-iluminada. Subi a escada abraçando a mim mesma para me proteger do frio e entrei devagar na pista, acenando quando ele chegou perto o bastante para conseguir me ver.
- Venha correr comigo — disse ele, ofegante, ao se aproximar. Sua respiração formava nuvens claras. — Faltam quatro voltas.
Relutei por um instante e então comecei a correr ao seu lado. Era o único jeito de conseguir ter qualquer tipo de conversa com ele. Eu estava com meus tênis rosa com cadarços turquesa, o único sapato com o qual eu conseguia correr. Tinha passado o dia em casa, tentando ser útil. Acho que isso aconteceu uma hora antes de eu começar a perturbar minha mãe. Ela e vovô tinham sua rotina e minha presença atrapalhava os dois. Papai estava dormindo, já que havia passado para o turno da noite naquele mês, e não podia ser incomodado. Arrumei meu quarto, depois me sentei e assisti à TV em volume baixo e, algumas vezes, quando me lembrava por que eu estava em casa no meio do dia, sentia uma leve dor no peito.
- Não estava esperando por você.
- Eu me cansei de ficar em casa. Pensei que talvez pudéssemos fazer alguma coisa.
Ele me olhou de soslaio. Seu rosto tinha uma leve camada de suor.
- Quanto antes você arrumar outro emprego, querida, melhor.
- Eu perdi meu emprego há apenas vinte e quatro horas. Será que eu posso me sentir um pouco infeliz e desanimada? Sabe, só por hoje?
- Você precisa ver o lado bom. Você sabia que não poderia ficar naquele emprego para sempre. Precisa seguir em frente.
Dois anos antes, Manuel tinha sido eleito o Jovem Empreendedor do Ano de Stortfold e ainda não tinha se recuperado bem da fama. Ele até havia conseguido um sócio, Ginger Pete, com quem montou uma empresa que oferecia formação pessoal para clientes num raio de duzentos metros e contava com dois furgões financiados. Também tinha um quadro branco no escritório onde ele gostava de rabiscar, com grossos marcadores pretos, a projeção que fazia para o volume de seus negócios, escrevendo e reescrevendo os números até corresponderem a suas expectativas. Nunca tive muita certeza de que os números tivessem alguma ligação com a realidade.
- Any, perder o emprego pode mudar a vida de uma pessoa. — Ele deu uma olhada no relógio, conferindo o tempo que fizera naquela volta. — O que você quer fazer? Podia estudar. Tenho certeza de que o mercado valoriza gente como você.
- Gente como eu?
- Sim, que busca uma nova oportunidade. O que você quer ser? Poderia ser esteticista. É bonita o bastante.
Fez um sinal para mim enquanto corria, como se eu devesse agradecer o elogio.
- Você conhece minha rotina de beleza. Água, sabão e um saco de papel enfiado na cabeça.
Manuel começava a parecer exasperado.
E eu, a ficar para trás. Detesto correr. E detestei-o por não ir mais devagar.
- Pense… lojista. Secretária. Corretora de imóveis. Sei lá… deve ter alguma coisa que você queira fazer.
Mas não tinha. Eu gostava de trabalhar no café. Gostava de saber tudo o que era possível saber a respeito do The Buttered Bun e de escutar sobre a vida das pessoas que frequentavam o lugar. Eu me sentia bem lá.
- Não pode ficar infeliz, querida. Você precisa superar isso. Todos os melhores empreendedores lutaram para se reerguer dos piores infortúnios. Jeffrey Archer fez isso. Richard Branson também. — Ele deu uma batidinha no meu braço, tentando me animar.
- Duvido que Jeffrey Archer algum dia tenha perdido seu emprego de esquentar bolinhos para o chá. — Perdi o fôlego. E estava com o sutiã errado.
Desacelerei, baixei as mãos e as apoiei nos joelhos.
Ele se virou e voltou, a voz agitando o ar parado e frio.
- Mas se ele tivesse… estou só falando. Pense melhor, ponha uma roupa bonita e vá ao Centro de Trabalho. Ou posso treinar você para trabalhar comigo, se quiser. Você sabe que isso dá dinheiro. E não se preocupe com a viagem. Eu pago.
Sorri para ele.
Ele me jogou um beijo e sua voz ecoou pelo ginásio vazio.
- Você pode me pagar quando voltar a trabalhar.
Autor(a): day
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 121
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milaaya16 Postado em 08/12/2017 - 20:36:40
Não entendi o final :(
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franmarmentini♥ Postado em 24/07/2016 - 01:43:42
Continua por favor....toda vez q leio esse final.morro de tanto soluçar.... Queria tanto eles juntos ;(
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franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:49:36
;(
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franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:29:54
;( quando vc vai postar mais??????
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franmarmentini♥ Postado em 09/05/2016 - 09:57:36
VC NAO MUDOU O FINAL????????
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Beca Postado em 19/04/2016 - 09:36:55
CHEGUEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
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hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:03:17
Onde está a porta da licença poética? Pq vc não mudou esse final?
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hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:02:31
Day nunca terminei de ler uma fic sua com tanta raiva
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Mila Puente Herrera ® Postado em 15/02/2016 - 19:54:58
AI MDS MORTAAAAAAA AQUI :O DESIDRATADA DE TANTAS LÁGRIMAS OQ FO ESSE FIM????
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franmarmentini♥ Postado em 24/01/2016 - 23:47:49
Day pelo amor de deus...vc não deixa ele morrer....Plis... Cadê a noite de amor deles????? ;(