Fanfics Brasil - 41 Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny

Fanfic: Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny | Tema: anahi e alfonso


Capítulo: 41

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* * *


A primeira vez que Poncho me contou o que queria fazer, precisou repetir, pois eu tive certeza de que não tinha entendido bem. Fiquei calma quando compreendi o que ele estava me propondo, então falei que ele estava sendo ridículo e saí do quarto na mesma hora. É uma vantagem desleal ser capaz de se afastar de um homem numa cadeira de rodas. Há dois degraus entre o anexo e a casa principal e, sem a ajuda de Christian, Poncho não pode transpô-los. Fechei a porta do anexo e fiquei no hall de entrada, com as palavras calmas de meu filho ainda tilintando nos meus ouvidos.


Acho que fiquei parada por uma meia hora.


Ele se recusou a desistir. Em se tratando de Poncho, ele sempre precisava ter a última palavra. Repetiu o pedido todas as vezes em que fui vê-lo, até que a cada dia se tornava quase insuportável para mim ir até lá. Não quero viver assim, mãe. Não é a vida que eu quis. Não há perspectiva de recuperação, então, é bastante razoável pedir para acabar com isso da maneira como eu ache adequada. Ouvi-o e pude imaginar muito bem como ele deveria ter sido nas reuniões de negócios, na profissão que o tornou rico e arrogante. No fim das contas, ele era um homem que costumava ser obedecido. Não podia suportar o fato de que, de certa maneira, eu tivesse o poder de ditar seu futuro, que tivesse, de algum modo, me transformando de novo na mamãe.


Ele dedicou toda a sua energia em me convencer. Não é porque minha religião proíba, embora fosse terrível a perspectiva de que Poncho acabasse enviado para o Inferno devido a seu próprio desespero. (Prefiro acreditar que Deus, um Deus benevolente, pudesse compreender nossos sofrimentos e perdoar nossos pecados.) É só que o que não se pode compreender a respeito da maternidade, até que se tenha um filho, é que não é um adulto — o deselegante, barbado, fedorento, filho teimoso — que a mãe vê diante de si, com seus recibos de estacionamento, seus sapatos não engraxados e sua complicada vida sentimental. A mãe enxerga todas as pessoas que o filho já foi ao longo da vida reunidas em uma só.


Olhei para Poncho e enxerguei o bebê que segurei no colo, chorosamente encantada, incapaz de acreditar que eu havia gerado um outro ser humano. Vi a criança pequena, esticando a mão para mim, o menino em idade escolar chorando de raiva porque outra criança zombou dele. Enxerguei as vulnerabilidades, o amor, a história. Era isso que ele estava me pedindo para extinguir — a criança e, ao mesmo tempo, o homem — todo aquele amor, toda aquela história.


E então, num dia vinte e dois de janeiro, um dia em que eu estava presa no tribunal por causa de uma quantidade enorme de pequenos ladrões e motoristas sem seguro contra acidentes; de chorosos e irritados ex-casais, Steven entrou no anexo e encontrou nosso filho quase inconsciente, a cabeça caída no braço da cadeira, um mar de sangue escuro e pegajoso ao redor de sua cadeira de rodas. Ele tinha encontrado um prego enferrujado de menos de dois centímetros, que emergia de alguma parte mal-acabada do armário e, pressionando o pulso contra aquele prego, movimentou sua cadeira para cima e para baixo até a pele ser cortada em tiras. Até hoje não consigo imaginar a determinação que o fez continuar, mesmo que ele tenha ficado meio delirante por causa da dor. Os médicos disseram que, se demorássemos mais vinte minutos, ele teria morrido.Isso não foi, eles comentaram em um requintado eufemismo, um pedido de ajuda.


 


Quando me ligaram do hospital para dizer que Poncho sobreviveria, saí para o meu jardim e me enfureci. Fiquei furiosa com Deus, com a natureza, com qualquer destino que tivesse levado minha família àquele ponto. Hoje, olhando para trás, imagino que devo ter parecido completamente louca. Naquela tarde fria, fiquei no jardim, arremessei meu grande copo de conhaque a seis metros, nos Euonymus compactus, e gritei de tal maneira que minha voz rompeu o ar, ultrapassou os muros do castelo e ecoou na distância. Eu estava tão furiosa porque tudo ao meu redor podia se mexer e se curvar e crescer e se reproduzir, e meu filho — meu filho cheio de vida, carismático e lindo — era apenas aquela coisa. Imóvel, murcho, ensanguentado, sofrendo. A beleza do mundo parecia uma obscenidade. Gritei e gritei e jurei — com palavras que até então não sabia que conhecia — até Steven sair e parar junto a mim, sua mão repousando no meu ombro, esperando até que pudesse ter certeza de que eu ficaria novamente em silêncio.


Ele não entendeu, sabe. Ainda não tinha entendido. Que Poncho tentaria outra vez. Que nossas vidas seriam esgotadas numa vigilância constante, esperando pela próxima vez, aguardando para ver que horror ele poderia se infligir. Teríamos de ver o mundo pelos olhos dele — os venenos em potencial, os objetos cortantes, a criatividade com a qual ele poderia terminar o serviço que aquele maldito motoqueiro tinha começado. Nossas vidas tinham de encolher para caber no potencial daquele primeiro ato. E ele tinha uma vantagem — não tinha mais nada em que pensar.


Duas semanas depois, eu disse a Poncho:


— Está bem.


Claro que eu disse.


O que mais eu poderia fazer?



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Autor(a): day

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 121



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  • milaaya16 Postado em 08/12/2017 - 20:36:40

    Não entendi o final :(

  • franmarmentini♥ Postado em 24/07/2016 - 01:43:42

    Continua por favor....toda vez q leio esse final.morro de tanto soluçar.... Queria tanto eles juntos ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:49:36

    ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:29:54

    ;( quando vc vai postar mais??????

  • franmarmentini♥ Postado em 09/05/2016 - 09:57:36

    VC NAO MUDOU O FINAL????????

  • Beca Postado em 19/04/2016 - 09:36:55

    CHEGUEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:03:17

    Onde está a porta da licença poética? Pq vc não mudou esse final?

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:02:31

    Day nunca terminei de ler uma fic sua com tanta raiva

  • Mila Puente Herrera ® Postado em 15/02/2016 - 19:54:58

    AI MDS MORTAAAAAAA AQUI :O DESIDRATADA DE TANTAS LÁGRIMAS OQ FO ESSE FIM????

  • franmarmentini♥ Postado em 24/01/2016 - 23:47:49

    Day pelo amor de deus...vc não deixa ele morrer....Plis... Cadê a noite de amor deles????? ;(


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