Fanfic: Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny | Tema: anahi e alfonso
* * *
Eu tinha tudo planejado. Chegaríamos ao hipódromo num lindo dia de sol. Haveria puros-sangue lustrosos e de longas pernas, seus jóqueis em brilhantes selas ondulantes, desfilando devagar. Talvez uma ou duas bandas de música tocando. As arquibancadas estariam cheias de gente animada e encontraríamos um lugar de onde pudéssemos torcer e agitar os papeizinhos com nossas apostas vencedoras. O espírito competitivo de Poncho viria à tona, ele não resistiria a calcular as chances e a garantir que ganhasse mais do que Christian e eu nas apostas. Eu tinha preparado tudo. Depois, quando cansássemos de ver cavalos, iríamos ao elogiado restaurante do hipódromo e teríamos um almoço de lamber os beiços.
Eu deveria ter dado ouvidos a meu pai.
- Quer saber quando a realidade vence a esperança? — ele perguntava. — Programe um divertido dia ao ar livre com a família.
Começou no estacionamento. Chegamos lá sem qualquer incidente, eu agora estava um pouco mais confiante de que Poncho não cairia para a frente se eu dirigisse a mais de trinta por hora. Tinha visto o itinerário na biblioteca e fui brincando animadamente durante quase todo o trajeto, comentando o lindo céu azul, os campos, a estrada vazia. Não havia filas para entrar no hipódromo, que era, confesso, um pouco menos grandioso do que eu esperava, e o estacionamento era bem sinalizado.
Mas ninguém me avisou que era gramado e que foi muito usado durante todo o inverno chuvoso. Conseguimos uma vaga (sem dificuldades, já que estava apenas parcialmente cheio) e quase no mesmo momento em que a rampa de Poncho abaixou, Christian pareceu preocupado.
- O terreno é muito macio — disse ele. — Ele vai afundar. Olhei em direção às tribunas.
- Mas se conseguirmos colocá-lo naquela trilha ele ficará bem, certo?
- Essa cadeira pesa uma tonelada — disse ele. — E a trilha está a dez metros de distância.
- Ah, qual é. Essas cadeiras devem ser projetadas para enfrentar um pouco de terra macia.
Tirei a cadeira de Poncho com cuidado e então vi as rodas afundarem vários centímetros na lama.
Poncho não disse nada. Ele parecia desconfortável e havia se mantido em silêncio na maior parte do trajeto de meia hora. Ficamos ao lado dele, brincando com seus controles. Tinha surgido uma brisa e as bochechas de Poncho ficaram rosadas.
- Vamos lá — disse eu. — Vamos fazer isso manualmente. Tenho certeza de que conseguimos carregar a cadeira até lá.
Inclinamos Poncho para trás. Segurei-a de um lado, Christian do outro e arrastamos a cadeira para a trilha. Progredíamos devagar, sobretudo porque eu parava a toda hora, já que meus braços doíam e minhas botas novinhas ficaram imundas com a sujeira. Quando, finalmente, chegamos à trilha, a manta de Poncho
tinha escorregado parcialmente e, de algum modo, se prendido nas rodas, ficando com um dos lados torcido e sujo de lama.
- Não se preocupe— disse Poncho, seco —, é só cashmere. Eu o ignorei.
- Certo. Conseguimos. Agora, vamos à parte divertida.
Ah, sim. A parte divertida. Quem achou que seria uma boa ideia colocar catracas em hipódromos? Não era como se eles precisassem controlar uma multidão, certo? Como se houvesse uma horda de fãs de corridas gritando, ameaçando se amotinar se o cavalo Charlie’s Darling não chegasse em terceiro, além de garotas irritadas porque tinham de ficar em cercados longe da pista. Christian e eu olhamos para a catraca, depois para a cadeira de Poncho e então nos entreolhamos.
Christian foi até a bilheteria e explicou nossa situação para a moça lá dentro.
Ela inclinou a cabeça para ver Poncho e indicou o final da tribuna.
- A entrada para deficientes é lá — disse.
Ela pronunciou deficientes como se estivesse num concurso de dicção. A entrada ficava a quase duzentos metros dali. Quando finalmente conseguimos chegar, o céu azul havia desaparecido de repente, sendo substituído por uma tempestade súbita. Claro que eu não tinha levado guarda-chuva. Fui falando sem parar e animadamente sobre como a situação era engraçada e ridícula e mesmo para mim aquilo soava irritante.
- Portilla — disse Poncho, por fim. — Fique calma, sim? Você está cansativa.
Compramos entradas para as tribunas e então, com imenso alívio por finalmente entrarmos, empurrei a cadeira de Poncho para um lugar coberto, bem ao lado da tribuna principal. Enquanto Christian resolvia a questão da bebida de Poncho, pude olhar nossos colegas turfistas.
Era realmente agradável na base da tribuna, apesar dos eventuais salpicos de chuva. Acima de nós, numa sacada envidraçada, homens de terno ofereciam taças de champanhe a mulheres com roupas de casamento. Eles pareciam estar quentes e confortáveis, e desconfiei de que aquela era a Tribuna Especial, listada no quiosque de vendas com preços estratosféricos. As pessoas lá usavam uma tarja, como um pequeno distintivo, sobre uma fita vermelha, para mostrar que eram especiais. Pensei por um momento se seria possível pintar as nossas fitas azuis de outra cor, mas concluí que sermos os únicos com uma cadeira de rodas provavelmente já nos fazia um pouco mais destacados.
Ao nosso lado, salpicados pelas tribunas e segurando copos de café de isopor e garrafinhas de bolso com uísque, havia homens de paletó de tweed e mulheres com casacos acolchoados. Pareciam um pouco mais comuns e suas pequenas tarjas também eram azuis. Desconfiei de que muitos deveriam ser treinadores, cavalariços ou ter alguma ligação com o turfe. Abaixo, um pouco mais à frente, ao lado de pequenas lousas brancas, ficavam os apontadores, seus braços balançando em algum tipo de código de sinais que não conseguia entender. Rabiscavam novas combinações de figuras e as apagavam de novo usando o punho da camisa.
E então, como se fosse uma paródia da sociedade de classes, na parte ao redor da pista de corrida se concentrava um grupo de homens de camisas polo listradas, com latas de cerveja na mão e parecendo estar em algum tipo de reunião. Suas cabeças raspadas davam a entender que prestavam algum serviço militar. De vez em quando, paravam para cantar ou faziam uma barulhenta luta corporal, dando cabeçadas ou gravatas uns nos outros. Quando passei por eles para ir ao banheiro, miaram por causa da minha saia curta (parecia que eu era a única pessoa de saia em toda aquela tribuna) e, sem me virar, levantei para eles meu dedo do meio. E eles perderam o interesse por mim quando sete ou oito cavalos começaram a contornar uns aos outros, diminuindo o ritmo em frente às tribunas numa demonstração primorosa de habilidade, todos se preparando para a próxima corrida.
E então pulei de susto quando a pequena multidão à nossa volta ganhou vida com um urro e os cavalos dispararam das baias de largada. Levantei-me e fiquei olhando, subitamente pasma, sem conseguir conter uma onda de animação ao ver os rabos dos cavalos ondulando ao sabor do vento atrás de seus corpos, os esforços furiosos dos homens com roupas de cores berrantes em cima deles, todos se acotovelando para garantir suas posições. Quando o vencedor cruzou a linha de chegada foi quase impossível não gritar.
Assistimos à Copa Sisterwood, e a seguir à Maiden Stakes, e Christian ganhou seis libras numa pequena aposta. Poncho recusou-se a apostar. Assistiu a todas as corridas, mas manteve-se em silêncio, a cabeça enfiada no colarinho alto da jaqueta. Achei que ele tinha ficado dentro de casa tanto tempo que éramos obrigados a nos sentir mal por ele, e decidi que simplesmente não confirmaria isso.
— Acho que agora é o seu páreo, a Copa Hempworth — disse Christian, olhando para o placar. — Em qual deles você disse que apostou? Man Oh Man?,
- Ele sorriu. — Eu não sabia que assistir a corrida é muito mais divertido quando se aposta.
- Sabe, eu não lhe disse isso, mas eu nunca tinha vindo ao hipódromo. — comentei com Christian.
- Você está brincando.
- Nunca nem montei. Minha mãe tem pavor de cavalos. Não me levava nem nas cocheiras.
- Minha irmã tem dois cavalos, perto de Christchurch. Trata-os como se fossem bebês. Gasta todo o dinheiro com eles. — Christian deu de ombros. — E ela nem vai poder comê-los quando eles morrerem.
A voz de Poncho se infiltrou até nós.
- Quantas corridas teremos de assistir até garantirmos que você considere seu velho sonho realizado?
- Não seja mal-humorado. Dizem que deve-se experimentar de tudo pelo menos uma vez na vida — falei.
- Acho que corrida de cavalos é a terceira coisa que não se deve fazer na vida, depois de incesto e dança folclórica inglesa.
- Você sempre diz para eu ampliar meus horizontes. Você está adorando isso — provoquei-o— E não finja que não está.
Então, eles largaram. Man Oh Man usava sela roxa com um losango amarelo. Eu vi o animal se alinhar à pista branca, a cabeça estendida, as pernas do jóquei subindo e descendo, os braços agitando-se para a frente e para trás acima do pescoço do cavalo.
- Vamos lá, camarada!
Christian estava envolvido, mesmo sem querer. Seus punhos estavam cerrados, seus olhos, fixos no borrão indistinto de animais correndo pelo lado da pista que estava mais distante de nós.
- Vamos, Man Oh Man! — gritei. — Nosso bife do jantar está cavalgando com você! — Vi o cavalo tentar em vão ganhar terreno, as narinas dilatadas, as orelhas grudadas na cabeça. Meu coração subiu para a boca. E então, quando alcançaram a reta final, meu grito começou a morrer: — Tudo bem, pode ser um café — eu me esforcei. — Fechamos com um café?
As tribunas ao meu redor explodiam em gritos e berros. A duas cadeiras de nós, uma garota pulava, rouca de tanto gritar. Notei que eu também pulava. Foi então que olhei para baixo e vi que Poncho estava de olhos fechados, uma ligeira ruga no meio de suas sobrancelhas. Afastei minha atenção da pista e me ajoelhei.
- Você está bem, Poncho? — perguntei, chegando para perto dele. — Precisa de alguma coisa? — Tinha de gritar para ser ouvida naquela confusão.
- Uísque — respondeu ele. — Duplo.
Encarei-o e seu olhar se ergueu até encontrar o meu. Ele parecia completamente farto.
- Vamos comer alguma coisa — sugeri a Christian.
O cavalo Man Oh Man, aquele impostor de quatro patas, passou pela linha de chegada em um mísero sexto lugar. Houve nova gritaria e a voz do locutor veio pelos alto-falantes: Senhoras e senhores, uma incrível vitória de Love Be A Lady, seguido de Winter Sun e, logo depois, Barney Rubble, duas cabeças atrás, na terceira posição.
Empurrei a cadeira de Poncho pelo meio dos absortos grupos, batendo deliberadamente nas pessoas quando não atendiam ao meu segundo pedido de licença para passar.
Nós já estávamos no elevador quando ouvi a voz de Poncho:
- Então, Portilla, isso quer dizer que você me deve quarenta libras?
Autor(a): day
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* * * O restaurante tinha sido reformado e a cozinha estava sob o comando de um chef com programa na TV cujo rosto estava em cartazes por todo o hipódromo. Eu tinha olhado o cardápio antecipadamente. - A especialidade da casa é pato com molho de laranja — disse eu aos dois. - Pelo jeito, é gastronomia retrô, anos setenta. - Como a ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 121
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milaaya16 Postado em 08/12/2017 - 20:36:40
Não entendi o final :(
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franmarmentini♥ Postado em 24/07/2016 - 01:43:42
Continua por favor....toda vez q leio esse final.morro de tanto soluçar.... Queria tanto eles juntos ;(
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franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:49:36
;(
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franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:29:54
;( quando vc vai postar mais??????
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franmarmentini♥ Postado em 09/05/2016 - 09:57:36
VC NAO MUDOU O FINAL????????
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Beca Postado em 19/04/2016 - 09:36:55
CHEGUEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
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hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:03:17
Onde está a porta da licença poética? Pq vc não mudou esse final?
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hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:02:31
Day nunca terminei de ler uma fic sua com tanta raiva
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Mila Puente Herrera ® Postado em 15/02/2016 - 19:54:58
AI MDS MORTAAAAAAA AQUI :O DESIDRATADA DE TANTAS LÁGRIMAS OQ FO ESSE FIM????
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franmarmentini♥ Postado em 24/01/2016 - 23:47:49
Day pelo amor de deus...vc não deixa ele morrer....Plis... Cadê a noite de amor deles????? ;(