Fanfics Brasil - 53 Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny

Fanfic: Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny | Tema: anahi e alfonso


Capítulo: 53

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* * *


O restaurante tinha sido reformado e a cozinha estava sob o comando de um chef com programa na TV cujo rosto estava em cartazes por todo o hipódromo. Eu tinha olhado o cardápio antecipadamente.


- A especialidade da casa é pato com molho de laranja — disse eu aos dois.


- Pelo jeito, é gastronomia retrô, anos setenta.


- Como a sua roupa — disse Poncho.


Fora do frio e longe da multidão, ele parecia um pouco mais animado. Começara a olhar ao redor, em vez de retirar-se novamente para seu mundo solitário. Meu estômago começou a roncar, já antevendo um bom almoço com pratos quentes. A mãe de Poncho tinha nos dado oitenta libras de “ajudinha”. Decidi pagar por minha refeição e mostrar o recibo, por isso pediria o que me apetecesse no menu, fosse pato assado retrô ou outra coisa.


- Gosta de sair para comer, Christian? — perguntei.


- Sou mais de comida para viagem com cerveja — respondeu ele. — Mas estou gostando de estar aqui hoje.


- Qual foi a última vez que você foi a um restaurante, Poncho? — perguntei. Ele e Christian se entreolharam.


- Desde que estou lá, ele não foi a nenhum — disse Christian.


- Então vamos pedir uma mesa em que possamos colocar você longe do salão — eu disse. Tinha previsto isso. — Se alguma celebridade estiver aí dentro, você vai perder.


- Porque as celebridades pululam num hipodromozinho lamacento em março.


- Você não vai estragar isso, Poncho Herrera — falei, quando a porta do elevador se abriu. —A última vez que comi fora foi num aniversário de quatro anos no único boliche indoor de Hailsbury, e não havia uma única coisa que não estivesse coberta de bolo. Inclusive as crianças.


Percorremos o corredor acarpetado com nossa cadeira de rodas. O restaurante ficava de um lado, atrás de uma vidraça, e eu pude ver que muitas mesas estavam vazias. Meu estômago roncou de expectativa.


- Olá — cumprimentei, entrando na recepção. — Uma mesa para três, por favor. — Por favor, não olhe para Poncho, disse em silêncio para a mulher. Não o faça se sentir esquisito. É importante que ele goste daqui.


— Sua tarja, por favor — pediu ela.


- Desculpe?


- Pode mostrar sua tarja de Área Especial? Olhei para ela inexpressivamente.


- Este restaurante é exclusivo para os que têm a tarja da Área Especial.


Olhei para trás, na direção de Poncho e Christian. Eles não podiam me ouvir, mas ficaram esperando, cheios de expectativa. Christian estava ajudando Poncho a tirar o casaco.


- Hum... pensei que poderíamos almoçar onde quiséssemos. Temos as tarjas azuis.
Ela sorriu.


- Desculpe. Aqui é só para quem tem a tarja Especial. Está escrito em todo o nosso material promocional.


Respirei fundo.


- Certo. Tem algum outro restaurante aqui?


- Creio que a nossa área informal, o Bufê à Quilo, está em reformas, mas as tribunas têm barracas de comida. — Ela viu minha cara desmoronar e acrescentou: — O Porco no Espeto é muito bom. Tem porco assado no pão de passas. E eles também têm molho de maçã.


- Uma barraca.


- É.


Inclinei-me para ela.


- Por favor, viemos de longe e meu amigo ali não está se sentindo muito bem com esse frio. Tem algum jeito de conseguirmos uma mesa aqui? Precisamos realmente que ele fique num lugar quente. É muito importante que ele tenha um bom dia.


Ela franziu o nariz.


- Lamento muito — disse ela. — Quebrar essa regra vai além daquilo que minha função permite. Tem uma área para deficientes no andar de baixo, você pode fechar as portas. Não dá para ver a pista de corrida, mas é bem aconchegante. Tem aquecedores e tudo. Vocês podem comer lá dentro.


Olhei bem para ela. Eu podia sentir a tensão subindo pelas minhas canelas. Pensei que eu poderia ficar completamente rígida.


Li o nome dela no crachá.


- Sharon — disse eu —, o restaurante está longe de estar lotado. Certamente seria melhor ter mais gente comendo do que deixar metade dessas mesas vazia, não acha? Só por causa de um antiquado código de classes num livro de regulamentos?
O sorriso dela lampejou sob a iluminação embutida.


- Senhora, já expliquei a situação. Se abrirmos exceção para a senhora, teremos de fazer o mesmo para todos.


- Mas não faz sentido — argumentei. — Hoje é uma segunda-feira chuvosa, estamos na hora do almoço. Você está com mesas vazias. Nós queremos almoçar. Um almoço realmente caro, com guardanapos e tudo. Não queremos comer espetinho de porco dentro de um armário sem vista, por mais confortável que seja.


Algumas pessoas que estavam comendo no restaurante começaram a se virar em nossa direção, curiosas com a discussão na entrada. Pude ver que Poncho estava constrangido. Ele e Christian concluíram que alguma coisa estava errada.


- Então, a senhora devia ter comprado a tarja da Área Especial.


- Certo. — Alcancei minha bolsa e comecei a vasculhá-la em busca da minha carteira. — Quanto é a tarja da Área Especial? — Lenços de papel, velhos tickets de ônibus e um dos carrinhos Hot Wheels de Thomas voaram. Não me incomodava mais com nada. Eu daria a Poncho seu almoço bacana num restaurante chique. — Aqui. Quanto é? Mais dez? Vinte? — Empurrei um punhado de notas para ela.


Ela olhou para a minha mão.


- Desculpe, senhora, não vendemos tarjas aqui. Isto é um restaurante. A senhora terá que voltar à bilheteria.


- Aquela que fica lá trás, do outro lado das pistas.


- É.


Nós nos encaramos. A voz de Poncho surgiu:


- Anahi, vamos embora.


De repente, senti meus olhos se encherem de lágrimas.


- Não — disse eu. — É ridículo. Viemos até aqui. Aguardem aqui enquanto compro tarjas da Área Especial para todos nós. E então, almoçaremos.


- Anahi, estou sem fome.


- Vamos ficar ótimos depois de almoçar. Podemos ver os cavalos e tudo. Vai ser ótimo.


Christian se adiantou e colocou a mão no meu braço.


- Anahi, acho que Poncho quer apenas ir para casa.


Nós éramos, naquele momento, o foco de atenção de todo o restaurante. O olhar dos clientes passou por nós e viajou por cima de mim até chegar a Poncho, onde pairou com um leve toque de nojo ou pena. Senti por ele. Senti como se aquilo fosse um fracasso total. Olhei para a mulher, que pelo menos fez o favor de parecer meio constrangida depois que Poncho de fato falou.


- Bom, obrigada — disse eu a ela. — Obrigada por ser amável para cacete.


- Portilla... — a voz de Poncho era carregada de advertência.


- Fico feliz por você ser tão flexível. Certamente eu a recomendarei a todos os meus amigos.


- Anahi!


Agarrei minha bolsa e a enfiei embaixo do braço.


- Você esqueceu o seu carrinho de brinquedo — disse ela, quando deslizei para fora pela porta que Christian segurou para mim.


- O carrinho também precisa de uma maldita tarja? — perguntei, e os segui para dentro do elevador.


Descemos em silêncio. Passei quase todo o pequeno percurso tentando impedir que as mãos tremessem de raiva.


Quando chegamos ao pátio térreo, Christian murmurou:


- Acho que podíamos comprar alguma coisa nas barracas, sabe. Estamos sem comer há horas. — Deu uma olhadela para Poncho, para que eu soubesse a quem ele realmente se referia.


- Ótimo — disse eu, animada. Dei um pequeno suspiro. — Eu adoro um pouco de torresmo. Vamos ao velho porco assado.


Pedimos três espetos de porco, torresmo e molho de maçã e ficamos abrigados debaixo do toldo listrado enquanto comíamos. As duas mulheres que serviam atrás do balcão fingiam não olhar para nós. Pude vê-las observando Poncho com o canto dos olhos, cochichando uma com a outra, quando achavam que não ouvíamos. Coitado — eu praticamente podia escutá-las dizer. — que maneira horrível de se viver. Fiz cara séria para elas, desafiando-as a olhá-lo daquele jeito. Tentei não pensar muito no que Poncho deveria estar sentindo.


A chuva tinha parado, mas a pista de corrida varrida pelo vento pareceu ser absolutamente desoladora, sua superfície verde e marrom suja por papéis de apostas, o horizonte liso e vazio. O estacionamento tinha alagado com a chuva e, de longe, ouvíamos apenas o som distorcido do alto-falante enquanto outra corrida trovejava ao passar.


- Acho melhor irmos — disse Christian, limpando a boca. — Quer dizer, foi ótimo e tal, mas é melhor não pegarmos trânsito, não?


- Tudo bem — respondi. Amassei meu guardanapo de papel e joguei-o na lixeira. Poncho recusou o terceiro e último pedaço do espeto.


- Ele não gostou? — perguntou a mulher, quando Christian começou a empurrar a cadeira pelo gramado.


- Não sei. Talvez ele tivesse gostado mais se a comida não viesse acompanhada de pessoas enxeridas — respondi, jogando os restos na lixeira.


No entanto, voltar para o carro e acionar a rampa era mais fácil na teoria que na prática. Nas poucas horas que ficamos no hipódromo, os carros que chegaram e saíram transformaram o estacionamento num mar de lama. Mesmo com a força impressionante de Christian e meu melhor esforço, não conseguimos empurrar a cadeira nem até a metade do caminho gramado até o carro. As rodas atolavam e rangiam sem conseguir vencer os últimos centímetros. Meus pés e os de Christian escorregavam na lama, que subia pelo lado dos sapatos.


- Não vai dar — constatou Poncho.


Eu me recusei a ouvi-lo. Não podia aceitar a ideia de que nosso dia terminaria daquele jeito.


- Acho que vamos precisar de ajuda — concluiu Christian. — Não consigo nem colocar a cadeira de volta na trilha. Atolou.


Poncho deu um sonoro suspiro. Parecia estar mais irritado do que eu jamais o vira.
- Poncho, posso carregá-lo até o banco da frente, se eu inclinar um pouco o encosto. E então, Anahi e eu podemos ver se conseguimos levar a cadeira depois.


A voz de Poncho surgiu por entre os dentes trincados:


- Não quero que o dia de hoje termine comigo sendo içado pelos bombeiros.


- Desculpe, companheiro — disse Christian. — Mas Any e eu não vamos conseguir fazer isso sozinhos. Escute, Any, você é mais bonita que eu. Vá e arranje mais alguns braços lá onde estávamos, sim?


Poncho fechou os olhos, endureceu o maxilar e eu corri em direção às tribunas.



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Autor(a): day

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* * * É inacreditável que tantas pessoas possam recusar um pedido de ajuda que envolva uma cadeira de rodas atolada na lama, principalmente quando o pedido vem de uma garota usando uma minissaia e lançando seu sorriso mais amável. Não costumo lidar bem com estranhos, mas o desespero me fez destemida. Passei de um grupo a outro de turfistas ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 121



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  • milaaya16 Postado em 08/12/2017 - 20:36:40

    Não entendi o final :(

  • franmarmentini♥ Postado em 24/07/2016 - 01:43:42

    Continua por favor....toda vez q leio esse final.morro de tanto soluçar.... Queria tanto eles juntos ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:49:36

    ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:29:54

    ;( quando vc vai postar mais??????

  • franmarmentini♥ Postado em 09/05/2016 - 09:57:36

    VC NAO MUDOU O FINAL????????

  • Beca Postado em 19/04/2016 - 09:36:55

    CHEGUEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:03:17

    Onde está a porta da licença poética? Pq vc não mudou esse final?

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:02:31

    Day nunca terminei de ler uma fic sua com tanta raiva

  • Mila Puente Herrera ® Postado em 15/02/2016 - 19:54:58

    AI MDS MORTAAAAAAA AQUI :O DESIDRATADA DE TANTAS LÁGRIMAS OQ FO ESSE FIM????

  • franmarmentini♥ Postado em 24/01/2016 - 23:47:49

    Day pelo amor de deus...vc não deixa ele morrer....Plis... Cadê a noite de amor deles????? ;(


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