Fanfics Brasil - 59 Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny

Fanfic: Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny | Tema: anahi e alfonso


Capítulo: 59

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* * *


Poncho causava quase sempre as mesmas reações nas pessoas comuns — aquelas que Camilla Herrera provavelmente chamaria de “classe operária”. A maioria ficava olhando.


Algumas sorriam solidárias, demonstravam apoio, ou me perguntavam, sussurrando, o que tinha acontecido com ele. Muitas vezes eu tinha vontade de responder: “Infelizmente foi atingido por um fuzil M16” só para ver qual seria a reação delas, mas nunca fiz isso.


O problema com as pessoas de classe média é que elas fingem que não estão olhando, mas estão. São muito educadas para olhar descaradamente. Tinham o estranho hábito de olhar na direção de Poncho determinadas a não enxergá-lo. Só depois que ele passava, elas olhavam fixo, enquanto continuavam conversando com outra pessoa qualquer. Mas não falavam sobre ele. Pois isso seria grosseiro.


Ao passarmos pelo saguão da Sala Sinfônica, vi que as pessoas seguravam a bolsa e a programação do evento em uma mão e um gim-tônica na outra. Elas reagiram com um suave murmúrio que nos seguiu até nossos lugares. Não sei se Poncho percebeu. Às vezes, eu achava que a única maneira de enfrentar isso era fazer de conta que não estava notando.


Sentamos, as duas únicas pessoas na primeira fila. À nossa direita havia outro cadeirante, conversando animadamente com duas mulheres que o ladeavam. Olhei-os, torcendo para que Poncho também os notasse. Mas ele olhava para a frente, a cabeça afundada nos ombros como se tentasse se tornar invisível.


Não vai dar certo, uma voz baixinha me disse.


- Quer alguma coisa? — sussurrei.


- Não. — Ele balançou a cabeça. Engoliu em seco. — Na verdade, quero sim. Tem uma coisa pinicando no meu colarinho.


Inclinei-me e apalpei a parte de dentro do colarinho. Encontrei uma etiqueta
de náilon. Puxei para arrancá-la, mas não consegui.


- A camisa é nova. Está incomodando muito?


- Não, eu só comentei para fazer graça.


- Tem alguma tesoura na bolsa?


- Não sei, Portilla. Acredite se quiser, mas eu nunca arrumo a bolsa.


Não tinha tesoura alguma. Olhei para trás, as pessoas ainda estavam chegando, conversando e consultando o programa. Se Poncho não conseguisse relaxar e se concentrar na música, nossa saída seria inútil. Não conseguiria suportar outro fracasso.


- Espere — pedi.


- Por que...


Antes que ele terminasse a frase, inclinei-me na direção dele, puxei delicadamente o colarinho do pescoço e mordi a etiqueta que estava incomodando. Fiquei alguns segundos mordendo a etiqueta e fechei os olhos, tentando não sentir o cheiro de homem limpo, o contato com a pele, a inconveniência do que estava fazendo. Finalmente, arranquei-a. Afastei a cabeça e abri os olhos, triunfante, com a etiqueta entre os dentes.


- Consegui! — exclamei, tirando a etiqueta dos dentes e jogando-a entre os assentos.


Poncho me fitou.


- O que foi?


Olhei para trás e vi todos da plateia subitamente muito interessados no folheto de programação. Depois, virei-me de volta para Poncho.


- Ah, não me diga que essas pessoas nunca viram uma garota dando umas mordidas no pescoço de um cara.


Tive a impressão de que meu comentário o silenciara. Poncho piscou duas vezes, fez menção de balançar a cabeça. Notei, achando graça, que o pescoço dele tinha ficado bem vermelho.


Ajeitei a saia.


- De qualquer jeito, acho que devíamos agradecer por não ser uma etiqueta na calça.


Então, antes que ele pudesse responder, a orquestra entrou no palco, os homens de smoking e as mulheres de vestidos chiques. A plateia ficou em silêncio e não pude conter uma onda de empolgação. Juntei as mãos no colo e empertiguei-me. Começaram a tocar e, de repente, o teatro foi invadido por um único som — o mais real e tridimensional que eu já tinha ouvido.


Meus pelos se arrepiaram e prendi a respiração.


Poncho me olhou de rabo de olho, ainda contendo o sorriso como há pouco. Sua expressão dizia: Combinado, vamos nos divertir.


O maestro parou, deu dois toques na tribuna com a batuta e fez-se silêncio absoluto. Todos pararam e a plateia ficou atenta, à espera. Ele então baixou a batuta e de repente a sala foi tomada pelo som. Senti a música como se fosse algo físico que não entrava só pelos meus ouvidos, mas fluía dentro de mim, me cercava, fazia meus sentidos vibrarem. Estava toda arrepiada e minhas mãos ficaram úmidas. Poncho não tinha falado que era assim. Pensei que fosse ficar entediada. Mas aquela era a coisa mais linda que eu já tinha ouvido.


E ainda fazia a minha imaginação percorrer caminhos inesperados; sentada ali, pensei em coisas que não passavam mais pela minha cabeça havia anos, fui invadida por velhas emoções; novas ideias e pensamentos surgiam como se minha percepção se ampliasse. Era quase excessivo, mas eu não queria que parasse. Queria ficar sentada ali para sempre. Dei uma olhada em Poncho. Ele estava enlevado, distraído. Virei-me para a frente, com um medo inesperado de estar observando-o. Temia o que ele pudesse estar sentindo, o tamanho da entrega, a extensão dos seus medos. A vida de Poncho Herrera era tão diferente da minha.


Quem era eu para dizer como ele deveria viver?


 


O amigo músico de Poncho mandou um bilhete nos convidando para irmos ao camarim depois da apresentação, mas Poncho não quis. Insisti, porém, pela tensão em suas mandíbulas, percebi que ele realmente não estava com vontade. Não podia culpá-lo. Lembrei como seus ex-colegas de trabalho o olharam naquele dia: com um misto de pena, repulsa e, de certa maneira, profundo alívio por terem sido poupados daquele golpe do destino. Desconfiei que ele não suportava muito esse tipo de visita.


Esperamos a plateia esvaziar e então empurrei sua cadeira até o elevador que dava para o estacionamento. Não tive problemas para colocar Poncho no carro. Falei pouco, pois a música ainda tocava na minha cabeça e eu não queria que parasse. Fiquei pensando nela e em como o amigo de Poncho estava tão absorto pelo que tocava. Eu não sabia que a música era capaz de fazer com que coisas novas surgissem dentro da gente e de nos levar a lugares que nem o compositor imaginou. Deixava uma marca no ar a nossa volta e era como se, ao sair do concerto, você carregasse os resquícios consigo. Sentada ali na plateia, por algum tempo, esqueci até que Poncho estava ao meu lado.


Chegamos ao anexo. Na nossa frente, por cima do muro, surgia o castelo iluminado pela lua cheia, observando-nos sereno do alto da colina.


- Quer dizer que você não gosta de música clássica? Olhei pelo retrovisor. Poncho estava sorrindo.


- Não gostei nem um pouco.


- Eu vi.


- Não gostei especialmente daquele final, com o solo de violino.


- Percebi. Aliás, você detestou tanto que ficou com lágrimas nos olhos.


Sorri para ele.


- Adorei — disse. — Não sei se gosto de todas as músicas clássicas, mas achei o concerto maravilhoso. — Cocei o nariz. — Obrigada. Obrigada por me levar.


Ficamos em silêncio, olhando para o castelo. À noite, ele em geral ganhava uma espécie de brilho alaranjado dos holofotes dos muros da fortaleza. Mas nessa noite de lua cheia, parecia imerso num azul etéreo.


- Que tipo de música eles ouviam naquele tempo? — perguntei. — Deviam ouvir algum tipo de música específico.


- No castelo? Música medieval. Alaúdes, instrumentos de cordas. Não são os meus preferidos, mas posso lhe emprestar alguns CDs, se quiser. Você devia dar uma volta no castelo com fones de ouvido, se quiser viver a experiência completa.


- Não. Nunca vou ao castelo.


- É sempre assim, quando se mora perto de um ponto turístico.


Não cheguei a concordar. Continuamos ali mais um pouco, ouvindo o barulho do motor do carro cortar o silêncio.


- Muito bem — falei, soltando meu cinto de segurança. — Melhor entrarmos. A rotina da noite nos aguarda.


- Espere um instante, Portilla.


Virei-me. O rosto de Poncho estava no escuro, não conseguia vê-lo direito.


- Espere um instante. Só um minuto.


- Está se sentindo bem? — Olhei para a cadeira dele, com medo de estar esmagado ou preso em alguma parte, ou de eu ter feito alguma coisa errada.


- Estou ótimo. É que...


Podia ver o colarinho claro da camisa em contraste com o terno escuro.


- Não quero entrar agora. Quero ficar sentado aqui e pensar que... — Engoliu em seco.


Mesmo no escuro, pareceu fazer esforço.


- Quero... ser apenas um homem que foi a um concerto com uma garota de vestido vermelho. Só por mais alguns minutos.


Larguei a maçaneta da porta.


- Claro.


Fechei os olhos, apoiei a cabeça no encosto da cadeira e ficamos ali mais um pouco, duas pessoas perdidas nas lembranças sonoras, meio ocultas à sombra de um castelo numa colina iluminada pela lua.




 


AMORES ... POSTEI BASTANTE ENTÃO QUERO MUITOOOOSSS COMENTARIOS U.U 


HAHAHAH AS COISAS TÃO COMEÇANDO A FICAR EMOCIONANTES AGORA *-*


BJS



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Autor(a): day

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 121



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  • milaaya16 Postado em 08/12/2017 - 20:36:40

    Não entendi o final :(

  • franmarmentini♥ Postado em 24/07/2016 - 01:43:42

    Continua por favor....toda vez q leio esse final.morro de tanto soluçar.... Queria tanto eles juntos ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:49:36

    ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:29:54

    ;( quando vc vai postar mais??????

  • franmarmentini♥ Postado em 09/05/2016 - 09:57:36

    VC NAO MUDOU O FINAL????????

  • Beca Postado em 19/04/2016 - 09:36:55

    CHEGUEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:03:17

    Onde está a porta da licença poética? Pq vc não mudou esse final?

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:02:31

    Day nunca terminei de ler uma fic sua com tanta raiva

  • Mila Puente Herrera ® Postado em 15/02/2016 - 19:54:58

    AI MDS MORTAAAAAAA AQUI :O DESIDRATADA DE TANTAS LÁGRIMAS OQ FO ESSE FIM????

  • franmarmentini♥ Postado em 24/01/2016 - 23:47:49

    Day pelo amor de deus...vc não deixa ele morrer....Plis... Cadê a noite de amor deles????? ;(


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