Fanfics Brasil - 6 Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny

Fanfic: Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny | Tema: anahi e alfonso


Capítulo: 6

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* * *



- Jesus Cristo — exclamou meu pai. — Dá para imaginar? Como se já não fosse castigo suficiente ficar numa cadeira de rodas enferrujada, você ainda tem como acompanhante a nossa Any.


- Bernard! — minha mãe o repreendeu.


Atrás de mim, vovô ria com a caneca de chá encostada na boca.


Não sou burra. Quero já deixar isso fora de cogitação. Mas é difícil não se sentir um pouco deficiente no quesito “Células Cerebrais” quando se cresce com uma irmã mais jovem que não só passou para a minha turma na escola, mas que depois foi aprovada em uma série acima da minha.


Tudo o que é ajuizado ou inteligente Katrina foi a primeira a fazer, apesar de ser dezoito meses mais nova que eu. Cada livro que eu lia ela já tinha lido antes, tudo o que eu contava à mesa do jantar ela já sabia. É a única pessoa que conheço que gosta de fazer provas. Às vezes acho que me visto desse jeito porque a única coisa que Treena não consegue é combinar roupa. Ela é o tipo de garota que se veste de jeans e pulôver. Sua ideia de elegância é usar uma calça passada a ferro. Meu pai me chama de “figura” porque costumo falar a primeira coisa que me vem à cabeça. Ele diz que sou como a tia Lily, que eu nunca conheci. É meio estranho ser sempre comparada a alguém que você nunca viu. Se eu descesse a escada de botas roxas, papai acenaria com a cabeça para mamãe e diria “Você se lembra da tia Lily com aquelas botas roxas, hein?”, e mamãe daria uma risadinha e depois riria abertamente, como se ela e papai partilhassem uma piada secreta. Minha mãe me chama de “singular”, que é uma maneira educada de não entender muito bem como me visto.


Mas, exceto por um curto período durante minha adolescência, eu jamais quis ser como Treena, nem como qualquer outra menina da escola. Até uns quatorze anos, eu preferia roupas de menino e atualmente prefiro o que me agrada, conforme o humor do dia. Não há por que querer parecer convencional. Sou pequena, de cabelos escuros e, segundo meu pai, tenho o rosto de um elfo. Não é a mesma coisa que ter uma “beleza élfica”. Não sou feia, mas acho que ninguém vai me chamar de bonita. Não tenho aquela coisa graciosa. Manuel diz que sou linda quando quer transar, mas nem sempre ele é tão transparente assim. Nós nos conhecíamos há quase sete anos.


Eu tinha vinte e seis anos e não sabia muito bem quem era. Até perder o emprego, não tinha sequer pensado nisso. Achava que provavelmente iria me casar com Manuel, teria filhos e moraria a algumas ruas de onde sempre morei. Exceto pelo gosto por roupas exóticas e pelo fato de ser um pouco baixa, não sou


muito diferente de qualquer pessoa com que se possa cruzar na rua. Provavelmente, ninguém olharia para mim duas vezes. Uma garota comum, levando uma vida comum. Para mim, estava ótimo desse jeito.


* * *



- Numa entrevista de trabalho, você precisa ir de tailleur — insistira mamãe. — Hoje, as pessoas são informais demais.


- Porque usar risca de giz será fundamental se eu estiver dando comida na boca de um velho.


- Não seja espirituosa.


- Não posso comprar um terninho. E se eu não conseguir o emprego?


- Pode usar um meu, eu passo a ferro uma linda blusa e, uma vez na vida, não use o cabelo para cima naquelas… — e apontou para meu cabelo, que eu costumava deixar preso num nó de cada lado da cabeça — …coisas que parecem da Princesa Leia. Apenas tente parecer uma pessoa normal.


Era melhor não discutir com mamãe. E eu tinha certeza de que papai recebera a recomendação de não comentar meus trajes quando saí de casa, nem meu andar esquisito naquela saia justa demais.


- Tchau, querida — disse ele, com os cantos da boca se repuxando. — Boa sorte. Você está muito… profissional.


O constrangedor não era eu usar um tailleur da minha mãe, ou que aquele fosse um modelo que esteve na moda no final dos anos oitenta, mas sim que a roupa estava um pouquinho pequena para mim. Eu podia sentir o cós cortando minha barriga e o paletó com duas fileiras de botões repuxando para um lado. Como papai diz a respeito de mamãe, um grampo de cabelo é mais gordo que ela.


Fiz a curta viagem de ônibus me sentindo levemente enjoada. Nunca tive uma entrevista de trabalho de verdade. Comecei a trabalhar no The Buttered Bun depois que Treena apostou que eu não conseguiria um emprego em apenas um dia. Entrei lá e simplesmente perguntei a Frank se ele precisava de um par extra de mãos. Aquele era o primeiro dia de funcionamento e ele pareceu quase cego de gratidão.


Agora, olhando para trás, não consigo nem me lembrar de ter falado com ele sobre dinheiro. Ele sugeriu um pagamento semanal, concordei, e uma vez por ano me dava um pequeno aumento, geralmente um pouco mais do que eu teria pedido.


O que, afinal, se pergunta numa entrevista de emprego? E se fizessem um teste prático com o tal idoso, como lhe dar comida, ou um banho, ou algo assim? Syed tinha dito que havia um cuidador do sexo masculino, que era responsável pelas “necessidades íntimas” (estremeci ao ouvir a expressão). As funções do


segundo cuidador não estavam, segundo ele, “muito claras”. Imaginei-me limpando a baba da boca do idoso, e talvez perguntando aos gritos QUER UMA XÍCARA DE CHÁ?
Quando vovô estava se recuperando dos derrames, não conseguia fazer nada sozinho. Mamãe fazia tudo. “Sua mãe é uma santa”, dizia papai, o que entendi significar que ela limpava a bunda dele sem, no entanto, sair aos berros de casa por isso. Tenho certeza de que ninguém jamais me descreveu assim. Eu cortava a comida para vovô e lhe preparava chá, mas, quanto ao resto, não estava muito segura de ter os elementos necessários.


A Granta House, o endereço do emprego, ficava do outro lado do castelo Stortfold, perto das muralhas medievais, numa comprida trilha sem pavimentação que continha apenas quatro casas e a loja do National Trust, bem no meio da região turística. Passei por aquela casa milhares de vezes na vida sem jamais ter prestado atenção nela. Agora, ao passar pelo estacionamento do castelo e pela ferrovia em miniatura, que estavam vazios e desolados como só uma atração de verão pode estar em fevereiro, notei que a casa era maior do que eu imaginara, de tijolos vermelhos e fachada dupla, o tipo de casa que a gente só vê em exemplares antigos da revista Country Life enquanto espera ser atendida no médico.
Percorri a longa entrada para carros tentando não pensar que alguém me olhava da janela. Cruzar uma longa entrada para carros deixa você em desvantagem; isso a faz se sentir automaticamente inferior. Eu estava exatamente ponderando se deveria abaixar o topete do meu cabelo quando a porta se abriu e dei um pulo.


Uma mulher pouco mais velha que eu saiu para o vestíbulo. Ela usava calça branca, uma túnica que parecia ser de médico e carregava um casaco e uma pasta embaixo do braço. Ao passar por mim, deu um sorriso educado.


- E muito obrigada por ter vindo — disse uma voz lá de dentro. — A gente se fala. Ah. — Um rosto surgiu, de uma linda mulher de meia-idade, com cabelos num corte que parecia caro. Usava um terninho que, suponho, custava mais do que meu pai ganhava por mês.


- Você deve ser a Srta. Portilla.


- Anahi. — Estendi a mão, como minha mãe insistiu que eu fizesse.


Meus pais tinham dito que hoje em dia os jovens nunca estendem a mão. Antigamente, você sequer sonhava com um “oie” ou, pior, em jogar um beijo no ar como forma de cumprimento. Aquela mulher não parecia alguém que recebesse bem um beijo no ar.


- Certo, pois não. Entre, por favor.


Ela retirou a mão da minha tão rápido quanto era humanamente possível, mas senti seus olhos sobre mim, como se ela já estivesse me avaliando.


- Vamos entrar? Conversaremos na sala. Meu nome é Camilla Herrera.



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Autor(a): day

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Ela parecia exausta, como se já tivesse dito as mesmas palavras várias vezes naquele dia.Segui-a até uma sala enorme com janelas francesas que iam do chão ao teto. Pesadas cortinas drapejavam elegantemente de grossos varões de mogno e o piso era coberto de tapetes persas com motivos intrincados. Tudo cheirava a lustra- móveis e mob&i ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 121



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  • milaaya16 Postado em 08/12/2017 - 20:36:40

    Não entendi o final :(

  • franmarmentini♥ Postado em 24/07/2016 - 01:43:42

    Continua por favor....toda vez q leio esse final.morro de tanto soluçar.... Queria tanto eles juntos ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:49:36

    ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:29:54

    ;( quando vc vai postar mais??????

  • franmarmentini♥ Postado em 09/05/2016 - 09:57:36

    VC NAO MUDOU O FINAL????????

  • Beca Postado em 19/04/2016 - 09:36:55

    CHEGUEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:03:17

    Onde está a porta da licença poética? Pq vc não mudou esse final?

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:02:31

    Day nunca terminei de ler uma fic sua com tanta raiva

  • Mila Puente Herrera ® Postado em 15/02/2016 - 19:54:58

    AI MDS MORTAAAAAAA AQUI :O DESIDRATADA DE TANTAS LÁGRIMAS OQ FO ESSE FIM????

  • franmarmentini♥ Postado em 24/01/2016 - 23:47:49

    Day pelo amor de deus...vc não deixa ele morrer....Plis... Cadê a noite de amor deles????? ;(


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