Fanfics Brasil - 61 Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny

Fanfic: Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny | Tema: anahi e alfonso


Capítulo: 61

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Manuel estava na beira da pista, correndo sem sair do lugar, com a nova camiseta Nike e o short grudando de leve em suas pernas suadas. Fui lá dar um alô e avisar que não ia à reunião dos Tratores do Triatlo naquela noite no pub. Christian estava fora e eu ficaria no lugar dele para cuidar das tarefas da noite.


- É a terceira reunião do grupo a que você não vai.


- É mesmo? — Contei nos dedos. — Tem razão.


- Você precisa ir na próxima semana. São os planos de viagem para o Norseman Xtreme. E você não me disse o que quer fazer no seu aniversário. — Ele começou a fazer alongamentos, levantando a perna no alto e apertando o joelho no peito. — Pensei em irmos ao cinema, que tal? Não quero comer muito, não enquanto eu estiver treinando.


- Ah. Meus pais estão planejando um jantar especial.


Ele segurou o calcanhar e apontou o joelho para baixo. Não pude deixar de reparar que a perna dele estava ficando estranhamente forte.


- Isso não é exatamente uma saída, certo?


- Bom, ir ao cinema também não é. De qualquer jeito, acho que devo aceitar o jantar, Manuel. Mamãe anda meio triste.


Treena tinha saído de casa no fim de semana anterior (não levou a minha nécessaire com estampa de limões — eu a recuperei na noite anterior à sua partida). Mamãe estava arrasada; na verdade, estava sendo ainda pior do que quando Treena fora para a faculdade da primeira vez. Sentia falta de Thomas como sentiria de um braço ou de uma perna amputados. Os brinquedos que enchiam a sala desde que ele era bebê haviam sido colocados numa caixa e guardados. Não havia mais dedinhos de chocolate no sofá, nem caixinhas de bebida infantil no armário. Mamãe não tinha mais motivo para ir a pé até  a escola às três e quinze da tarde, nem alguém com quem conversar no curto trajeto de volta. Era a única hora em que mamãe realmente saía de casa. Agora, não ia a lugar nenhum, só ao supermercado uma vez por semana com papai.


Mamãe passou três dias andando pela casa, parecendo meio perdida, depois começou a fazer faxina com um vigor que assustou até o vovô. Ele resmungou quando ela passou o aspirador embaixo da cadeira onde  estava  sentado, ou bateu com o espanador no ombro dele. Treena dissera que não viria em casa  nas primeiras semanas da faculdade para que Thomas pudesse se adaptar. Todas as noites, quando ela telefonava, mamãe falava com os dois e depois chorava meia hora no quarto.


- Você tem trabalhado até tarde ultimamente. Quase não vejo você.


- Bom, você está sempre treinando. Mas é um bom dinheiro, Manuel. É pouco provável que eu me recuse a ir dormir lá.


Ele não podia discutir com isso.


Eu estava ganhando mais do que já ganhara em toda a minha vida. Dobrei a ajuda que dava aos meus pais; separei uma parte para depositar em uma poupança todo mês e ainda assim ganhava mais do que podia gastar. Em parte porque eu trabalhava tantas horas que nunca estava fora da Granta House quando as lojas ainda estavam abertas. O outro motivo era, simplesmente, o fato de eu não ser muito consumista. Comecei a passar as horas livres na biblioteca, pesquisando coisas na internet.


Havia todo um mundo à minha disposição naquele computador, página após página. Aquilo começou a exercer sobre mim um canto de sereia.


Começou com a carta de agradecimento. Alguns dias após o concerto, eu disse a Poncho que deveríamos escrever e agradecer ao amigo dele, o violinista.


- Comprei um lindo cartão no caminho para cá — expliquei. — Você  me diz o que quer dizer e eu escrevo. Trouxe minha caneta boa.


- Acho melhor não — disse Poncho.


- Como assim?


- Você me escutou.


- Você acha melhor não? Esse homem nos deu  lugares  na  primeira fila. Você mesmo disse que foi fantástico. O mínimo que pode fazer é agradecer a ele.


A mandíbula de Poncho estava dura, imóvel. Larguei a caneta.


- Ou você está tão acostumado a ganhar coisas que acha desnecessário agradecer?


- Portilla, você não tem ideia de como é frustrante eu não conseguir escrever com uma letra legivel por causa desse tremedeira nas mãos  e depender de alguém para escrever para mim. A frase “escrevo em nome de” é... humilhante.


- É? Bom, melhor do que um imenso nada — rosnei. — Eu vou agradecer.


Não vou mencionar você, se insiste em ser um imbecil quanto a isso.


Escrevi o cartão e coloquei no correio. Não comentei mais  nada. Porém, naquela tarde, as palavras  de  Poncho ainda  ecoavam  na  minha  cabeça  quando  eu me desviei rumo à biblioteca e, tendo visto um computador livre, acessei a internet. Pesquisei se havia algum acessório que Poncho pudesse usar para  escrever sem ajuda. Em uma hora, cheguei a conclusão de que Poncho poderia escrever pelo computador sem problema nenhum demoraria um pouco, por causa de suas mãos tremulas mas ele conseguiria. Não sei como não havia pensado nisso antes


Ele previsivelmente desdenhou da minha ideia no começo, mas concordou depois que eu insisti incansavelmente e,  uma  semana  depois,  com a ajuda de Christian,  acomodamos Poncho de modo que, com o teclado do computador fixado em sua cadeira de rodas, ele não precisasse de mais ninguém para digitar para ele. No começo, ficou pouco à vontade, mas quando eu disse para começar tudo com a frase “Escreva uma carta, Srta. Portilla”, ele superou a questão.


Nem a Sra. Herrera conseguiu encontrar algo do que reclamar.


 


Olhava Poncho, nervosamente, como se ele estivesse mesmo prestes a arrancar o dispositivo de sua mandíbula.


Três dias depois, assim que saí para o trabalho, o carteiro me entregou um envelope. Abri no ônibus, pensando que fosse um cartão de aniversário adiantado, de algum primo distante. Estava escrito, em tipografia computadorizada:


 


Cara  Portilla,


Para mostrar que sou mesmo um egoísta imbecil completo. E que agradeço muito os seus esforços.


Obrigado. Poncho 


 


Ri tão alto que o motorista perguntou se eu tinha ganhado na loteria.


 


 



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Autor(a): day

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 121



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  • milaaya16 Postado em 08/12/2017 - 20:36:40

    Não entendi o final :(

  • franmarmentini♥ Postado em 24/07/2016 - 01:43:42

    Continua por favor....toda vez q leio esse final.morro de tanto soluçar.... Queria tanto eles juntos ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:49:36

    ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:29:54

    ;( quando vc vai postar mais??????

  • franmarmentini♥ Postado em 09/05/2016 - 09:57:36

    VC NAO MUDOU O FINAL????????

  • Beca Postado em 19/04/2016 - 09:36:55

    CHEGUEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:03:17

    Onde está a porta da licença poética? Pq vc não mudou esse final?

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:02:31

    Day nunca terminei de ler uma fic sua com tanta raiva

  • Mila Puente Herrera ® Postado em 15/02/2016 - 19:54:58

    AI MDS MORTAAAAAAA AQUI :O DESIDRATADA DE TANTAS LÁGRIMAS OQ FO ESSE FIM????

  • franmarmentini♥ Postado em 24/01/2016 - 23:47:49

    Day pelo amor de deus...vc não deixa ele morrer....Plis... Cadê a noite de amor deles????? ;(


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