Fanfics Brasil - 63 Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny

Fanfic: Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny | Tema: anahi e alfonso


Capítulo: 63

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Às sete e meia em ponto, abri a porta de casa para Poncho e Christian. Poncho estava usando sua camisa chique e jaqueta. Não sabia se ficava satisfeita com o esforço que ele fizera, ou preocupada porque minha mãe ia passar as duas primeiras horas se atormentando por não ter se vestido adequadamente.


- Oi, pessoal.


Meu pai surgiu no corredor atrás de mim.


- Arrá. A rampa funcionou bem, rapazes?


Ele tinha passado a tarde inteira fazendo uma rampa de compensado para a escada externa.


Christian levou com cuidado a cadeira de Poncho até nosso estreito corredor.


- Muito bem — disse Christian, enquanto eu fechava a porta atrás dele. — É ótima. Já vi rampas piores em hospitais.


- Bernard Portilla. — Papai estendeu a mão para Christian e se apresentou. Estendeu-a para Poncho antes de retirá-la num súbito ataque de constrangimento. — Bernard. Desculpe, hum... não sei como cumprimentar um... não posso apertar a sua... — Papai começou a gaguejar.


- Bom até onde eu sei eu ainda consigo apertar a mão de alguem,mas se preferir pode fazer uma reverência— ironizou Poncho.


Papai ficou olhando e, ao ver que Poncho estava brincando, deu uma risada de alívio.


- Ah! — exclamou, e deu um tapinha no ombro de Poncho. — É.  Uma reverência. Essa é boa. Ah!


Isso quebrou o gelo. Christian despediu-se com um aceno e uma piscadela e empurrei Poncho na cadeira de rodas até a cozinha. Por sorte, mamãe segurava uma travessa, o que  a eximiu de enfrentar a mesma   preocupação.


- Mamãe, este é Poncho. Poncho, esta é Josephine.


- Josie, por favor. — Ela sorriu para ele, suas luvas refratárias indo até os cotovelos. — Que bom finalmente conhecer você, Poncho.


- Prazer em conhecê-la — disse ele. — Por favor, não interrompa o que está fazendo.


Ela deixou a travessa numa mesa e pôs a mão nos cabelos, o que, em se tratando da mamãe, era sempre um bom sinal. Pena que ela se esqueceu de tirar as luvas antes.


- Desculpe — disse ela. — Estou fazendo um assado. Tudo depende do tempo no forno, sabe.


- Na verdade, não — respondeu Poncho. — Não sei cozinhar. Mas gosto de boa comida. É por isso que estava ansioso por vir.


-Então... — Papai abriu a geladeira. — Como vamos fazer isso? Você tem permissão para beber  cerveja?


Eu disse a Poncho que se papai tivesse sofrido um acidente, certamente providenciaria o copo para cerveja antes mesmo da cadeira de    rodas.


- Prioridades, certo? — disse papai.


- Cerveja está ótimo. Obrigado.


Ele deu um gole e fiquei ali na cozinha, subitamente me dando conta de como nossa casa era pequena e antiquada, com seu papel de parede dos anos 1980 e armários de cozinha gastos. A casa de Poncho era elegantemente mobiliada, suas coisas esparsas e bonitas. A nossa casa parecia que tinha noventa por cento de todas as coisas vindas de uma loja de 1,99. Os desenhos de Thomas, feitos em papéis com as pontas amassadas, cobriam cada superfície livre de paredes. Mas, se reparou nisso, Poncho não comentou. Ele e papai descobriram logo um interesse em comum, que foi a minha total falta de habilidade. Não me incomodei. Isso fez os dois felizes.


- Você sabia que uma vez ela deu marcha a ré em cima de uma baliza e jurou que a culpa foi da baliza...


- Você precisa ver quando ela abaixa a minha rampa. Eu sinto como se estivesse esquiando.


Papai rolou de rir.


Deixei-os  conversando.  Mamãe  foi atrás  de  mim,  agitada.  Ela  colocou uma bandeja com copos na mesa de jantar e então deu uma olhada no relógio.


- Onde está Manuel?


- Ele vem direto do treino — respondi. — Deve ter se atrasado.


- Ele não podia deixar isso de lado pelo menos no seu aniversário?  Esse frango não vai ficar bom se ele demorar demais.


- Mamãe, vai ficar ótimo.


Esperei que  ela  pousasse a  bandeja, depois passei os braços em volta  dela  e lhe dei um abraço. Ela  estava  rígida  de  preocupação. Senti uma  repentina  onda de afeto por ela. Não devia ser fácil ser minha   mãe.


- De verdade, vai ficar ótimo.


Ela se desvencilhou de mim, deu um beijo no alto da minha cabeça e esfregou as mãos no avental.


- Queria que sua irmã estivesse aqui. Parece errado comemorar sem ela.


Para mim, não parecia. Eu estava gostando muito de ser o foco das atenções, para variar. Talvez parecesse infantil, mas era verdade. Adorei que Poncho e papai estivessem rindo de mim. Adorei que o jantar (do frango assado à mousse de chocolate) fosse só com meus pratos preferidos. E gostei de ser do jeito que eu quisesse ser, sem que a voz da minha irmã ficasse me lembrando de quem eu tinha sido.


A campainha tocou e mamãe agitou as mãos.


- Aí está ele. Any, por que você não começa a  servir? Manuel ainda estava corado por causa dos exercícios na pista.


- Feliz aniversário, querida — disse, parando para me beijar. Tinha cheiro de loção pós-barba e desodorante e a pele morna de quem acabou de sair do banho.


- Melhor ir direto para lá — Acenei com a cabeça  em  direção à  sala de estar. — Mamãe está histérica com a hora.


-Ah — Ele olhou o relógio. — Desculpe, devo ter perdido a noção do tempo.


- Com o seu tempo você se preocupa, certo?


- O quê?


- Nada.


Papai tinha levado a grande mesa desmontável para a sala. E, seguindo minhas instruções, também havia encostado um dos sofás na outra parede, de modo que Poncho pudesse entrar no cômodo sem obstruções. Poncho manobrou a cadeira de rodas para onde mostrei e elevou um pouco o assento para ficar à mesma altura que todos. Sentei-me à esquerda dele e Manuel ficou em frente. Ele, Poncho e vovô se cumprimentaram com a cabeça. Quando me sentei, pude notar que Poncho observava Manuel e pensei por um momento se ele seria tão simpático com meu namorado como tinha sido com meus pais.


Poncho inclinou a cabeça para mim.


- Se der uma olhada na parte de trás da minha cadeira, vai ver que tem uma coisinha para o jantar.


Olhei e enfiei a mão na bolsa atrás da cadeira de Poncho. Ao puxar minha mão de volta, ela trouxe uma garrafa de champanhe Laurent-Perrier.


- Você sempre deve ter champanhe no seu aniversário — disse ele.


- Ah, olha só — disse mamãe, trazendo os pratos. — Que  simpático!  Mas não temos taças de champanhe!


- Essas servem — disse Poncho.


- Eu abro a garrafa — Manuel pegou-a, retirou o arame e posicionou seus dedões embaixo da rolha. Continuou observando Poncho, como se ele não fosse quem esperava.


- Se fizer assim — observou Poncho —, isso vai espirrar para todos os lados — Ele levantou o braço mais ou menos um centímetro, num gesto vago. — Acho que segurar a rolha e ir girando a garrafa pode ser mais seguro.


- Eis um homem que conhece o  seu champanhe  —  disse  papai.  — Faça isso, Manuel. Girar a garrafa, foi isso que você disse? Bom, quem sabe?


- Eu sei— disse Manuel. — Era o que eu ia fazer.


O champanhe foi seguramente aberto e servido, e brindamos ao meu aniversário.


Vovô gritou alguma coisa que bem que poderia ser:


- Ouçam, ouçam.


Levantei-me e fiz uma mesura. Estava com um minivestido amarelo dos anos 60, evasê, comprado no brechó. A vendedora disse que devia ser da Biba, embora alguém tivesse cortado a  etiqueta.


- Que este seja o ano em que a nossa Any finalmente cresça — brindou papai. — Eu ia dizer “que ela faça alguma coisa na vida”, mas parece que finalmente ela está fazendo algo. Preciso dizer, Poncho, que desde que começou a trabalhar com você, ela... bem, ela realmente amadureceu.


- Estamos muito orgulhosos — disse mamãe. — E gratos. A você. Por dar o emprego a ela, quero dizer.


- Sou eu quem agradece — disse Poncho. E olhou de relance para mim.


- À Any — disse papai. — E seu sucesso.


- E aos membros da família que estão ausentes — disse mamãe.


- Caramba — exclamei. — Acho que eu deveria fazer aniversário com mais frequência. Nos outros dias, vocês só me perseguem.


Eles começaram a conversar, papai contando alguma  outra  história contra mim, o que fez mamãe e ele rirem alto. Foi bom vê-los rir. Naquelas últimas semanas, papai parecia muito cansado, e mamãe estava de olhos fundos, distraída, como se estivesse sempre em outro lugar. Eu quis aproveitar aqueles momentos, vê-los esquecer um pouco os problemas, com piadinhas entre si e sentimento de união familiar. Apenas por um  instante, pensei que  eu não teria me incomodado se Thomas estivesse lá. Aliás, Treena   também.


Estava tão perdida em pensamentos que levei um instante para notar a cara de Manuel. Eu estava tão distraida que não notei que Manuel não parava de encarar Poncho e o jeito em que ele comia.


Poncho disse alguma coisa para papai e eu encarei Manuel, querendo  que ele parasse com aquilo. À sua esquerda, vovô comia com muito gosto, fazendo o que nós chamávamos de seus “sons de comida”: pequenos gemidos e suspiros de prazer.


- Salmão delicioso — disse Poncho para mamãe. — Um sabor  ótimo, realmente.


- Bom, isso não é algo que façamos todos os dias — disse mamãe, sorrindo


—, mas quisemos que hoje fosse  especial.


Pare de encará-lo, eu disse a Manuel sem emitir  som.


Por fim, ele captou meu olhar e olhou para outro lugar. Parecia furioso.


Ofereci a Poncho outro pedaço de salmão e, quando  ele  deu uma  olhadela  para o pão, também ofereci um pouco. Percebi então, naquele momento, que eu estava tão em sintonia com relação às necessidades de Poncho que eu nem precisava olhar para saber o que ele queria. À nossa frente, Manuel comia de  cabeça  baixa, cortando o salmão defumado em pequenos pedaços e pegando-os com o garfo. Deixou o pão.


- Então, Manuel — disse Poncho, talvez percebendo meu desconforto. — Anahi me disse que você é personal trainer. Como é seu trabalho?


Queria que ele não tivesse perguntado. Manuel entrou no seu linguajar de vendedor, falando sobre motivação pessoal e sobre como um corpo em forma constrói uma mente saudável. Então ele foi em frente com sua agenda de treinos para o Norseman Xtreme — as temperaturas do Mar do Norte, as taxas de gordura necessárias para a maratona, seus melhores tempos em cada área. Em geral, a essa altura da conversa eu desligava, mas tudo o que eu podia pensar naquele momento, com Poncho ao meu lado, era em como aquele assunto era inapropriado. Por que Manuel não respondeu alguma coisa vaga e pronto?


- Na verdade, quando Any disse que você vinha, pensei em dar uma olhada nos meus livros e ver se há algum exercício que eu possa recomendar.


Engasguei com meu champanhe.


- Isso é um tanto específico, Manuel. Não sei se você é a pessoa certa para isso.


- Eu posso fazer treinos específicos. Sei trabalhar com lesões causadas pelo esporte. Tenho treinamento médico.


- Não se trata de uma torção no joelho, Manuel. Mesmo.


- Há alguns anos, trabalhei com um homem que tinha um cliente paraplégico. Ele disse que hoje o cliente está quase totalmente recuperado. Participa de triatlos e tudo.


- Interessante — disse minha mãe.


- Ele me mostrou uma nova pesquisa feita no Canadá, segundo a qual os músculos podem ser treinados para lembrar as atividades que realizavam anteriormente. Se você os trabalhar o suficiente todos os dias, é como uma sinapse cerebral, eles voltam a funcionar. Aposto que, se fizéssemos uma boa tabela de atividades, você notaria diferença em sua memória muscular. Afinal, Any me disse que você era um sujeito bastante ativo.


- Manuel — disse eu, alto. — Você não entende nada disso.


- Eu só estava tentando...


- Bom, não. De verdade.


A mesa ficou em silêncio. Papai tossiu e se desculpou. Vovô deu uma olhada geral, num  silêncio precavido.


Mamãe fez que ia oferecer mais pão a  todos, mas pareceu ter  mudado  de ideia.


Quando Manuel voltou a falar, havia  um leve tom de martírio em sua   voz.


- Era só uma pesquisa que eu pensei que pudesse  ajudar.  Não  falo mais nisso.


Poncho olhou e sorriu, o rosto inexpressivo, educado.


- Com certeza vou pensar nessa pesquisa.


Eu me levantei para recolher os pratos, querendo fugir da mesa. Mas mamãe mandou que eu me sentasse, repreendendo-me.


- Você é a aniversariante — disse, como se  algum  dia permitisse  que alguém fizesse alguma coisa. — Bernard, por que não traz o frango?


- Rá-rá. Tomara que ele não tenha batido asas, não? — Papai sorriu, mostrando os dentes numa espécie de careta.


O jantar seguiu sem qualquer outro incidente. Pude ver que meus pais ficaram completamente encantados com Poncho. Manuel, menos. Ele e Poncho mal trocaram outras palavras. A certa altura, mais ou menos quando mamãe servia as batatas assadas (e papai, como sempre, tentava roubar batatas extras), parei de me preocupar. Papai estava perguntando de tudo para Poncho: sobre a vida que tinha antes do acidente e até como tinha sido o acidente; Poncho parecia estar à vontade o suficiente para respondê-lo sem rodeios. Na verdade, fiquei sabendo de muita coisa que ele nunca tinha me contado. O trabalho dele, por exemplo, parecia muito importante, apesar de ele não levá-lo muito a sério. Ele comprava e vendia empresas e garantia lucrar com isso. Acho que papai demorou um pouco para entender que, para Poncho, a ideia de lucro envolvia seis ou sete dígitos. Peguei a mim mesma olhando para Poncho, tentando ajustar o homem que eu conhecia ao que ele descrevia, um implacável executivo da City, em Londres. Papai comentou com ele sobre a empresa que estava prestes a comprar a fábrica de móveis e, quando deu o nome, Poncho fez que sim com a cabeça, quase se desculpando, e disse que sim, conhecia a empresa. E que sim, ele provavelmente faria o mesmo também. O jeito como ele disse isso não soou muito promissor para o emprego de papai.


Mamãe apenas arrulhava para Poncho, toda cheia de preocupações com ele. Percebi, ao ver o sorriso dela, que, à certa altura do jantar, ele tinha se tornado apenas um jovem elegante à sua mesa. Como era de se esperar, Manuel estava irritado.


- Tem bolo de aniversário? — perguntou vovô, quando mamãe começou  a tirar os pratos.


A pergunta foi tão clara e inesperada que papai e eu nos entreolhamos, pasmos. A mesa inteira ficou quieta.


- Não. — Dei a volta na mesa e dei um beijo nele. — Não tem, vovô. Sinto muito. Mas tem mousse de chocolate. Você gosta.


Ele concordou, satisfeito. Mamãe sorriu radiante. Acho que nenhum de nós poderia ter recebido melhor presente.


A mousse chegou à mesa com um enorme presente quadrado, do tamanho de uma lista telefônica, embrulhado em papel colorido.



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Autor(a): day

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 121



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  • milaaya16 Postado em 08/12/2017 - 20:36:40

    Não entendi o final :(

  • franmarmentini♥ Postado em 24/07/2016 - 01:43:42

    Continua por favor....toda vez q leio esse final.morro de tanto soluçar.... Queria tanto eles juntos ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:49:36

    ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:29:54

    ;( quando vc vai postar mais??????

  • franmarmentini♥ Postado em 09/05/2016 - 09:57:36

    VC NAO MUDOU O FINAL????????

  • Beca Postado em 19/04/2016 - 09:36:55

    CHEGUEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:03:17

    Onde está a porta da licença poética? Pq vc não mudou esse final?

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:02:31

    Day nunca terminei de ler uma fic sua com tanta raiva

  • Mila Puente Herrera ® Postado em 15/02/2016 - 19:54:58

    AI MDS MORTAAAAAAA AQUI :O DESIDRATADA DE TANTAS LÁGRIMAS OQ FO ESSE FIM????

  • franmarmentini♥ Postado em 24/01/2016 - 23:47:49

    Day pelo amor de deus...vc não deixa ele morrer....Plis... Cadê a noite de amor deles????? ;(


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