Fanfic: Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny | Tema: anahi e alfonso
Ela parecia exausta, como se já tivesse dito as mesmas palavras várias vezes naquele dia.
Segui-a até uma sala enorme com janelas francesas que iam do chão ao teto. Pesadas cortinas drapejavam elegantemente de grossos varões de mogno e o piso era coberto de tapetes persas com motivos intrincados. Tudo cheirava a lustra- móveis e mobília antiga. Havia elegantes mesinhas laterais por todo canto, seus lustrosos tampos cobertos de caixas decorativas. Pensei por um instante onde é que, raios, os Herrera pousavam suas xícaras de chá.
- Então você veio porque viu o anúncio do Centro de Trabalho, certo? Sente- se, por favor.
Enquanto ela folheava os papéis em sua pasta, examinei disfarçadamente a sala. Pensei que a casa talvez devesse ser parecida com uma casa de repouso, tudo colocado no alto e com as superfícies muito limpas. Mas era como um daqueles hotéis assustadoramente caros, imerso numa riqueza antiga, cheio de coisas de alto valor sentimental e que já pareciam valiosas independentemente disso. Havia fotos em porta-retratos de prata em uma mesinha lateral, mas estavam longe demais para eu ver os rostos. Enquanto ela vasculhava seus papéis, eu me ajeitei na cadeira para tentar enxergar melhor.
E foi então que ouvi aquilo — o som inconfundível de pano se rasgando. Olhei para baixo e vi as duas partes de tecido que se juntavam na lateral da minha perna direita separadas violentamente, lançando para o alto fiapos de linha de seda que formavam uma franja deselegante. Senti meu rosto se inundar de cor.
- Então… Srta. Portilla… tem alguma experiência no cuidado de pessoas paraplégicas?
Virei-me para olhar a Sra. Herrera e me retorci de modo que o paletó cobrisse o máximo possível da saia.
- Não.
- Trabalha há muito tempo como cuidadora?
- Hum… na verdade, nunca trabalhei — disse eu, acrescentando, como se ouvisse a voz de Syed no meu ouvido: — Mas tenho certeza de que posso aprender.
- Sabe em que consiste a paraplégia? Vacilei.
- É quando… a pessoa fica presa a uma cadeira de rodas?
- Acredito que essa é uma forma de descrever. Há diversos graus, mas neste caso estamos falando da perda completa do uso das pernas e nesse caso especifico uma certa dificuldades em utilizar as mãos. Isso incomoda a você?
- Bom, não tanto quanto incomoda a ele, é claro. — Esbocei um sorriso, mas o rosto da Sra. Herrera estava inexpressivo. — Desculpe… não quis…
- Sabe dirigir, Srta. Portilla?
- Sim.
- Tem carteira de motorista sem infrações?.
Camilla Herrera ticou algo em sua lista.
O rasgo estava aumentando. Eu podia vê-lo subir lenta e inexoravelmente pela minha coxa. Nessa altura, no momento em que eu me levantasse iria parecer uma dançarina de cassino de Las Vegas.
- Você está se sentindo bem? — A Sra. Herrera olhava para mim.
- Só estou com um pouco de calor. Posso tirar o paletó? — Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, arranquei o paletó num movimento gracioso e amarrei-o na cintura, tapando o rasgo na saia. — Bem quente — disse eu, sorrindo para ela. — O calor vindo lá de fora. A senhora sabe, não é?
Houve uma breve pausa e então a Sra. Herrera olhou de novo em sua pasta.
- Qual a sua idade?
- Vinte e seis.
- E ficou seis anos no emprego anterior.
- Sim. A senhora deve ter uma cópia da minha carta de recomendação.
- Hum… — A Sra. Herrera segurou a carta e deu uma olhadela. — Seu ex- empregador diz que você “é uma pessoa calorosa, falante e cheia de vida.”
- É, eu paguei para ele escrever isso. De novo, aquela cara de paisagem.
Ai, droga, pensei.
Era como se eu estivesse sendo avaliada. Não necessariamente de um jeito bom. De repente, a saia da minha mãe se tornou barata, a trama sintética brilhava na luz fraca. Eu deveria ter usado minha calça mais simples e uma camiseta. Qualquer coisa, menos esse tailleur.
- Então, por que está saindo desse emprego onde é, claramente, tão valorizada?
- Frank, o proprietário, vendeu o café. É aquele que fica no final do castelo. The Buttered Bun. Ficava — corrigi. — Eu ficaria feliz em continuar lá.
A Sra. Herrera fez que sim com a cabeça, tanto porque achou desnecessário dizer mais alguma coisa quanto porque ela também adoraria que eu tivesse continuado por lá.
- O que exatamente pretende fazer da sua vida?
- Desculpe?
- Pretende ter uma carreira? Isso é um primeiro passo para algo mais? Tem algum sonho profissional que deseja realizar?
Olhei para ela, confusa.
Seria essa uma pergunta do tipo armadilha?
- Eu… realmente ainda não pensei muito sobre isso. Desde que perdi o emprego, eu apenas…— engoli em seco — Eu só quero voltar a trabalhar.
Pareceu uma resposta fraca. Que tipo de pessoa vai para uma entrevista de emprego sem sequer saber o que quer fazer? A expressão da Sra. Herrera sugeria que ela também pensava assim.
Ela pousou a caneta.
- Então, Srta. Portilla, por que acha que devo selecioná-la em vez de, por exemplo, o candidato anterior, que tem vários anos de experiência com pacientes paraplégicos?
Olhei para ela.
- Hum… honestamente? Não sei. — Tal comentário encontrou o silêncio, então acrescentei: — Acho que isso compete à senhora.
- Você não pode me dar uma única razão para contratá-la?
De repente, o rosto da minha mãe surgiu à minha frente. A ideia de voltar para casa com um tailleur destruído e outra entrevista fracassada era demais para mim. E aquele emprego pagava mais de nove libras a hora.
Sentei-me ereta por um instante.
- Bom… aprendo rápido, nunca fico doente, moro logo do outro lado do castelo e sou mais forte do que pareço… provavelmente forte o bastante para ajudar seu marido a se locomover…
- Meu marido? Não é com o meu marido que você trabalharia. É com meu filho.
- Seu filho? — Pisquei. — Hum… não tenho medo de trabalho duro. Tenho facilidade para lidar com todo tipo de gente e… faço um ótimo chá. — Comecei a tagarelar para preencher o silêncio. A ideia de que o paraplégico era filho dela me derrubou. — Quer dizer, meu pai não acharia que essa é a melhor das referências. Mas minha experiência diz que não existe nada que não possa ser resolvido com uma boa xícara de chá…
Tinha algo um pouco estranho no jeito como a Sra. Herrera me olhava.
- Desculpe-me — gaguejei, ao perceber o que tinha dito. — Não estou querendo dizer que a coisa… a paraplegia… paraplégia… do seu filho… possa ser resolvida com uma xícara de chá.
- Devo dizer, Srta. Portilla, que o contrato é provisório. Deve durar, no máximo, seis meses. Por isso o salário é… proporcional. Queríamos atrair a pessoa certa.
- Acredite em mim, quando você trabalhou em turnos numa processadora de frangos, trabalhar na baía de Guantánamo fica interessante. — Ah, cale a boca, Anahi. Mordi o lábio.
Mas a Sra. Herrera pareceu não se alterar. Fechou a agenda.
- Meu filho, Poncho, sofreu um acidente de trânsito há quase dois anos. Ele precisa de cuidados intensivos, que são, em grande parte, realizados por um enfermeiro treinado. Há pouco tempo voltei a trabalhar e o cuidador precisaria estar aqui durante o dia para fazer companhia a ele, ajudá-lo a comer e beber, e geralmente é sensato ter um par extra de mãos, para garantir que ele não vá se machucar. — Camilla Herrera olhou para o colo. — É de extrema importância que Poncho tenha alguém aqui que compreenda essa responsabilidade.
Tudo o que ela disse, inclusive a maneira como destacou as palavras, parecia sugerir algum nível de idiotice da minha parte.
- Sei. — Fui pegando minha bolsa.
- Então, você gostaria do emprego?
Foi tão inesperado que pensei ter ouvido errado.
- O que a senhora disse?
- Precisamos que comece o mais rápido possível. O pagamento será semanal.
Fiquei um instante sem saber o que dizer.
- Prefere ficar comigo em vez… — comecei.
- O horário é puxado, das oito da manhã às cinco da tarde, às vezes mais. Não há exatamente um horário de almoço, mas quando Christian, o enfermeiro do turno do dia, vier ajudá-lo com a refeição, você deverá ter meia hora livre.
- A senhora não precisaria de alguém… da área médica?
- Poncho recebe todo o cuidado médico que podemos oferecer. Queremos uma pessoa forte… e animada. Ele tem uma vida… complicada, e é importante que seja incentivado a… — Ela se interrompeu, de olhos fixos em alguma coisa do outro lado das janelas francesas. Por fim, voltou-se novamente para mim. — Bom, digamos que o bem-estar físico dele é tão importante quanto o mental. Entende?
- Acho que sim. Vou precisar… usar uniforme?
- Não. Definitivamente nada de uniforme. — Ela olhou minhas pernas.- Embora seja bom que use algo… menos revelador.
Olhei para onde meu paletó tinha escorregado, revelando uma generosa extensão de perna nua.
— Isso… desculpe. Rasgou. Na verdade, a saia não é minha.
Mas a Sra. Herrera parecia não estar mais ouvindo.
- Quando você começar, explico o que precisa fazer. No momento, Poncho não é a pessoa mais fácil de se lidar no mundo, Srta. Portilla. O trabalho vai exigir tanto de sua atitude mental quanto das… habilidades profissionais que possa ter. Então, nós nos vemos amanhã?
- Amanhã? Você não quer… não quer que eu o conheça?
- Poncho não está num bom dia. Acho melhor fazermos isso depois. Levantei-me, percebendo que a Sra. Herrera já esperava que eu saísse.
- Sim — concordei, puxando o paletó de mamãe por cima de mim. — Hum.
Obrigada. Chego às oito amanhã.
Autor(a): day
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 121
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milaaya16 Postado em 08/12/2017 - 20:36:40
Não entendi o final :(
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franmarmentini♥ Postado em 24/07/2016 - 01:43:42
Continua por favor....toda vez q leio esse final.morro de tanto soluçar.... Queria tanto eles juntos ;(
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franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:49:36
;(
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franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:29:54
;( quando vc vai postar mais??????
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franmarmentini♥ Postado em 09/05/2016 - 09:57:36
VC NAO MUDOU O FINAL????????
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Beca Postado em 19/04/2016 - 09:36:55
CHEGUEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
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hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:03:17
Onde está a porta da licença poética? Pq vc não mudou esse final?
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hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:02:31
Day nunca terminei de ler uma fic sua com tanta raiva
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Mila Puente Herrera ® Postado em 15/02/2016 - 19:54:58
AI MDS MORTAAAAAAA AQUI :O DESIDRATADA DE TANTAS LÁGRIMAS OQ FO ESSE FIM????
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franmarmentini♥ Postado em 24/01/2016 - 23:47:49
Day pelo amor de deus...vc não deixa ele morrer....Plis... Cadê a noite de amor deles????? ;(