Fanfics Brasil - 72 Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny

Fanfic: Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny | Tema: anahi e alfonso


Capítulo: 72

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* * *


 


Depois que Christian saiu, Poncho foi me encontrar na cozinha. Eu estava sentada à mesinha, descascando batatas para o jantar, e não olhei para ele quando chegou e posicionou a cadeira no vão da porta. Examinou-me por tempo suficiente para que minhas orelhas ficassem vermelhas com o   escrutínio.


- Sabe — falei, finalmente. — Eu poderia ter sido malvada com você. — Poderia ter dito que você também não faz nada.


- Não sei se Christian teria apostado que eu iria sair para dançar — disse Poncho.


- Eu sei que é brincadeira — prossegui, descartando uma comprida tira de casca de batata. — Mas vocês fizeram com que eu me sentisse  muito  mal mesmo. Se vocês vão fazer apostas com a minha vida sem graça, precisam me avisar? Não poderiam fazer disso uma espécie de piada   particular?


Ele não disse nada por um tempo. Quando, finalmente, olhei para ele, estava me observando.


- Desculpe — disse.


- Você não me parece arrependido.


- Bom... está bem... talvez eu quisesse que você escutasse isso. Talvez eu quisesse mostrar o que você está fazendo da sua vida.


- Acha que estou desperdiçando minha vida...?


- Acho, na verdade.


- Meu Deus, Poncho. Eu gostaria que você parasse de me dizer o que eu devo fazer. E daí se eu gosto de ver televisão? E daí se eu não quero muito mais que ler um livro? — Minha voz tinha ficado esganiçada. — E daí se estou cansada quando chego em casa? E daí se não preciso preencher meus dias com atividades frenéticas?


- Mas um dia pode se arrepender — disse ele, em voz baixa. — Sabe o que eu faria, se fosse você?


Larguei o descascador.


- Acho que você vai me dizer.


- É. E fico bastante constrangido de dizer isso a você. Eu faria um curso noturno. De costureira ou estilista de moda, ou seja lá o que for esses remendos de que você realmente gosta. — Fez um gesto em direção ao meu minivestido, inspirado no estilo Pucci dos anos 1960, feito com o tecido que, uma vez, tinha sido uma das cortinas do meu avô.


A primeira vez que papai viu, ele apontou para mim e gritou:


- Ei, Any, controle-se! — E levou cinco minutos para parar de rir.


- Eu procuraria o que pudesse fazer e que fosse mais barato:  aulas  de ginástica, natação, voluntariado, qualquer coisa. Daria aulas de música, ou passearia com o cachorro de alguém, ou... — sugeriu Poncho.


- Certo, certo entendi o recado — falei, irritada. — Mas não sou você, Poncho.


- Sorte sua.


Ficamos ali por um tempo. Poncho entrou na cozinha e levantou o assento da cadeira de maneira a nos vermos por cima da mesa.


- Certo — falei. — Então, o que você fazia depois do trabalho? Era algo tão precioso assim?


- Bom, não me sobrava muito tempo depois do trabalho, mas eu tentava fazer alguma coisa todos os dias. Praticava escalada indoor em um centro esportivo, jogava squash, ia a concertos, experimentava restaurantes novos...


- Tudo isso é fácil com dinheiro — reclamei.


- E eu corria. É verdade — disse, e levantei uma sobrancelha. — Tentava aprender a língua de lugares que eu poderia visitar um dia. E encontrava meus amigos... ou quem eu achava que eram meus amigos... — Ele hesitou por um instante. — E planejava viagens. Procurava por lugares em que eu nunca tinha estado, coisas que me assustassem ou me levassem ao limite. Uma vez, atravessei o Canal da Mancha a nado. Pratiquei parapente. Subi montanhas e as desci esquiando. É — falou, quando fiz menção de interromper. — Sei que muitas dessas coisas exigem dinheiro, mas muitas outras, não. Além do mais, como você acha que eu ganhava dinheiro?


- Explorando as pessoas na City?


- Eu fazia o que me faria feliz e o que eu queria fazer; me preparei para trabalhar no que me permitisse fazer as duas coisas.


- Você faz isso parecer tão simples.


- E é — disse ele. — O problema é que ainda assim é muito trabalho. E ninguém quer trabalhar muito.


Terminei com as batatas. Joguei as cascas no lixo e  coloquei a  panela  no fogão, pronta para mais tarde. Virei-me e, apoiando os braços na mesa, sentei-me ali, com as pernas  balançando.


- Você teve uma boa vida, não?


- É, tive. — Ele chegou um pouco mais perto e elevou o assento até quase ficar na altura dos meus olhos. — Por isso é que você me irrita, Portilla. Vejo todo esse talento, toda essa... — Ele deu de ombros. — Essa energia e inteligência e...


- Não diga potencial...


- ...potencial. Sim. Potencial. Não consigo entender como se contenta  com essa vidinha. Essa vidinha que será passada quase toda num raio de quinze quilômetros, sem ninguém que a surpreenda, incentive ou mostre  coisas  que façam sua cabeça girar e você perder o sono à noite.


- É uma forma de dizer que eu deveria estar fazendo coisas melhores do que descascar batatas para você.


- Estou avisando que existe um mundo inteiro lá fora. Mas eu gostaria muito que, antes de conhecer esse mundo, você fizesse umas batatas para mim. — Ele me lançou um sorriso e não pude evitar retribuir.


- Você não acha... — comecei a dizer, mas desisti.


- Continue.


- Não acha que é mais difícil para você... se adaptar, digamos assim...


Porque você fez  todas essas  coisas?


- Está perguntando se eu preferia não ter feito nada?


- Estava pensando se não seria mais fácil para você. Se tivesse tido uma vida menos rica antes. Viver assim, como você vive agora, quero dizer.


- Jamais me arrependerei do que fiz. Porque, quase sempre, se você está enfiado numa cadeira assim, só pode ir aos lugares da lembrança. — Sorriu. Um sorriso duro, como se lhe custasse. — Então, se você está me perguntando se prefiro me lembrar da vista que se tem do castelo quando se está no minimercado, ou daquela linda fileira de lojas por ali, então, não. Minha vida foi ótima. Obrigado.


Desci da mesa. Não tinha muita certeza, mas me senti mais uma  vez  como uma pessoa colocada contra a parede. Peguei a tábua de cortar no escorredor.


- E Any, me desculpe. Sobre aquela história da aposta.


- Tudo bem. — Virei-me e comecei a enxaguar a tábua. — Mas não  pense que isso vai lhe trazer de volta aquelas dez libras.


 



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Autor(a): day

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* * *   Dois dias depois, Poncho teve uma infecção e acabou no hospital. Era uma medida de precaução, foi o que eles disseram, mas era óbvio para todos que ele sentia muita dor. Alguns paraplégicos não têm sensibilidade física, mas, apesar de não sentir calor ou frio, da cintura para baixo ele podia ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 121



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  • milaaya16 Postado em 08/12/2017 - 20:36:40

    Não entendi o final :(

  • franmarmentini♥ Postado em 24/07/2016 - 01:43:42

    Continua por favor....toda vez q leio esse final.morro de tanto soluçar.... Queria tanto eles juntos ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:49:36

    ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:29:54

    ;( quando vc vai postar mais??????

  • franmarmentini♥ Postado em 09/05/2016 - 09:57:36

    VC NAO MUDOU O FINAL????????

  • Beca Postado em 19/04/2016 - 09:36:55

    CHEGUEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:03:17

    Onde está a porta da licença poética? Pq vc não mudou esse final?

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:02:31

    Day nunca terminei de ler uma fic sua com tanta raiva

  • Mila Puente Herrera ® Postado em 15/02/2016 - 19:54:58

    AI MDS MORTAAAAAAA AQUI :O DESIDRATADA DE TANTAS LÁGRIMAS OQ FO ESSE FIM????

  • franmarmentini♥ Postado em 24/01/2016 - 23:47:49

    Day pelo amor de deus...vc não deixa ele morrer....Plis... Cadê a noite de amor deles????? ;(


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