Fanfics Brasil - 74 Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny

Fanfic: Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny | Tema: anahi e alfonso


Capítulo: 74

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* * *


 


Poncho saiu do hospital na quinta-feira. Fui buscá-lo com o carro adaptado e  trouxe-o para casa. Estava pálido e exausto; ficou olhando distraidamente pela janela durante todo o trajeto.


— Não dá para dormir nesses lugares — explicou, quando perguntei se estava bem. — Tem sempre alguém gemendo na  cama ao   lado.


Eu disse que ele teria o fim de semana para se recuperar, mas que depois eu tinha planejado vários passeios. Disse também que estava seguindo o conselho dele e tentando fazer coisas novas e ele teria de me acompanhar. Era uma mudança sutil no enfoque, mas eu sabia que era a única forma de conseguir com que ele fosse comigo.


Na verdade, eu tinha planejado uma programação detalhada para as próximas semanas. Cada programa foi cuidadosamente marcado em preto no meu calendário; em vermelho, os cuidados que eu deveria ter, e, em verde, os acessórios de que poderia precisar. Toda vez que eu olhava atrás da porta do meu quarto, sentia certa animação por ser tão organizada e também porque um daqueles programas poderia realmente mudar a visão que Poncho tinha do mundo.


Como papai sempre diz, minha irmã é o cérebro da família.


A visita à galeria de arte durou pouco menos de vinte minutos. Incluindo contornar o quarteirão três vezes à procura  de uma  vaga  que  servisse. Chegamos e, antes mesmo de eu fechar a porta, Poncho disse que todas as obras eram horríveis. Perguntei por quê, ele respondeu que, se eu não conseguia ver, não dava para explicar. Tivemos de desistir do cinema após o funcionário, desculpando-se, explicar que o elevador estava quebrado. Outros programas, como a tentativa fracassada de nadar, exigiam mais tempo e organização — ligar antes para a piscina, combinar com Christian para ele ficar depois do horário. E, quando chegamos, Poncho bebeu o chocolate quente em silêncio no  estacionamento  do centro de lazer e se recusou a   entrar.


Na quarta-feira seguinte, à noite, fomos ao show de um cantor  que  ele tinha visto uma vez em Nova York. Foi uma boa viagem. Quando ouvia música, sua expressão ficava bastante concentrada. Era como se, na maior parte do tempo, ele não estivesse totalmente presente, como se uma parte dele lutasse com dores, lembranças ou pensamentos sombrios. Mas com a  música  tudo era   diferente.


No dia seguinte, eu o levei a uma degustação de vinhos promovida por uma vinícola numa loja especializada. Tive de prometer a Christian que  não deixaria Poncho se embriagar. Segurei cada taça para Poncho sentir o  aroma  do  vinho  e  ele sabia qual era cada um deles antes mesmo de provar. Eu me esforcei para não rir quando Poncho cuspiu a prova na cuspideira (era mesmo muito engraçado), e ele me olhou sério e disse que eu era uma criança. O dono da loja passou de um estado de desconcerto esquisito por ter um cadeirante ali para outro muito impressionado. À medida que a tarde correu, ele se sentou e começou a abrir outras garrafas, discutindo com Poncho sobre cada região produtora e cada tipo de uva, enquanto eu andava de um lado para outro olhando os rótulos e ficando, para ser sincera, meio entediada.


- Vamos lá, Portilla. Eduque-se — incitou Poncho, acenando com a cabeça para que eu me sentasse ao seu lado.


- Não posso. Mamãe me ensinou que cuspir é falta de educação.


Os dois homens se entreolharam como se eu fosse louca. Mas nem sempre ele cuspia. Fiquei observando. E ficou estranhamente falante pelo resto da tarde com o riso fácil e até mais briguento do que o normal.


Então, a caminho de casa, passamos por  uma  cidade  a  que  não costumávamos ir e, como estávamos parados no  trânsito,  olhei pela  janela  do carro e vi um estúdio de tatuagem e  piercing.


- Sempre quis fazer uma tatuagem — comentei.


Eu deveria saber depois de tudo que não se podia dizer uma coisa dessas na frente de Poncho. Ele não era do tipo que ficava enrolando, nem jogando conversa fora. Quis imediatamente saber por que nunca fiz uma.


- Ah... não sei. Por medo do que as pessoas iam dizer, acho.


- Por quê? O que elas iam dizer?


- Meu pai detesta tatuagem.


- Quantos anos você tem mesmo?


- Manuel também detesta.


- E ele nunca faz nada de que você pode não gostar.


- Posso ficar nervosa. Posso mudar de ideia depois de fazer.


- Aí é só removê-la com laser, certo?


Examinei-o pelo espelho retrovisor. Os olhos estavam alegres.


- Então, vamos — disse ele. — O que você quer tatuar? Percebi que eu estava sorrindo.


- Não sei. Nada de cobras, nem nomes de pessoas.


- Não esperava que você quisesse um coração com uma faixa dizendo “mãe”.


- Promete não rir?


- Sabe que não posso. Ah, Deus, não vai tatuar um provérbio indiano em sânscrito ou algo assim, vai? O que não me mata, me fortalece.


- Não. Eu queria uma abelha. Uma abelhinha preta e amarela. Adoro abelhas.


Ele  concordou com a  cabeça, como se fosse algo perfeitamente  razoável.


- E onde quer tatuar? Ou não devo perguntar? Dei de ombros.


- Não sei. No ombro? No quadril?


- Pare o carro — disse ele.


- Por quê, você está bem?


- Apenas pare. Tem uma vaga ali. Olhe, à sua esquerda.


Parei o carro no meio-fio e dei uma olhada para trás, na  direção  dele.


- Vamos lá, então — disse ele. — Hoje não temos mais nada para fazer.


- Vamos lá onde?


- No estúdio de tatuagem. Comecei a rir.


- Ah, está bem.


- Por que não?


- Você engoliu o vinho, em vez de cuspir.


- Não respondeu a minha pergunta.


Virei-me no banco do carro. Ele estava  sério.


- Não posso simplesmente entrar e fazer uma tatuagem. Assim, desse jeito.


- Por que não?


-Porque...


- Porque o seu namorado diz que não. Porque você precisa continuar sendo uma boa moça, mesmo aos vinte e sete anos. Porque é muito assustador. Vamos lá, Portilla. Viva um pouco. O que a impede?


Fiquei parada na rua, vendo a fachada da loja de tatuagem. A vidraça meio embaçada tinha um grande coração de néon e fotos emolduradas de Angelina Jolie e Mickey Rourke.


A voz de Poncho penetrou nas minhas avaliações.


- Certo, se você fizer, eu também faço. Virei-me para ele.


- Faria uma tatuagem?


- Se isso convencê-la, ao menos uma vez, a sair da sua casca.


Desliguei o motor. Ficamos ali ouvindo a engrenagem diminuir, o murmúrio enfadonho dos carros enfileirados na rua, ao nosso lado.


- É um pouco permanente.


- Não existe “pouco” em relação a isso.


- Manuel vai detestar.


- É o que você diz.


- E provavelmente contrairemos hepatite com as agulhas sujas. E teremos uma morte lenta, horrível e dolorosa. — Virei-me para Poncho. — Não devem tatuar na hora. Não imediatamente.


- É possível que não. Mas vamos entrar e ver?


 



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Autor(a): day

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* * *   Duas horas depois, saímos da loja de tatuagens: eu, com menos oitenta libras na carteira e um curativo no quadril, onde a tinta ainda estava secando. O tatuador disse que, como o desenho era relativamente pequeno, podia ser feito e colorido na mesma sessão, então ali estava. Pronto. Tatuada. Ou, como Manuel certamente  diria  dep ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 121



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  • milaaya16 Postado em 08/12/2017 - 20:36:40

    Não entendi o final :(

  • franmarmentini♥ Postado em 24/07/2016 - 01:43:42

    Continua por favor....toda vez q leio esse final.morro de tanto soluçar.... Queria tanto eles juntos ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:49:36

    ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:29:54

    ;( quando vc vai postar mais??????

  • franmarmentini♥ Postado em 09/05/2016 - 09:57:36

    VC NAO MUDOU O FINAL????????

  • Beca Postado em 19/04/2016 - 09:36:55

    CHEGUEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:03:17

    Onde está a porta da licença poética? Pq vc não mudou esse final?

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:02:31

    Day nunca terminei de ler uma fic sua com tanta raiva

  • Mila Puente Herrera ® Postado em 15/02/2016 - 19:54:58

    AI MDS MORTAAAAAAA AQUI :O DESIDRATADA DE TANTAS LÁGRIMAS OQ FO ESSE FIM????

  • franmarmentini♥ Postado em 24/01/2016 - 23:47:49

    Day pelo amor de deus...vc não deixa ele morrer....Plis... Cadê a noite de amor deles????? ;(


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