Fanfics Brasil - 77 Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny

Fanfic: Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny | Tema: anahi e alfonso


Capítulo: 77

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* * *


 


- O que está acontecendo, Portilla? — perguntou Poncho.


Abri os olhos. Ele estava bem ao meu lado, a cabeça inclinada, me observando. Tive a impressão de que estava ali há algum tempo. Automaticamente, coloquei a mão na boca, para o caso de estar babando.


Os créditos do filme que eu devia ter assistido passavam na tela da TV lentamente.


- Nada, desculpe-me. É que está tão confortável aqui. — Eu me sentei, tentando me endireitar.


- Em três dias, é a segunda vez que você adormece. — Ele analisou o meu rosto. — E está com uma aparência horrível.


Então contei a ele. Falei da minha  irmã, dos  nossos  arranjos  para  dormir  e que eu não queria criar confusão, pois, toda vez que olhava para papai, ele mal conseguia disfarçar sua frustração por não poder dar à família uma casa onde todos conseguissem dormir  direito.


-Ele ainda não encontrou outro emprego?


- Não. Acho que é por causa da idade. Mas não tocamos no assunto. É... — Encolhi os ombros. — É bem delicado para todos.


Esperamos os créditos terminarem, então fui até o aparelho, tirei o DVD e o guardei na caixa. Não achava certo contar os meus problemas para Poncho. Pareciam constrangedoramente bobos, comparados com os dele.


- Vou me acostumar. Não tem problema. Ficarei bem — falei.


Pelo resto da tarde, Poncho pareceu preocupado. Lavei o rosto, voltei e liguei o computador para ele. Quando trouxe um suco, ele manobrou a cadeira na minha direção.


- É bem simples — disse, como se ainda estivéssemos conversando. — Você pode dormir aqui nos finais de semana. Tem um quarto vazio que passará a ter utilidade.


Parei, segurando o copo de suco.


- Não posso fazer isso.


- Por que não? Não vou lhe pagar hora extra. E o que sua mãe vai pensar disso?


- Não faço ideia.


Devo ter parecido preocupada, pois ele acrescentou:


- Não tem problema. Sou fácil de controlar.


- O quê?


- Se está achando que eu tenho um plano secreto e desonesto para seduzi-la, basta me desligar da  tomada.


- Engraçadinho.


- É sério. Pense a respeito. Este quarto pode ser a sua segunda opção. As coisas mudam mais rápido do que você imagina. Sua irmã pode resolver não voltar para casa todos os finais de semana, ou pode arranjar um namorado. Muita coisa pode mudar.


E você pode não estar mais conosco daqui a dois meses, pensei. E, imediatamente,  me  detestei  por  ter  pensado  isso.


- Explique uma coisa — disse ele, saindo da sala. — Por que o Corredor não oferece o apartamento dele para você ficar?


- Ah, ele ofereceu — respondi.


Ele olhou para mim como se fosse continuar a conversa. Depois, pareceu mudar de ideia.


- Bom, já disse que o quarto está à disposição — avisou, dando de ombros.


Coisas que Poncho gostava de fazer.


- Ver filmes, principalmente estrangeiros, com legendas. De vez em quando, aceitava ver um suspense ou até um romance épico, mas recusava-se terminantemente a ver comédias românticas. Se eu ousasse alugar uma, ele passava as duas horas do filme dando muxoxos de menosprezo, ou comentando todos os clichês do roteiro até o filme perder a graça.


- Ouvir música clássica. Entendia muito disso. Também gostava de   música moderna, mas considerava o jazz uma bobagem pretensiosa. Uma tarde, ao ver o que tinha no meu MP3, riu tanto que quase soltou um dos tubos que ficam presos ao seu corpo.


- Ficar no jardim quando está calor. Às vezes, eu ficava observando-o da janela, a cabeça inclinada para trás, desfrutando o sol no rosto. Quando observei a capacidade que tinha de simplesmente curtir aquele momento (coisa que eu nunca soube), ele disse que, quando não se pode mexer as pernas, não há muita escolha.


- Fazer com que eu lesse livros e revistas e depois os comentasse. Conhecimento é poder, Portilla, ele dizia. No começo, eu detestava, parecia que  estava sendo sabatinada na  escola sobre    minha capacidade de memorizar. Mas com o tempo percebi que, para  Poncho, não havia resposta errada. Ele gostava de debater comigo. Perguntava minha opinião a respeito das notícias nos jornais, discordava de mim sobre personagens de livros. Parecia ter opinião sobre quase tudo: a atuação do governo; se uma empresa devia comprar outra; se alguém devia ser condenado à prisão. Se achava que eu estava desatenta ou repetindo a opinião dos meus pais ou de Manuel, ele dizia apenas: “Não. Nada disso.” E ficava muito desapontado quando eu dizia que ignorava o tema. Por isso, passei a me prevenir e lia o jornal no ônibus para me preparar. “Bom argumento, Portilla”, ele diria, e eu abriria um sorriso. Depois, eu me xingava por deixar Poncho bancar o professor de novo.


- Fazer a barba. A cada dois dias, eu ensaboava o rosto dele e deixava-o apresentável. Se ele estivesse de bom humor, recostava-se na cadeira de rodas, fechava os olhos e a expressão em seu rosto era a mais próxima que eu conhecia do prazer físico. Talvez eu esteja inventando isso. Vai ver eu enxergava o que gostaria de ver. Mas ele ficava em completo silêncio enquanto eu passava com cuidado a lâmina pelo seu queixo, escanhoando. Quando abria os olhos, sua expressão ficava mais suave, como quem acorda de um sonho particularmente agradável. O rosto de Poncho estava mais corado, graças ao tempo que passávamos ao ar livre, a sua pele se bronzeava com facilidade. Eu guardava as lâminas de barbear no alto do armário do banheiro, atrás de um grande vidro de condicionador.


- Fazer coisas de homem. Principalmente com Christian. De vez em quando, antes das atividades de rotina da noite, eles iam para os fundos do jardim e Christian abria duas latas de cerveja. Às vezes, ouvia-os discutindo rúgbi ou falando de uma mulher que viram na TV e aquele homem nem parecia Poncho. Mas eu entendia que ele precisava disso, precisava de alguém com quem pudesse ser apenas um homem, com quem pudesse fazer coisas de homem. Era um pouco de “normalidade” na sua estranha e isolada vida.


- Comentar sobre as minhas roupas. Na verdade, gostava de fazer cara feia para o que eu usava. Exceto as meias listradas amarelas e pretas. Nas duas vezes que as usei, ele não disse nada, apenas concordou com a cabeça, como se tudo estivesse nos seus devidos lugares.


- Você encontrou meu pai no centro da cidade, outro dia.


- Ah, é. — Eu estava estendendo roupa. O varal ficava escondido no que a Sra. Herrera chamava de horta. Acho que ela não queria coisas tão prosaicas quanto roupas lavadas poluindo a vista de seus canteiros de ervas. Minha mãe pendurava as roupas quase como se fossem uma insígnia de orgulho. Um desafio para as vizinhas: Lavem melhor que isso, senhoras! Papai teve trabalho para convencê-la a não colocar outro varal giratório na frente de  casa.


- Meu pai perguntou se você comentou alguma coisa comigo.


- Ah. — Fiquei inexpressiva. Depois, como Poncho pareceu esperar que eu continuasse, afirmei: — Claro que não.


- Ele estava com alguém?


Devolvi o último prendedor ao cesto. Peguei o cesto de prendedores e    guardei- o dentro do cesto vazio de roupa lavada. Virei-me para Poncho.


- Estava.


- Com uma mulher.


- É.


- Ruiva?


- É.


Poncho refletiu um instante.


- Peço desculpas se esperava que eu contasse — falei. — Mas... achei  que não era da minha conta.


- Não é um assunto agradável.


- Não.


- Se serve de consolo, Portilla, essa não é a primeira vez — acrescentou ao entrar no anexo.



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Autor(a): day

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 121



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  • milaaya16 Postado em 08/12/2017 - 20:36:40

    Não entendi o final :(

  • franmarmentini♥ Postado em 24/07/2016 - 01:43:42

    Continua por favor....toda vez q leio esse final.morro de tanto soluçar.... Queria tanto eles juntos ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:49:36

    ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:29:54

    ;( quando vc vai postar mais??????

  • franmarmentini♥ Postado em 09/05/2016 - 09:57:36

    VC NAO MUDOU O FINAL????????

  • Beca Postado em 19/04/2016 - 09:36:55

    CHEGUEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:03:17

    Onde está a porta da licença poética? Pq vc não mudou esse final?

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:02:31

    Day nunca terminei de ler uma fic sua com tanta raiva

  • Mila Puente Herrera ® Postado em 15/02/2016 - 19:54:58

    AI MDS MORTAAAAAAA AQUI :O DESIDRATADA DE TANTAS LÁGRIMAS OQ FO ESSE FIM????

  • franmarmentini♥ Postado em 24/01/2016 - 23:47:49

    Day pelo amor de deus...vc não deixa ele morrer....Plis... Cadê a noite de amor deles????? ;(


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