Fanfics Brasil - 81 Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny

Fanfic: Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny | Tema: anahi e alfonso


Capítulo: 81

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O pior de se trabalhar como cuidadora não é o que as pessoas pensam. Não é carregar e limpar a pessoa, os remédios e os lenços de limpeza e o distante, mas de algum modo sempre perceptível, cheiro de desinfetante. Não é nem o fato de quase todo mundo achar que você faz isso porque não tem inteligência suficiente para fazer qualquer outra coisa. O pior é o fato de que, quando se passa o dia inteiro num estado de real proximidade  com  outra  pessoa, não há  como escapar do estado de humor dela. E nem do seu  próprio.


Poncho ficou distante a manhã toda, desde que contei dos meus planos. Nada que uma pessoa de fora pudesse detectar, mas houve menos piadas, talvez a conversa tenha sido menos casual. Ele não perguntou nada a respeito das notícias dos jornais naquele dia.


- É isso... que você quer fazer? — Os olhos se agitavam, mas o rosto não demonstrava nada.


Dei de ombros. Depois, fiz  que  sim com a  cabeça de maneira  bem    enfática.


Achei que  minha  resposta  tinha  algo de descaso infantil.


- Realmente, está na hora. Quer dizer, eu tenho vinte e sete anos — falei. Ele observou meu rosto. Algo se retesou em seu maxilar.


De repente, eu me senti insuportavelmente cansada. Tive aquela sensação peculiar de precisar me desculpar, mas sem saber bem por quê.


Poncho fez um pequeno aceno com a cabeça, sorriu.


- Fico feliz que você tenha resolvido isso — disse ele, e levou a cadeira    para a cozinha.


Comecei a ficar bem chateada com ele. Nunca havia me sentido tão julgada quanto me senti, naquele momento, por Poncho. Foi como se eu ficasse menos interessante para ele por ter decidido ir morar com o meu namorado. Como se eu não pudesse mais ser o projeto preferido de Poncho. Eu não podia dizer nada disso para ele, é claro, mas agi tão friamente com ele quanto ele    comigo.


E isso foi, sinceramente, exaustivo.


À tarde, bateram à porta dos fundos do anexo. Segui rápido pelo corredor, as mãos ainda molhadas de lavar louça, abri a porta e vi um homem de terno escuro e uma  maleta  na mão.


- Ah, não. Nós somos budistas — disse firmemente, fechando a porta   quando o homem começou a protestar.


Duas semanas antes, duas Testemunhas de Jeová tinham alugado Poncho na porta dos fundos por quase quinze minutos, enquanto ele tentava dar marcha a ré na cadeira por cima do capacho, que estava fora do lugar. Quando finalmente fechei a porta, eles abriram a caixa do correio e berraram que “ele, mais do que ninguém”, deveria entender o que o estava esperando depois da morte.


- Hum... estou aqui para falar com o Sr. Herrera — disse o homem, e eu abri a porta com cautela.


Durante todo o tempo em que trabalhei na Granta House, ninguém procurou por Poncho pela porta dos fundos.


- Deixe-o entrar — disse Poncho, surgindo atrás de mim. — Pedi que ele viesse.- Quando continuei parada ali, ele acrescentou: — Está tudo bem, Portilla... é um amigo.


O homem deu um passo adiante, ultrapassando o limiar da porta, estendeu a mão e me cumprimentou.


- Michael Lawler — disse ele.


Estava prestes a dizer mais alguma coisa, mas Poncho pôs a cadeira entre nós, cortando efetivamente qualquer provável conversa.


- Vamos ficar na sala. Pode nos fazer um café e depois nos deixar a sós um pouco?


- Hum... certo.


O Sr. Lawler sorriu de forma um pouco esquisita para mim e seguiu Poncho até a sala. Quando, minutos depois, entrei com a bandeja de café, eles falavam sobre críquete. A conversa sobre ataques e defesas no jogo continuou até eu não ter mais motivo para espiar.


Tirei uma poeira invisível da minha saia, endireitei-me e disse:


- Bom, vou me retirar.


- Obrigado, Anahi.


- Tem certeza de que você não precisa de mais nada? Biscoitos?


- Obrigado, Anahi.


Poncho jamais me chamava de Anahi. E nunca havia me excluído de nada antes.


O Sr. Lawler ficou por quase uma hora. Executei minhas tarefas, depois fiquei por ali, na cozinha, pensando se tinha coragem de escutar escondido o que eles diziam. Não tinha. Sentei-me, comi dois biscoitos de chocolate recheados, roí as unhas, ouvi o murmúrio da conversa deles e pensei pela décima quinta vez por que Poncho tinha pedido ao homem que não usasse a porta da frente.


Não parecia um médico. Podia ser  consultor  financeiro, mas  de  algum jeito ele não tinha exatamente o ar de quem desempenhava essas funções. Certamente também não parecia ser fisioterapeuta, terapeuta ocupacional ou nutricionista — nem nenhum integrante das legiões de pessoas da secretaria de saúde local que apareciam e avaliavam os custos das necessidades  sempre  mutantes  de  Poncho. Dava para reconhecê-las a quilômetros de distância. Pareciam sempre exaustos, mas  eram  forçosa  e  agitadamente  animados.  Usavam  meias  de  lã  em   cores neutras, sapatos baixos de sola de borracha e dirigiam empoeirados carros corporativos, cheios de pastas e caixas de equipamentos. Mas o Sr. Lawler tinha uma BMW azul-marinho. Seu reluzente modelo executivo não era o tipo de carro que uma autoridade local usaria.


Por fim, o Sr. Lawler apareceu. Fechou a pasta e seu paletó pendia do braço.


Tinha deixado de parecer esquisito.


Segundos depois, eu estava no corredor.


- Ah, poderia me mostrar onde fica o banheiro?


Mostrei o caminho, muda, e fiquei ali, inquieta, até ele aparecer.


- Bom, é só isso.


- Obrigado, Michael— disse Poncho, sem olhar para mim. — Espero notícias.


- Devo entrar em contato no final desta semana — disse o Sr. Lawler.


- Por e-mail será melhor que por carta. Ao menos por ora.


- Sim. Claro.


Abri a porta dos fundos para ele sair. Então, quando Poncho sumiu na sala, segui o homem pelo quintal e disse, alegremente:


- Então... o senhor tem um longo caminho de volta?


O terno dele era muito bem cortado, com um estilo urbano e um tecido de aparência cara.


- Venho de Londres, infelizmente. Espero que o tráfego não esteja muito ruim a esta hora da tarde.


Saí atrás dele. O sol estava alto no céu e precisei estreitar os olhos para  vê-lo.


- Então... hum... onde o senhor fica, em Londres?


- Regent Street.


- A Regente Street? Ótimo.


- É. Não é ruim. Certo. Obrigado pelo café, senhorita...


- Portilla. Anahi Portilla.


Ele parou e me olhou um instante, e fiquei pensando se ele tinha percebido minhas tentativas impróprias de saber quem ele poderia ser.


- Ah. Srta. Portilla — disse ele, seu sorriso profissional suavemente reinstalado.


- Obrigado de todo modo.


Ele pousou a pasta com cuidado no assento de trás do carro, entrou e foi embora.



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Autor(a): day

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 121



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  • milaaya16 Postado em 08/12/2017 - 20:36:40

    Não entendi o final :(

  • franmarmentini♥ Postado em 24/07/2016 - 01:43:42

    Continua por favor....toda vez q leio esse final.morro de tanto soluçar.... Queria tanto eles juntos ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:49:36

    ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:29:54

    ;( quando vc vai postar mais??????

  • franmarmentini♥ Postado em 09/05/2016 - 09:57:36

    VC NAO MUDOU O FINAL????????

  • Beca Postado em 19/04/2016 - 09:36:55

    CHEGUEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:03:17

    Onde está a porta da licença poética? Pq vc não mudou esse final?

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:02:31

    Day nunca terminei de ler uma fic sua com tanta raiva

  • Mila Puente Herrera ® Postado em 15/02/2016 - 19:54:58

    AI MDS MORTAAAAAAA AQUI :O DESIDRATADA DE TANTAS LÁGRIMAS OQ FO ESSE FIM????

  • franmarmentini♥ Postado em 24/01/2016 - 23:47:49

    Day pelo amor de deus...vc não deixa ele morrer....Plis... Cadê a noite de amor deles????? ;(


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