Fanfics Brasil - 85 Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny

Fanfic: Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny | Tema: anahi e alfonso


Capítulo: 85

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* * *


 


A diferença entre a minha educação e a de Poncho era que ele desfrutava daquilo que tinha de maneira leviana. Quem foi educado como ele, com pais  ricos, numa casa bacana, frequentou boas escolas e ótimos restaurantes, como era o caso, é claro, provavelmente tem a impressão de que as coisas boas se encaixam e que você goza de uma posição naturalmente superior no   mundo.


Poncho escapulira para os jardins vazios do castelo a infância inteira, como ele mesmo me contou. O pai deixava-o perambular pelo lugar, confiando em que ele não tocaria em nada. Depois das cinco e meia da tarde, quando o último turista tinha saído, os jardineiros começavam a podar e arrumar as plantas, os faxineiros esvaziavam as latas de lixo e varriam as caixas de bebidas vazias e as embalagens de bala toffee, e então o lugar todo se transformava em seu parque de diversões particular. Quando me contou isso, pensei que, se Treena e eu tivéssemos tido a liberdade do castelo só para nós, ficaríamos incrédulas, dando socos no ar e girando por todo lado.


- Meu primeiro beijo em uma garota foi na frente da ponte levadiça — disse ele, diminuindo a marcha da cadeira para olhar a tal ponte à medida que percorríamos a trilha de cascalho.


- Você disse a ela que este lugar era seu?


- Não. Talvez devesse ter dito. Ela me trocou pelo garoto que trabalhava no minimercado uma semana depois.


Virei-me e olhei para ele, chocada.


- Terry Rowlands? Um garoto de cabelo preto comprido, tatuagens nos cotovelos?


Ele ergueu uma sobrancelha.


- Ele mesmo.


- Ele ainda trabalha lá, sabe. No minimercado. Se isso o faz se sentir melhor.


- Acho que ele não vai sentir muita inveja de como fiquei — disse Poncho, e parou de falar novamente.


Era estranho ver o castelo daquele jeito, em silêncio, nós dois sendo os únicos ali, além do solitário jardineiro, ao longe. Em vez de olhar os turistas, de me distrair com os sotaques e suas vidas estrangeiras, eu me peguei olhando para o castelo talvez pela primeira vez e comecei a assimilar um  pouco  da  história daquele lugar. Seus muros de pedra estavam ali havia mais de oitocentos anos. Ali tinha nascido e morrido gente, corações tinham se enchido de paixão e se partido. Agora, no silêncio, você quase pode ouvir a voz deles, seus passos na  trilha.


- Muito bem, hora  da  confissão — comecei. — Você  nunca  andou por  aqui e fez de conta que era um príncipe guerreiro?


Poncho me olhou de esguelha.


- Sinceramente?


- Claro.


- Sim. Uma vez, até peguei uma das espadas que ficam na  parede do Grande Salão. Pesava uma tonelada. Lembro que fiquei apavorado de não conseguir erguê-la para colocá-la de volta no suporte.


Estávamos no alto da colina e, de lá, na frente do fosso,  víamos  a longa extensão do gramado até o muro em ruínas que demarcava o limite da propriedade. Depois dele se estendia a cidade, os anúncios em néon e as filas do trânsito, a agitação que caracterizava a hora do rush na pequena cidade. Ali no alto, havia silêncio, exceto pelos pássaros e o suave zumbido da cadeira de  Poncho.


Ele parou a cadeira por um momento e girou-a  para  olharmos  para  o gramado.


- Estranho nunca termos nos encontrado — disse ele. — Quando eu era menino, quero dizer. Nossos caminhos devem ter se cruzado.


- Por quê? Não frequentávamos os mesmos círculos. E eu devo ter sido  o bebê que passou no carrinho enquanto você empunhava a espada.


- Ah, esqueci... eu sou definitivamente um ancião se comparado a você.


- Oito anos certamente o qualificam como alguém “mais velho” — respondi.


- Mesmo quando eu era adolescente, meu pai jamais me deixaria sair com um homem mais velho.


- Nem se ele tivesse seu próprio castelo?


- Bom, isso poderia mudar as coisas, obviamente.


O doce aroma da grama se erguia ao nosso redor à medida em que caminhávamos, a cadeira de Poncho sibilando pelas poças do caminho. Senti um alívio. Nossa conversa não era a mesma de sempre, mas talvez  fosse  de se esperar. A Sra. Herrera tinha razão — devia ser sempre difícil para Poncho ver as outras pessoas seguindo com sua vida. Fiz uma observação mental para me lembrar de pensar com mais cuidado sobre como minhas atitudes poderiam impactar a vida  dele. Não queria mais me   irritar.


- Vamos percorrer o labirinto. Não faço isso há séculos.


Fui arrancada dos meus pensamentos.


- Ah. Não, obrigada. — Dei uma olhada, notando de repente onde estávamos.


- Por quê? Tem medo de se perder? Vamos lá, Portilla. Será um desafio para você. Veja se consegue decorar o caminho de ida, então, depois, é só fazer o caminho contrário para voltar. Vou cronometrar seu tempo. Eu sempre fazia isso.


Lancei um  olhar para trás, em direção à  casa.


- Eu realmente prefiro não ir. — Só de pensar naquilo, fiquei com um nó no estômago.


- Ah. Mantendo-se na zona de conforto de novo.


- Não é isso.


- Está bem. Faremos nossa caminhada chata e voltaremos para o pequeno anexo chato.


Sei que ele estava brincando. Mas alguma coisa em seu tom realmente me pegou. Pensei em Deirdre no ônibus, o comentário de como era bom que uma das filhas ficasse em casa. Eu estava destinada a ter uma vidinha, minhas ambições eram insignificantes.


Dei uma olhada no labirinto com suas escuras e densas sebes bem-aparadas. Eu estava sendo ridícula. Talvez estivesse  me  comportando  de  forma  ridícula havia  anos. Afinal, tudo aquilo tinha  acabado. E eu estava seguindo em frente.


- Basta se lembrar de cada lado que você escolher, depois fazer o caminho inverso para sair. Não é tão difícil quanto parece. De verdade.


Deixei-o ali na trilha antes que eu pudesse pensar sobre aquilo. Respirei fundo e entrei, passando pela placa que avisava “Proibido a crianças desacompanhadas”, caminhando rapidamente por entre as sebes escuras e úmidas, que ainda brilhavam com as gotas de  chuva.


Não é tão ruim, não é tão ruim, peguei a mim mesma murmurando. São só uma porção de velhas sebes. Virei à direita, depois à esquerda, por um buraco na sebe. Outra vez à direita, à esquerda e, enquanto ia em frente, ensaiava na cabeça o caminho da volta, pensando por onde eu havia  passado. Direita.  Esquerda. Direita. Esquerda.


Meu batimento cardíaco começou a aumentar um pouco,  por  isso  eu conseguia ouvir o bombear do sangue em meus ouvidos. Forcei-me a  pensar  em Poncho do outro lado da sebe, olhando o relógio. Era só uma prova boba. Eu não era mais aquela garota ingênua. Tinha vinte e sete anos. Morava com o namorado. Tinha  um  trabalho de responsabilidade. Era  outra pessoa.


Virei, segui direto e virei de novo.


E então, saído praticamente do nada, o pânico me invadiu como fel. Achei que tinha um homem andando rápido em minha direção no fim da sebe. Embora eu tenha dito a mim mesma que era só minha imaginação, ter me concentrado para me tranquilizar me fez esquecer as instruções para o caminho de volta. Direita. Esquerda. Buraco. Direita. Direita? Eu tinha pegado o caminho errado ali? O ar ficou preso na minha garganta. Eu me obriguei a seguir em frente, apenas para perceber que havia perdido completamente meu senso de orientação. Parei e olhei ao redor, na direção das sombras, tentando descobrir para que lado ficava o oeste.


E fiquei ali até concluir que não podia  fazer  aquilo. Não podia  continuar. Eu me virei rapidamente e comecei a andar para onde achei que era o sul. Eu ia conseguir sair. Tinha vinte e sete anos. O que era ótimo. Mas então, ouvi a voz deles, os risos de zombaria. Vi-os, entrando e saindo dos vãos das sebes rapidamente, senti meus pés balançarem como pés de bêbado nos meus saltos, o inesquecível espetar da  sebe quando caí em cima  dela, tentando me  equilibrar.


- Quero sair já — disse a eles, com voz pastosa e insegura. — Chega.


Todos tinham sumido. O labirinto estava silencioso, havia apenas os sussurros distantes que poderia ser deles do outro lado da sebe — ou poderia ser o vento deslocando as folhas.


- Quero sair já — eu tinha dito, minha voz soando insegura até mesmo para mim. Eu tinha lançado um olhar para o céu, fiquei meio desequilibrada devido ao enorme e escuro espaço acima de mim. E então tinha pulado quando alguém me agarrou pela cintura — o de cabelos escuros. Aquele que tinha ido à África.


- Não pode ir ainda — disse ele. — Vai estragar a brincadeira.


Eu soube, então, só pelo toque de sua mão em minha cintura. Percebi que alguma coisa tinha mudado, que algum tipo de limite tinha começado a evaporar. E ri, empurrada por suas mãos como se fosse uma brincadeira, não querendo que ele soubesse que eu sabia. Eu o ouvi gritar por seus amigos. E escapei dele, correndo de repente, lutando para tentar achar a saída, os pés  afundando na grama úmida. Eu escutava todos eles ao me redor, suas vozes elevadas, seus corpos escondidos, e senti minha garganta se apertar de pânico. Estava desorientada demais para me localizar. As sebes altas continuaram balançando, me espetando. Continuei em frente, virando nas esquinas, tropeçando, olhando esquivamente pelas frestas, tentando me afastar da voz deles. Mas a saída não chegava. Para todo canto que eu virava, havia mais uma extensão de sebe, outra voz zombeteira.


Tropecei numa fresta, exultante por um momento porque estava perto da liberdade. Mas então eu vi que estava de volta ao centro do labirinto, outra vez no lugar onde tinha começado. Eu me encolhi ao vê-los todos parados ali, como se estivem simplesmente à minha espera.


- Aí está você — disse um deles, e sua mão agarrou meu braço. — Eu disse que ela estava pronta para isso. Venha, Any-Any, me dê um beijo e eu mostro a saída. — A voz era suave e arrastada.


- Dê um beijo em todos nós e todos nós mostraremos a saída. A cara deles era um borrão.


- Só quero... só quero que vocês...


- Ora, Any. Você gosta de mim, não gosta? Passou a tarde toda sentada no meu colo. Um beijo. Custa muito fazer isso?


Ouvi um  risinho abafado.


- E você mostra como eu saio daqui? — Minha voz soava patética até para mim.


- Só um beijo. — Ele se aproximou.


Senti sua boca na minha, uma mão apertando minha coxa. Ele se afastou e ouvi o curso de sua respiração mudar.


- Agora é a vez de Jake.


Não sei o que  eu disse então. Alguém segurou meu braço. Ouvi a  risada,  senti uma mão nos meus cabelos, outra boca na minha, insistente, invasiva e então...


- Poncho...


Eu estava soluçando agora, encolhida.


- Poncho— Eu estava dizendo seu nome várias vezes, minha  voz  falhava,  vindo de algum lugar do meu peito. Ouvi-o num lugar distante, do outro lado da cerca.


- Anahi? Anahi, onde você está? Qual o problema?


Eu estava no canto, o mais embaixo da sebe que consegui. As lágrimas nublavam meus olhos, eu apertava os braços firmemente ao meu redor. Não conseguia sair. Ficaria presa ali para sempre. Ninguém iria me achar.


- Poncho...


- Onde você...?


E ali estava ele, na  minha frente.


- Desculpe. — Olhei para ele com o rosto contraído. — Desculpe. Não consigo... fazer isso...


Poncho moveu seu braço tremulos para mim.


- Ah, meu Deus, o quê...? Venha cá, Portilla. — Ele se adiantou— Está tudo bem. Apenas respire. Venha cá. Apenas respire. Devagar.


Sequei os olhos. Ao vê-lo, o pânico começou  a  diminuir.  Levantei-me, insegura,  tentei recompor  meu rosto.


- Desculpe... não sei o que houve.


- Você tem claustrofobia? — O rosto dele, a centímetros  do  meu, estava cheio de preocupação. — Vi que você não queria. Eu só... eu só pensei que você estava sendo...


Fechei os olhos.


- Eu só quero ir embora agora.


- Segure a minha mão. Vamos sair.


Ele me tirou de lá em minutos. Conhecia o labirinto pelo avesso, ele disse enquanto caminhávamos, sua voz calma, confiante. Fora um desafio para ele, quando era menino, aprender a sair dali. Entrelacei meus dedos nos dele e senti o calor de sua mão como algo reconfortante. Eu me senti idiota quando percebi que, o tempo todo, estava muito perto da entrada.


Paramos num banco do lado de fora e procurei por um  lenço na  parte de  trás da cadeira. Ficamos lá em silêncio, eu na ponta do banco ao lado dele, nós dois esperando que  os meus soluços diminuíssem.


Ele ficou ali, lançando olhares de soslaio para mim.


- Então...? — perguntou, por fim, quando pareceu que eu poderia falar sem desmoronar outra vez. — Pode me dizer o que houve?


Torci o lenço nas mãos.


- Não consigo.


Ele fechou a boca.


Engoli em seco.


- Não foi você — disse eu, apressada. — Não contei a ninguém... É... é bobagem. E faz muito tempo. Não pensei que... que eu fosse...


Senti seus olhos sobre mim, mas eu queria que ele não me olhasse. Minhas mãos não paravam de tremer e meu estômago parecia estar amarrado por um milhão de nós.


Balancei a cabeça, tentando dizer que havia coisas que eu não podia contar. Queria segurar na mão dele outra  vez, mas achava  que  não devia. Estava  ciente do seu olhar, quase podia ouvir suas perguntas não feitas.


Atrás de nós, dois carros tinham parado perto dos portões. Duas pessoas saltaram dos carros — dali, era impossível ver quem — e se abraçaram. Ficaram assim um tempo, talvez conversando, depois entraram de novo em seus carros e foram embora em direções opostas. Eu as observei, mas não conseguia pensar. Minha  mente parecia congelada. Não sabia mais o que  dizer sobre    nada.


- Certo. Escute uma coisa — Poncho falou, por fim. Virei-me, mas ele  não estava olhando para mim. — Vou contar uma coisa que não conto a ninguém. Certo?


- Certo. — Apertei o lenço na mão, fazendo dele uma bola, à espera. Ele respirou fundo.


- Tenho muito, muito medo de como as coisas vão ficar. — Deixou a frase se assentar no ar entre nós e, então, em voz baixa e calma, continuou. — Sei que a maioria das pessoas acha que viver como eu é a pior coisa que pode acontecer. Mas poderia ser pior. Eu poderia não conseguir respirar sozinho, poderia não falar. Poderia ter problemas circulatórios que me obrigariam a amputar braços e pernas. Poderia viver hospitalizado indefinidamente. Isso não é lá uma vida, Portilla. Mas quando penso em como poderia ser pior... há noites em que me deito na cama e realmente não consigo respirar.


Engoliu em seco.


- E sabe o quê? Ninguém quer ouvir esse tipo de coisa. Ninguém quer ouvir você falar que está com medo, ou com dor, ou apavorado com a possibilidade de morrer por causa de alguma infecção aleatória e estúpida. Ninguém quer saber que às vezes me sinto tão claustrofóbico estando nesta cadeira que tenho vontade de gritar feito louco só de pensar em passar mais um dia assim. Minha mãe está por um fio e não me perdoa por ainda amar meu pai. Minha irmã se ressente pelo fato de que, mais uma vez, eu fiz sombra para ela — e porque minhas lesões significam que ela não pode me odiar propriamente, como ela faz desde que éramos pequenos. Meu pai só quer que tudo isso acabe. Nos últimos tempos, eles só querem ver o  lado  positivo.  Precisam  que  eu também veja.


Ele parou.


- Precisam acreditar que existe um lado positivo. Fechei os olhos no escuro.


- Eu também faço isso? — perguntei, baixo.


- Você, Portilla — ele olhou para as mãos —, é a única pessoa com quem eu sinto que posso falar desde que eu acabei nesta porcaria.


E então eu contei para ele.


Segurei a mão dele, a mesma que tinha me tirado do labirinto, olhei diretamente para meus pés, e respirei fundo e contei a ele sobre aquela  noite toda, e sobre como eles riram de mim e zombaram de como eu estava bêbada e chapada, e como eu desmaiei e depois minha irmã disse que na  verdade  isso tinha sido até bom, não me lembrar de tudo o que eles fizeram, mas como aquela meia hora de desconhecimento me assombrava desde  então. Eu a completei, sabe. Eu a completei com as risadas, o corpo deles e as palavras deles. Eu a completei com a minha humilhação. Contei a ele como eu via o rosto deles sempre que ia a qualquer lugar fora da cidade, e como Manuel e meus pais e a minha vidinha tinham bastado para mim, com todos os seus problemas e limitações. Eles tinham feito eu me sentir segura.


Quando terminamos a conversa, o céu tinha escurecido e havia quatorze mensagens no meu celular perguntando onde estávamos.


- Você não precisa que eu lhe diga que a culpa não foi sua — garantiu ele, calmo.


Acima de nós, o céu tinha se tornado infindável e infinito. Torci o lenço nas mãos.


- É. Bom. Ainda me sinto... responsável. Bebi demais para me exibir.  Fui muito oferecida. Fui...


- Não. Eles foram os responsáveis.


Ninguém nunca tinha me dito aquilo com todas as letras. Mesmo o  olhar solidário de Treena sustentava uma acusação tácita. Bom, se você flca bêbada e age como boba com homens que não conhece...


Seus dedos apertaram os meus. Um gesto vago, mas que era   real.


- Anahi. Não foi sua culpa.


Então eu chorei. Sem soluçar desta vez. As lágrimas saíam em silêncio e me diziam que mais alguma coisa estava me deixando. Culpa. Medo. E algumas outras coisas para as quais eu ainda não tinha encontrado nomes. Encostei minha cabeça de leve no ombro dele e ele inclinou a dele até que estivesse repousada sobre a minha.


- Certo. Está me ouvindo? Murmurei um sim.


- Então vou dizer uma coisa boa — anunciou ele, e esperou,  como  se quisesse ter certeza de que tinha minha atenção. — Alguns erros... apenas têm consequências maiores que outros. Mas você não precisa deixar que aquela noite seja aquilo que define quem você é.


Senti a cabeça dele balançar contra a minha.


- Você, Portilla, tem a escolha de não deixar isso acontecer.


O suspiro que saiu de mim então foi longo e trêmulo. Ficamos lá em silêncio, deixando que as palavras dele afundassem. Eu poderia ter ficado ali a noite inteira, acima do resto do mundo, o calor da mão de Poncho na minha, sentindo que o pior começava a escoar devagar de dentro de   mim.


- Melhor voltarmos para casa — disse ele. — Antes que eles chamem uma equipe de buscas.


Soltei a mão dele e me levantei, meio relutante, sentindo a brisa fria em minha pele. Então, quase num gesto de luxúria, estiquei os braços acima  de minha cabeça. Deixei que meus dedos se esticassem no ar da noite, a tensão de semanas, meses, talvez anos, diminuindo um pouco, e deixei sair uma grande expiração.


Abaixo de mim, as luzes da cidade piscavam, um círculo de luz no meio da escuridão do campo entre nós. Virei-me para   ele.


- Poncho?


- Sim?


Eu mal conseguia vê-lo na luz fraca, mas sabia que estava me olhando.


- Obrigada. Obrigada por ir me buscar.


Ele balançou a cabeça e levou a cadeira de volta para a trilha.



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Autor(a): day

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 121



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  • milaaya16 Postado em 08/12/2017 - 20:36:40

    Não entendi o final :(

  • franmarmentini♥ Postado em 24/07/2016 - 01:43:42

    Continua por favor....toda vez q leio esse final.morro de tanto soluçar.... Queria tanto eles juntos ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:49:36

    ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:29:54

    ;( quando vc vai postar mais??????

  • franmarmentini♥ Postado em 09/05/2016 - 09:57:36

    VC NAO MUDOU O FINAL????????

  • Beca Postado em 19/04/2016 - 09:36:55

    CHEGUEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:03:17

    Onde está a porta da licença poética? Pq vc não mudou esse final?

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:02:31

    Day nunca terminei de ler uma fic sua com tanta raiva

  • Mila Puente Herrera ® Postado em 15/02/2016 - 19:54:58

    AI MDS MORTAAAAAAA AQUI :O DESIDRATADA DE TANTAS LÁGRIMAS OQ FO ESSE FIM????

  • franmarmentini♥ Postado em 24/01/2016 - 23:47:49

    Day pelo amor de deus...vc não deixa ele morrer....Plis... Cadê a noite de amor deles????? ;(


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