Fanfic: Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny | Tema: anahi e alfonso
* * *
Antes mesmo de chegar lá, eu já sabia como seria a casa dos pais de Dulce. Na verdade, acertei com tal precisão que, quando reduzi a velocidade do carro, Poncho perguntou por que eu estava rindo. Era uma enorme mansão georgiana, com grandes janelas parcialmente escondidas por uma fartura de glicínias claras e cascalho cor de caramelo na entrada. A residência perfeita para um coronel. Imaginei Dulce crescendo ali, o cabelo louro preso em duas tranças perfeitas enquanto montava seu primeiro e gorducho pônei no gramado.
Dois homens com coletes refletivos, compenetrados, dirigiam o trânsito para um gramado que ficava entre a casa e a igreja. Abaixei o vidro do carro.
- Há algum estacionamento ao lado da igreja?
- Madame, os convidados devem seguir por aqui.
- Bom, temos uma cadeira de rodas que vai afundar no gramado — expliquei. — Precisamos parar bem ao lado da igreja. Olha, vou estacionar ali.
Os dois se entreolharam e murmuraram algo um para o outro. Antes que dissessem qualquer coisa, parei o carro num lugar isolado ao lado da igreja. E lá vamos nós, pensei, encontrando o olhar de Poncho no espelho retrovisor quando desliguei o motor.
- Fique calma, Portilla. Vai dar tudo certo — disse ele.
- Estou extremamente calma. O que o faz pensar o contrário?
- O fato de você ser ridiculamente transparente. Além de ter roído quatro unhas enquanto dirigia.
Estacionei, desci do carro, ajeitei a estola nos ombros e ativei os controles para abaixar a rampa.
- Certo — falei, quando as rodas da cadeira de Poncho tocaram o chão. Do outro lado da trilha no gramado, as pessoas saíam de seus enormes carros alemães, as mulheres de vermelho conversando com os maridos enquanto os saltos dos sapatos afundavam na grama. Eram todos altos e discretos, em ternos de cores neutras. Mexi no cabelo, pensando se havia exagerado no batom. Tinha a impressão de estar parecendo um daqueles potes vermelhos de ketchup.
- Então... como vamos nos comportar hoje? Poncho acompanhou meu olhar.
- Sinceramente?
- Sim. Preciso saber. Mas, por favor, não diga que provocaremos Choque e Pavor. Está planejando algo terrível?
O olhar de Poncho encontrou o meu. Olhos verdes, insondáveis. Um pequeno enxame de borboletas pareceu voar no meu estômago.
- Portilla, vamos nos comportar de maneira inacreditavelmente exemplar.
As borboletas começaram a bater asas sem parar, como se estivessem presas às minhas costelas. Abri a boca para falar, mas ele me interrompeu.
- Olha, faremos o possível para que seja divertido — disse ele.
Divertido. Como se ir ao casamento da ex-namorada pudesse ser menos dolorido do que fazer tratamento de canal no dente. Mas foi uma escolha de Poncho. O dia era dele. Respirei fundo, tentando reunir forças.
- Com uma condição — falei, ajeitando a estola nos ombros pela décima quarta vez.
- Qual?
- Você não vai fazer papel de Christy Brown, o personagem de Meu pé esquerdo. Senão, volto para casa e deixo você preso aqui com os elegantes.
Poncho virou a cadeira em direção à igreja e pensei ouvi-lo resmungar:
- Desmancha-prazeres.
A cerimônia transcorreu sem incidentes. Dulce estava ridiculamente linda como eu esperava, com a pele levemente dourada, o vestido de corte enviesado, de seda off-white, marcando seu corpo esbelto como se não ousasse ficar lá sem permissão. Vi-a flutuar pela nave da igreja e imaginei como seria ser alta, ter pernas compridas e parecer com alguém que a maior parte de nós só vê em comerciais. Imaginei se o cabelo e a maquilagem dela tinham sido feitos por uma equipe de profissionais. E se ela estaria usando uma calcinha modeladora. Claro que não. Devia usar coisinhas rendadas em tons suaves — lingeries femininas para quem não precisa levantar nenhuma parte do corpo e que custam mais que o meu salário semanal.
Enquanto o padre falava e as daminhas de sapatilhas de balé se agitavam nos bancos da igreja, olhei em volta, notando os outros convidados. Quase todas as mulheres podiam estampar as páginas de uma revista de luxo. Os sapatos, exatamente no mesmo tom das roupas, pareciam nunca ter sido usados. As mais jovens se equilibravam com elegância em saltos de dez centímetros, com as unhas dos pés muito bem pintadas. As mais velhas, com saltos mais baixos, usavam vestidos bem-cortados, ombreiras de seda com costuras em cores contrastantes e chapéus que pareciam desafiar a lei da gravidade.
Era menos interessante observar os homens, mas todos tinham aquele ar que eu às vezes detectava em Poncho, graças à riqueza e aos títulos, dando a impressão de que a vida corria sem percalços. Imaginei com que pessoas andavam, em que mundo viviam. Me perguntei se reparavam em pessoas como eu, que cuidavam dos filhos deles, os atendiam nos restaurantes. Ou faziam pole dance para os seus colegas de trabalho, pensei, lembrando das minhas entrevistas no Centro de Trabalho.
Em geral, nos casamentos a que eu costumava ir, as famílias dos noivos ficavam separadas, pois temiam que alguém desrespeitasse a liberdade condicional deles.
Poncho e eu nos sentamos no fundo da igreja, eu na beirada do banco e a cadeira dele à minha direita. Ele olhou de relance Dulce passar e virou-se para a frente, com uma expressão inescrutável. Um coro de quarenta e oito vozes (eu contei) cantava em latim. Christopher suava dentro do smoking e levantou uma sobrancelha como se estivesse se sentindo, ao mesmo tempo, satisfeito e meio bobo. Ninguém aplaudiu nem comemorou quando o padre declarou-os marido e mulher. Christopher pareceu um pouco estranho, inclinou-se sobre a noiva como se fosse morder uma maçã pendurada num barbante e errou o alvo. Perguntei-me se a classe alta considerava “deselegante” se agarrar no altar.
Então, a cerimônia chegou ao fim. Poncho já estava se dirigindo para a saída da igreja. Vi a parte de trás da cabeça dele, altiva e curiosamente digna e tive vontade de perguntar se ele se arrependeu de ter ido. Queria perguntar se ainda sentia alguma coisa por ela. Queria dizer que ele era bom demais para aquela mulherzinha dourada sem graça, por mais que as aparências pudessem dar a entender o contrário e que... não sei o que mais eu queria dizer.
Só queria deixar as coisas melhores.
Autor(a): day
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- Você está bem? — perguntei, ao me aproximar dele. A grande questão era que devia ser ele ali. Ele piscou várias vezes. - Estou ótimo — disse. Deu um pequeno suspiro, como se estivesse prendendo o ar no peito. Então olhou para mim. — Vamos tomar um drinque. A tenda da recepção ficava num jardim cerc ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 121
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milaaya16 Postado em 08/12/2017 - 20:36:40
Não entendi o final :(
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franmarmentini♥ Postado em 24/07/2016 - 01:43:42
Continua por favor....toda vez q leio esse final.morro de tanto soluçar.... Queria tanto eles juntos ;(
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franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:49:36
;(
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franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:29:54
;( quando vc vai postar mais??????
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franmarmentini♥ Postado em 09/05/2016 - 09:57:36
VC NAO MUDOU O FINAL????????
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Beca Postado em 19/04/2016 - 09:36:55
CHEGUEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
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hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:03:17
Onde está a porta da licença poética? Pq vc não mudou esse final?
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hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:02:31
Day nunca terminei de ler uma fic sua com tanta raiva
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Mila Puente Herrera ® Postado em 15/02/2016 - 19:54:58
AI MDS MORTAAAAAAA AQUI :O DESIDRATADA DE TANTAS LÁGRIMAS OQ FO ESSE FIM????
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franmarmentini♥ Postado em 24/01/2016 - 23:47:49
Day pelo amor de deus...vc não deixa ele morrer....Plis... Cadê a noite de amor deles????? ;(