Fanfic: Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny | Tema: anahi e alfonso
Narração Anahi
-Você o quê?
Estávamos nas colinas logo depois da cidade quando contei a ele. Manuel estava no meio de uma corrida de vinte e cinco quilômetros e queria que eu cronometrasse o tempo dele, enquanto o seguia de bicicleta. Como eu era ligeiramente menos eficiente de bicicleta do que em física molecular, a tarefa envolvia uma porção de xingamentos e desvios, de minha parte, e um monte de berros exasperados, da parte dele. Ele queria correr quarenta quilômetros, mas tive de dizer-lhe que eu não sabia se meu traseiro aguentava e, além do mais, um de nós precisava fazer as compras semanais depois que chegássemos em casa. Estávamos sem pasta de dente e sem café solúvel. É verdade que só eu queria o café. Manuel tomava chá de ervas.
Quando chegamos no alto da colina Sheepcote, eu bufando, minhas pernas parecendo de chumbo, resolvi apenas botar tudo para fora. Acho que ainda tínhamos uns vinte quilômetros até em casa para que ele recuperasse o bom humor.
- Não vou ao Norseman Xtreme.
Ele não parou, mas se aproximou de mim. Virou-se para me encarar, suas pernas ainda se movendo, e pareceu tão chocado que quase me desviei para cima de uma árvore.
- O quê? Por quê?
- Vou... trabalhar.
Ele se virou de novo para a estrada e tomou velocidade. Estávamos no alto da colina e precisei frear um pouco para não ultrapassá-lo.
- Quando decidiu isso? — Gotinhas de suor surgiram em sua testa e os tendões saltavam de suas panturrilhas. Eu não podia olhar para eles por muito tempo, senão começava a cambalear.
- No final de semana. Só queria ter certeza.
- Mas reservamos nossos voos e tudo.
- É um voo barato. Se você quiser, reeembolso as trinta e nove libras que pagou.
- Não é questão de dinheiro. Pensei que você fosse para me dar apoio. Você disse que ia para me apoiar.
Manuel podia parecer bem carrancudo. Logo que começamos a namorar, eu costumava provocá-lo por causa disso. Chamava-o de Dr. Mau Humor. Isso me
fazia rir e ele ficava tão zangado que geralmente parava de ficar carrancudo só para eu parar de rir.
- Ah, vamos lá. Não estou lhe dando bastante apoio agora? Detesto andar de bicicleta, Manuel. Você sabe que eu detesto. Mas estou lhe dando apoio.
Ele correu mais dois quilômetros antes de falar novamente. Pode ter sido impressão minha, mas as batidas dos pés de Manuel no chão pareceram ganhar um ritmo decidido e duro. Naquele momento, estávamos bem no alto da cidadezinha, eu bufando nos trechos de subida, tentando e não conseguindo impedir que meu coração disparasse toda vez que passava um carro. Pedalava na velha bicicleta de mamãe (Manuel não me deixava chegar nem perto de sua corredora diabólica) que não tinha marchas, então a toda hora eu ficava para trás.
Ele olhou para trás, diminuiu o passo uma fração para que eu pudesse alcançá-lo.
- Por que eles não arrumam uma outra cuidadora, alguém de uma agência especializada?
- Cuidadora de agência?
- Para ficar nos Herrera. Quer dizer, você está lá há seis meses, tem direito a uma folga.
- Não é tão simples assim.
- Não vejo por que não. Afinal, você começou lá sem saber nada do trabalho.
Prendi a respiração, o que foi um pouco difícil, já que eu estava completamente sem ar pelo esforço de pedalar.
- Porque ele precisa fazer uma viagem.
- O quê?
- Ele tem de fazer uma viagem. Então, precisam de mim e de Christian para ajudá-lo.
- Christian? Quem é Christian?
- O enfermeiro. O cara que você conheceu quando Poncho foi à casa dos meus pais.
Eu podia ver que Manuel estava pensando naquilo. Limpou o suor de seus olhos.
- E antes que você pergunte — acrescentei —, não, não estou tendo um caso com Christian.
Ele diminuiu a velocidade e olhou para o asfalto até ficar praticamente correndo sem sair do lugar.
- O que é isso, Any? Porque... porque, para mim, parece que há aqui um limite sendo ultrapassado, entre o que é trabalho e o que é... — ele deu de ombros
- ...normal.
- Não é um trabalho normal. Você sabe disso.
- Mas parece que ultimamente Poncho Herrera está acima de tudo.
- Ah, e isto aqui não está? — Tirei a mão do guidão e gesticulei para os pés
de Manuel.
- É diferente. Ele chama e você vai correndo.
- E você corre, e eu venho correndo. — Tentei sorrir.
- Muito engraçada. — Ele virou-se para o outro lado.
- São seis meses, Manuel. Seis meses. Afinal, você foi um dos que acharam que eu deveria aceitar esse trabalho. Não pode me condenar por levá-lo a sério.
- Não acho... não acho que o problema seja o trabalho... é só que... acho que tem alguma coisa que você não está me contando.
Hesitei por um momento longo demais.
- Não é verdade.
- Mas não vai ao Norseman.
- Eu já disse, eu...
Ele balançou de leve a cabeça, como se não conseguisse me ouvir direito. E começou a correr pela estrada, para longe de mim. Eu podia ver pelo jeito das costas dele que estava zangado.
- Ah, vamos lá, Manuel. Não podemos parar um instante e discutir isso? O tom da voz era obstinado:
- Não. Vai desperdiçar meu tempo.
-Então vamos parar o relógio. Por apenas cinco minutos.
- Não. Preciso fazer isso de um jeito que simule a realidade.
Ele começou a correr mais rápido, como se tivesse ganhado um novo ímpeto.
- Manuel? — chamei, me esforçando para alcançá-lo. Meus pés escorregaram nos pedais, xinguei, chutei o pedal para trás e recomecei. — Manuel? Manuel!
Olhei para a nuca dele e as palavras saíram da minha boca antes que eu percebesse o que estava dizendo.
- Está bem. Poncho quer morrer. Quer se suicidar. E a viagem é minha última tentativa de fazer com que ele mude de ideia.
Manuel diminuiu o passo e andou mais devagar. Parou mais adiante na estrada, as costas eretas, ainda sem olhar para mim. Virou-se aos poucos. Tinha, finalmente, parado de correr.
- Repita.
- Ele quer ir para a Dignitas. Em agosto. Estou tentando fazer com que mude de ideia. É minha última chance.
Ele ficou me olhando como se não soubesse se devia acreditar.
- Parece loucura, eu sei. Mas tenho de fazer com que mude de ideia. Por isso... por isso não posso ir ao Norseman.
- Por que não disse antes?
- Prometi à família dele que não contaria a ninguém. Seria horrível para eles se isso se espalhasse. Horrível. Olha, nem Poncho sabe que eu sei. Isso tudo tem sido... complicado. Desculpe. — Estendi a mão para ele. — Se pudesse, eu teria contado para você.
Ele não respondeu. Pareceu arrasado, como se eu tivesse feito algo terrível. Ficou com as sobrancelhas levemente franzidas e engoliu duas vezes em seco, duro.
- Manuel...
- Não. Eu... preciso correr, Any. Sozinho. — Passou a mão pelos meus cabelos. — Combinado?
Engoli em seco.
- Certo.
Ele me olhou um instante, como se tivesse esquecido até mesmo por que estávamos ali. Depois, correu de novo e eu o vi desaparecer na estrada diante de mim, sua cabeça olhando resolutamente para a frente, as pernas comendo a estrada abaixo dele.
Autor(a): day
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 121
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milaaya16 Postado em 08/12/2017 - 20:36:40
Não entendi o final :(
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franmarmentini♥ Postado em 24/07/2016 - 01:43:42
Continua por favor....toda vez q leio esse final.morro de tanto soluçar.... Queria tanto eles juntos ;(
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franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:49:36
;(
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franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:29:54
;( quando vc vai postar mais??????
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franmarmentini♥ Postado em 09/05/2016 - 09:57:36
VC NAO MUDOU O FINAL????????
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Beca Postado em 19/04/2016 - 09:36:55
CHEGUEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
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hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:03:17
Onde está a porta da licença poética? Pq vc não mudou esse final?
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hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:02:31
Day nunca terminei de ler uma fic sua com tanta raiva
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Mila Puente Herrera ® Postado em 15/02/2016 - 19:54:58
AI MDS MORTAAAAAAA AQUI :O DESIDRATADA DE TANTAS LÁGRIMAS OQ FO ESSE FIM????
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franmarmentini♥ Postado em 24/01/2016 - 23:47:49
Day pelo amor de deus...vc não deixa ele morrer....Plis... Cadê a noite de amor deles????? ;(