Fanfics Brasil - 99 Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny

Fanfic: Como eu era antes de você adaptada AyA/ Ponny | Tema: anahi e alfonso


Capítulo: 99

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* * *


Cheguei na  casa de Manuel às quinze  para as  dez.


Meus  planos  de  viagem, espantosamente, tiveram  total aprovação de Katrina.


Ela não acrescentou sua usual frase “sim, mas seria ainda melhor se você...”. A certa altura, imaginei se ela estava apenas tentando ser simpática, pois, obviamente, eu estava ficando meio doida. Mas ela continuou a dizer coisas como “uau,  não acredito que você  descobriu isso!  Precisa  tirar  montes  de  fotos dele fazendo bungee jumping!” E: “imagine a cara que ele vai fazer quando você contar do voo de paraquedas! Vai ser o máximo.”


Quem nos visse no bar acharia que éramos duas amigas que realmente se gostavam muito.


Ainda remoendo isso, entrei silenciosamente. Visto de fora, o apartamento estava às escuras e pensei que Manuel tivesse ido dormir cedo como parte do treinamento intensivo. Larguei minha mochila no chão do hall e empurrei a porta da sala, pensando, enquanto fazia isso, que tinha sido simpático da parte dele deixar uma luz acesa para mim.


Então, eu o vi. Estava sentado à mesa, que fora posta com dois lugares, um castiçal com vela acesa no meio. Quando a porta se fechou atrás de mim, ele se levantou. A vela  estava queimada pela  metade.


- Desculpe — disse ele. Fiquei olhando para ele.


- Fui um idiota. Você tem razão. Esse seu trabalho é só por seis meses e eu tenho me comportado feito uma criança. Deveria me orgulhar por você estar fazendo algo de tanto valor e levando tudo tão a sério. Fui um pouco... exagerado. Me desculpe. Mesmo.


Ele estendeu a mão. Segurei-a.


- É ótimo que você esteja tentando ajudá-lo. É admirável.


- Obrigada. — Apertei a mão dele.


Ele só voltou a falar depois de tomar fôlego, como se tivesse conseguido fazer o discurso que  ensaiara.


- Preparei o jantar. Mas é salada de novo. — Ele  passou  por  mim  em direção à geladeira e tirou dois pratos. — Prometo que, quando o Norseman acabar, vamos sair para comer algo incrível. Ou quando eu voltar aos carboidratos. É só que... — Ele esvaziou o ar das bochechas. — Acho que nos últimos tempos não tenho conseguido pensar em muita coisa além disso. E eu acho que isso deve ser parte do problema. E você tem razão. Não há por que você ficar me seguindo. É uma coisa minha. Você tem todo o direito de trabalhar enquanto faço isso.


- Manuel... — comecei a dizer.


- Não quero discutir com você, Any. Você pode me perdoar?


Ele estava com o olhar ansioso e recendia a água de colônia. Esses dois fatos caíram lentamente sobre mim, como um peso.


- Mas, sente-se — disse ele. — Vamos jantar e depois... não sei. Aproveitar a companhia um do outro. Falar sobre alguma coisa. Não sobre corrida. — Deu um sorriso forçado.


Sentei-me e olhei a mesa. Depois, sorri.


- Está realmente ótimo — falei.


 


Manuel realmente era capaz de fazer mil e uma coisas com peito de peru.


Comemos a salada verde, a salada de frutos do mar e uma salada de frutas exóticas que ele fez de sobremesa e bebi vinho enquanto ele se manteve na água mineral. Demorou um pouco, mas começamos a relaxar. Ali, na minha frente, estava um Manuel que eu não via há algum tempo. Era um homem engraçado, atencioso. Ele se policiou rigidamente para não falar nada sobre corrida ou maratonas e riu todas as vezes que notou que a conversa ia nessa direção. Os pés dele encontraram os meus por baixo da mesa, nossas pernas se entrelaçaram e aos poucos o sentimento tenso e desconfortável começou a se afrouxar no meu peito.


Minha irmã estava certa. Minha vida tinha ficado estranha e desligada das pessoas que eu conhecia — o estado de Poncho e seus segredos tinham me engolido. Eu precisava me assegurar de que não perderia de vista o restante de mim.


Comecei a me sentir culpada pela conversa que tinha tido mais cedo com minha irmã. Manuel não me deixou sair da mesa, nem para ajudar a lavar os pratos. Às onze e quinze, ele se levantou, levou os pratos e tigelas para a pequena cozinha e começou a dispô-los na máquina de lavar louças. Fiquei sentada, ouvindo-o falar comigo através da porta. Eu esfregava o ponto onde meu pescoço se encontrava com o ombro, tentando desfazer alguns nós que pareciam firmemente entranhados ali. Fechei os olhos, tentando relaxar com aquilo, de modo que levei alguns minutos para perceber que a conversa tinha parado.


Abri os olhos. Manuel estava na soleira da porta, segurando meus folhetos de viagem. Ele segurava várias folhas.


- O que é tudo isso?


- É... a viagem. Aquela de que eu falei.


Eu o observei folhear a papelada que eu  tinha  mostrado  para  minha  irmã, vendo o itinerário, as fotos, a praia na Califórnia.


- Pensei... — A voz dele, quando veio, soava estranhamente estrangulada. — Pensei que você estive falando no Santuário de Lourdes.


- Por quê?


- Ah... não sei... ou Stoke Mandeville, onde ocorreram as primeiras competições de cadeirantes... algum lugar assim. Quando você falou que não podia ir porque precisava ajudá-lo, parecia um trabalho de verdade. Fisioterapia, cura através da fé, algo do tipo. Isso parece... — Ele balançou a cabeça, incrédulo. — Parece a viagem de uma vida.


- Bom... é tipo isso. Mas não para mim. Para ele. Manuel sorriu.


- Não... — ele disse, balançando a cabeça. — Você não ia gostar de nada disso. Banhos quentes à luz das estrelas, nadar com golfinhos... Ah, olha só, “luxo de hotel cinco estrelas” e “serviço de quarto vinte e quatro horas”. — Olhou para mim. — Isso não é uma viagem de trabalho. É uma maldita lua de mel.


- Não é justo!


- Mas isso é? Você... você realmente espera que eu fique aqui  sentado enquanto você desfila com outro homem numa viagem assim?


- O enfermeiro dele também vai.


- Ah. Ah, sim, Christian. Então está tudo certo.


- Manuel, pare com isso... é complicado.


- Então me explique. — Empurrou os papéis em minha direção. — Explique para mim, Any. Explique de um jeito que eu consiga entender.


- É importante para mim que Poncho queira viver, que enxergue boas coisas no futuro.


- E essas coisas boas incluiriam você?


- Não é isso. Escute, alguma vez eu falei para você parar de trabalhar com o que gosta?


- Meu trabalho não envolve banheiras quentes com homens estranhos.


- Bom, não me importo se envolve. Pode tomar banho de banheira com estranhos! Tanto quanto quiser! Pronto! — Tentei sorrir, esperando que ele também sorrisse.


Mas ele não sorriu.


- Como você se sentiria, Any? Como se sentiria se eu dissesse que vou a uma convenção de ginástica com, sei lá, Leanne, integrante dos Tratores, por que ela está precisando se animar?


- Animar? — Pensei em Leanne com seus cabelos louros esvoaçantes, suas pernas perfeitas, me perguntando vagamente por que ele pensou nela primeiro.


- E como você se sentiria se eu dissesse que eu e ela iríamos fazer todas as refeições fora, ou talvez entrar numa banheira quente ou ficar juntos por vários dias? Num lugar a quase dez mil quilômetros daqui, só porque ela estava um pouco desanimada. Você realmente não se incomodaria?


- Manuel, Poncho não está “um pouco desanimado”. Ele quer se matar. Quer ir para a Dignitas e acabar com a maldita vida dele. — Eu podia ouvir o sangue pulsar nos meus ouvidos. — E você não pode distorcer as coisas assim. Você chamou Poncho de aleijado. Foi você que concluiu que ele não era uma ameaça. “O patrão perfeito”, você disse. Alguém com quem não valia a pena nem  se preocupar.


Ele colocou o folheto de volta na bancada.


- Bom, Any... agora estou me preocupando.


Enfiei meu rosto entre as mãos e fiquei assim um minuto. Lá fora, no corredor, ouvi uma porta de incêndio ser aberta e vozes de pessoas serem engolidas enquanto uma porta era destrancada e depois fechada atrás deles.


Manuel deslizou a mão lentamente, para a frente e para trás, ao longo da beirada dos armários da cozinha. Um pequeno músculo se mexia em sua mandíbula.


 


- Sabe o que isso parece, Any? Que eu deveria estar correndo, mas eu me sinto permanentemente um pouco para trás. Sinto que... — Respirou fundo, como se tentasse se recompor. — Acho que tem alguma coisa ruim depois da curva, e todo mundo parece saber o que é, menos eu.


Ele  ergueu os olhos para os meus.


- Não acho que seja uma atitude irracional da minha parte. Mas não quero que você vá. Não me importo que não queira ir ao Norseman, mas não quero que vá nessa... nessa viagem. Com ele.


- Mas eu...


- Estamos juntos há quase sete anos. E você conhece este homem, trabalha para ele, há cinco meses. Cinco meses. Se for com ele agora, estará me dizendo algo sobre o nosso relacionamento. Sobre como se sente em relação a nós.


- Não é justo. Não tem nada a ver conosco — reclamei.


- Tem sim, se depois que eu digo tudo isso você continua querendo ir.


O pequeno apartamento pareceu enorme à nossa volta. Ele me olhava com uma expressão que eu nunca tinha visto antes.


Quando minha voz emergiu, foi num sussurro.


- Mas ele precisa de mim.


Percebi, quase no instante em que falei as palavras, como elas se torciam e se reagrupavam no ar, e soube como eu me sentiria se Manuel  dissesse  a  mesma coisa  para mim.


Ele engoliu em seco, balançou um pouco a cabeça, como se estivesse tendo dificuldade em entender o que eu tinha dito. Sua mão veio repousar no lado da bancada e olhou para mim.


- Nada do que eu disser vai fazer diferença, não é?


Era assim que funcionava com Manuel. Ele era sempre mais inteligente do que eu achava.


- Manuel, eu...


Ele fechou os olhos, apenas por um instante, e então se virou e saiu da sala, deixando os últimos pratos vazios no   aparador.



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Autor(a): day

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 121



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  • milaaya16 Postado em 08/12/2017 - 20:36:40

    Não entendi o final :(

  • franmarmentini♥ Postado em 24/07/2016 - 01:43:42

    Continua por favor....toda vez q leio esse final.morro de tanto soluçar.... Queria tanto eles juntos ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:49:36

    ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 06/06/2016 - 15:29:54

    ;( quando vc vai postar mais??????

  • franmarmentini♥ Postado em 09/05/2016 - 09:57:36

    VC NAO MUDOU O FINAL????????

  • Beca Postado em 19/04/2016 - 09:36:55

    CHEGUEIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:03:17

    Onde está a porta da licença poética? Pq vc não mudou esse final?

  • hadassa04 Postado em 18/04/2016 - 23:02:31

    Day nunca terminei de ler uma fic sua com tanta raiva

  • Mila Puente Herrera ® Postado em 15/02/2016 - 19:54:58

    AI MDS MORTAAAAAAA AQUI :O DESIDRATADA DE TANTAS LÁGRIMAS OQ FO ESSE FIM????

  • franmarmentini♥ Postado em 24/01/2016 - 23:47:49

    Day pelo amor de deus...vc não deixa ele morrer....Plis... Cadê a noite de amor deles????? ;(


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