Fanfic: [EXCLUIDA]

Um mês e meio havia se passado. As meninas haviam mudado o visual. As coisas finalmente haviam se resolvido. Tudo estava nos eixos. Dulce e Chris estavam felizes como nunca, embora ainda tentassem manter o namoro em sigilo. Isso não incomodava mais a Christopher. Ele tinha plena consciência do amor de Dulce. O importante é que ela era dele. Não precisava que ninguém ficasse sabendo disso. Anahí e Alfonso também estavam se entendendo. Como amigos. O que já era uma grande coisa. O clima nos estúdios era outro. Até os shows estavam melhores.
Anahí tinha acabado de chegar da gravação. Atirou longe suas sandálias de salto. Correu para atender ao telefone. Era Jean. Ele estava bem humorado e misterioso. Pediu a ela que se arrumasse porque em pouco tempo a buscaria.
Anahí deu de ombros e foi escolher o que vestir. Duas horas depois estava pronta. Valera a pena a demora. Vestia um top vermelho e uma saia preta rodada. Nos pés sandálias altíssimas. Jean não parava de admirá-la. Aquela realmente seria uma noite especial. Levou-a ao restaurante mais chique da Capital. Pediu o melhor vinho. Foi o mais encantador que conseguia. Anahí achava tudo maravilhoso. Na hora da sobremesa, Anny encontrou algo no meio do seu pudim.
Anahí: Mas o que é isso. Um anel? Jean...
Jean: É isso mesmo. Estou te dando esse anel de brilhantes como sinal do meu amor. E gostaria muito que se cassasse comigo.
Anahí: Está me pedindo em casamento?
Jean: Estou. Eu tenho certeza de que vc é a mulher com quem quero passar o resto dos meus dias. Quer se casar comigo?
Anahí: (assustada) Eu nem sei o que responder.
Jean: Diga sim, simplesmente.
Anahí: (automaticamente) Sim.
Anahí observou quando Jean colocou o anel em seu dedo. Algo dentro dela se rebelou. Tinha que parar com aquilo. Mas não conseguia se mover. Sorriu a contragosto assim que ele a olhou. Ele falava alguma coisa, mas ela não conseguia escutar... Continuou sorrindo, como se fosse uma estátua, mas sua mente girava a mil. Não queria passar a sua vida toda ao lado do Jean. Não conseguia se imaginar sendo feliz assim. De repente, não conseguia parar de pensar em Poncho. Mas era loucura. Viu quando Jean a beijou. Correspondeu automaticamente. Falava com ele, ria. Mas sentia-se longe, como se vivesse um pesadelo.
Horas depois, quando já se preparava para dormir, ainda não conseguia reagir. Então sentiu o metal frio do anel no dedo. Sentiu-se gelar. Pela primeira vez desde que ficara noiva sentiu o que tudo aquilo significava. Era um passo grande demais e ela não estava preparada. Mas agora era tarde pra voltar a trás. Sentou-se então na cama e chorou.

Dulce chegou cansada das gravações. Foi correndo se arrumar. Prometera ao Chris que dormiria na casa dele. Precisava pegar umas coisas. Mal podia esperar pra chegar lá. Do que precisava mesmo? Escova de dentes... roupas... faltava alguma coisa? Droga!!! A campainha. Só porque ela estava com pressa. Pensou em não atender. Mas a insistência era tanta. Resolveu atender de uma vez. Mas nada a havia preparado para o que viu quando abriu a porta.
Dulce: Nataly? O que faz aqui? Achei que tinha deixado bem claro que eu nunca mais queria ver as suas fuças na minha frente.
Nataly: Desculpa Dulce. Mas só vim porque o assunto é sério. Posso entrar?
Dulce: Não. Fala daí mesmo.
Nataly: (com cara de vítima) É muito importante mesmo.
Dulce: (abrindo passagem) Já que vc faz questão. Agora que já entrou, desembucha.
Nataly: Eu acho melhor vc sentar...
Dulce: Ou vc desembucha logo ou vou te por pra fora a pontapés. Escolhe.
Nataly: Já que vc colocou as coisas nesses termos...
Dulce: Eu estou perdendo a paciência.
Nataly: Sabe o que é?
Dulce: FALAAAAAAAAA!!!!!!!
Nataly: Eu estou grávida!!! E o pai é o Chris.
Dulce olhou atarantada para a prima. A seguir deu uma sonora gargalhada.
Dulce: Acha mesmo que vou acreditar em você?
Nataly: (choramingando) Eu estou falando a verdade. Olha estou muito arrependida de tudo o que fiz. Eu não planejei esse filho.
Dulce: Filho? Por favor... Duvido que esteja grávida. Vc não se cansa nunca? Não desiste nunca?
Nataly: Mas é verdade. (passa a mão sobre o ventre) Tem um pedacinho do Chris aqui dentro de mim.
Dulce: Que comédia. Querida!!! A gente já sabe quem é vc. Esse golpe da barriga é mais antigo do que não sei o que. Não acredito em nada. Não cansa nunca de tentar estragar a minha vida? Pedacinho do Chris... (ri) Essa é boa!!!
Nataly: (irritada) Ah! É mentira? Então me diga o que é isso aqui? (joga um papel na cara de Dulce)
Dulce: (abrindo o papel e lendo) Não pode ser. O que é isso?
Nataly: Exatamente o que vc está vendo. É um exame confirmando a minha gravidez. Pode ver. Confira o meu nome. Tá certinho.
Dulce: (chocada) Não pode ser... O que está planejando agora? Isso não pode ser verdade!
Nataly: Não só pode como é. E quanto ao pai, nem mesmo vc tem dúvidas de que é o Chris.
Dulce: Vc não vai conseguir nada com isso. NADA!!!
Nataly: Isso vc tem que ver com a sua consciência. Se sentiria bem deixando o meu filho sem um pai?
Dulce: Em que século vc vive? Todo mundo sabe que filho não prende ninguém. O fato de ele continuar comigo não impede que assuma esse... esse bebê.
Nataly: Geralmente é assim mesmo... Mas não nesse caso. E sabe porque? Por que se vc não largar o Chris, ele nunca vai conhecer o filho. Porque eu vou sumir com essa criança.
Dulce: Vc não seria tão baixa!!!
Nataly: Vc duvida? Não me provoque... E eu só queria saber se o seu adorado namoradinho continuaria sentindo todo esse amor que ele diz que sente por vc, se soubesse que vc o separou do filhinho dele. (sorri sarcástica)
Dulce: (gritando) Fora daqui!!! (tapa os ouvidos) Eu não quero ouvir mais nada!!! Suma... Vai embora... Eu te odeio.

Nataly: Não tenho mesmo mais o que fazer aqui. Adeus priminha e pense bem no que vai fazer.
Nos quinze minutos em que a prima estivera ali, Dulce parecia ter envelhecido anos. Nada a tinha preparado para um golpe daqueles. Será que não conseguiria ser feliz nunca? Sentia-se sufocar no apartamento, que nunca antes lhe parecera tão pouco aconchegante. Seus olhos ardiam. E embora não houvesse lágrimas, a dor estava ali. Sentia-se distante de tudo quando trancou o apartamento e ganhou a rua. Precisava caminhar, respirar ar puro. E precisava desesperadamente de Christopher. Mas não tinha coragem de ir procurá-lo. Só de pensar que teria de contar tudo a ele... O vento balançava as copas das árvores. Um raio clareou o céu, anunciando tempestade. Mas ela estava alheia a tudo. Como a prima tinha coragem de fazer aquilo com ela? E como poderia competir com uma criança? Era filho do Chris... isso não podia negar... Não podia separá-lo do filho. A miserável da prima tinha razão. Nataly vencera de novo. E o pesadelo recomeçava.
Raios e trovões povoavam a noite e já caíam os primeiros pingos de chuva. Pouco tempo depois, o céu desfazia-se em água. Era como se toda a natureza sentisse a dor de Dulce e chorasse por e junto com ela. Mas ela não reparou nisso. Não se deu conta da chuva e nem do quanto estava molhada. Continuou caminhando sem rumo, desejando que aquele pesadelo acabasse.

Christopher olhou para o relógio pela centésima vez. Onde estaria Dulce? Já era para ela ter chegado há séculos. Estava preocupado. A chuva caia incessantemente lá fora. Será que havia acontecido alguma coisa? Franziu a testa preocupado e correu para o telefone. Na casa de Dulce ninguém atendia. No celular a mesma coisa. Algo dentro dele lhe dizia que algo estava errado. Estava inquieto. Onde estaria Dulce? Não podia mais ficar ali esperando.
Dirigiu como um louco até o apartamento da namorada. Só para confirmar o que já sabia: ela não estava. Ligou para todos os conhecidos, procurando por ela. Mas ninguém sabia de nada. Já nem conseguia raciocinar direito. Onde ela estaria? E se ela já estivesse no apartamento dele e tivessem apenas se desencontrado? Essa hipótese animou-o. Dirigiu ainda mais depressa de volta para casa. Mas lá ela também não estava. Sentou-se desesperado no sofá e ficou olhando para o telefone, desejando imensamente que ele tocasse, mas ele continuou mudo. Os minutos foram passando e aumentando a agonia de Chris.
E então tocou a campainha.
Chris abriu a porta, esperançoso, e o alívio que sentiu foi rapidamente substituído por uma preocupação ainda maior. Dulce estava ali, parada, completamente encharcada. Reparou que ela chorava baixinho. Parecia uma menininha desamparada. Ao ver Chris, abraçou-o como se fosse a última vez.
Chris: Candy... meu amor!!! O que aconteceu com vc? Vai ficar doente desse jeito.
Dulce: Ah, Chris querido... não diga nada. Apenas me ame... Me ame como se fosse a última vez.
Chris olhou para ela intrigado. Mas ela o beijou, não dando a ele tempo de pensar em nada.
Amaram-se com intensidade. Buscando dar ao outro o máximo de si mesmos. Amaram-se com desespero e com ardor. Amaram-se como se o mundo acabasse naquele dia. Fundiram-se de corpo e alma e muito tempo depois essa noite ainda estaria vívida em suas lembranças.

Horas mais tarde, Chris ficou observando Dulce, enquanto ela ressonava. Era impressionante como a amava. E a cada dia amava mais. Sabia que suas almas estavam mais unidas do que jamais haviam estado algum dia. Pressentia, no entanto, que algo não estava bem. Não conseguia tirar da cabeça o estado em que Dulce chegara ali. Quando finalmente conseguiu conciliar o sono, teve pesadelos horríveis. Quando acordou assustado, já amanhecera, embora a tempestade mantivesse o céu escuro lá fora. Dulce já estava acordada e esperava por ele.

Chris: Nossa amor... Já acordada? Hoje nem tem gravação... E chove muito lá fora... Por que não volta para a cama?
Dulce continuou absorta em pensamentos, nem se deu conta de que ele já havia acordado e falava com ele. Estava longe. Em sua cabeça, repassava toda a conversa que tivera com a prima.
Chris: Coelhinha!!! Amor... está me escutando? (levanta-se e vai até ela) Dulcesita... Alo-ou... Acorda!!!
Dulce: (caindo na real) Chris? Já acordou? Nossa!!! Eu estava tão distraída...
Chris: Eu percebi... Parecia que estava em outro mundo... É impressão minha ou tem algo a respeito do qual devemos conversar?
Dulce: (sorrindo tristemente) Realmente... Precisamos conversar.
Chris: (alarmado) Tem a ver com o estado em que chegou aqui ontem, não tem?
Dulce: Chris... Vc sabe como eu te amo, não sabe?
Chris: Sim Candy... E vc também sabe o quanto eu te amo. Mas o que isso tem a ver?
Dulce: Eu te amo tanto que faria qualquer coisa por vc... Qualquer coisa mesmo.
Chris: Vc está me assustando Dulce...
Dulce: É um assunto um tanto delicado... A Nataly me procurou ontem...
Chris: (irritado) Mas é claro... Como não me dei conta? Pra vc estar assim, tinha que ter um dedo daquela vaca!!!
Dulce: Não fale assim dela... Agora as coisas mudaram.
Chris: Mudaram? Como assim mudaram? Por que vc está chorando?
Dulce: (forçando um sorriso em meio as lágrimas) Parabéns!!! Vc vai ser papai!!

Chris: (surpreso) Dul... Vc está me dizendo que... Vc está me dizendo que eu vou ter um filho?
Dulce: É isso mesmo...
Chris:... (abrindo um sorriso) Quer dizer então que vc está esperando um bebê?
Dulce: (olhando aturdida para ele) Chris...
Chris: (interrompendo) ... Eu sei... eu entendo que vc esteja preocupada... Afinal, ainda somos tão novos... Mas quero que saiba que estamos juntos nessa...
Dulce: (gritando) Chris... Me escuta...
Chris: ... Eu vou te ajudar em tudo... Um bebê... mal posso acreditar... Candy...
Dulce: (gritando ainda mais) Eu não estou grávida Christopher!!!
Chris: (boquiaberto) Não? Mas eu pensei que...
Dulce: Quem está grávida é a Nataly. Não eu. Vc vai ser pai sim, mas é do filho dela.
Chris: Vc enlouqueceu? Isso é impossível...
Dulce: Estou falando sério. Acho que nunca falei tão sério antes.
Chris: Vc não pode acreditar na Nataly... Ela é capaz de inventar cada coisa para separar a gente. Vc melhor do que ninguém sabe disso.
Dulce: Eu mesmo vi o exame. Não há como ter mais dúvidas.
Chris: Mas se essa gravidez é mesmo de verdade, esse filho não é meu. Estou certo disso...
Dulce: A minha prima era virgem quando deitou com vc... Vc foi o único cara pra quem ela... bem, vc sabe...
Chris: Sua prima virgem? (ri histericamente) Sua prima não era mais virgem nem de orelha, quando fiquei com ela...
Dulce: Para com isso Chris. Para de falar assim. Não importa o que vc diga... Não vai mudar a realidade. Vc e a Nataly vão ter um bebê.
Chris: Não é meu... Não tem como. Eu sempre me cuidei e...
Dulce: (gritando) PARA!!! Não quero saber de detalhe nenhum. Já sofro bastante com o que sei. E quer saber? Eu não sei o que vcs pretendem fazer. A única coisa que me cabe nessa hora é sair da sua vida. Não quero ser eu que o impeça de se aproximar da criança e ser um bom pai.
Chris: (quase sussurrando) O que vc está querendo me dizer?
Dulce: Que acabou Chris. Foi lindo enquanto durou, mas acabou. Nossas vidas tomaram rumos diferentes agora.

Christopher não podia acreditar no que estava acontecendo. Aquilo não podia ser. De novo não. Aquela história da gravidez era absurda. Sentia vontade de gritar. Se Nataly estivesse mesmo grávida, tinha quase certeza de que o filho não era dele. Ficara com ela pouquíssimas vezes e sempre se cuidara. Mas o que aquela vaca conseguia fazendo isso? Nunca antes na vida odiara tanto uma pessoa. Tinha vontade de torcer-lhe o pescoço. E como Dulce podia cair na história dela de novo? Será que aquela víbora nunca mais sairia das suas vidas?
A chuva continuava caindo ferozmente lá fora. E varria tudo. Só não pôde varrer o vazio que se instalara dentro dele e a solidão que o envolvera desde que Dulce havia partido.