Fanfic: [EXCLUIDA]

O show começaria em pouco tempo. Nos camarins mal se escutava os gritos animados do público que aguardava a apresentação. Poncho sentia um frio na barriga. Não importava quantas vezes se apresentasse, sempre sentiria aquilo. Mas adorava!!! Sentou-se e enquanto bebia uma água, ficou observando a correria dos últimos preparativos. Sorriu. Mal podia ver a hora de subir no palco. De repente algo mais lhe chamou a atenção: Dulce e Chris mal se olhavam e quando o faziam era perceptível a dor em seus olhos. O que teria acontecido com os amigos? Talvez Anahí soubesse de alguma coisa... Resolveu ir procurá-la.
Parou pouco antes de entrar no camarim dela e ouviu vozes e risos lá dentro. Após alguns segundos reconheceu a voz de Maite. O que será que conversavam? Será que falavam dele? A curiosidade fez com que ficasse ali escutando. Sentia-se um menino travesso fazendo aquilo, mas não conseguiu resistir.

___________________DENTRO DO CAMARIM___________________

Maite: Nossa... mas é lindo Anny...
Anahí: Eu ainda nem sei o que pensar de tudo isso.
Maite: Mas pelo visto está mesmo decidida... Quer dizer então que agora o noivado é oficial...
Anahí: Claro que é oficial. Não está vendo esse brilhante no meu dedo pra provar?
Maite: E já marcaram a data?
Anahí: Já sim... Será daqui dois meses...
Maite: Anny... Vc tem certeza?
Anahí preparava-se para responder, quando viu Alfonso parado na porta. A expressão no rosto dele, não deixava dúvidas. Ele tinha ouvido toda a conversa. Sentiu-se gelar... Não queria que ele soubesse daquela forma, e nada a havia preparado para a mágoa que via no rosto dele.
Ele a fitava e era como se lhe pedisse com os olhos que dissesse que tudo aquilo não era verdade. Teve uma vontade súbita de ir até ele e negar tudo o que ele ouvira. Mas não podia. Olhou para o anel em seu dedo e teve vontade de atirá-lo longe. Abriu a boca para se justificar, mas não teve tempo. Christian chegou nesse momento e avisou que já estavam chamando. Era hora do show. Aquela conversa ia ter que esperar.

Embora tivesse mesma duração de todos os outros, aquele show pareceu o mais longo que já haviam feito. Estavam exaustos quando acabaram. A apresentação havia sido impecável, mas só eles sabiam o estado de espírito em que estavam. Chris dirigiu-se apressado para o camarim. Queria ir logo embora. Ficar perto de Dulce fazia com que ele sofresse ainda mais. Trocou de roupa o mais rápido que conseguia e dirigiu-se ao estacionamento. Enquanto abria o carro, sentiu alguém chamá-lo. Gelou. Virou-se e deu de cara com Nataly.

Anahí procurou Poncho por todos os cantos depois do show. Não o encontrou em lugar algum. Ele parecia ter evaporado. Precisava conversar com ele. Devia-lhe uma explicação. Sabia que ele não estava bem e aquilo a afetava bem mais do que gostaria de admitir. O jeito seria passar na casa dele. Lá ele não poderia fugir dela. Trocou-se depressa. Mas quando saía do camarim deparou-se com o noivo. Olhou para ele desanimada. Pelo jeito, não iria conversar com Poncho tão cedo.

Dulce respirou o ar fresco da noite. O show havia sido um sucesso. Entretanto não conseguia sentir-se feliz. Não sem o Chris. Mas tinha que seguir em frente. Chris tornara-se inacessível para ela. Caminhou lentamente até o carro. Parou para procurar as chaves na bolsa. Sentiu então que a puxavam pelo braço. Virou-se. Olhou surpresa. Havia pensado que nunca mais o veria. Na verdade já havia até se esquecido dele. Mas Memo estava bem ali, segurando em seu braço. Sorriu para ele.

Nataly estava sorrindo. Angelicalmente. Quem a visse naquele momento jamais conseguiria acreditar nas perversidades que ela já fizera. Mas Chris havia sentido na pele tudo o que ela aprontara. Por culpa dela, a mulher da sua vida havia ido embora. Estava furioso. Como ela se atrevera a procurá-lo depois de tudo? Sentiu-se subitamente derrotado. Seus ombros penderam, cansados. Mas não. Não ia se deixar dominar por aquela mulher. Respirou fundo e preparou-se para o embate que ele sabia que o aguardava.
Nataly sorria e observava. Viu o ódio no rosto de Chris. Algo dentro dela doeu. Mas ela não deu atenção. Tinha que ser forte. Ele podia detestá-la por toda a vida, mas jamais permitiria que ele ficasse com Dulce. Passou a mão suavemente pela barriga e olhou para ele.
Nataly: Presumo que vc já deva saber das boas novas.
Chris: Boas novas? Não!!! Não fiquei sabendo de nenhuma.
Nataly: Oras Chris... Não precisa se fazer de durão. Eu sei que adorou saber que vai ser pai.
Chris: (furioso) Eu ficaria contente se pudesse ter certeza de que o filho é meu.
Nataly: Esse aqui (passa a mão na barriga) Com certeza é seu.
Chris: Vamos parar de palhaçada? Quer que eu fale as claras? Eu duvido que vc esteja mesmo grávida e mesmo que estivesse eu só acreditaria que a criança é minha depois de um exame. Sinto muito Nataly, mas nós dois sabemos a vagabunda que vc é.
Nataly: Toma (entrega-lhe o exame) Duvida ainda?
Chris: Eu te conheço. Eu não sei o que vc fez pra conseguir isso, mas eu não acredito mesmo.
Nataly: Christopher!!! Pare de tentar fugir da realidade... Essa criança existe... Põe a mão aqui.
Chris: Não me provoque. Eu já estou por aqui com vc. Não cansa nunca?
Nataly: Mas é seu filho!!!
Chris: isso só um exame pra dizer né? Agora eu já vou avisando. Se essa criança for minha, eu vou a quantos tribunais forem precisos mas com vc ela não fica. Vc é uma péssima influência pra qualquer pessoa, quem dirá pra uma criança. Eu jamais escolheria vc pra mãe dos meus filhos.

Nataly: Aposto que queria que fosse a Dulce que estivesse esperando um filho seu...
Chris: (apontando o dedo para ela) Exatamente! Porque a Dulce é muito melhor do que vc. E nem em mil anos, mesmo que vc se esforce muito, vai conseguir chegar aos pés dela. Ela tem uma coisa que vc nunca vai ter: caráter.
Nataly: Vc fica aí cheio da pose, mas minha prima não quer mais nem saber de vc.
Chris: Pare de ser cínica!!! E lembre-se de uma coisa: Mesmo que a Dulce nunca mais me queira... eu nunca mais vou querer ter nada com vc. Nem que vc fosse a única mulher na face da terra. Ouviu? Eu tenho nojo de vc... E agora deixa eu ir porque já perdi muito o meu tempo com vc.
Nataly: Chris... Eu estou sem carro e daqui a pouco vai começar a chover... Será que vc não poderia me deixar em casa?
Chris: Querida!!! Se quer chegar em casa, o ponto de ônibus está bem ali... Divirta-se.
Nataly ficou parada enquanto Chris entrava no carro e ia embora. Sentiu suas entranhas se revirando de tanta raiva. Será que nem com essa história da gravidez ele a perdoaria? Será que ele passaria a vida toda lambendo os pés da sonsa da prima? Precisava de uma maneira de seduzi-lo. Precisava de um bebê. Ele a odiaria ainda mais se descobrisse a mentira. Mas não importava... Faria qualquer coisa, deitaria com quem fosse preciso mas de uma coisa tinha certeza... Dulce não ficaria com Christopher. Ou ela não se chamaria Nataly.

Era uma surpresa agradável encontrar-se com Memo. Ou seria, em qualquer outro dia. Mas naquele momento o que Dulce menos queria era conversar. Com quem quer que fosse. Mal podia esperar para se jogar na cama e desmanchar-se em lágrimas. Mas não podia ser grossa com ele.
Dulce: Memo? Vc por aqui?
Memo: Demorou, mas consegui falar com vc de novo...
Dulce: E aí? Gostou do show?
Memo: Gostei de vc. Foi por isso que eu vim.
Dulce: Olha Memo... Não me leve a mal, mas eu não estou em uma boa hora e...
Memo: E nada mocinha... Vc não me parece muito bem... Está mesmo precisando conversar. E não importa o que vc diga, vai jantar comigo hoje nem que eu tenha que arrastá-la.
Dulce: (sorrindo) Eu não tenho outra opção?
Memo: De modo algum. Venha. Vamos no meu carro. Depois a gente providencia para que alguém busque o seu.
Enquanto falava, Memo ia empurrando-a em direção ao seu carro. Não ia dar a ela a oportunidade de escapar. Fora dificílimo conseguir acesso à ela. Estava acostumado a ter sempre tudo o que queria. E com ela não ia ser diferente. Desde que a conhecera que não pensara em outra coisa. Que corpo ela tinha. Mal podia esperar para tocá-lo...Sorriu e esfregou as mãos. A noite prometia.

Poncho estava desesperado. Saíra do show e fora direto para a balada. Estava com Christian. Precisava de gente ao seu redor. Não queria voltar para o apartamento vazio. Não queria ficar a sós com seus pensamentos. Queria evitar a lembrança de Anahí o quanto pudesse. Mas a conversa que ouvira antes da apresentação teimava em persegui-lo. Pediu outra bebida. Já estava levemente alcoolizado. Mas não importava queria beber para esquecer.
Precisava desabafar. Conversar. Mas Christian estava aos beijos com uma mulher em um canto. Ligou para Chris. Ninguém atendeu. Droga. O jeito era continuar ali sozinho, bebendo. Mas e Anny? Porque ela não saía da sua cabeça? Só de pensar que a estava perdendo para sempre. Mas não. Aquela não era uma noite para tristezas. Estava ali para se divertir. A bebida já estava nublando o seu raciocínio, mas nem isso foi o suficiente para que ele parasse. Dirigiu-se para o centro da pista de dança e liberou geral. As meninas em volta fizeram a festa. Ele nem se dava conta do que estava fazendo. Mas faria qualquer coisa, desde que não pensasse em Anahí.

O restaurante estava calmo. Havia apenas alguns poucos casais. Dulce e Memo escolheram uma mesa discreta. Ele era divertido, mas mesmo assim ela não estava conseguindo sorrir. Memo já estava ficando entediado, entretanto não demonstrou. Esperava que tudo fosse simples. Eles jantavam e depois, ele a jantava. Mas não. Já dava para ver que o páreo ia ser duro. Dulce era osso duro de roer. Dava pra ver que ela era diferente. Precisava de uma tática diferente para faturá-la. Talvez tivesse mesmo que namorá-la por um ou dois meses. Observou-a atentamente, mas não conseguiu ver além de um rostinho bonito e de um corpo fabuloso. Esforçou-se para desviar os olhos daqueles seios e prestar atenção no que ela dizia. Não podia acreditar... De novo ela falava do tal Christopher. Já não agüentava mais Chris pra cá e Chris pra lá. Enfim perguntou a ela se esse tal cara era namorado dela. Ela negou. Qualquer outra pessoa teria reparado que ela tinha ficado nervosa ao responder. Mas não Memo. Ele mal ouvira a resposta, estava enfeitiçado demais pela boca dela.
Ao final do jantar, ele já tinha terminado a sua avaliação. Aquela mulher valia a pena. Não importava o quão romântico tivesse que ser, quantos programas caretas tivesse que fazer. Ele iria conquistá-la. Ela seria seu troféu mais valioso. Não importava quanto tempo levasse.

Poncho acordou com a boca amarga. Tentou-se lembrar de como viera parar em casa mas foi inútil. Sua cabeça latejava. Precisava de uma aspirina. Olhou para o seu lado e teve um choque. Quem era a ruiva ao seu lado? Maldita bebida... Como ela viera parar ali? Sua cabeça doía tanto que chegava a ouvir sininhos. Sininhos cada vez mais fortes... Enfim caiu na real. Não eram sinos. Era a campainha.
Levantou resmungando e enrolou-se no lençol. A ruiva mexeu-se mas continuou dormindo. Pelo menos ela era bonitinha. Não era uma Anahí, mas... Droga!!! Lá estava ele pensando novamente em Anny. Tinha que parar com isso. Abriu a porta.
Anahí: (entrando) Oi Poncho. Que cara é essa? Desculpe te acordar assim, mas precisamos conversar sobre...
Anny parou de falar quando viu uma ruiva praticamente nua entrando na sala. Olhou para Alfonso indignada. Ele procurava inutilmente algo para dizer. Anahí não podia crer no que estava vendo. Sentiu-se subitamente envergonhada por ter vindo até ali.
Anahí: Desculpa... Eu não sabia que... Desculpa... Eu já vou indo...
Alfonso nem mesmo teve tempo de impedi-la. Anahí escapuliu para fora do apartamento o mais rápido que conseguiu. Era mesmo uma besta por ter vindo até ali. Só ela mesmo para imaginar que ele passara a noite sofrendo por causa do seu noivado. Como fora idiota. Tinha vontade de sumir de tanta vergonha. Se pudesse o evitaria até o fim dos seus dias. Infelizmente isso era impossível, já que dentro de duas horas teria que gravar uma cena com ele. Precisava encarar a realidade. Poncho não era apaixonado por ela. Fizera certo em aceitar casar-se com Jean. Aprenderia a amá-lo com o tempo. Poncho era passado e já estava na hora dela virar a página.

Chris acordou atrasado. As gravações já deviam estar começando. Olhou enviesado para o relógio. Aquela porcaria não despertara de novo? Durante a noite quase não conseguira dormir. Ficara pensando. E por fim, quase na hora de levantar, dormira demais. Levantou-se apressado. Sentia-se quebrado. Tudo o que queria era poder voltar para a cama e passar ali o resto do dia, ou talvez, o resto da semana. Tomou um banho apressado e ligou a TV. Onde havia enfiado as chaves? Olhou para o seu cabelo. Não havia tempo para penteá-los. O jeito era apelar para um boné. Enquanto revirava a gaveta atrás de um, distraiu-se com um retrato de Dulce. Como ela era linda... E especial. Beijou o retrato e então se lembrou de como estava atrasado. Tornou a revirar a gaveta. Olhou-se mais uma vez no espelho. Mas onde estariam as chaves? Avistou-as do lado da TV. Saiu apressado. Entrou correndo nos estúdios enquanto aproveitava para ler as suas falas. Tropeçou com alguém. Abriu a boca para pedir desculpas, porém não teve tempo.
Memo: (empurrando Chris) Seu imbecil!!! Não olha por onde anda?
Chris: Puxa cara!!! Desculpa, não vi você. Foi mal
Memo: Foi mal mesmo... E se acha que essas suas desculpas vão adiantar de alguma coisa está enganado.
Chris: (perdendo a paciência) Então não posso fazer nada. Pode sair da minha frente que eu estou atrasado?
Memo: Quem vc está pensando que é? Sabe com quem está falando?
Chris: Não sei e nem quero saber. Agora dá licença?
Memo: pode ir seu fedelhinho... (aponta o indicador para ele) Mas vc vai ouvir falar de mim, ouviu? Isso não vai ficar assim. Não vou esquecer de vc, até te dar uma lição.
Chris: Terminou? Que medo! Saiba que eu sim vou esquecer de vc no momento em que sair da minha frente. Não costumo ficar pensando em bobagens. Agora tchau.

Memo crispou-se e observou enquanto Chris se retirava com cara de poucos amigos. Não sabia porque, mas já tinha detestado aquele moleque. Tinha vontade de tirar na porrada aquela pose de playboizinho. Chris por sua vez, continuou apressado até o camarim. Que sujeito mais mal-educado aquele. De onde surgira? Sacudiu a cabeça e quando entrou no set de filmagem já o tinha esquecido, tal como havia dito.

As gravações transcorreram bem naquele dia, e ao final dela, Alfonso finalmente conseguiu falar com Anahí. Ela o havia evitado o dia todo, porém agora que estavam frente a frente não tinha mais como fugir. Estavam ambos constrangidos e durante alguns minutos que pareciam uma eternidade, ficaram num silêncio cortante. Por fim, Poncho conseguiu falar.
Poncho: Pois é, Anny. Eu queria te explicar sobre aquilo que vc viu hoje...
Anahí: Olha Poncho. Não precisa dizer nada.
Poncho: Eu quero dizer. Olha aquela mulher era... não sei... bebi muito e o resto vc já sabe.
Anahí sentia seu rosto em chamas. Não lhe interessavam as aventuras românticas dele. Não importava o quão bêbado estivesse. Aquilo a incomodava. Já estava cansada de iludir-se com ele.
Anahí: Sem problemas Poncho. Vc não tem que me dar explicações. Tem todo o direito de ficar com quem bem entender.
Poncho: Mas é que eu não queria que pensasse...
Anahí: Eu não estou pensando nada. Deixa pra lá. Já nem me lembro do episódio.
Anahí tentava a todo o custo se controlar para não gritar aos quatro ventos que tivera vontade de retalhar com as unhas o rosto da tal ruiva. Para não dizer como se sentia traída. Sentiu que as lágrimas ameaçavam escorrer de seus olhos. Saiu correndo dali, então. Antes que Alfonso percebesse o quão abalada ela estava.
Poncho continuou parado no mesmo lugar. Pensou em ir atrás dela, mas suas pernas não obedeciam ao seu comando. Contentou-se em se xingar baixinho, pois sabia, que mais uma vez, fizera tudo errado.

Mesmo depois que todos já haviam sido liberados, Dulce e Chris continuaram trabalhando. Havia uma cena externa que não estava saindo a contento. Já tinham perdido a conta de quantas e quantas vezes a haviam repetido quando o diretor finalmente ficou satisfeito. Dulce soltou um suspiro cansado. Aquele havia sido um longo dia. Sentia-se irritadiça. Preparava-se para deixar o local da gravação, quando Chris parou na sua frente. Olhou para ele exasperada. Não queria conversar com ele naquele momento. Tinha medo de que ele a convencesse a voltar a trás. Mas não. Estava determinada. Não importava o que ele dissesse. Não ia ter volta.
Chris: Dulce... Precisamos conversar.
Dulce: Eu estou muito cansada agora e...
Chris: Não fuja... Não adianta. Será que não entende?
Dulce: Ok então! Já que quer tanto conversar, vai escutar direitinho o que eu tenho pra falar.
Chris: Dulce...
Dulce: Christopher Uckermann, será que pode me deixar em paz? Acabou! Só amor não basta pra manter um relacionamento.
Chris: Mas...
Dulce: Não tem mas. Eu não vou voltar pra vc. Com ou sem filho. Eu estou cansada de tantos problemas. Quero uma vida nova. Quero tranqüilidade. E isso eu nunca vou ter se continuar com vc. E agora... Adeus.
Chris abriu a boca e fechou-a antes de pronunciar qualquer palavra. Não conseguia assimilar o que estava acontecendo. Então era mesmo o fim? Ela o estava abandonando afinal. E como era difícil entender isso. Ela não podia fazer isso com ele, não podia! E, no entanto, estava fazendo. Nunca antes se sentira tão sozinho quanto naquele momento em que ficou olhando ela se afastar. Sentia que ela levava consigo um pedaço dele. Lembrou-se de outra noite, há algum tempo atrás, em que estavam na praia e ele também ficara olhando desesperadamente triste ela ir embora. Mas sabia que desta vez era definitivo. Estava certo disso. Dessa vez não houve as lágrimas e nem a chuva. Só houve a sensação de que a sua alma havia sido feita em pedaços. Só sobrara a dor em seus olhos. Nada mais restara.

Nataly levantou-se lentamente. O quarto estava escuro. Já anoitecera. Forçou os olhos para enxergar o homem dormindo na cama. Sorriu ao mesmo tempo em que levava a mão até o ventre. Havia conseguido o que queria. Tinha certeza. Olhou novamente para o estranho. Ia ser um alívio nunca mais vê-lo. As horas que passara com ele haviam sido as piores da sua vida. Seus olhos enfim se acostumaram a escuridão. Enquanto se vestia olhou em torno. Ele nem mesmo se preocupara em levá-la a um motel decente. Havia sido um martírio ficar com ele. Sentira asco cada vez que ele a tocara. Mas suportara. Tudo pelo Chris. Precisava de um bebê e agora o tinha. Sabia que por mais inacessível que Chris se demonstrasse ele não resistiria quando visse a criança. Ah Christopher... Ele não era apenas um capricho. Amava-o de verdade. Só ela sabia das noites que passara em claro, chorando por ele. Ele seria dela. Tinha que ser. Faria o que fosse necessário pra isso. Inclusive deitar-se com um qualquer.
Precisava chegar logo em casa. Queria tomar um banho. Necessitava tirar qualquer resquício daquele indivíduo do corpo dela. Sentiu o estômago revirar quando se lembrou do que havia feito. Mas o pior já passara. Agora Dulce ia ver quem podia mais. Lembrar-se da prima fez seus olhos cintilarem de ódio. Ainda não conseguira definir se era maior o amor que tinha por Chris ou a raiva que sentia de Dulce. Mas não importava. Sabia que ao conquistar Chris estaria automaticamente destruindo a prima. E isso, não tinha preço.